O DEUS DE CADA HOMEM
* Carlos Drummond de Andrade
Quando digo “meu Deus”,
afirmo propriedade.
Há mil deuses pessoais em nichos da cidade.
Quando digo “meu Deus”,
crio cumplicidade.
Mais fraco, sou mais forte
do que a desirmandade.
Quando digo “meu Deus”,
grito minha orfandade.
O rei que me ofereço rouba-me a liberdade.
Quando digo “meu Deus”,
choro minha ansiedade.
Não sei que fazer dele na microeternidade.
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Fontes: ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia Completa. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 2003, p. 742.
http://antonio-ozai.blogspot.com/2007/10/da-liberdade-religiosa.html
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