Você está do lado de Jesus?
Por: Maria Newnum
Temas como Fraternidade e Paz trazem sempre para mim um misto de desafio e náusea. Desafio, porque coloca em xeque o meu compromisso humanitário e ético. Minha ética me impulsiona a ver além do meu próprio umbigo. A náusea advém das brigas religiosas, dos ataques, dos discursos contra o ajuntamento de pessoas; mesmo que em favor de grandes causas.
O auge da minha náusea ocorre ao constatar que pouco se faz de concreto; as energias são gastas em defesas de idéias entre os grupos e indivíduos.
Olhemos a nossa volta, há algo relevante que se pode creditar aos movimentos religiosos organizados no Brasil? Claro, há realizações de indivíduos e pequenos grupos isolados. Mas não se vê um “destaque”, fruto da organização religiosa em torno de causas comuns. E não faltam desafios: Crianças e adolescentes em situação de risco, mulheres vítimas de violência, corrupção na política, falta de saneamento básico, saúde, educação; a fome e a miséria alarmante do nosso povo sofrido do Brasil.
Todos os anos se vê no Brasil o projeto Criança Esperança mobilizado por uma empresa de TV e seus artistas; há ainda o projeto Ação Global que reúne profissionais e ongs. No meio religioso vem a lembrança, a Campanha da Fraternidade da Igreja Católica, que quando propôs uma parceria ecumênica, ficou quase sozinha; muitos cristãos não concebem a hipótese de juntar as mãos; preferem fazer “nada” sozinhos.
O interessante é que a Bíblia, o livro sagrado para os cristãos, mostra que Jesus trilhou um caminho marcado pela negação de si, em favor do outro. Os Evangelhos o mostram ao lado dos doentes, das prostitutas, dos pobres e dos pecadores; os excluídos sócio-econômicos dos seus dias.
Nessas cenas diárias os religiosos, seus ferozes opositores, aparecem repetidas vezes do outro lado, dizendo: “Vejam bem! Vejam o tipo de gente com os quais ele se junta!” (Marcos 2:15-16).
Na ocasião em que cura o homem da mão ressequida, (Marcos 3:1-6) lá estavam, acusando-o de ter curado num sábado. A libertação trazida àquele sofredor pouco importava. Zelavam pela Lei da qual, diga-se de passagem, eram profundos conhecedores. Eram os “santinhos do pau oco” dos dias de Jesus; que perpetuaram até hoje.
O desafio aos que desejam seguir uma religião ou o cristianismo é manter-se do lado oposto deles. Para os cristãos isso é mais simples que se pensa: É só olhar para Jesus, para Bíblia e para eles. Até uma criança pode fazer isso.
Por exemplo: Se eles apóiam o uso da força contra as prostitutas e homossexuais, faça a seguinte reflexão: “Será que essa seria uma atitude que Jesus tomaria”? Logo você saberá se eles estão do lado de Jesus ou do outro lado. Outro teste simplesinho: Se eles disseminam a divisão entre pessoas de diferentes religiões dizendo que esses ou aqueles irão para o inferno; que somente alguns possuem linha direta com o céu... Pergunte-se: Esse discurso condiz com o exemplo de amor e tolerância deixado por Jesus (Marcos 9:38) em seus últimos instantes na cruz? E aí analise: Eles estão do lado de Jesus ou do outro lado?
E se você desconfia que alguns líderes religiosos se comportem como senhores da Igreja colocando sobre os féis regras que eles mesmos não cumprem; pegue a Bíblia e estude o episódio descrito em Mateus 23:1-12 e veja as orientações deixadas por Jesus.
Se observa um ensimesmamento desses líderes, manipulando os fiéis para que vivam presos às quatro paredes dos templos, alisando seus grandes “egos pastorais”, enquanto os excluídos da sociedade clamam por justiça; analise onde esteve Jesus durante toda sua trajetória missionária. E mais uma vez questione: Eles estão do lado de Jesus ou do outro lado?
E por último, mais importante que constatar de que lado eles estão; descubra de que lado você está.
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Maria Newnum é pedagoga, mestre em teologia prática, vice-presidente do Movimento Ecumênico de Maringá e Conselheira no Conselho Municipal da Mulher de Maringá.
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