19 julho, 2007

ATÉ QUANDO?

Piracicaba, 18 de julho de 2007.

Graça, misericórdia e paz!

Creio que estamos todos consternadas/os com a realidade de morte neste País. Esta noite não consegui dormir indignada com essa situação, creio que aconteceu o mesmo quem sabe com a maioria do povo brasileiro. Será que não está mais do que na hora da gente se levantar numa grande manifestação pela vida???

Até quando vamos assistir calados a morte de pessoas inocentes todos os dias, a exemplo do acidente da GOL a menos de um ano, das mortes pela violência urbana a exemplo do menino João Vitor, daquele outro casal assassinado por assaltantes na frente do filho de 7 anos há poucos dias em São Paulo, das mortes pelos tiroteios e confronto da polícia com traficantes e vice-versa no Rio de Janeiro, agora dessa outra tragédia com o avião da TAM, isso apenas citando os casos que os meios de comunicação divulgam, sem falar naqueles que ficam escondidos, quantos bebês em latas de lixo, nos bueiros das grandes cidades, jogados em lagos e rios que não têm a felicidade de serem encontrados e salvos como a de alguns poucos que são noticiados pela imprensa. Será que nos acostumamos com a cultura de morte que ela já não nos sensibiliza, a não ser quando bate à nossa porta e nos envolve a nós mesmos e as pessoas do nosso convívio?

Que País é este que é capaz de sediar uma edição dos jogos pan-americanos, gastando rios de dinheiro para construir um espaço olímpico a altura de países ricos, que realiza um mega-evento para abertura dos jogos e mostra com orgulho ao mundo, e não é capaz de construir espaços seguros nos aeroportos e nas estradas brasileiras para que as pessoas possam ir e vir em segurança?

Que País é esse que monta um esquema perfeito de segurança às equipes e a todos que trabalham no pan e não é capaz de oferecer segurança à sua população no cotidiano de suas vidas. Cadê os tiroteios nos morros do Rio de Janeiro? Será que os bandidos ficaram "bonzinhos" durante os jogos do pan? Qual foi o segredo para deixá-los "bonzinhos"? Ou a imprensa parou de divulgá-los para não dar uma má impressão do país e assustar os estrangeiros?

Desculpe o desabafo, mas estou indignadíssima! Será que não estamos nós também acomodados vendo essa "banda" de horror passar?

Será que não está na hora do povo Metodista, que afirma o seu compromisso com a vida, se levantar para uma grande manifestação em favor da vida e contra todo esse horror de morte que nos cerca?

Será que não está hora de juntar a nossa voz, a outras e denunciar, e gritar a nossa inconformidade com o Congresso Nacional que usurpa das verbas públicas, que gasta a maior parte do tempo administrando escândalos, olhando para o seu próprio umbigo ao invés de governar o País e olhar para o povo e seus anseios e necessidades?

Será que uma manifestação dessa natureza não teria que partir das Pastorais Universitárias e daí para a Igreja e daí para o povo de maneira geral?

Neste momento só trazendo à memória as palavras do profeta: “a misericórdia do Senhor é o que nos pode dar esperança", “elas não têm fim, se renovam a cada manhã", mas é oportuno lembrar que Jeremias as proferiu ao tempo em que cumpria a sua missão profética. Ele estava fazendo a sua parte, e nós, será que o Senhor não espera que sejamos seus atalaias? Sobre a cabeça de quem cairá tanto sangue inocente?

“Mas, se o atalaia vir que vem a espada e não tocar a trombeta, e não for avisado o povo; se a espada vier e abater uma vida dentre eles, este foi abatido na sua iniquidade, mas o seu sangue demandarei do atalaia. A ti, pois, ó filho do homem, te constitui por atalaia sobre a casa de Israel; tu, pois, ouvirás a palavra da minha boca e lhe darás aviso da minha parte.” (Ez.33.6-7).

Até quando vamos esperar para cumprir a nossa missão profética, denunciar as injustiças e clamar por respeito à vida?

“Ó Senhor, a nós pertence o corar de vergonha, aos nossos reis, aos nossos príncipes e aos nossos pais, porque temos pecado contra ti.” (Dn.9.8).

Pastora Ana Gloria Prates Gris da Silva
Agente de Pastoral – Colégio Piracicabano