10 agosto, 2006

Magali pessoas boas tomam decisões difíceis

Prezada Magali,

Que riqueza a sua contribuição. Além de rica ela é comovente, desarmada e interessada em ajudar a compreensão e superação, sem deixar de viver, esse momento que atravessamos como Igreja Universal (católicos e protestantes) que enquanto corpo sofre.

Temos amigos e amigas católicos que estão sofrendo e perguntando: "onde erramos, como poderíamos ter evitado essa decisão do 18 concílio?"- com a mesma humildade de Padre José Oscar Beozzo.

A humildade desses irmãos e irmãs e agora do Padre Beozzo, nos chamam a razão, responsabilidade e auto-crítica que nos faz perguntar onde falhamos também como metodistas, teólogos/as e professores/as dentro da nossa própria casa.

É certo que falhamos. Falhamos, certamente , num comodismo, que nos fazia descansar na confiança em documentos assinados, que nos respaldava a "ser ecumênicos" e deixar livres os/as que não desejavam sê-lo. E aí pecamos, não por deixar livres os que não queiriam ser ecumênicos, pois cremos, que o ecumenismo não se impõe ele é apreendido no processo de conversão e no processo rumo a "perfeição cristã" a qual estamos sempre no caminho do "alvo", como nos ensina Wesley. Mas pecamos, por deixar de nos preocuparmos em expandirmos a visão e o compromisso ecumênico através do estudo da Bíblia, de Wesley e do diálogo com os novos na fé; e ainda com os que nos acham "ecumeníacos" como certo pastor metodista nos rotulou a nós metodistas e ecumênicos/as no Brasil.

Pecamos, prezada irmã Magali, por não sentarmos com essas pessoas e tentarmos entender a razão para tanto ódio, desprezo, desrespeito com os próprios irmãos/as "de sangue metodista" e perguntarmos se a questãos estava na ausência de conhecimento da Igreja Metodista, da Bíblia ou nos sentimentos existênciais provocados por feridas históricas ou quaisquer outras; faltou a pergunta, muitas perguntas do por quê?

Faltou-nos a humildade dos católicos que tais como o padre Beozzo, conseguiu perceber que há tantas pessoas amorosas na nossa Igreja, ele não os temeu, se sentiu em casa, ora veja! Um católico se sentiu em casa no 18 concílio que tratou de expulsá-lo da nossa igreja!

Nós também não deveriamos ter temidos nossos irmãos e irmãs. Não deveríamos ter medo de que nos rotularssem de "liberais", ou "ecumeníacos". Há tantos irmãos e irmãs bondosos/as, acolhedores/as e simples de coração que, às vezes, são apenas "mal educados/as" na fé, porque lhes faltaram pessoas que se aproximem deles/as sem medo...

Depois de seu relato me veio a mente o título de um livro em inglês: Quando pessoas boas tomam decisões difíceis.

Cada vez mais penso, prezada Magali, que as 79 pessoas que votaram no 18 concilio se encaixam no título desse livro. Foram pessoas boas, mansas de coração que tomaram uma decisão difícil. Não agiram de má fé, maldade ou algo do gênero. Mesmo sem conhecê-los um/a a um/a me arrisco a afirmar que são todas pessoas boas que tomaram uma decisão difícil...

Devemos daqui por diante tentar sentar com elas, "educá-las bem", abraçá-las sempre que possível, tal qual, certamente, Jesus faria e fará sempre; e acima de tudo não temê-las... Aos poucos descobrirão que não somos ecumeníacos, mas carne da carne, sangue do sangue do povo metodista e do povo de Deus; e ecumênicos/as, graças a Deus.

Um abraço querida irmã.

Maria Newnum - Maringá