20 janeiro, 2007

Cabeça de mula

Por Derrel Homer Santee

Feliz aquele cujas maldades Deus perdoa e cujos pecados ele apaga! Feliz aquele que o Deus Eterno não acusa de fazer coisas más e que não age com falsidade! Enquanto não confessei o meu pecado, eu me cansava, chorando o dia inteiro. De dia e de noite, tu me castigaste, ó Deus, e as minhas forças se acabaram como o sereno que seca no calor do verão. Então eu te confessei o meu pecado e não escondi a minha maldade. Resolvi confessar tudo a ti, e tu perdoaste todos os meus pecados. Por isso, nos momentos de angústia, todos os que são fiéis a ti devem orar. Assim, quando as grandes ondas de sofrimento vierem, não chegarão até eles. Tu és o meu esconderijo; tu me livras da aflição. Eu canto bem alto a tua salvação, pois me tens protegido. O Deus Eterno me disse: "Eu lhe ensinarei o caminho por onde você deve ir; eu vou guiá-lo e orientá-lo. Não seja uma pessoa sem juízo como o cavalo ou a mula, que precisam ser guiados com cabresto e rédeas para que obedeçam." Os maus sofrem muito, mas os que confiam no Deus Eterno são protegidos pelo seu amor. Todos vocês que são corretos, alegrem-se e fiquem contentes por causa daquilo que o Eterno tem feito! Cantem de alegria, todos vocês que são obedientes a ele!
(Salmo 32)

Coitada da mula! É colocada no meio de pessoas que se julgam melhores que ela e tomam o direito de explorá-la! Mesmo depois de fazer tudo que é exigido, é chamada de “burra”. Passa a vida sendo guiada com cabrestos e rédeas. Não chega a ser dona de si e ter liberdade de se realizar... É serviçal, dirigida por forças maiores. É condenada a viver em função das exigências dos outros. Coitada!...

Até que ponto somos iguais a mula? Vivemos em função das exigências dos outros? Tomamos o cabresto dos valores materialistas da maioria e somos guiados pelas rédeas das expectativas sociais? Somos cercados por instrumentos de manipulação – tudo em nome da ordem e da felicidade. Mas, na realidade, estas pressões têm uma finalidade única – lucro econômico e político para os que já são privilegiados.

Existe uma variedade de “máfias” que exercem influência em nossa sociedade colocando cabrestos e rédeas na população: as políticas, as econômicas, as religiosas e as marginalizadas.

As máfias políticas fazem o discurso de justiça e bem estar social, mas, na prática, conseguem aumentar seus próprios rendimentos e privilégios à custa dos demais.

As máfias econômicas promovem consumismo, criando novas “necessidades”, projetando a imagem que estes novos produtos e modas trazem felicidade.

As máfias religiosas prometem salvação da alma, libertação dos demônios, e prosperidade, mas ajuntam multidões para arrancar ofertas, construir templos e criar impérios econômicos e políticos. Mas a exploração, violência e corrupção continuam crescendo na sociedade.

As máfias marginalizadas promovem a dependência química e operam abertamente fora da lei, levando seus “clientes” a auto destruição e desgraça.

Todas estas “máfias” querem que o povo tenha “cabeça de mula”, aceitando cabrestos e rédeas. Usam as pessoas para alcançarem seu objetivo: lucro.

O grande pecado da nossa sociedade é ter “cabeça de mula”, uma cabeça não pensante e não crítica, que aceita entrar no jogo das máfias. A saída é cair na realidade, confessar o erro da conivência para si mesmo e para Deus e tomar outro rumo. O verdadeiro sentido do arrependimento é a mudança de atitude e comportamento.

Jesus não aceitou cabrestos e rédeas, nem os colocou nos outros. Dava “a César o que era do César” sem submeter-se a ele. Seu compromisso estava com o “Papai” e a criação. Voluntariamente tomou sobre si o jugo da humanidade, mas sempre como dono de si. Tomou o lugar de servo, sem ser serviçal. Deu exemplo de como servir, sem ter “cabeça de mula”!...
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Derrel Homer Santee é pastor missionário metodista aposentado.
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