29 janeiro, 2007

Documento de organizações presentes no Fórum Social Mundial destaca papel da África

NAIROBI, 26 de janeiro (ALC) - Os movimentos sociais de todas as partes do mundo que participaram do Fórum Social Mundial (FSM), encerrado ontem, em Nairobi, Quênia, divulgaram comunicado no qual destacam o compromisso assumido neste evento para "realçar e celebrar a África e seus movimentos sociais; a África e sua história permanente de luta contra a dominação estrangeira, o colonialismo e o neocolonialismo; a África e suas contribuições à humanidade; a África e seu papel na busca de outro mundo".

Fazendo eco à reclamação de diversos setores sociais de que a taxa de inscrição para o Fórum foi muito cara, o comunicado do evento denuncia as tendências para a mercantilização, a privatização e a militarização deste espaço. "Centenas de nossos irmãos e irmãs que nos deram às boas-vindas a Nairobi foram excluídos e excluídas devido aos altos custos de participação", afirma.

O documento destaca, ainda, preocupação quanto à presença de organizações que trabalham contra os direitos das mulheres, setores marginalizados, e contra os direitos sexuais e a diversidade, em contradição à Carta de Princípios do FSM.

Segundo as organizações, o desafio é avançar para uma fase de alternativas efetivas depois desta experiência em terra africana.

Muitas iniciativas locais já existem e devem ser ampliadas, enfatizam. O que está ocorrendo na América Latina e em outras partes do mundo, graças à ação conjunta dos movimentos sociais, mostra o caminho para propor alternativas concretas à dominação do capitalismo mundial.

O manifesto expressa solidariedade dos movimentos sociais dos cinco continentes aos movimentos sociais na América Latina, "cujas lutas persistentes e continuadas conduziram à vitória eleitoral da esquerda em vários países".

ARGENTINA
Em memória das vítimas do Holocausto

Por Claudia Florentin

BUENOS AIRES, 26 de janeiro (ALC) - O chanceler argentino, Jorge Taiana, informou que a Argentina, a União Européia e outro conjunto de nações, apresentaram à Organização das Nações Unidas (ONU) projeto de resolução solicitando ao plenário da assembléia "o rechaço à negação do Holocausto", apresentado pelo Irã.

O projeto em questão "rechaça qualquer ação que objetive negar o Holocausto, pois ao ignorar terríveis eventos históricos como este, aumenta o risco que se repitam".

Em sua parte resolutiva, o texto convoca as Nações Unidas a condenar "sem nenhuma reserva qualquer negação do Holocausto" e "exorta a todos os Estados membros das Nações Unidas, sem exceções, a recusar qualquer negação do Holocausto como um evento histórico, total ou parcialmente, e qualquer atividade destinada a este propósito".

Na apresentação da proposta, o polonês Moisés Borowicz, sobrevivente do Holocausto mas que perdeu toda a sua família nas mãos do regime nazista, ofereceu seu testemunho. "Conto minha triste história para que isso não se repita nunca mais, para que haja paz no mundo e, especialmente, para que o escutem os que negam o Holocausto", sublinhou Borowicz.

O Ministro da Educação, Daniel Filmus, explicou que se a educação tem um sentido é o de evitar que algo se repita". Assim, o sistema educacional argentino decidiu que a Shoá (Holocausto) conforma um fato fundamental do ensino. "Não se trata só de contar a história, mas de motivar os jovens argentinos a se levantarem contra a possibilidade de negar o Holocausto", afirmou.

Em Conferência realizada em Teerã no dia 11 de dezembro, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, qualificou o Holocausto de “mito”. O presidente perguntou se o acontecimento denominado ‘Holocausto’ existiu realmente, difundiu a Agência de Notícias da República Islâmica (IRNA), citando palavras do vice-ministro de Relações Exteriores, Manouchehr Mohammadi. Ele afirmou que “nenhuma resposta racional foi dada às perguntas formuladas por Ahmadinejad”.

No dia 1. de novembro de 2005, a Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou a resolução 60/7, na qual designou a data de 27 de janeiro como o Dia Internacional de Comemoração anual em memória das vítimas do Holocausto.

Depois da aprovação da resolução, o secretário geral das Nações Unidas descreveu este dia especial como "uma importante recordação dos ensinamentos universais do Holocausto, atrocidade sem igual, que não podemos simplesmente relegar ao passado e esquecer".

O dia 27 de janeiro foi escolhido para comemorar o Dia Internacional de Recordação do Holocausto porque nessa data, em 1945, o exército soviético libertou o maior campo de extermínio nazista, em Auschwitz-Birkenau, na Polônia.

Recordava nesta manhã a entrevista realizada pelo colega Edelberto Behs (para ALC) com o ex-pastor regional e ex-secretário de Formação da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (IECLB), Harald Malschitzky, orientador de estudos na antiga Faculdade de Teologia, hoje Escola Superior de Teologia (EST), de São Leopoldo, em agosto do ano passado.

Malschitzky falava de Dietrich Bonhoeffer, o teólogo luterano morto pelo regime nazista quatro semanas antes do término da II Guerra Mundial, em maio de 1945. Uma frase de Bonhoeffer, nesse contexto histórico, ficou em minha mente: "Quem não assume a causa dos judeus não tem direito de cantar gregoriano."

Hoje, seguramente ele nos instaria, como igrejas, a não negar os horrores do regime nazista que não só atacou os judeus, mas ciganos, cristãos (Bonhoeffer entre eles) e não-religiosos. Mas ele também nos instaria a não abandonar as causas dos direitos humanos, da justiça e da paz em todo mundo, ainda contra aqueles que afirmam o Holocausto enquanto cometem novos genocídios.

CUBA
Delegação cubana prepara participação na Assembléia do CLAI

Por José Aurelio Paz

CIDADE DE HAVANA, 26 de janeiro (ALC) - A delegação cubana que participará da V Assembléia Geral do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI) prepara-se para estar presente, entre 19 e 25 de fevereiro, em Buenos Aires, Argentina.

Integrada por 25 líderes das igrejas membro e convidados, a delegação cubana está representada pelas Igreja de Deus, Metodista, Episcopal, Cristã Pentecostal, do Nazareno, Cristã Reformada, Evangélica Los Pinos Nuevos, Presbiteriana Reformada, dos Amigos, Fraternidade de Igrejas Batistas de Cuba, Exército da Salvação e a Evangélica Livre, entre outras denominações.

Também participam representantes do Instituto de Mulher e Gênero de Cuba, do Seminário Evangélico de Teologia de Matanzas e do Conselho de Igrejas.

A presbítera Ofelia Miriam Ortega, em representação do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), conduzirá o fórum teológico que durante as diferentes jornadas pretende propiciar o diálogo nesta importante esfera de pensamento, a fim de compartilhar experiências e critérios em torno do tema principal da Assembléia “A graça de Deus nos justifica, seu Espírito nos liberta para a vida.”

Delegados à Assembléia do CLAI participaram de consulta regional preparatória, realizada no ano passado, na Venezuela. Na ocasião, a delegação cubana ofereceu aportes teológicos à temática central e sugeriu propostas para os diferentes cargos que serão eleitos no encontro de Buenos Aires.

A coordenadora do CLAI em Cuba, Rosayda Luya, disse à ALC que o encontro fortalecerá o trabalho ecumênico na região, a partir do ajuste de suas estratégias como organismo que agrupa igrejas, a partir das novas problemáticas continentais e seu vínculo com o resto do mundo na busca de um serviço social mais efetivo e colado à essência do cristianismo.

A presidenta do Conselho de Igrejas de Cuba (CIC), pastora Rhode González Zorrilla, apontou que a Ilha, como parte do continente, estará presente na reunião da Argentina para oferecer seu modesto aporte na busca de um ecumenismo mais pleno, que, além de deter-se nas diferenças confessionais, geográficas ou sócio-políticas, enfatize aqueles aspectos que propiciem a unidade dos cristãos e das cristãs.

González lembrou que o próprio lema da assembléia chama ao desafio de entender a graça de Deus na perspectiva de encontrar modelos de justiça mais plenos e guiados pelo Espírito Santo como elemento libertador da fé na descoberta de um mundo mais justo.

A V Assembléia do CLAI terá uma parte importante do fórum destinada à aprovação de mudanças e à renovação de sua estrutura, de maneira que essa organização ecumênica tenha um maior alcance social.

Em meio a uma realidade cambiante para a América Latina, na qual se verificam transformações com os novos processos democráticos que ocorrem na região, as igrejas não podem viver alheias ao espírito esperançoso do Evangelho que pretende acabar com males como a fome, a miséria e as doenças, e a injustiça.

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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação