24 julho, 2006

Metodistas se manifestam por todo o país

Veja abaixo, no link "COMMENTS", outras manifestações de irmãos e irmãs metodistas a respeito da decisão do 18 Concílio Geral da Igreja Metodista, no tocante à relação com organismos ecumênicos com a presença da ICAR e religiões nãos cristãs.

Luis Cardoso

4 Comments:

At julho 24, 2006, Blogger Luis Cardoso said...

Despejado de sua própria casa

É assim que me sinto após o XVIII Concílio Geral. Entrei para a Igreja Metodista aos 14 anos, portanto, ainda adolescente. Nasci numa família católica praticante. Desde criança, aprendi a amar a Deus e a tê-lo como alicerce do meu viver. Quando comecei a freqüentar a Igreja Metodista Central de Londrina, já havia lido todo o Novo Testamento e era apaixonado pela vida e a missão de Jesus. Conhecia quase todas as histórias e parábolas que envolviam a pessoa de Jesus. Nos concursos bíblicos da Escola Dominical e dos Acampamentos da Juventude os metodistas ficavam muito admirados e, talvez, enciumados, pois, ganhava quase todos eles. Desde aquele tempo, sempre soube que a Igreja Metodista era ecumênica e participava ativamente de vários organismos ecumênicos. Muito antes do Plano para a Vida e a Missão de 1982, a questão ecumênica já se fazia presente em documentos da Igreja Metodista, por exemplo, no Credo Social.

Em Londrina, a partir de 1977, a igreja local passou por uma forte renovação espiritual (carismática), que trouxe muita alegria ao povo de Deus que ali congregava, muitas lideranças surgiram, muitos frutos foram produzidos e a igreja cresceu rapidamente. Mas, em momento algum, as pessoas estavam preocupadas com a questão ecumênica. O amor era o principal fruto daquela comunidade liderada pelo Bispo Richard dos Santos Canfield, maior liderança carismática da Igreja Metodista, desde o final da década de 70 até o início da década de 90. Um homem de Deus, que jamais permitiu que seu rebanho se dividisse. Nunca ouvi do Bispo Richard, que foi meu vizinho (morávamos na mesma rua), pastor e Bispo, uma só palavra contra o ecumenismo, pelo contrário, foi um pastor que sempre afirmou seu compromisso com a unidade da Igreja. Em sua pregação no XVIII Concílio Geral, agora como Bispo Emérito, ele reafirmou a sua posição.

Não aprendi a ser ecumênico na Faculdade de Teologia, assim como milhares de irmãos das igrejas locais que também são ecumênicos sem nunca terem passado pelas Faculdades de Teologias, pelos Seminários Teológicos ou lido o Plano para a Vida e a Missão da Igreja.

Por isso, sinto que fui despejado de minha própria casa. Os “oficiais de justiça” que entregaram a ação de despejo estavam furiosos no Concílio. Fiquei perplexo com a atitude de insubordinação e desrespeito aos Bispos, inclusive, chegando ao ponto de chamar o Bispo Paulo Lockmann, que presidia a sessão, de desonesto. Percebi ali que os fins justificam os meios...

Sinceramente, não acredito que a questão ecumênica seja uma preocupação “natural” da maioria das igrejas locais. Pelo contrário, entendo que, em algumas comunidades, esta questão está sendo plantada “artificialmente” pelos “líderes metodistas neopentecostais” de plantão, que assumem compromissos com doutrinas e princípios de fé totalmente desconectados com a tradição wesleyana. São líderes que, ao ingressarem na Igreja Metodista, conheciam todas as suas doutrinas, documentos e pastorais e, além de conhecerem, assumiram publicamente perante os Concílios Regionais compromissos em zelar pelas doutrinas e pela unidade da Igreja.

Confesso, que não consegui ficar no plenário durante o tempo todo da discussão. Fui para o quarto chorar, pois minha alma estava sangrando (e ainda está). Sinceramente, não sei o que fazer. Por enquanto, estou pedindo a Deus que nos dê força e sabedoria para lidar com esta situação que está provocando uma “guerra” não espiritual no seio do povo metodista. Desculpe o tom mais pessoal e menos teológico-acadêmico de minhas considerações.

Um abraço ecumênico,

Clóvis Pinto de Castro
São Bernardo do Campo - SP

 
At julho 24, 2006, Blogger Luis Cardoso said...

Gente querida,

desde o encerramento do 18º Concílio Geral tenho andado cabisbaixo. Pensativo, busco respostas para uma indagação insistente: como posso continuar a ser cristão se tiver que recolher minha mão quando um/ã irmão/ã católico romano me oferecer a sua para entrar na roda? O que devo fazer? Devo dizer que, por favor, não me moleste pois agora, a unidade que sempre preguei e sempre busquei, exclui alguns/mas? Como devo fazer para orar o "Pai nosso"... devo modificar o texto: "Venha o teu Reino mas só para os evangélicos..." Não me serve a explicação de que posso continuar a participar de celebrações e outros ofícios se não posso me juntar na busca do Reino de Deus.

Desde pequeno sempre aprendi que ser cristão significava ser inclusivo. Deixar de sê-lo a partir da decisão do Concílio significaria negar a história da Igreja Metodista e sobretudo, negar a natureza de ser cristão.

Não entendo como a exclusão pode ser testemunho de fé, de amor, de paz. Não entendo os pressupostos da decisão conciliar. Não tentem me explicar aquilo que é contrário à essência da fé. Não tentem rebuscar o vocabulário, incrementar a emoção... não cabe, não funciona, não se encaixa. Ser cristão/ã é ser inclusivo/a.

Ajudem-me a dizer ao mundo que os/as metodistas são inclusivos e buscam a unidade para o testemunho conjunto sem discriminação.

Meus passos continuarão pensativos, unidos a todos/as que desejam ver esta decisão conciliar revogada.

Norberto da Cunha Garin
Pastor metodista (em licença)
Professor do Centro Universitário Metodista IPA
Porto Alegre - RS

 
At julho 24, 2006, Blogger Luis Cardoso said...

Partilho com você e todos/as os/as demais colegas o que já disse em outras ocasiões: só existem quatro razões por detrás de todos os argumentos antiecumênicos ou escondidos sob eles:

1. Orgulho - A pessoa (ou a igreja) acha que é melhor do que os outros e não admite que qualquer outra pessoa (ou igreja) lhe faça sombra.

2. Medo – A pessoa (ou a igreja) é insegura de sua própria fé e não quer confrontar as idéias da outra pessoa (ou igreja), com medo de acabar aceitando-as e perdendo as “muletas” religiosas nas quais se apoia.

3. Interesse político ou sede de poder – A pessoa (ou igreja) anseia afirmar-se politicamente, alcançar status social, precisando assim diminuir a outra pessoa (ou igreja) para poder crescer.

4. Incapacidade de amar – (com o amor de Cristo, claro!) – A pessoa (ou igreja) só ama a quem é do seu grupo, jamais alguém do “grupo” da outra pessoa (ou igreja).

Se se peneira todos os argumentos anti-ecumênicos em sua última análise eles se resumem a isto, muito embora se revistam de sofisticação teológica,
filosófica, histórica, sociológica, ou o que seja (e até bíblica!) . Na base, a pessoa (ou
igreja) anti-ecumênica é isto: ou cheia de orgulho, ou cheia de medo, ou revestida de interesses ou incapaz de amar com o amor de Cristo. Fico imaginando como este tipo de pessoas (ou de igrejas) se comportaria frente a Jesus quando este acolhia e elogiava os samaritanos e samaritanas. Certamente o expulsariam de sua presença!

Prof. Sérgio Marcus Pinto Lopes
(pastor jubilado)
Vice-Reitor Acadêmico & Coordenador (interino) de Extensão
Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP

 
At julho 24, 2006, Blogger Luis Cardoso said...

Sobre ecumenismo e conversão

O movimento ecumênico ainda é incompreendido. Não...não vou tentar explicar o que seja ecumenismo e muito menos tentar convencer alguém de que o dialogo
ecumênico é importante para o crescimento do Reino de Deus – que, no meu entendimento, é mais importante do que as denominações. Ecumenismo é mais do que teoria. Não saberia explicar... é um desejo de paz, de respeito, defino
assim: ecumenismo é sentimento! Não é para aqueles que têm corações duros, cauterizados, rancorosos, soberbos, auto-suficientes, absolutistas. Não...
Ecumenismo é para quem ainda carrega a poesia na alma.
>
> Da mesma forma que dizem que uma Faculdade de Teologia não faz pastores, estou chegando à conclusão que ser ecumênico não se aprende, a pessoa sente, ou melhor, se converte ao Evangelho de Jesus. Como uma Faculdade de Direito não faz bons advogados (nem pastores), uma Faculdade de Psicologia não faz bons psicólogos (nem pastores) e assim por diante, nada neste mundo faz alguém ser cristão ecumênico... neste mundo não! “É preciso nascer de novo”,
é preciso ter um olhar à frente da realidade e isto, infelizmente, não é privilégio de muitos.

Para ser ecumênico tem que se ter certeza de sua identidade e fé... é necessário não desejar ser “dono da verdade”, nem distorcer o Evangelho, aliás, é preciso conhecer o Evangelho. Aqueles que são contra o dialogo ecumênico são exatamente os pseudo-evangelizadores, que reduzem a
evangelização a combater o catolicismo e Maria e apregoar um moralismo barato, inquisidor e hipócrita. São os “soldados de Jesus” (apesar de Jesus nunca ter mencionado que precisasse de soldados), que vivem numa “batalha
espiritual”, mas não atentam para as mazelas que cercam os seus corações e a sociedade todos os dias. Na verdade, sinto compaixão por essas vidas. Porque para esses, ter somente o diabo como inimigo não é suficiente, precisam de mais. Precisam lutar contra os católicos, contra protestantes progressistas, contra a tradição das Igrejas históricas, e enquanto isto, a verdadeira face do diabo se mostra na corrupção desse país, na miséria, na venda descarada da
mensagem do Evangelho...“Cegos que guiam cegos”, “Coam o mosquito e engolem o camelo...”(Mt 23.24)

Se existe uma chance para a paz, esta vem por meio da tolerância, seja ela religiosa, social, étnica... o Evangelho de Jesus é maior do que esta mensagem
individualista que hoje invade igrejas, rádios e televisão. Sou ecumênico porque sou cristão! Porque sou um seguidor de Jesus, porque ainda creio que possa haver paz e diálogo e também porque preciso viver o Evangelho que
proclamo...e que eu saiba, o Evangelho é um só e não há outro.

Pr. Antonio Carlos Soares dos Santos
Igreja Metodista em Vargem Alta e Valão do Barro - 1a RE

Fonte: www.metodista.org.br

 

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