15 março, 2007

Violência da mulher nas igrejas cristãs mudou pouco

Em 25 de novembro, celebra-se o Dia Mundial da Luta pela Não-Violência contra a Mulher.

Sobre o tema, ALC conversou com Esly Regina Carvalho, psicóloga e psicoterapeuta brasileira, especialista em saúde emocional. Ela trabalhou na área durante mais de 20 anos no Brasil, Bolívia, Equador e Estados Unidos. Escreveu vários livros a respeito. Atualmente, trabalha no ministério Esperança para o Coração, nos Estados Unidos. Esly Regina Carvalho foi fundadora, em 1998, do ministério Praça do Encontro. Escreveu bibliodramas, psicodramas e obras para psicoterapia de grupo. Estudou na Universidade de Brasília. Ela fala português, espanhol e inglês.

ALC – A sociedade hoje está mais consciente do problema que constitui a violência contra a mulher?

Esly Carvalho – Talvez se possa falar, atualmente, de forma mais aberta sobre o problema, mas, em geral, continua na categoria de “segredos bem guardados”. As dificuldades econômicas, os modelos incorporados dentro das famílias, a vergonha e o medo continuam mantendo as mulheres em situação de vítimas da violência intrafamiliar.

ALC – E nas igrejas?

Esly Carvalho – Nas igrejas cristãs a situação mudou muito pouco. Eu continuo falando do tema na América Latina e na mídia hispânica dos Estados Unidos. Continuo encompridando meus coffee breaks durante minhas falas, porque é quando as mulheres vêm conversar em particular. Pedem contato, quando me contam sua situação, me pedem ajuda, rompem o meu coração. Mudou muito pouco.

ALC – Por que persiste a violência contra a mulher?

Esly Carvalho – Há vários fatores. Um dos principais é o modelo aprendido em família. Todos aprendemos a ser família na família em que vivemos. Se essa família permite a violência, então o modelo de “amar-se” e querer-se como família inclui a violência. Lembro de uma jovem mulher que veio me ver e me disse que, antes de completar 24 anos descobriu que nem todos brigavam entre si nas famílias. Ela pensava que a violência era uma parte “normal” de ser família. Nunca devemos subestimar o poder da forma conhecida de viver. Pode ser aterradora, mas é conhecida. Até nossos ditos o comprovam: “Melhor o diabo conhecido do que o anjo por conhecer”; “o mal conhecido do que o bom por conhecer”. É importante entender que para melhorar é preciso buscar a saúde do coração. Talvez um dos maiores mitos da sociedade é que “há de se manter a família unida”. Então, muitas mulheres agüentam de tudo para não se divorciarem, em nome da “unidade familiar”. O que esquecem é que estão perpetuando o modelo e ensinando seus filhos que não há problema em maltratar as mulheres, que são tão sem valor que se pode fazer qualquer coisa com elas.

Para ver entrevista na íntegra ver - Expositor Cristão