A Rosa de Hiroshima iluminou a Noite pela Paz em Maringá
“Pensem nas crianças, mudas telepáticas. Pensem nas meninas, cegas inexatas. Pensem nas mulheres, rotas alteradas. Pensem nas feridas, como rosas cálidas. Mas oh! Não se esqueçam da rosa da rosa, da rosa de Hiroshima. A rosa hereditária, a rosa radioativa, estúpida e inválida. A rosa com cirrose, a anti-rosa atômica, sem cor sem perfume. Sem rosa sem nada” - Vinícius de Moraes.
Impulsionados por essa canção, acenando rosas e lenços brancos, lideres religiosos, homens, mulheres e crianças pediram a paz no mundo e em especial, no Oriente Médio na 3ª. Noite pela paz em Maringá no dia 14 de agosto do ano de 2006, organizada pela Comissão de Diálogo Inter-religioso. Famílias de Maringá que saíram as pressas do Líbano choraram os parentes mortos no conflito, durante as canção e orações da noite.
Os tambores das religiões-afrobrasileiras e os taikos do Budismo ecoaram, o som da paz e por algumas horas as diferenças desapareceram. O desejo pela paz foi forte o suficiente para unir os povos representados pelos treze líderes unidos numa mesa comum; a mesa da tolerância.
Ao recitar em árabe o Zícar, o anfitrião Xeique Mohamed Elgasim Abbaker - Al Ruheidy da Mesquita Muçulmana em Maringá, iniciou os momentos de uma espiritualidade ímpar entre os quase 500 presentes. Nos cinco minutos dessa oração cantada, experimentou-se o silêncio; o silêncio desejado pelos que sofreram o barulho terrível e desumano das bombas, que ao cair despedaçaram corpos de criançinhas, mulheres e homens inocentes no Oriente Médio.
“Deus! Queremos a paz para nossos irmãos que estão sofrendo no Oriente Médio”. Essa frase resumiu as orações dos os líderes religiosos.
“Não podemos calar nossas consciências e corações” desafiou a senhora Neda Fatheazam da Comunidade Mundial Fé Baha'i; seguida da afirmação do Xeique Ahmad Saleh Mahairi da Mesquita Muçulmana de Paranavaí: “Precisamos usar nossa inteligência para promover a paz, unindo as mãos para orar e agir, Deus não quer divisão nem guerra, precisamos gritar: Paz! Jesus não ensinou matar, Buda não ensinou matar, Mohamed não ensinou matar. Alá quer Paz. Deus pode ter nomes diferentes, mas não é indiferente e nós também não podemos ser”.
O Pastor Metodista Rev. Robert Stephen Newnum, representante do Conselho Latino-Americano de Igrejas – CLAI informou que as 150 igrejas e organismos filiados ao CLAI enviaram, via CLAI, documento a Onu que diz: “A ONU mostra-se, às vezes, incapaz de responder com sentido de justiça à irracional potência hegemônica mundial, e, em outras ocasiões, parece amoldar-se a esse poder." O CLAI pediu a Kofi Annan que "por amor de Deus, por amor à humanidade que sofre, se levante Nações Unidas que responda às demandas de um mundo que se globaliza e se fragmenta". E finalizou com a Oração de Lucas 4.18 e 19.
As orações do Arcebispo da Igreja Católica Apostólica Romana, Dom Anuar Battisti e do Primeiro Arcebispo da Igreja Católica em Maringá, Dom Jaime Luiz Coelho foram ao encontro da mensagem da Monja Budista Teisho Inabe. Os três líderes afirmaram que buscar a paz é responsabilidade de todas as pessoas religiosas e também e de todas as pessoas de boa vontade. Conformar-se com as guerras e todas as formas desumanas, injustas e egoístas é se distanciar de Deus e dos ensinamentos dos livros sagrados de nossas religiões.
Cada líder dispôs de 5 minutos para suas orações e por último o coordenador da Comissão de Diálogo Inter-religioso, Dr. Irivaldo Joaquim de Souza, leu o documento que será enviado ao presidente da República, ao Congresso Nacional, ao presidente dos Estados Unidos e a UNU.
A noite foi encerrada com todos os presentes, de mãos dadas, cantando a música cristã: “Segura na mão de Deus”.
Assinaram o documento os representantes oficiais das religiões:
Presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana de Maringá: Feres Mohamed Salem; Xeique da Mesquita Muçulmana em Maringá: Mohamed Elgasim Abbaker - Al Ruheidy; Coordenador da Comissão e Diálogo Inter-Religioso de Maringá: Irivaldo Joaquim de Souza; Arcebispo da Igreja Católica Apostólica Romana em Maringá: Dom Anuar Battisti; Primeiro Arcebispo da Igreja Católica em Maringá: Dom Jaime Luiz Coelho; Xeique da Mesquita Muçulmana de Paranavaí: Ahmad Saleh Mahairi; Pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil em Maringá: Rev. Raimundo C. Correia; Assessor do Diálogo Inter-Religioso da Igreja Católica em Maringá: Pe. Júlio A. da Silva; representante das religiões afro-brasileiras em Maringá: Sra. Oscarina Venâncio Martins; representante da Comunidade Mundial Fé Baha'i em Maringá: Sra. Neda Fatheazam; Representante do Conselho Latino-Americano de Igrejas – CLAI e do Rev. Luiz Caetano Grecco Teixeira, ost Secretário Regional para o CLAI/Brasil: Reverendo Robert Stephen Newnum, da Igreja Metodista; Representante da Igreja Anglicana em Maringá: Reverendo Santo Riograndino; Representante da Federação Espírita do Paraná - União Regional Espírita: Lannes Boljevac Csucsuly; Representante da comunidade Budista, Monja Teisho Inabe.
A imprensa local, incluindo a TV católica 3º. Milênio, Rede Globo, TV cultura, TV comunitária e principais jornais, cobriram o evento.
Maria Newnum
Assessora de imprensa da Comissão de Diálogo Inter-religioso
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