25 setembro, 2006

Café Metodista e Ecumênico

Amigo e irmão Ronan.

Estou escrevendo para confirmar minha presença no nosso Café. Senti firmeza! Estou falando nosso café. Gostaria de lhe dizer que tenho ficado cada vez mais triste em relação a igreja. Que igreja essa? Igreja que até algum tempo atrás eu tinha orgulho de falar, proferia o nome em voz alta sem medo de estar exagerando ou mesmo cometendo um deslize.
Eu dela falava com a mesma alegria, vontade e entusiasmo que expressei ao escrever nosso café. Hoje me sinto parte desse grupo que se sente discriminado, marginalizado por um número bastante significativo de pessoas que se dizem Metodista.
Gostaria de lhe contar que recentemente, no dia 7 de agosto, participei de uma mesa de debates na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, falando sobre o tema "Como as religiões contribuem para a redução da violência nas comunidades".
Iniciei minha fala perguntando se as religiões contribuem para a diminuição da violência. Após alguns minutos, eu me dei conta (creio que não só eu mas todos) que eu era o único que tinha falado naquela direção. Claro que após essa provocação comecei a falar sobre a tarefa fundamental da religião, em especial a do cristianismo. Já que no debate só havia cristãos. Algo estranho já que o tema falava de religiões e não do cristianismo.
Mas deixa estar! Dando continuidade a minha fala fiz a pergunta qual é a identidade e relevância da fé cristã? No ponto de vista aqui estava o nó. Ou seja, o problema chave da violência e da descaracterização das igrejas brasileiras na construção de sua tarefa e missão junto as comunidades.
Fiz a afirmação de que a Igreja tem por tarefa responder aos questionamentos do ser humano diante dos desafios da vida cotidiana. Falei ainda que o fundamento da fé cristã que a meu ver é o amor. Amor revelado em Jesus. Portanto, ser cristão é crer no poder do amor. No poder redentor da graça divina expressa e testificada na vida de Jesus - no seu caminhar junto ao povo, em seu acolhimento da Adultera, de Zaquel, dos leprosos, de Pedro (“crente temperamental e dono da verdade – sempre tinha respostas prontas”) de Judas(“traidor”), entre tantos outros...
Enfatizei que o momento que estamos vivendo, uma época cheia de preconceitos, separações, menosprezos, formas religiosas absolutistas, marginalizações e segregações; é o tempo propício, para viver o fundamento da fé cristã, é preciso amar, amar a todos - católico romano, mulçumano, judeu, não religioso, a todo ser vivo.
É importante acolher a todos, não é momento de erguer muros de separação, mas sim pontes de encontro, acolhimento, aproximação. A grande ponte é o amor. Martin Luter King dizia que "o amor é definido como um sentimento de grande e profunda afeição e solicitude. Ele dá aos que amam um prazer intenso em cuidar e contemplar o objeto do seu Amor. Ele tem o poder de curar, confortar, fortalecer, conquistar, inspirar e, acima de tudo, de dar a vida. O amor é a única força capaz de transformar um inimigo em amigo".

Diante disso tudo, e voltando a falar sobre o nosso pequeno espaço – nossa ainda amada e querida Igreja Metodista - creio que não ser ecumênico é contribuir para o aumento da violência. Eu penso que foi uma grande violência o ato cometido no último concílio geral, cometeram uma grande violência contra o movimento metodista, contra a origem e fundamento da tradição metodista. Esse ato insano foi fruto do despreparo de um número significativo de bispos, pastores e leigos na condução da igreja nesses últimos 17 anos. Esse ato foi e é uma violência ao mandato de Jesus na oração sacerdotal: "que todos sejam um para que o mundo creia".

Eu penso que ser cristão, sendo um cristão metodista significa seguir os passos de Jesus, ou seja, ser seguimento de Jesus. Ser cristão é amar e partilhar o amor divino com as pessoas, com toda sociedade. Como disse Wesley, todo cristão "é um servo da humanidade".
Nós como cidadãos do Reino e seguidores de Jesus, devemos estar a serviço do amor. Pois Deus é amor. O texto de 1 João 4,18 diz Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade.
Eu gostaria de confessar um dos meus pecados, por que creio ter outros, é o pecado da dificuldade que eu tenho de amar algumas pessoas, alguns evangélicos, alguns metodistas.
Eu não me envergonho do Evangelho (nele tenho meditado) mas me envergonho de muitos evangélicos. Tenho em minhas orações pedido perdão a Deus, mas tem sido muito difícil.
Todavia me refugio nas palavras de John Wesley “pois o nosso chamado é para saber que a nossa esperança é sinceridade, não perfeição, não agir bem, mas o melhor possível”

Até lá amigo. Um abraço.

Nelson Marriel

1 Comments:

At agosto 20, 2010, Blogger cruzradio said...

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À paz... saudações a todos(as) !?

Perdão. Aproveitando o ensejo para enviar a Paz do Senhor ao mano Marriel.

Grato,

Flávio Bennett

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