Justiça busca depoimento de Kaká sobre dizimo à Renascer
SÂO PAULO, Brasil, Janeiro 15, 2008. Acostumado a ocupar as primeiras páginas de jornais, revistas e portais da internet, o melhor jogador do mundo em 2007, Ricardo Izecson Santos Leite, o Kaká, do Milan, da Itália, e da Seleção Brasileira, é capa da revista Carta Capital, desta semana, menos pelo futebol que apresenta nos campos e mais pela fé e seu vínculo com a Igreja Renascer.
Matéria do repórter Paolo Manzo informa que o juiz da 1a Vara Criminal de São Paulo, Marcelo Batlouni Mendroni, encaminhou à Procuradoria-Geral de Milão, no dia 14 de setembro de 2007, um questionário, para o qual solicita o depoimento de Kaká.
Destaque-se, contudo, que Kaká não aparece como acusado, mas testemunha, num processo que corre na Justiça brasileira sobre lavagem de dinheiro e operações financeiras envolvendo a Renascer e seus fundadores, o apóstolo Estevam Hernandes Filho e a bispa Sônia Haddad Moraes Hernandes.
O juiz Mendroni aguarda, desde setembro, o depoimento de Kaká, pois suas respostas podem ajudar a esclarecer as relações entre o apóstolo e a bispa com operações financeiras da Renascer. Além de melhor jogador do mundo, Kaká é, seguramente, o maior dizimista do país, repassando, estima-se, 2 milhões de reais (cerca de 1,16 milhão de dólares) ao ano para a igreja.
Depois do anúncio, no final do ano, de que Kaká cederia o troféu que ganhou da Fifa como melhor jogador do mundo para a Renascer, começaram as especulações de quanto o atleta fatura por ano e que montante disso daria por conta do dízimo. Tem até blog na internet perguntando “será que Kaká paga direitinho o dízimo para a Renascer?”
Segundo o principal jornal esportivo da Itália, Kaká ganha 17 mil euros, algo em torno de 45 mil reais por dia, o que daria 16 milhões de reais por ano, sem considerar os prêmios por partida e os patrocínios.
O senhor contribui com a igreja do ponto de vista financeiro? Desde quando? Quanto deposita por mês? Quanto já depositou desde que começou a colaborar com a igreja? O senhor tem conhecimento do destino que foi e é dado ao dinheiro que deposita? – são algumas das perguntas que o juiz Mendroni encaminhou a Kaká.
Acompanha o documento que pede o depoimento de Kaka, de acordo com a reportagem da Carta Capital, a constatação de que “as operações financeiras não teriam sido declaradas às autoridades brasileiras”, o que comportaria crimes como “lavagem de dinheiro e a obtenção de atividades ilegais, seja por meio do engano da fé de outros, seja por uma série de fraudes”.
O juiz apurou que o casal Hernandez desviou dinheiro apurado do dízimo de fiéis para o seu patrimônio pessoal, estimado em 130 milhões de reais (cerca de 75,5 milhões de dólares). Mendroni também apurou que existe “uma grande quantidade de empresas ligadas à Renascer por um esquema formado por um clã familiar que controla os investimentos e que, em pouquíssimo tempo, acumulou verdadeiras fortunas aproveitando da fé religiosa dos outros e realizando negócios ilegais”.
Como se não bastassem esses incômodos a Kaká, de informar quanto contribui financeiramente para a Renascer, em outra revista, também na capa, aparece um sósia do atleta. Trata-se de Lucas Pugliessa, 1,94 metro de altura, ex-goleiro, que posa para a G Magazine, uma revista voltada ao público gay. A revista chegou às bancas no dia 3 de janeiro, mas não cita explicitamente, em 20 páginas do ensaio fotográfico, o nome do milionário atleta do Milan e mais bem-sucedido Atleta de Cristo.
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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação
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