07 setembro, 2006

O Livro de Deus

Por: Derrel Santee

Com o teu poder, puseste as montanhas no lugar, mostrando assim a tua força poderosa. Tu acalmas o rugido dos mares e o barulho das ondas, tu acalmas a gritaria dos povos. Por causa das grandes coisas que tens feito, o mundo todo está cheio de espanto. Por causa das maravilhas que tens feito há gritos de alegria de um lado da terra ao outro. Fazendo chover, mostras o teu cuidado pela terra e a tornas boa e rica. Com as chuvas do céu enches de água os rios, e assim a terra produz alimentos, pois para isso a preparaste. Regas com muitas chuvas as terras aradas, e elas ficam amolecidas pela água. Com as chuvas, amacias bem as terras, e por isso crescem as plantações. Como é grande a colheita que vem da tua bondade! Por onde passas, há fartura. Os pastos estão cobertos de rebanhos, e os montes se enchem de alegria. Os campos estão cobertos de carneiros, e os vales estão cheios de trigo. Tudo grita e canta de alegria. (Salmo 65.6-13)


A criação foi o primeiro e o único livro escrito por Deus. O primeiro capítulo teve início há 20.000.000.000 anos com o primeiro estalo, o “big bang”. O capítulo da terra começou há 4.500.000.000 anos. A terra conseguiu sobreviver sem a presença do ser humano durante 4.499.600.000 anos. Somente há 18.000 anos apareceu a pintura e 5.500, a escrita.

Na maior parte do desenvolvimento humano a criação era o único “livro” lido. Dia, noite, ciclos lunares, estações, calor, frio, chuva, seca, ventos, trovões, nascimento, morte, animais selvagens, plantas, montanhas, florestas, desertos, abundância, fome, peste, doença, etc. eram as palavras sagradas lidas por todos.

Com a “civilização”, veio a palavra escrita e templos para servir como morada divina. A “revelação” passou a ser encontrada em documentos escritos pela mão humana e dentro de ambientes sagrados construídos por homens. Pessoas “civilizadas” têm a tendência de desconfiar da natureza e confiar nas escrituras. A razão é clara: a natureza tem personalidade própria sendo caprichosa, imprevisível e desrespeitosa. O papel é amigável, aceita tudo e reflete os nossos desejos. Na nossa idolatria, cultuamos as nossas próprias palavras como se fossem palavras divinas. Sabemos soletrar as letras da página escrita, mas somos analfabetos diante do grande livro realmente escrito pela mão divina.

A cada instante Deus escreve novas linhas. Cada batida do coração é uma nova sentença. Cada piscar dos olhos pode trazer novas revelações. O salmista olhou para as montanhas e as ondas do mar com espanto e admiração! Viu a chuva que possibilita a plantação e colheitas abundantes. Percebeu que a mão divina sustenta e conduz toda a existência. Alegrou-se na consciência de que a humanidade, também faz parte da maravilha da existência. Esta revelação da natureza o fez gritar e cantar de alegria.

Em contraste, a “civilização” se vê como dona da terra. Enxerga vantagens imediatas, não beleza. O resultado: árvores derrubadas, matas queimadas, riquezas naturais saqueadas, ar, água e solo envenenados, milhares de espécies da fauna e flora extintas, o mundo se tornando gigante depósito de lixo plástico e tóxico e uma grande parte da humanidade gemendo de dor. Rasga o livro de Deus.

Nossos livros de papel, escritos por mãos humanas, são usados para promover ódio, preconceito e violência. Os descendentes dos autores das Bíblias (judaica e cristã) e do Alcorão usam suas escrituras para “engaiolar” o Criador do universo e jogá-lo contra os demais.

Precisamos voltar para o Livro de Deus para encontrar as palavras da vida. A nossa salvação é viver em harmonia com o Criador e toda a sua criação. Todos fazem parte do seu universo e têm seu lugar debaixo do sol. O amor deixa espaço para todos.

Derrel Homer Santee - Campinas, 7 de setembro de 2006