Violência de gênero é um problema estrutural, diz pesquisadora
Por: Micael Vier B.
SÃO LEOPOLDO, 24 de novembro (ALC) – A violência de gênero no continente latino-americano está diretamente associada às disparidades de acesso ao poder entre homens e mulheres nos cenários econômico, político e religioso, enfatizou a professora da Universidade da Costa Rica, Dra. Montserrat Sagot, que participou de seminário sobre o tema na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), nesta cidade, dias 23 e 24 de novembro.
Coordenadora da pesquisa “A rota crítica das mulheres afetadas pela violência intrafamiliar em dez países da América Latina”, Montserrat afirmou que os casos de agressão tendem a diminuir na medida em que as mulheres adquirem capacidade de disputar espaços de poder em igualdade de condições com os homens. “A violência não é um problema de socialização de gênero, mas sim um problema estrutural”, relatou.
Dados da investigação revelam que a violência intrafamiliar atinge uma dentre três mulheres latino-americanas. Por outro lado, somente 15% a 25% das mulheres agredidas procuram ajuda para reverter essa situação.
Segundo Montserrat, a relação de violência é basicamente uma relação de controle. Atinge pessoas de todas as classes sociais e níveis educativos e não há como definir o perfil do agressor, nem da mulher maltratada. “A agressão às mulheres pobres é mais visível porque a privacidade nesses casos não existe”, mas a violência ocorre também por detrás dos muros das grandes mansões, explicou a socióloga em entrevista à ALC.
Em países com experiência recentes de ditadura militar, como Nicarágua, El Salvador e Guatemala, a situação das mulheres torna-se ainda mais complexa devido a desconfiança em torno do sistema policial. Nesses países, indicou Montserrat, as mulheres relacionam a polícia com os aparatos repressivos do Estado.
Além desses três países, a pesquisa resgatou as experiências de mulheres do Panamá, Peru, Bolívia, Costa Rica, Honduras, Belize e Equador. Os resultados da investigação pretendem estimular a formação de redes de prevenção à violência e originar ações e programas de capacitação e sensibilização que contemplem a realidade da mulher latino-americana.
A pesquisa a “A rota crítica das mulheres” foi desenvolvida no marco do Projeto Fortalecimento e Organização das Mulheres e Ações Coordenadas entre o Estado e a Sociedade Civil para a Prevenção e Atenção da Violência Intrafamiliar, coordenado pelo Programa Mulher, Saúde e Desenvolvimento da Organização Pan-Americana de Saúde e Organização Mundial da Saúde. A pesquisa traz importante ferramenta para o desenvolvimento do modelo integral de atenção à violência intrafamiliar.
O seminário Violência Intrafamiliar e de Gênero: A Rota Crítica das Mulheres no Enfrentamento da Violência reuniu, ontem e hoje, a convite do Instituto Humanitas da UNISINOS, estudantes, professores, professoras, pesquisadores e pesquisadoras para o debate desse tema.
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Agencia Latinoamericana y Caribeña de Comunicación
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