31 julho, 2006

Quem não conhece compra

Por: Cléber de Oliveira Paradela

Como foi doloroso tomar conhecimento da desastrada decisão dos delegados metodistas presentes ao 18º Concílio Geral. Era de se esperar. A esmagadora maioria de representantes do Rio de Janeiro, 52 se não me engano, certamente tentaria levar a nossa Igreja para o mesmo caminho que a levaram, no solo fluminense e na capital do Estado, com boas e raras exceções (saudações metodistas e meu abraço aos irmãos do Catete e Vila Isabel).

Quando residia em Juiz de Fora, era proprietário de um apartamento na Praia do Peró, em Cabo Frio, Estado do Rio. Lembro-me do depoimento do caseiro de meu Condomínio, membro da Igreja Assembléia de Deus, ao ser perguntado se não costumava freqüentar a Igreja Metodista naquele bairro. “Não dá não senhor. Quando eu e minha esposa íamos lá nós ficávamos com muito medo e tínhamos dificuldades de dormir. Era muita gritaria e muita gente caindo no chão, com demônio”. Uma comunidade que assusta assembleianos pelo radicalismo não pode ser metodista e não pode aceitar ecumenismo.

São esses “metodistas” que muitos aborrecimento causaram a meu pai, um missionário guerreiro que nos ensinou a amar e respeitar a essa Igreja e a ela nos dedicarmos de corpo e alma.

Foi para defendê-la desse tipo de “metodistas” que nosso pai foi transferido, pelo saudoso Bispo Almir dos Santos, para a Igreja de Cachoeiro de Itapemirim que estava sendo sacudida pelo movimento de “renovação”, que nada tinha da renovação que qualquer igreja deve almejar.

Foi essa a única nomeação penosa em toda a brilhante carreira do “velho”. Depois de tentarem todas as formas de pressão passaram a sabotar o seu salário, ignorando ter ele 8 filhos. Também não foi suficiente. A igreja foi reorientada em sua caminhada, foi fundada a segunda igreja, para ela tendo sido nomeado o recém formado Tércio Machado Siqueira, iniciando-se a expansão do metodismo naquela cidade. Que preço alto!

Foi para preservar a nossa querida e histórica Central de Juiz de Fora que nos alinhamos a outros irmãos para não permitir que ela se desviasse da sua “linha de esplendor sem fim”. Sofremos muito e conseguimos manter uma chama acesa (como foi difícil não foi amigo Peri Mesquida?). Transferimo-nos para Salvador e acho que ela se apagou, se transformando na catedral da música. Que pena minha amiga Ieda Rocha!

Essa turma vem “atravessando” a história do metodismo já há anos. Quem não os conhece por eles são levados e hoje tem muita gente que nada conhece do metodismo e de sua história.

É tudo muito triste!

Cléber de Oliveira Paradela

Igreja Metodista Ecumênica
Boca do Rio Salvador - Bahia