01 setembro, 2006

Pastor defende mutirão global transcultural e plurireligioso para atacar injustiças

SÃO LEOPOLDO, 1o de setembro (ALC) – O mundo de hoje clama por justiça, por um meio ambiente conservado e pelo respeito à dignidade humana, objetivos que exigem um mutirão global, transcultural e plurireligioso, enfatizou o pastor emérito da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), Dr. Gottfried Brakemeier, na palestra de abertura do Simpósio Internacional de Missão, promovido pelo Seminário Concórdia, nesta cidade, dias 28, 29 e 30 de agosto.

“Dispomos de um só espaço de vida, vivemos num só planeta, numa só casa, cuja preservação e manutenção carregamos responsabilidade conjunta”, enfatizou Brakemeier, que considerou o pluralismo religioso uma realidade “que veio para ficar” e o diálogo inter-religioso como necessidade de “singular urgência”.

Em palestra intitulada “Missão cristã num contexto de diálogo inter-religioso”, o ex-presidente da Federação Luterana Mundial (FLM) mencionou posições assumidas pelo protestantismo no relacionamento com o mundo não-cristão.

Segundo o pastor, o “exclusivismo” defende a tese de que não há salvação à parte de Jesus Cristo, ou seja, fora da Igreja. Sob tal perspectiva, todos estão perdidos, exceto os cristãos, afirmou. Por outro lado, esse modelo atribui insuportável responsabilidade à missão cristã, que faz depender a sorte dos povos não-cristãos ao sucesso e insucesso missionário das Igrejas.

Um segundo modelo de interação entre cristãos e não-cristãos, segundo o palestrante, condiciona a salvação não à pertença a uma igreja, mas à fé em Cristo, ainda que latente. Haveria, portanto, no modelo inclusivista, um cristianismo inconsciente e “anônimo” presente entre os pagãos, que acreditariam, à semelhança dos cristãos, em Jesus Cristo, mesmo desconhecendo-o.

Numa terceira perspectiva, Brakemeier citou o pluralismo religioso, caracterizado por enfatizar que todas as religiões, de uma ou outra maneira, são caminhos para a salvação. Mas se esses caminhos são muitos, pouco importa qual será trilhado, questionou.

Como solução aos impasses apresentados, o palestrante enfatizou a importância de um “exclusivismo aberto”, considerando a hipótese de que não é possível estabelecer diálogo entre pessoas de convicções indefinidas ou confusas. “Se como cristãos somos exclusivistas, devemos conceder este mesmo direito aos parceiros não-cristãos, pois o diálogo com posições fechadas não faz o menor sentido”, disse.

Ao expressar a impossibilidade de manter aquele que é diferente à distância, Brakemeier assinalou que um processo de aproximação entre os diferentes credos exige a justificação do modo de ser, crer e viver do cristão. “Devemos explicar por que nos orientamos pela Bíblia e por que pertencemos a uma Igreja luterana”, anotou.

Sob o lema “Testemunho cristão num contexto de diálogo inter-religioso”, o Simpósio Internacional de Missão foi organizado pelo Instituto Concórdia, da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB). O evento reuniu mais de cem pessoas entre conferencistas, convidados e participantes procedentes do Uruguai, Bolívia, Panamá, Estados Unidos e Brasil.

Ministraram palestra no encontro de São Leopoldo o pastor da IELB e Secretário de Comunicação e Ação Social da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), Erni Walter Seibert, que debateu a temática “A educação teológica missionária na América Latina”; Allen Jensen e Cheryl Jensen, ambos da Sociedade Internacional de Lingüística, que falaram sobre “A preparação pessoal para o trabalho missionário/transcultural”; e o professor de Teologia Sistemática e Prática no Concordia Theological Seminary, de Fort Wayne, Indiana, Estados Unidos, Klaus Detlev Schultz, que abordou o tema “O testemunho cristão num contexto do diálogo inter-religioso do ponto de vista confessional”.

Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC)