Teólogo Ecumênico, muito prazer!
Por: Cleber Lizardo de Assis [1]
Foi assim me apresentei num fórum estadual de direitos humanos ocorrido em Belo Horizonte. Os motivos: sentia-me incomodado, de consciência pesada mesmo, perante a audiência.
Meus motivos:
Primeiro, senti que um teólogo no meio de movimentos sociais, lutando por justiça e direitos humanos parecia meio incoerente quando se percebe algumas igrejas e religiões adotarem um discurso de intolerância;
Segundo, por que estava tão envergonhado de minha denominação ter tido um surto anti-ecumênico e se retirado de todos os órgãos onde tinha assento a Igreja Católica Romana;
Terceiro (mas ligado ao anterior), me referi como teólogo ecumênico, pois se referisse à denominação implicaria em vergonha e risco de punição explícita ou velada;
Quarto, descobri que existem aquelas vozes teológicas que falam pela instituição, tem seus vínculos empregatícios, sua dependência institucional e há outros que precisam demarcar sua própria fala profética, desviante e rebelde, mas talvez mais comprometida com o evangelho e com a transformação do mundo de forma integradora;
Quinto, notei que minha formação teológica, para além da academia, gestou-se na caminhada, e no caminho é que faz o próprio caminho, de mãos dadas com o que pensa e crê diferente, daí a teologia torna-se outra, encarnada e dialeticamente sofrida e bela.
Sexto, por que nesses meios ricos de diversidades, a teologia precisa construir pontes epistêmicas e metodológicas que não meramente a leitura literalista da Bíblia ou qualquer outro texto sagrado, sem se ensimesmar-se no próprio umbigo;
Sétimo, pelo imperativo de que o evangelho do Cristo precisava ser anunciado e repartido de alguma forma e alimentar alguma fome que desconhecia: ao final, pessoas tocadas, agradeceram o alimento.
Belo Horizonte, inverno de 2007
[1] Educador, Teólogo e Psicólogo. Email: kebelassis@yahoo.com.br
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