Vivemos tempos de intolerância
Por: Laan Mendes de Barros
O conflito entre Israel e o Hizbollah, que se arrastam por semanas sem fim, com ataques violentos e sem medida ao Líbano, vem provocando comoção, indignação e gestos de solidariedade por toda parte. Em vários outros cantos do mundo a intolerância e a ganância de líderes políticos levam dor, sofrimento e morte a milhares de pessoas. Nas grandes cidades a violência do crime organizado e a insegurança marcam o dia-a-dia das famílias. O conflito entre vizinhos, entre colegas de trabalho e mesmo no trânsito torna a vida mais amarga. Vivemos tempos de intolerância.
Aos cristãos cabe orar pela Paz. Mas somente orar não basta; é preciso trabalhar por ela, prezando pela justiça e semeando gestos de solidariedade, e generosidade. Nós cristãos devemos dar o exemplo, como agentes da Paz. Cabe a nós testemunhar o amor, a tolerância, a humildade e a busca constante da fraternidade, “para que o mundo creia” em Jesus Cristo, o Príncipe da Paz. O amor ao próximo implica no respeito às diferenças de idéias e tradições e na abertura permanente ao diálogo com as pessoas e instituições que partem de outras experiências de fé. Unidos podemos trabalhar juntos pela Paz.
Desde que cheguei de viagem, no final de julho, tenho acompanhado as reações de muitos(as) metodistas em relação à lamentável decisão do Concílio Geral de 2006 sobre o ecumenismo. Por duas semanas fiquei calado (e profundamente abatido), tentando entender o que aconteceu. Para alguém que é filho de pastor, que é metodista de quarta geração e aprendeu o que é ser metodista nos bancos da escola dominical não dá para aceitar o que foi decidido. O que teria levado aqueles irmãos e irmãs a tal gesto de intolerância e falta de solidariedade cristã? Quem está liderando esse movimento sectário? O que motivou essa ação inconseqüente, de energia tão destrutiva e de orientação, a meu ver, tão distante das tradições e identidade metodista? Como sustentar teologicamente uma posição que coloca o ser humano como juiz capaz de julgar que uma experiência de fé é melhor do que a outra? Só a Deus cabe julgar...
São várias as manifestações que encontram neste blog o espaço ecumênico para lamentar, refletir e buscar forças para vencer uma etapa sombria da caminhada metodista no Brasil. Ao ler tantas palavras de reafirmação de identidade, encontro forças para superar o choque dos primeiros dias e acreditar que nem tudo está perdido. Ainda entristecido e sem respostas às minhas indagações, procuro participar do debate, junto-me às pessoas que apelam ao bom senso dos líderes do Metodismo em nosso país na busca de uma revisão da decisão tomada em julho. Abandonar o ecumenismo é negar nossas origens e trajetória, é semear discórdia e intolerância, é submeter nossa denominação à concorrência do mercado religioso que, infelizmente, marca o nosso tempo. Caso contrário, será difícil ser metodista no Brasil.
Espero poder seguir sendo metodista e, conseqüentemente, ecumênico. Assim como eu aprendi de meu pai e minha mãe e daqueles que me antecederam, espero que meus filhos possam ensinar aos seus descendentes que ser metodista implica em amar ao próximo e construir sinais do Reino de Deus juntamente com outras pessoas que crêem em Jesus como Senhor e Salvador. Paz!
Laan Mendes de Barros
Leigo, membro da Igreja Metodista em Vila Mariana (São Paulo-SP)
Vice-presidente do Conselho Diretor do IPA-IMEC-UNIÃO
1 Comments:
Laan,
Saudações ecumênicas de Paz, tolerância e amor.
As pessoas ficaram estão como você atônicas, eu incluisive...
Mas toda crise é também oprtunidade... Vejamos esse tempo assim, tempo de oportunidades de chorar juntos/as, lamentar e também continuarmos no caminho propagando o amor e nossas e a relembrando a história de nosssas raízes metodistas...
Continuemos, eu e você levando nossa indignação, inconformismo e esperança,
Paz,
Maria Newnum - Maringá
Postar um comentário
<< Home