01 dezembro, 2006

Um Alerta no dia Mundial de Combate a AIDS

BRASIL
Crescem casos de HIV/Aids no país entre pessoas da terceira idade

PORTO ALEGRE – 01 de dezembro (ALC) – Dados do Boletim Epistemológico 2006, divulgados na semana passada pelo Ministério da Saúde, mostram que cresceu o número de casos de HIV/Aids no Brasil entre pessoas da terceira idade e na população feminina. O Dia de Combate à Aids, lembrado hoje, é importante para manter acesa uma luta constante contra a pandemia.

Mas o relatório também traz uma surpresa positiva: a redução acentuada, de 51,1% entre 1996 e 2005, dos casos de transmissão vertical, ou seja, quando o HIV é passado de mãe para filho durante a gestação, parto ou amamentação.

Verificou-se, porém, um aumento entre a população feminina na taxa de incidência - número de casos registrados em cada grupo de 100 mil pessoas – da ordem de 9,3, em 1996, para 14,2, em 2005. Embora o relatório tenha constatado uma diminuição discreta no número de casos em crianças com menos de 5 anos, nas adolescentes e nas adultas entre 20 e 29 anos, nas mulheres com mais de 30 anos houve uma progressão da doença em todas as faixas etárias.

Entre pessoas com mais de 60 anos de idade, a taxa de incidência da Aids em homens passou de 5,9, em 1996, para 8,8, em 2005, e de 1,7 para 4,6 entre mulheres, no mesmo período. Esse índice cresceu ainda mais na faixa etária de 50 aos 59 anos. Em 1996, os homens registravam 18,2, alcançando 29,8 em 2005. Entre as mulheres, a taxa cresceu de 6 para 17,3 no mesmo período.

Os números do relatório também apontam para uma diminuição dos casos de Aids entre homossexuais e o aumento entre os bissexuais e heterossexuais. Nesse último grupo, o percentual em relação ao número total de casos verificados em 1996 foi de 22,5%. Em 2005, passou para 44,2%.

Os indicadores oferecidos pelo Boletim Epistemológico coincidem com as constatações verificadas pelo Grupo de Apoio à Prevenção da Aids (GAPA) no trabalho, em Porto Alegre, junto às pessoas que convivem com a doença. Segundo a presidente da entidade, Patrícia Werlang, a Aids está atingindo cada vez mais as mulheres, pessoas da terceira idade e populações que vivem abaixo da linha da pobreza.

Em entrevista à ALC, Werlang enfatizou a necessidade de maiores investimentos no acesso à prevenção, no trabalho de assistência e atenção das pessoas que vivem com Aids, além da melhoria na qualidade dos serviços de saúde. “Esse dia 1o de dezembro é importante para relembrarmos a necessidade de mantermos uma luta constante de prevenção à Aids e para compreendermos que a Aids está presente entre todos nós”, sublinhou.

Quanto à proliferação da doença entre pessoas com mais de 60 anos, Werlang disse que nos últimos anos houve uma alteração no comportamento sexual desta população em decorrência do advento de medicações utilizadas para problemas de disfunção. “Atualmente, consegue-se ter uma vida sexual por mais tempo, mas é preciso elaborar estratégias de prevenção junto a essa população”, advertiu.

Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 600 mil brasileiros vivem com o HIV ou já desenvolveram a Aids. Somente no ano de 2005, mais de 160 mil pessoas receberam tratamento gratuito da doença através da distribuição dos medicamentos anti-retrovirais pela rede pública de saúde.

Embora se diga que o Brasil tenha um programa de referência no combate à Aids, frisou Werlang, ainda é preciso avançar para atingir respostas efetivas de controle da epidemia no país. A presidente do Gapa preconizou o uso do preservativo como método mais eficiente de combate à Aids e destacou a importância do acolhimento e da atenção às pessoas que vivem com a doença como medida para uma eficiente resposta à epidemia.

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