18 maio, 2007

Eles crêem em Cristo e na Bíblia e, ainda assim, apóiam o uso da camisinha

Matéria da "Folha Universal", tablóide distribuído nos templos da Igreja Universal do Reino de Deus, ressalta a importância da camisinha como o "melhor método para evitar a proliferação do HIV".
Estamos falando dos fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus, a maior congregação de evangélicos do Brasil. A última edição da Folha Universal (nº 787), tablóide distribuído gratuitamente nos templos da instituição, traz uma matéria que ressalta a importância do preservativo como "o melhor método para evitar a proliferação do vírus HIV".

Além disso, acrescenta o texto, "somada à prevenção da Aids, o preservativo ajuda no planejamento familiar, diminuindo as chances da gravidez indesejada." De acordo com dados da própria Folha Universal, veículo de propriedade da Igreja Universal do Reino de Deus, a edição analisada, que traz a reportagem sobre a importância do uso do preservativo, teve 2,3 milhões de exemplares. O tablóide, criado em 1992, circulou entre os dias 6 e 12 de maio.

Intitulada "Aids na Juventude" (leia abaixo), a matéria lembra que "especialistas concluíram que, a cada minuto, quatro jovens contraem o vírus [HIV] no mundo." "Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 56% da população jovem não usa preservativo nas relações sexuais, aumentando as chances de contrair a doença", explica reportagem assinada por Clayton Carvalho. Abaixo, o texto que pode ser lido na versão online da Folha Universal.

Aids na Juventude - Reportagem transcrita da Folha Universal
Por - Clayton Carvalho

O vírus HIV, que destrói as células de defesa do organismo e é o causador da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids), já contaminou mais de 40 milhões de pessoas em todo o mundo, principalmente na África. A cada dia, a sua proliferação tem se tornado maior entre jovens e crianças. Especialistas concluíram que, a cada minuto, quatro jovens contraem o vírus no mundo. As taxas de novas infecções encontram-se maiores na população entre 15 e 24 anos.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 56% da população jovem não usa preservativo nas relações sexuais, aumentando as chances de contrair a doença. Estudiosos defendem que o uso da camisinha é o melhor método para evitar a proliferação do vírus HIV. Somada à prevenção da Aids, o preservativo ajuda no planejamento familiar, diminuindo as chances da gravidez indesejada.

Os efeitos do abuso da ingestão de álcool, cada vez mais freqüente entre a juventude, são apontados como os principais motivos que a induzem a deixar de lado a camisinha e, portanto, ficar mais vulnerável à contaminação pelo vírus. De acordo com o IBGE, 44% dos jovens utilizam a bebida alcoólica antes de uma relação sexual.

Para reforçar as estatísticas, uma pesquisa realizada durante quatro anos pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com 1.056 pacientes (918 homens e 138 mulheres), mostra que cerca de 70% dos homens que admitiram não usar camisinha, afirmaram que não o faziam por terem consumido bebida alcoólica, e quase 38% dos infectados relataram nunca terem usado drogas injetáveis ou recebido transfusão. "Essas informações abrem uma nova perspectiva para as campanhas de prevenção", acredita Dartiu Xavier da Silveira, psiquiatra que desenvolveu a pesquisa.
Kit de mobilização
Visando diminuir os números, um kit de mobilização será distribuído em 270 escolas públicas nos 27 estados brasileiros. Nele, os professores e profissionais da saúde pretendem realizar uma atividade de mobilização para a avaliação de vulnerabilidades que inclui um estimulo à realização do teste anti-HIV para os jovens, que poderão fazê-lo nos centros de testagem anônima(CTA) de seus municípios. Segundo o Ministério da Saúde (MS), 15% dos casos notificados de Aids ocorrem em jovens até 24 anos, sendo que 64% da transmissão do vírus HIV ocorre por contato sexual.
Crianças sem tratamento
Além da situação vivida pela juventude, cerca de 660 mil crianças infectadas com o vírus HIV não têm acesso ao tratamento com anti-retrovirais, conforme dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) em parceria com o Programa das Nações Unidas para HIV/Aids (Unaids) e o Unicef (fundo da ONU para infância e adolescência). O número de crianças recebendo tratamento aumentou em 50% em 2006, mas ainda é considerado baixo. Em dezembro do ano passado, apenas 15% das crianças soropositivas, no mundo, estavam sendo tratadas. O Brasil, no entanto, vai contra essa tendência, dando acesso garantido às drogas anti-retrovirais para 95% dos menores de 15 anos.

"As crianças continuam a ser a face perdida da pandemia da Aids, com muitas delas sem acesso a tratamentos que salvam vidas e a outros serviços essenciais", afirmou a diretora-executiva do Unicef, Ann Veneman.
Redação da Agência de Notícias da Aids