Ecumenismo e tolerância religiosa
Desafios e oportunidades para os metodistas: Ecumenismo e tolerância religiosa
Por: Nicanor Lopes
Falar em desafios e oportunidades no contexto de uma Igreja pode significar um discurso empreendedor e pode até ter cheiro de negócio, mas não é esta conotação que desejo dar a reflexão abaixo. Pretendo pensar, compreender e viver qual é a Vontade de Deus e por outro lado aprender como as oportunidades que um compromisso maior com o Reino de Deus pode proporcionar novidade de vida para os cristãos hoje.
O 18º Concílio Geral da Igreja Metodista privou os metodistas de participarem de órgãos que tenham a Igreja Católica como membro. Foi um gesto desamoroso sobre o olhar da Unidade dos Cristãos. É certo que tal decisão tem como pano de fundo a dimensão da intolerância religiosa e dos efeitos colaterais do mundo neoliberal. Reserva de mercado é a palavra de ordem do mundo sem Deus.
O tema do ecumenismo foi colocado como um problema para a Igreja Metodista, para isso, peço licença na mudança de foco nesta discussão. O ecumenismo não é um problema. O ecumenismo que significa a busca pela UNIDADE DOS CRISTÃOS antes de ser um projeto das igrejas instituídas, sejam elas, protestantes ou católicas, é um desejo do Senhor da Igreja. Quem desejou a unidade dos cristãos foi Jesus, veja João 17, 21. Reafirmo nesta mesma linha de pensamento que o Credo Apostólico que professamos em nossa Igreja e é professado em outras igrejas cristãs “foi usado pela primeira vez em 390, no Sínodo de Milão. Em 404, Tirano Rufino escreveu um comentário do credo, contando a história de sua provável origem (de que no dia de Pentecostes os apóstolos, antes de cumprir a ordem de ir aos confins da terra, teriam se reunido e cada um contribuído com alguma parte do credo). Há evidência, no entanto, de que um credo muito semelhante a este já era usado no ano 150”.[i] Neste credo afirmamos que “cremos na Santa Igreja de Cristo”.
É preciso buscar a originalidade e autoria do desejo em favor da unidade dos cristãos, é um equívoco pensar que esta ou aquela igreja é a patrocinadora do ecumenismo. Por isso reafirmo este desejo é evangélico que vem do próprio Cristo e que tem alvos missionários para este mundo “para que o mundo creia” JO. 17,21. É concebível na tradição cristã criar empecilhos para realização da vontade de Jesus?
Se desejarmos ver o ecumenismo como um problema para a Igreja faz-se necessário assumir que este é mais um problema criado por Jesus, algo próximo da compreensão de intolerância daqueles que desejam cumprir a lei de Moisés relatado em João 8, 1 -11 em relação à mulher adúltera.
Como Igreja somos desafiados a refletir sobre as culturas de violência e intolerância presentes no mundo religioso. Vivemos tempo de violência religiosa exacerbada, vejam o conflito entre Israel e Líbano, o centro do conflito está o grupo Hizbollah, que ironicamente, significa em árabe Partido de Deus.
Peço a Deus em oração, que o desejo de Jesus, seja também o nosso desejo. Que o povo de Deus chamado metodista, creia: “Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste”. (Jô 17, 21).
Nicanor Lopes
nicanor.lopes@metodista.br
[i] http://www.cacp.org.br/credos.htm
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