Bispos Católicos do Brasil lançam campanha para combater tráfico de pessoas
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) vai lançar uma campanha para ajudar no combate ao tráfico de pessoas. A entidade estima em pelo menos 300 mil o número de vítimas deste crime por ano no Brasil. O tema foi apresentado na 47ª Assembleia Geral da CNBB, em Indaiatuba (SP).
Pela primeira vez o assunto está sendo debatido na assembleia. A intenção do bispos é fazer com que padres, comunidades eclesiais de base e pastorais intensifiquem as denúncias de tráfico de pessoas em suas regiões de atuação.
O setor da CNBB que trata do tema já começou a preparar um documento específico sobre o assunto, que deve ser apresentado em setembro deste ano durante o 3º Encontro Nacional das Pastorais da Mobilidade Humana, em Brasília.
"Nós estamos procurando alertar os padres para tratarem desse assunto nas paróquias. Quase todo padre tem, por exemplo, acesso a rádios, rádios comunitárias, folhetos, jornais e boletins", disse hoje o responsável pelo setor de mobilidade humana da CNBB e arcebispo de Botucatu (SP), d. Maurício Grotto de Camargo.
Segundo o arcebispo, as principais rotas de tráfico de pessoas estão localizadas nas regiões Nordeste e Norte do país. "O bispo do Marajó [PA], [d. José Luis Azcona Hermoso], por exemplo, está ameaçado de morte por ter denunciado o tráfico de mulheres."
O arcebispo disse que o tráfico de pessoas ocorre motivado pela extração de órgãos, prostituição e trabalho análogo à escravidão. "O trabalho da igreja se dará em três frentes: alertar as pessoas sobre esses traficantes, ajudar as vítimas, denunciar, sobretudo ao Ministério Público, e trabalhar junto ao governo para providenciar políticas públicas", disse.
A Polícia Federal informou hoje que, de 2000 até 2008, foram abertos 674 inquéritos sobre esse tipo de crime, e que de 2004 até este ano ocorreram 23 operações com a prisão de 210 pessoas.
De acordo com o arcebispo de Botucatu, o tráfico de pessoas hoje é o terceiro negócio ilícito no mundo em termos financeiros e que o Brasil possui rotas nacionais e internacionais desse crime.
Dados da OIT (Organização Internacional do Trabalho) indicam que esse tipo de crime chega a movimentar US$ 31,6 bilhões anualmente no mundo. Estimativas da organização também mostram que, em 2005, o tráfico de pessoas fez cerca de 2,4 milhões de vítimas.
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Notícia de MAURÍCIO SIMIONATO da Agência Folha, em Indaiatuba, no site do Jornal A Folha de São Paulo. Endereço: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u558219.shtml
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