21 fevereiro, 2007

O Brasil e suas fábricas de monstros

Por Maria Newnum

O Brasil é um país de pessoas que “tiram leite de pedra”; gente que sobrevive da criatividade e com “competência” gigantesca para certos assuntos. Vejam a complexidade das escolas de samba e o show que os brasileiros dão, quando a matéria é “carnaval”.

Há! Se os brasileiros revelassem a mesma competência na hora da escolha de seus gerentes...

Talvez por conta do sangue e do suor derramado no trabalho árduo para garantir a sobrevivência nesse país tão desigual, somado às “loiras geladas” que anestesiam os cérebros cansados (as loiras, tanto quanto as mulatas também ajudam na criatividade carnavalesca), comumente o povo erre, na hora de escolher os que deveriam gerir os setores de “inteligência” do país.

O povo vota mal, elege mal e é, por isso, mal no conduzido naquilo que poderia se chamar de “inteligência operacional”. O país é quase sempre gerenciado por medíocres e oportunistas. Para comprovar isso basta assistir os discursos dos eleitos nas câmaras, senados e diversas esferas privadas e públicas da sociedade.

A discussão sobre a maioridade penal passa por esse viés.

Há adultos que pela condição financeira ou pelo acobertamento do poder político e/ou religiosos permanecem imunes; e há meninos e meninas que pela "minoridade" ficam "livres" da lei e por isso colocam a sociedade e até os próprios pais como reféns do Estatuto da Criança e do Adolescente que hoje vigora. Além disso, servem de "Mulas" para narcotraficantes.

Nesse quesito, (sem analisar os outros) a sociedade brasileira vaga em "suspenso"; perdida, sem saber qual o próximo passo a dar. Essa é a realidade do atual discurso sobre a maioridade penal.

Também é real que os presídios e centros de detenção para menores são fábricas de bandidos, sustentadas com recursos públicos, ou seja, com o meu, com o seu, com o nosso dinheirinho.

Daí a urgências das reformas no País, inclusive, do sistema penitencial. Entraria aí, a competência operacional.

Uma saída seria as colônias penais agrícolas, nas quais ao invés de consumirem recursos públicos, os detentos devolveriam a sociedade "parte" do que dela lhes tirou. A sensação de perigo e insegurança não pode ser compensada...

A reforma no sistema penal para menores deveria seguir a mesma perspectiva, ou seja, tentar recuperar os jovens e devolvê-los para sociedade; melhores. As FEBENS fazem isso?

O sistema penitenciário para adultos e jovens é caóticos no sentido que transforma seres, já desumanizados, em "bichos" irracionais. Matar ou morrer para os que já estão em condição extrema de sub-humanidade não faz a menor diferença. Por isso os meninos que assassinaram o outro menino de nome João, não deram a mínima, para os apelos da mãe que avisou que o filho estava preso ao cinto de segurança.

A mãe os acusou de não terem coração. Não é isso. São apenas produto de uma sociedade e de um sistema penitenciário que não investe na recuperação de gente. Ao invés disso colabora para a bestialização humana.

A essa altura os assassinos do menino estão sendo estuprados e surrados por seus companheiros de cela. É isso que acontece nos presídios e centros de detenção para menores. E de uma forma ou de outra, a sociedade aprova e aplaude esses critérios de “justiça”, esquecendo-se que isso só contribui para a mutação dos “monstros”.

Falta ao Brasil inteligência, competência operacional e reflexão sobre a realidade. Construir presídios ao invés de escolas, é prioridade.

Pobres de nós. Estamos avançando em nossas fábricas de monstros...

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Maria Newnum é pedagoga, mestre em teologia prática, vice-presidente do Movimento Ecumênico de Maringá e Coordenadora da Spiritual care Consultoria.

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