Nota da Comissão para o Ecumenismo da CNBB
quinta: 12 de julho de 2007
Bento XVI, a Igreja e as outras Confissões cristãs
As recentes “Respostas” de Bento XVI sobre a Igreja têm uma finalidade precisa: evitar o que o Papa considera “relativismo eclesiológico” do ponto de vista da teologia católica. Isto resultou num texto breve, sem a preocupação de retomar as demais considerações (inclusive em tom positivo) já expostas em outros pronunciamentos oficiais da Santa Sé. Contudo, visando o diálogo com as demais Igrejas e Comunidades cristãs, cremos oportuno recordar o que segue:
1. Afirmar que a Igreja de Cristo “subsiste” (perdura integralmente) na Igreja Católica não nega a identidade cristã das outras Confissões, como insinuaram erroneamente algumas manchetes. Pois a Igreja Católica reconhece que as outras Igrejas e Comunidades expressam seu caráter cristão ao proclamar a redenção da humanidade em Cristo, segundo as Escrituras, e ao professar a fé na Santíssima Trindade, em cujo nome ministram o Batismo. Nossa fé comum no Evangelho não deve ser prejudicada pelas divergências doutrinais ainda existentes. Ao contrário, é em nome do próprio Cristo que insistimos em dialogar e orar juntos “para que todos sejam um” (Jo 17,21).
2. Além disso, no documento “Temas escolhidos de eclesiologia” a Comissão Teológica Internacional (presidida pelo então Cardeal Joseph Ratzinger) reconhece “autênticos valores eclesiais presentes nas outras Igrejas e comunidades cristãs”. Entre tais valores, a doutrina católica aprecia: o Batismo; as virtudes teologais; o culto de louvor e adoração a Deus; a contemplação dos mistérios de Cristo pela meditação bíblica; os dons interiores do Espírito Santo; as obras de caridade e o testemunho da justiça. Nisto verificamos que “a vida desses irmãos (evangélicos) é alimentada pela fé em Cristo, e fortalecida pela graça batismal e pela escuta da Palavra de Deus” (Unitatis redintegratio 23). Além disso, muitos católicos, ortodoxos, anglicanos e evangélicos se unem pelo martírio e pela colaboração fraterna para o bem da humanidade.
3. Aos irmãos e irmãs ortodoxos, anglicanos, reformados e evangélicos reafirmamos nossa estima, conscientes de que aquilo que nos une é muito maior do que quanto ainda nos separa. Aos irmãos e irmãs católicos, incentivamos que estudem os pronunciamentos da Santa Sé de modo integral, para formar agentes qualificados de diálogo ecumênico nas dioceses, pastorais e nos movimentos. A uns e outros convidamos a uma renovada intercessão pela reconciliação dos cristãos no único Corpo de Cristo, “para que o mundo creia” (Jo 17,21).
Brasília, 12 de julho de 2007
Dom José Alberto MouraPresidente da Comissão Episcopal Pastoral
para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso - CNBB
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