22 fevereiro, 2007

Organismos sociais questionam ato de lançamento da Campanha da Fraternidade

BRASIL

BRASÍLIA, 22 de fevereiro (ALC) – Pastorais sociais e organismos eclesiais vinculados à Igreja Católica boicotaram a participação no lançamento da Campanha da Fraternidade 2007, ontem, na ilha do Cumbu, cerca de duas horas de barco de Belém, em protesto contra o patrocínio do evento pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD).

O manifesto intitulado “Deus e dinheiro nos falam de projetos de vida e de modelos sociopolíticos opostos, antagônicos”, título tirado do próprio texto da Campanha da Fraternidade de 2007, destaca o acerto da escolha do tema “Fraternidade e Amazônia – Vida e missão neste chão” quando surgem informações sobre as graves conseqüências do aquecimento global da Terra.

Mas as nove pastorais e organismos que assinam o documento denunciam a contradição entre o discurso do texto-base da Campanha da Fraternidade e a “prática manifestada no ato de lançamento”, patrocinado pela CVRD, “uma das principais responsáveis pela destruição ambiental e por conflitos com as populações tradicionais da Amazônia”.

manifesto lembra que a privatização da CVRD será tema de plebiscito popular promovido por movimentos e entidades da sociedade civil, agendado para a Semana da Pátria deste ano (2 a 8 de setembro), coincidindo com a realização do Grito dos Excluídos e a 4a Semana Social Brasileira.

“Como é possível que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aceite o patrocínio de uma empresa como esta para o lançamento de uma Campanha que quer chamar a atenção para a defesa e a preservação do meio ambiente, e para a valorização das comunidades e povos tradicionais da Amazônia?” – indaga o manifesto.

CVRD, segundo as pastorais sociais e organismos eclesiais, tem viabilizado a construção de uma série de siderúrgicas na Amazônia que utilizam carvão vegetal para a produção primária de ferro-gusa. Para a produção do carvão são destruídos 300 mil hectares de floresta primária a cada ano na região.

No entendimento das organizações que assinam o manifesto, o lançamento na ilha do Cumbu trata-se de “um evento para poucos selecionados e longe da vida das populações amazônicas”, principais sujeitos da Campanha da Fraternidade.

Assinam o manifesto a Articulação Nacional da Pastoral da Mulher Marginalizada, a Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil, a Comissão Pastoral da Terra, o Conselho Nacional do Laicato do Brasil, o Grito dos Excluídos, o Grito dos Excluídos Continental, a Pastoral da Juventude Rural, a Pastoral do Menor e o Serviço Pastoral dos Migrantes.

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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação