13 março, 2007

Igreja Católica silencia Jon Sobrino

EL SALVADOR
Por Claudia Florentin

SAN SALVADOR, 12 de março (ALC) – O arcebispo de San Salvador, Fernando Sáenz Lacalle, confirmou ontem que o Vaticano condenou o jesuíta Jon Sobrino, da Universidade Centro-Americana (UCA), por ressaltar em seus escritos a humanidade de Cristo e não a sua divindade.

Segundo a Agência EFE, o prelado afirmou que a Congregação da Doutrina da Fé notificou Sobrino a proibição de lecionar em qualquer centro católico "enquanto não revise suas conclusões, é um ponto fundamental de nossa fé a divindade de Jesus Cristo, que verdadeiramente é filho de Deus feito homem".

Explicou que "o que a Santa Sé diz é que as conclusões dos estudos teológicos sobre Cristo, que o padre Sobrino publicou, não entram em concordância com a doutrina da Igreja e que ele não poderá ensinar teologia em nenhum centro católico enquanto não revisar suas conclusões".

Referente imprescindível de mais de uma geração de teólogos e teólogas identificados com a Teologia da Libertação na América Latina, Sobrino nasceu em Bilbao, na Espanha, no dia 27 de dezembro de 1938, mas reside em El Salvador há 50 anos.

Carta aberta de um discípulo do teólogo espanhol que se identificou como ARLT, e que circula hoje por e-mails de amigos e teólogos diz: "Por fim te sentaram na cadeira de Galileu, quiçá até estejas surpreso por todo o tempo que demoraram em sentar-te nesta cadeira. Tanto tempo escrevendo, tanto tempo ensinando, tanto tempo compartilhando teologia, esse Cristo nascido entre os debaixo, dentre os pobres, tantos colegas teus sentados na mesma cadeira e silenciados pelos condenadores! Mas, quem condena os condenadores?"

E prossegue: "Ainda se continua crucificando o diferente, o novo, o que dá vida, o que gera compromisso e opção pelos pobres. Em nossas ruas salvadorenhas o problema é a vida humana destroçada. E a igreja não é capaz de dizer uma palavra ante tal situação. Seguimos muito preocupados em nossas estruturas, em nossos templos, em nossas liturgias, em nossas relações com o Estado, enquanto o povo, solitário, continua gemendo, gritando de pobreza, de exclusão, de desemprego, de tortura, de violência".

O remetente da mensagem finaliza dizendo expressa com a carta, seguramente, o sentimento de milhares de homens e mulheres que encontraram nos ensinamentos de Sobrino uma maneira de entender e praticar o Evangelho na América.

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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação