“...Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós...”(?) (At 15.26)
Por: Messias Valverde
Nos últimos anos tenho me dedicado à pesquisa do fenômeno religioso e mais especificamente sobre a Liturgia Cristã em suas diversas expressões. Esse exercício acadêmico tem me proporcionando o desafio de intensificar os limites do diálogo, na perspectiva do “pensar e deixar pensar”, com os segmentos internos do metodismo brasileiro, com o cristianismo católico e com o pentecostalismo em suas expressões ”clássica, neoclássica e neopentecostal.”
O Curso de especialização em Estudos Wesleyanos feito recentemente na FATEO não me deixou dúvidas de que as propostas evangélica e Wesleyana têm no diálogo com o diferente o espaço por excelência de vivência dos valores do Reino de Deus.
Por outro lado, tenho percebido nas últimas décadas, especialmente a partir dos anos 90, que o chamado “movimento carismático metodista” há muito substituiu a busca dos valores ligados à piedade, pela luta aberta por postos de poder eclesiástico. O que ainda não estava claro é que para conseguí-los o grupo fosse capaz de utilizar instrumentos articulatórios até então só perceptíveis nos bastidores políticos comuns.
Na verdade, a operação sanguessuga, com significativa participação da bancada evangélica, já deveria sinalizar que já não se faz pessoas piedosas como em tempos passados, principalmente quando os “desafios do reino” (?) envolvem poder, status e dinheiro.
O que se viu no último Concílio Geral Metodista foram aberrações teológicas e históricas, num descarte cruel e sumário de dois bispos metodistas, um deles presidente do Colégio Episcopal, para substituição por outros de agrado dos articuladores e um corte nos espaços dialogais ecumênicos. As duas atitudes totalmente incompatíveis com os desafios do evangelho e com a tradição metodista.
Como seria bom se realmente nossos Concílios fossem alicerçados na força da oração, da espiritualidade, da ética, da dignidade, do respeito ao outro! Como seria bom se pudéssemos chegar ao desfecho das principais pautas conciliares com a afirmação: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós”. No caso do último Concílio ainda se pode dizer que todas essas decisões foram tomadas no Espírito Santo (Aracruz).
Messias Valverde
IV Região Eclesiástica
Coordenador da Pastoral do Instituto Metodista Granbery
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