Marcas de um genuíno avivamento (Bispo Nelson Luiz Leite)
1. O genuíno avivamento, acima de tudo, é bíblico, ou seja, está centrado na mensagem total da Bíblia.
A Bíblia torna-se a revelação dos atos históricos de Deus a favor da pessoa, dos povos, das raças, das nações, do gênero humano: a mulher e o homem. A Palavra divina expressa na tríplice forma: escrita, proclamada e encamada. Neste último sentido é vivenciada em Cristo, que a encarna num momento histórico concreto. Essa Palavra será a luz para o nosso caminhar. Colossenses 3.16 afirma: "Habite ricamente em vós a palavra de Cristo; instrui-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria"... Sob a inspiração do Espírito Santo a Palavra deixa de ser mera e morta letra para ser vida vivificada. Lendo e fazendo a releitura da Bíblia à luz do contexto histórico de onde ela surge e confrontando-a com a nossa realidade, teremos dimensionado o caminhar do genuíno avivamento.
2. O genuíno avivamento está centrado em Cristo, sua encarnação, vida, missão, cruz, morte, ressurreição, ascensão.
Vida movida pelo amor divino, na unção do Santo Espírito e plena de graça e misericórdia para com o ser humano, em especial para com os mais frágeis e marginalizados. Cristo é o referencial do genuíno avivamento que é cristológico. Paulo em sua vivência procurava ser achado em Cristo, perder toda a sua glória, ser achado nele, mediante a fé e a justiça divina, conhecê-lo pessoalmente, ter o poder da sua ressurreição e comungar com o seu sofrimento, conformando-se com ele na sua morte (Fp 3.8-10).
3. O genuíno avivamento é uma manifestação do Espírito Santo.
Não é uma manipulação humana ou uma série de programações, estimulações e coações psicológicas. É atuação do Espírito, prometido por Cristo para ser o companheiro, o consolador, o defensor, o animador, aquele que guiaria o discipulado à verdade e glorificaria a Cristo. O Espírito que habitaria em nós, não nos deixando órfãos no meio do abandono existencial e que vivificaria, com o mesmo poder em que ressuscitou a Cristo, os nossos corpos mortais. João (capítulos 14, 15 e 16) nos dá o referencial básico da natureza e realidade do Espírito. Atos testifica o nascer e a vivência da comunidade apostólica o Novo Israel, a Igreja, através da vida gerada pela dinâmica do Espírito. Paulo (Rm 8.9-11) nos fala do vivificar pelo Espírito. Este mesmo Espírito é o agente divino do genuíno avivamento junto aos cristãos, da Igreja, da História e de todo o Universo, obra divina.
4. O genuíno avivamento proporciona uma mudança de vida na pessoa e na sua vivência em comunidade.
Uma profunda “metanóia”, levando a pessoa a viver pela graça e a oferecer a graça em todos os seus relacionamentos. Uma nova vida gerada pelo amor divino e fundamentada por este mesmo amor em seus relacionamentos para com o próximo, consigo mesmo, com a sociedade, e todos os demais relacionamentos; em especial o seu relacionamento com Deus, através de Cristo e na força do Espírito. Agora há uma nova condição de vida somos adotados por Deus. "O próprio Espírito testifica que somos filhos de Deus... herdeiros... co-herdeiros com Cristo... se com ele sofrermos, para que também com ele de sejamos glorificados" (Rm 8.15-17; Rm 11.1-2).
Em Cristo somos novas criaturas... não devemos viver mais centrados em nós mesmos, mas para aquele que por nós morreu e ressuscitou (2Co 5.14-17).
5. O genuíno avivamento produz frutos.
Jesus disse: Pelos frutos os conhecereis. Frutos que são o resultado da presença e do testemunho do Espírito Santo em nós, na comunidade eclesial e na sociedade. Somos guiados a viver uma vida plena no Espírito, a estar plenos da sua presença, cheios da sua graça, conforme a abundância de testemunhos dos textos bíblicos (G1 5.16-26; Ef 5.18, Atos dos Apóstolos, etc). Wesley perguntava aos seus pregadores leigos: "Tens a graça? Tens os dons? Tens os frutos?" Os frutos resultantes da unção e presença do Santo Espírito produzem uma santificação progressiva, contínua, pessoal e social e uma ação missionária plena de compromisso com Deus, com o ser humano, com a História e com o reino de Deus.
6. O genuíno avivamento é missionário.
Não está centrado em si mesmo, no seu movimento “intra”. Ele existe para ser um instrumento da missão divina nas pessoas, entre as pessoas, nos agrupamentos humanos, na vida eclesial, na vivência da comunidade histórica e humana. O “ide” (indo) de Jesus em seus mandatos missionários está aqui presente: "Assim como o Pai me enviou eu vos envio a vós"...; uma forma encarnacional, sacrificial, de esvaziamento e tornando-se servo, sofrendo, abraçando a cruz e não fugindo da maldição da morte (Jo 20.21; Fp 2.5-11). Há um autêntico compromisso com Deus, consigo, com a missão, com o ser humano e com a História.
7. O genuíno avivamento é emocional e racional.
Não podemos negar o caráter emocional do ser humano. Todavia este caráter não pode deixar de lado o sentido racional. A razão é criação divina e, quando submissa ao Senhor e à Palavra, é critério avaliatório do avivamento e da vivência cristã. A razão humana é objeto da revelação divina e da atuação do Espírito Santo em todas as pessoas. O estado emocional da pessoa é considerado com respeito e seriedade, à luz da sua vitalidade e dos seus limites. O avivamento age no emocional, mas também proporciona uma contínua transformação na mentalidade e no comportamento humano e social em relação a Deus, a si próprio, ao próximo e para com a sociedade.
8. O genuíno avivamento age no ser total.
Neste aspecto, complementa o que foi dito anteriormente. Proporciona a mudança do coração, da mente, da vontade e do Espírito da pessoa. Todos os aspectos constituintes do ser humano são alcançados pela graça divina. Assim entendemos a promessa profética (Jr 31.31-33; Ez 36.25-28; cf. I Ts 5.23 e cf. o pensamento judaico) que vê a pessoa em sua totalidade. O ser bio-psico-social-mental-emocional-espiritual... e o objeto do amor e da graça transformadora divina.
9. O genuíno avivamento produz unidade cristã.
Tem como resultado a unidade, a diversidade e a mutualidade (1Co 12.4-7). A sua realidade responde à oração sacerdotal de Jesus (Jo 17.20-23). Há na comunidade da fé um só coração e uma só alma (At 4.32). Há autêntica comunhão que proporciona a unidade da mente, no amor, no sentimento e na alma, conforme Paulo afirma ser o seu desejo e alegria (Fp 2.1-2). Há relacionamento amorável entre as pessoas, respeito mútuo, comunhão eclesial e unidade na ação missionária. Uma unidade cujo centro é Cristo e é mantida pela ação do Espírito Santo. Neste sentido, o avivamento nos leva a preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz (Ef 4.3).
10. O genuíno avivamento não divide, nem cria ressentimentos, marginalizações, divisões, discórdias e preconceitos.
Cristo é o poder que quebra todas as nossas barreiras pela ação do Espírito Santo que nos unifica (Ef 2.13-22). No Espírito somos levados a nos aceitar, uns aos outros, apesar de nossas diferenças e maneiras de ser. Nele somos um só Corpo em Cristo e membros uns dos outros (Rm 12.5).
11. O genuíno avivamento não é orgulhoso e nem cria espírito de superioridade de uns sobre os outros.
Segue o Espírito paulino de... nada fazer por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Levando-nos a não ter em vista o que e propriamente nosso, senão também o que é dos outros (Fp 2.4).
12. O genuíno avivamento é obra da graça divina.
A graça é maior do que a vida (Sl 63.3). Pela graça somos salvos, santificados e esperamos a concretização do Reino. Enquanto esperamos, desenvolvemos a ação missionária do Reino. A graça é apropriada pela fé (Ef 2.8-9). Fé centralizada em Cristo, no Espírito Santo e na soberania divina. Não é a fé colocada na fé ou em nossa própria fé. É uma fé que, firmada em Cristo, é obediente, amorosa, e plena de obras. Esse avivamento é ato contínuo da graça divina. Os momentos chamados de picos no avivamento são mais decorrentes das condições humanas, pois o Espírito nunca deixa de agir e manifestar nos cristãos, na Igreja, no mundo e na História, a graça divina e os frutos decorrentes de sua presença. Podemos presenciar o avivamento de forma mais dinâmica em certos momentos históricos e em certas situações humanas, mas nem por isso deixa de ser uma ação continuada da graça divina.
13. O genuíno avivamento, como dependente da graça divina, não é auto-suficiente e auto-glorificante.
Aceita a sustentação e inspiração do Espírito Santo e vive a sua vida e testemunho na interdependência de uns para com os outros e na mútua cooperação dos membros de todo o Corpo. Cristo é quem nos dá sentido e sustento. Ele é o nosso inspirador e a nossa força, através da ação do Espírito Santo. Sem ele nada podemos fazer (Jo 15.4-5).
14. O genuíno avivamento tem a oração como um de seus elementos fundamentais.
A oração é a sua força, através da qual o Senhor se manifesta. A oração nos leva a um contínuo estado de vigília com o Senhor fazendo-nos vigiar sem cessar. A oração que louva, confessa, adora, intercede, clama e curva-se perante a graça e o poder divinos está continuamente presente no avivamento. A oração como meio de graça divina, uma das chaves fundamentais do avivamento.
Perseveremos na oração (Rm 12.12; Cl 4.2), orando em todo o tempo, intercedendo uns pelos outros, pela Igreja, pelo mundo, pelos que nos governam... (1Tm 2.1-2). Através da oração nos abrimos para Deus e uns para com os outros. Ela significa intimidade e comunhão com o Senhor e conosco mesmos, com o próximo e a vida.
15. O genuíno avivamento não eleva os olhos apenas para o alto, observando a Cristo e a sua glória.
Ele nos leva a ver a nós mesmos em nossa realidade e a olharmos ao nosso redor as pessoas, a Igreja, a comunidade, a História, o mundo — seus acontecimentos e realidades com compaixão, amor, solidariedade e graça divina. Leva-nos a avaliar todas estas situações e a não nos conformarmos (tomarmos a forma) com a situação e valores deste século que contradizem o Evangelho. Ao contrário, leva-nos a permitir a Deus transformar a nossa mente e todo o nosso ser e ação, através de uma mudança contínua para que possamos experimentar e vivenciar a vontade divina, a única que é boa, agradável e perfeita para esta vida (Rm 12.2).
16. O genuíno avivamento cria contrição. Produz um autêntico quebrantamento perante o Senhor.
É penitencial pela contínua confissão de pecados pessoais e sociais. Leva-nos a nos humilharmos perante Cristo (1Pe 5.6; Sl 51.112) e dele receber perdão, reconciliação e paz (Rm 5.1; Ef 2.16-18). Diária e continuamente colocamos as nossas vidas, a vida e missão da Igreja e a realidade humana, humildemente perante o Senhor para que ele nos perdoe, purifique, transforme e nos de a paz. Sem quebrantamento não pode haver um genuíno avivamento. Afirmemos como Isaias ao ver a santidade divina (Is 6.18). "Ai de mim porque sou homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de impuros lábios". O perdão de Cristo e a purificação do Espírito são fundamentais para a vida do cristão e da Igreja do Senhor. Esse perdão necessita ser estendido às outras pessoas, levando-nos a perdoar uns aos outros como Cristo nos perdoou (Ef 4.32).
17. O genuíno avivamento e pleno dos dons e ministérios do Espírito existentes para a edificação pessoal e da comunidade local; na vida familiar e profissional, e em especial visando equipar as pessoas e a Igreja para o serviço do Corpo de Cristo a ser prestado no mundo.
Este serviço ou ministério é expresso através da diversidade de dons, concedidos não para a glória ou o engrandecimento humano, mas para que em tudo seja Deus glorificado (1Pe 4.10-11; 1Co 11.1-11; 27-31; Rm 12.3-8; Ef 4.7-16). A diversidade de dons e ministérios não menospreza o sentido básico da unidade de todo o Corpo de Cristo e da mutualidade existente neste corpo, através da mútua cooperação de todos os seus membros.
18. O genuíno avivamento considera o mundo e a História como palco da ação divina.
Por isso, não foge do mundo mas age no mundo, testificando o poder reconciliador e transformador do Evangelho (2Co 5.18-19; Jo 17.1517). Leva em consideração o momento histórico em que vivemos, procura interpretá-lo, partilhar de suas angustias e desafios, sendo sal, luz e fermento de transformação do reino de Deus junto da sociedade. Reconhece que o mundo foi criado por Deus e que, pela sua graça, ele o sustenta e salva. Partilha, em nome de Cristo, das dores e alegrias; derrotas e vitórias; bênçãos e sofrimentos, aceitando os desafios históricos para através deles manifestar os sinais da vida divina em contraposição aos sinais da morte existentes na vida, de forma contradizente.
19. O genuíno avivamento é obra divina junto da comunidade humana.
Partilha em nome de Cristo e sob a unção do Espírito Santo das realidades, necessidades, desafios e tensões do momento histórico em que se situa. Considera com o discernimento divino os sinais dos tempos de nossa real idade presente.
20. O genuíno avivamento acontece não nas contingências do nosso tempo, de nossa cronologia, mas na abrangência e soberania do tempo de Deus, do seu “kairós” (Sl 90.4; Sl 102.24-27).
O tempo divino invade, quebranta, transforma e age nos limites do tempo humano (cronos). Nem sempre o nosso momento é o momento divino. Da mesma forma, nem sempre o momento divino é o nosso momento. A ele compete toda a soberania sobre o tempo e sobre a vida. Eclesiastes afirma que tudo tem o seu tempo próprio (Ec 3.1-17).
21. O genuíno avivamento não testifica a respeito de si mesmo, de sua denominação, movimento ou grupo; nem se exalta nos aspectos pessoais e humanos da obra desenvolvida.
Acima de tudo, Cristo é testificado, proclamado e sinalizado, através da Palavra, da vida cristã, do compromisso missionário e dos atos de piedade e das obras de misericórdia (Jo 5.39; At 10.42; 1Jo 4.14; 1Co 2.1-5).
22. O genuíno avivamento não está centrado em pessoas, líderes, denominações ou grupos religiosos.
Tudo e todos são instrumentos nas mãos do Senhor. A soberania e a ação fundamental são divinas, através da sua Palavra, da sua presença sacramental na vida e da ativa ação do seu Espírito (1Co 1.10-15).
23. O genuíno avivamento não menospreza as diferenças.
Considera-as com seriedade, em especial aquelas que são básicas e culturais. Acima de tudo, busca manter uma unidade naquilo que é essencial à fé cristã. Respeita a diversidade em tudo quanto não é essencial. Expressa-se na mutualidade e acima de tudo mantém uma vivência fundada na humildade e no amor (1Co 12.4-12; G1 3.26-28; Rm 12.1-8).
24. O genuíno avivamento cria um estado e estilo de vida dominados pelo amor.
O genuíno amor divino invade os nossos corações através da ação do Espírito Santo (Rm 5.5). Amor que fundamenta o relacionamento de Deus para conosco, pois ele nos amou primeiro. E que tem como nossa resposta o nosso amor para com ele (1Jo 4.10-21). Esse amor motiva e nutre as nossas vidas, levando-as a se expressar no autêntico amor para o próximo. Jesus nos guiou a amar ao próximo como a nós mesmos e a amarmos com o mesmo amor com que ele nos amou: "Nisto conhecereis que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns para com os outros"(Jo 13.35). O amor que nos nutre e nos guia tem a tipologia do amor divino, conforme o extraordinário texto do apóstolo Paulo (1Co 13). Amor voltado para Deus, a si mesmo, ao próximo, a natureza e a História. Amor encarnado nas circunstâncias reais da vida, como foi o amor de Cristo. Por isso, tudo crê, tudo espera, tudo suporta e jamais acaba (1Co 13.7-8). Esse tipo de amor (o amor ágape, divino) é a força da vida, dos relacionamentos e dos atos redentores e transformadores.
25. O genuíno avivamento está pleno dos atos de piedade, através dos quais o Senhor é adorado, louvado, invocado, comungado, obedecido e glorificado.
Esses atos de piedade estão presentes na vida da pessoa e da comunidade cristã. Centram-se na leitura e meditação da Palavra, nos Sacramentos, na vivência da oração, no jejum, nas vigílias, na vida disciplinada, na adoração, no louvor, nas expressões cúlticas, na experiência da justificação e da salvação, no crescimento em graça e santificação (2Pe 1.3; 5-7).
26. O genuíno avivamento está também pleno das obras de misericórdia, expressas em nosso amor, solidariedade, sensibilidade e ações concretas a favor do nosso próximo, das famílias, dos grupos sociais e da sociedade.
Testificamos o amor divino através de uma vida frutificada em obras de misericórdia. A fé centrada na graça de Cristo e manifesta na ação do Espírito Santo é operosa, produzindo obras concretas resultantes da ação divina em nós. Tiago enfatiza este aspecto da fé na vida cristã (Tg 2.14-26). João Wesley vivenciou de forma extraordinária esta combinação entre os atos de piedade e as obras de misericórdia. Jesus em seu ministério sinalizou esta verdade demonstrando que não temos dois Evangelhos, um espiritual e um social. Mas um Evangelho que é integral, para todas as pessoas, comunidade, história e mundo e para a totalidade do ser, em todos os seus aspectos constituintes. Numa de suas visões do julgamento final de enfatiza este aspecto (Mt 25.31-46). Em especial na interpretação do seu ministério (Lc 4.16-21).
27. No genuíno avivamento a autoridade da Igreja está sob o senhorio de Cristo (Ef 4.5; Fp 2.11).
A Igreja, Povo de Deus, Corpo de Cristo e Comunidade do Espírito, é serva e não senhora. À semelhança de Cristo (Jo 13.13), ela existe para servir ao Senhor, às pessoas, comunidades, mundo e ao Reino. O seu ministério é expresso não com dominação, mas com amor, moderação e compaixão. O referencial de sua missão e ministério é o próprio Senhor Jesus Cristo (Jo 20.21). Ele é o pastor e o Bispo que conduz a sua Igreja (1Pe 2.25). Através do Espírito, concede dons, ministérios e funções com a finalidade de equipar os santos visando o desempenho de seu serviço e a edificação de todo o Corpo (Ef 4.7-12). Há uma concessão de autoridade que, submissa ao seu Senhor, cumpre o seu ministério. O genuíno avivamento não despreza a autoridade: respeita-a, valoriza-a, comunga com ela e a ajuda a exercer de forma bíblica e cristã o mandato conferido pelo Senhor. O cabeça desta comunidade é Cristo (Ef 4.16), em quem devemos crescer e nos aperfeiçoar em todas as coisas e todas as dimensões.
28. O genuíno avivamento reconhece a dimensão humana e sociológica da Igreja.
Neste sentido, afirma a necessidade mínima de uma estrutura que seja instrumento de vida para a vivência do Corpo e sua ação missionária. O genuíno avivamento não é estrutural. Tem a estrutura da Igreja como algo necessário, mas não como algo que tem objetivo em si mesmo. A estrutura está a serviço da fé e da missão. Ela se ajusta e se transforma às novas realidades da vida pessoal, comunitária e histórica e aos interesses prioritários do reino de Deus. Não estando centrado na Instituição, mas tendo-a como um instrumento de serviço, ela se configura através da concessão, pelo Espírito, dos dons e ministérios necessários à vida interior da Igreja, ao inter-relacionamento das Igrejas e à vivência missionária extra-Igreja. Há um lugar de importância para as estruturas eclesiásticas e institucionais, desde que não sejam fins em si mesmas e não se tornem ídolos e objetivos finais. Ninguém vive ou morre para si mesmo. Quer morramos, quer vivamos somos do Senhor e para ele vivemos (Rm 14.8-9).
29. O genuíno avivamento está sob a soberania de Deus.
Ele, em Cristo e através do Espírito, e Senhor do avivamento. Nele estamos centralizados (1Tm 6.14-15; Ap 17.14). O seu Evangelho é que deve ser anunciado (Rm 15.16) e a sua Palavra de denúncia contra tudo o que menospreza, destrói e rouba da vida e do ser humano a soberania da vida, deve ser expressa. A sua presença contínua, através do Espírito, nas pessoas, na comunidade, na Igreja, na História e no mundo testifica a respeito da sua soberania sobre todas as coisas. Nesse sentido, a soberania divina está centrada na Trindade, colocando-se acima de todas as forças e poderes do mal.
30. O genuíno avivamento produz uma autêntica vida cristã, em conformidade com o padrão bíblico, testificando continuamente o estado de vida em Cristo.
Por isso, unido a ele, é um estado frutificador. ÉE uma vida plena dos frutos do Espírito Santo (Gl 5.22-26) continuamente ligada a Cristo, a videira, sem a qual nada tem poder para ser feito (Jo 15.4-5). Esta autêntica vida cristã é resultado do tomar-se nova criatura pela graça do Senhor (2Co 5.1617).
31. O genuíno avivamento produz, como resultado da vida no Espírito, uma vida plena de obras oriundas da fé.
Essas obras visam glorificar a Deus, em todas as coisas e servir ao ser humano e a humanidade, como expressão da presença do reino de Deus já entre nós (Mt 5.16). A fé torna-se amorosa, obediente e atuante gerando obras plenas da graça, do amor e da justiça divinas. Há uma conjugação entre fé e obras (Ef 2.1; Tg 2.14-23). Essas obras testificam com poder a realidade suprema da graça e da fé. São atos e obras de piedade e de misericórdia, mantendo-se entre si um equilíbrio dinâmico.
32. O genuíno avivamento é ético.
Tem a ver com um estilo de vida à luz do Evangelho de Cristo e de uma vivência cheia do Espírito. Possui uma genuína e autêntica moralidade em todas as áreas do viver pessoal, familiar, trabalhista e social. Não é um mero moralismo e nem um impositivo legalismo, mas um estado ético como resultado da graça divina e da vivência do Santo Espírito, levando-nos progressivamente à santificação. O estado de liberdade estabelecido em Cristo leva-nos, com responsabilidade, a viver uma vida de amor, verdade, justiça, perdão, reconciliação e paz. A liberdade concedida por Cristo não pode gerar libertinagem, dando ocasião a todas as formas de manifestações dos impulsos da carne (G1 5.1-13). Neste estado ético tudo nos é lícito, mas nem tudo nos convém; tudo nos é licito, mas não nos deixamos ser dominados, tudo nos é lícito, mas somente buscaremos as coisas que nos edificam e edificam uns aos outros. Qualquer coisa que façamos devemos fazer para a glória de Deus e a edificação do ser humano (1Co 7.12; 1Co 10.23-32), sem nos tornar
mos pedra de tropeço para o próximo, para a Igreja de Deus ou para o mundo.
33. O genuíno avivamento testifica a respeito da vida plena e abundante proclamada por Cristo (Jo 10.10).
Já temos em nosso presente viver os primeiros frutos desta vida (Rm 8.23; Tg 1.18), expressos através do amor, da verdade, do perdão, da reconciliação, da justiça e da paz. Nesse sentido, o genuíno avivamento tem como objetivo o reino de Deus que em Cristo já está entre nós e ainda há de se concretizar. Somos comissionados a sinalizar esse Reino em nós, entre nós e através de nós em todas as dimensões da vida, testificando-o e vivenciando-o à luz da Palavra divina contida nos Evangelhos e na sua totalidade (Mt 6.10; Lc 12.31; 1Co 4.20; 1Ts 2.12; Mt 3.12; Lc 11.20).
34. O genuíno avivamento leva a Igreja a crescer, em tudo, naquele que é o Cabeça do Corpo da Igreja — Cristo — e através da mútua cooperação de cada parte do corpo (Ef 4.15-16).
Esse crescimento se efetua através da vida em comunhão, piedade, solidariedade, fraternidade, apoio mútuo, amor, justiça e na vivência da ação missionária da Igreja (At 2.42-47; 4.32-35). Um crescimento qualitativo e quantitativo, através do qual o Senhor acrescenta àqueles que vão sendo alcançados pela graça e salvos pela fé no Senhor Jesus.
35. O genuíno avivamento faz da Igreja uma comunidade de fé, adoração, com fraternidade, reconciliação, solidariedade, amor e serviço.
Há na vida Intra-Igreja (interna) uma mutualidade de vida expressa nos frutos e dons do Espírito; na Inter-Igreja (mútua comunhão, unidade e cooperação entre as Igrejas) um Espírito de respeito, reconhecimento, solidariedade, mútua cooperação e ação missionária, que traz como conseqüência uma expressão de serviço ministerial; extra-Igreja (no mundo, na sociedade, junto às pessoas, famílias, grupos sociais, pátria, natureza, história e mundo). Essa comunidade expressa, encarna e transparece a contínua presença de Cristo na vida humana, através da inspiração e poder do Santo Espírito. Uma comunidade que, através da vida de seus membros e da totalidade do seu corpo, sinaliza o reino de Deus no presente momento histórico e anuncia a sua consumação final (Fp 2.1-11; Ef 5.1-2; Cl 3.12-17).
36. O genuíno avivamento aceita com responsabilidade o partilhar da cruz de Cristo.
Vive sob o poder transformador do Senhor oriundo da cruz e da Ressurreição. Aceita a Cristo e carrega com Cristo a sua cruz, seguindo os mesmos caminhos e vivendo o Evangelho da mesma forma que ele viveu. Não teme a cruz, mas carrega-a junto com as pessoas e a sociedade. Na obra da cruz nos gloriamos e com o nosso ministério completamos os sofrimentos de Cristo a favor do mundo (Mc 8.34; Lc 9.23; 1Co 1.17, 2.2; Gl 6.14; Ef 2.16). Consideramo-nos crucificados com Cristo (Gl 2.20), permitindo fazer com que o Cristo ressurreto viva em nós. É um avivamento que não visa buscar apenas bênçãos, mas que consente em dar-se a si mesmo ao Senhor e uns aos outros. Acima de tudo, busca ao Senhor antes que suas bênçãos e corre o risco de partilhar com Cristo de seu sofrimento a favor das pessoas e todo o mundo (1Pe 4.12-19).
37. O genuíno avivamento é bênção e não maldição.
Centra-se na bênção e na vitória de Cristo sobre todos os poderes, nomes e autoridades terrestres ou celestes, desta vida ou do porvir. Crê mais no poder da graça salvadora de Cristo do que na força das instituições do mal. Proclama já e ainda espera a plena manifestação do senhorio de Cristo. Todavia, mesmo dentro das limitações humanas, históricas, pessoais e sociais, vive e testifica que Jesus é Senhor, para a glória de Deus Pai e que ele está colocado acima de toda a autoridade (Ef 1.15- 23).
38. O genuíno avivamento além de ser fruto do Espírito Santo, concedido pelo Pai e pelo filho aos que crêem e à Igreja (Jo 14.16-19, 25-26, Jo 15.26-27, Jo 16.13-14, Jo 20.22; At 1.7-8, 2.14) bem como a todo o mundo, como universo do seu Criador é graça sustentadora e partilhadora.
O Espírito nos fortalece com a sua inspiração, sua presença e seu poder, levando-nos pela fé e pela receptividade da graça, a, sermos cheios de sua presença (Ef 5.18). Essa presença do Espírito guia-nos a sermos o suporte, o apoio e o auxílio mútuo uns para com os outros. Os mais fortes amparando os mais fracos, levando as cargas uns dos outros e solidarizando-se com os que estão à margem da vida na sociedade (Gl 6.1-5).
39. O genuíno avivamento não se vangloria em si mesmo; nem se ufana e nem se ensoberbece.
A sua glória é a cruz de Cristo e o poder do Cristo Ressuscitado expressos em comunhão, amor, humildade e unidade. Não tem em vista apenas o que é seu ou de sua comunidade, mas também, cada qual o que é dos outros (Fp 2.4). Tem como o seu referencial o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus (Fp 2.5-11).
40. O genuíno avivamento tem no diálogo justo, sincero, honesto, leal e transparente a força da unidade, da comunhão, da compreensão, da mutualidade e do respeito à diversidade.
Um diálogo feito em nome de Cristo e sob a inspiração do Espírito Santo, tendo na Palavra divina o seu elemento central de discernimento e julgamento.
41. O genuíno avivamento leva em consideração a importância da experiência pessoal com Cristo e com o Espírito, tanto na vida pessoal como na vida da comunidade de fé (At 9.1-19).
Todavia esta experiência está sujeita a avaliação da Palavra de Deus, da comunidade da fé e da razão humana, iluminada pela graça e submissa ao Senhor.
42. O genuíno avivamento é pleno de louvor, de adoração e de glorificação ao Senhor.
Ele produz alegria, gozo e exaltação ao Senhor, levando-nos sempre e, em todas as circunstâncias, a dar graças e glória a Deus, pois em tudo Cristo nos fortalece e nos guia à vitória (Sl 136.1-26, Sl 145.1-4, Sl 146.1-2, Sl 147.1, Sl 149.1-6, Sl 150; Ef 5.18-21; Cl 3.16-17; 1Ts 5.16-18). Esse louvor não menospreza o lugar, a autoridade e o supremo valor da Palavra divina (Mt 4.4; Am 8.11-12; Tt 1.9; He 4.12).
43. O genuíno avivamento nos fortalece através da presença e ação do Espírito Santo, sustentando-nos em todas as situações e nos tornando fortes para enfrentar com ousadia as lutas da vida, os sofrimentos decorrentes dela, as perdas e os desafios do presente momento.
Leva-nos a participar de forma plena, em nome de Cristo e na unção do Espírito, desses momentos como uma expressão da missão divina junto da Igreja e da comunidade humana. No meio dessas situações difíceis e contraditórias somos assistidos pelo Santo Espírito e temos a consciência de que, em Cristo, somos conduzidos à vitória. Cheios de esperança cremos que todas as coisas concorrem para o bem de todos que são amados por Deus e que correspondem a esse amor com a sua afetividade (Rm 8.18-25, 26-28, 31-39).
44. O genuíno avivamento não nos fecha em torno de nós mesmos ou de nossos grupos ou posições.
Ele quebra o isolamento, a solidão, a insensibilidade e o egocentrismo. Leva-nos a ser uma Igreja de portas abertas, que não está centrada em si mesma, mas abre-se para o Senhor, para a comunhão uns com os outros e a uma vida eclesial missionária pessoal e eclesial voltada para fora, onde estão as pessoas e a sociedade (Rm 12.9-21, Rm 13.8-10, Rm 14.7-9; 2Co 5.14-15; Ap 3.8). Somos levados pelo Espírito a acolhermos uns aos outros, da mesma forma que Cristo nos acolheu.
45. O genuíno avivamento é reconciliador.
Não é cismático, nem quebra a comunhão e a unidade na comunidade da fé e no relacionamento humano. Reconcilia-nos com Deus, através de Cristo, conosco mesmo, com o próximo, com o mundo e a sociedade. Leva-nos a sermos embaixadores da reconciliação, em nome de Cristo (2Co 5.18, 6.1). Guia-nos a uma vida de compreensão, tolerância, perdão, comunhão e reconciliação uns com os outros, na família, na Igreja, no trabalho e na comunidade humana. Manifesta ao mundo e a todas as pessoas a reconciliação que Deus realiza com toda a humanidade, através de Cristo. É também uma força reconciliadora entre as Igrejas, levando-as a proclamar e sinalizar o ministério da reconciliação à luz da verdade, do amor, do perdão, da solidariedade, da justiça e da paz. O Espírito Santo é Espírito de reconciliação e unidade, que quebra todas as barreiras de divisão, vaidade, orgulho, ressentimento, amargura, auto-suficiência e leva-nos a uma comunhão, em amor, uns com os outros e a mútua cooperação (Ef 2.10-22; 1Co 12.12-27).
46. O genuíno avivamento e honesto e transparente no relacionamento entre as pessoas e os grupos cristãos.
Em especial, é honesto e transparente para com o Senhor. A verdade e a confiabilidade são fundamentais e constantes nessa vivência. O verdadeiro amor, oriundo da graça divina, dá-nos a compreensão, o entendimento e o aprofundamento em nossos relacionamentos, criando em nós um só coração e uma só alma, apesar das diferenças com respeito àquilo que somos, temos, pensamos e expressamos em nossa forma de ser e celebrar a nossa religiosidade (Ef 4.15; Jo 8.32, Jo 14.6, Jo 16.13; Ef 4.21-25, Ef 5:1; At 2.44, 4.32).
47. O genuíno avivamento não nos lança no vazio doutrinário.
Ele se fundamenta na doutrina bíblica e essencial da fé cristã. Tem sobre si a autêntica tradição da fé cristã, cuja origem vem desde os tempos apostólicos e segue até hoje, sempre em conformidade com a verdade bíblica interpretada em sua totalidade à luz de Cristo e inspiração do Santo Espírito. Como a comunidade apostólica o avivamento aplica-se a sã doutrina, centrada no kerygma (pregação) apostólico expresso especialmente no livro de Atos (At 3.11-26, At 13.26-41, At 2.42-47, At 33; Tt 2.1; 2Tm 4.1-5). A Igreja não pode viver agitada e levada por todos os ventos de doutrinas. Necessitamos chegar à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo (Ef 4.13-15). Seguindo a verdade em amor, precisamos crescer, em tudo, naquele que é o cabeça, Cristo.
48. O genuíno avivamento tem a sua autoridade no Senhor Jesus, através do Espírito Santo.
A autoridade do avivamento não vem de uma pessoa, um nome, uma Igreja, uma tendência doutrinária, um grupo ou um modismo de uma época. não vem dos louvores, das formas litúrgicas e nem mesmo do estado emocional e entusiasmado de uma pessoa ou grupo. A autoridade genuína do avivamento é a do Espírito Santo, confirmada através da Sua presença na vida da pessoa e da comunidade da fé, na concessão dos seus dons e ministérios e no comprovar de seus frutos na vivência pessoal, eclesial e comunitária. Em Deus Pai, Filho e Espírito Santo encontramos a certeza e a segurança do genuíno avivamento. A Trindade torna-se autoridade final e genuína de todo o avivamento (I Pe 5.12; Ef 1.13-14; Fp 1.27-30, Fp 4.1, Fp 2.12-13; 1Ts 1.2-10; Ef 1.15-23).
49. O genuíno avivamento assume compromissos para com Deus, sua missão, o Evangelho, o ser humano, a história e o mundo.
Avivamento sem compromisso não é genuíno. Somos levados a um compromisso autêntico com Deus e seu Reino. Um compromisso histórico com o ser humano e a sociedade em suas próprias realidades e necessidades, e à luz do seu contexto histórico. A vida cristã assume compromisso com o Senhor Jesus e sua missão. O compromisso assumido pela vida de Cristo, testificado nos Evangelhos, na comunidade primitiva interpretado nas cartas e outros textos neo-testamentários, são referências e guias para direcionar o nosso compromisso. É importante considerar-se a ação histórica de Deus no Amigo Testamento, a fidelidade do seu compromisso e o compromisso missionário conferido ao seu povo de ser uma benção para todas as nações (Gn 12.14; Lc 4.16-21; Mt 5.14-16, Mt 28.18-20) e todos os textos do comissionamento missionário (I Pe 2.9-10; Mt 6.33; Lc 17.21).
50. O genuíno avivamento é missionário.
Vai em direção a Cristo e sai em direção à missão, às pessoas, aos grupos sociais e ao mundo. O “ide” de Jesus está continuamente presente, levando-nos a testemunhar, anunciar, proclamar, sinalizar e viver os princípios do Evangelho do Reino. Todo o genuíno avivamento é missionário em nome do Senhor Jesus, na sua autoridade e sob a unção do Santo Espírito. Há na missão um comprometimento com Cristo, com a vida, com o ser humano, com a História, com a cultura e com o mundo. Acima de tudo, há um compromisso com o reino de Deus (At 1.8; Jo 20.21-23; Lc 24.44-49; Mc 16.14-18; Mt 28.1820; 2Co 5.18; 6.3).
51. O genuíno avivamento como decorrência da Missão é evangelizador.
Compartilha, testifica e encarna, sob as formas e os meios mais diversos, o poder da graça e do amor perdoador, reconciliador e transformador de Deus, expressos em Cristo e testificados pelo Espírito Santo. O poder do Evangelho transformador atinge a todas as pessoas, famílias, comunidades, culturas e sociedade em geral. Este é o autêntico alcance genuíno do avivamento. A força motivadora missionária e evangelizadora é o amor e a compaixão de Cristo (Mt 9.35-38). O Evangelho como boa nova do amor divino é oferecido a todas as pessoas (Tt 2.1-13) e as diversas situações de vida ao homem, à mulher, às crianças, aos juvenis, aos jovens, aos adultos, aos anciãos, aos pobres, aos ricos, às raças e etnias, às culturas, às classes... O Evangelho é anunciado e testificado a todos, confrontando as estruturas da sociedade com a graça e a justiça divinas e levando cada pessoa a uma resposta de fé e aceitação do senhorio de Jesus Cristo sobre a sua vida e sobre as situações em que se encontram. Ao mesmo tempo que o cristão e a Igreja evangelizam, somos evangelizados pela ação do Espírito Santo, pois a boa nova de amor do Evangelho sempre tem algo a nos comunicar e nos transformar. Um exemplo claro disso é o de Pedro ao evangelizar Cornélio (At 10.1-48). O Senhor o evangelizou mudando a sua maneira de ver e ser. Isto acontece continuamente com a Igreja e seus fiéis, quando humildemente proclamamos o Evangelho e somos confrontados por novas situações reveladas pelo Espírito Santo.
52. O genuíno avivamento ilumina a mente e a razão humanas com a Palavra e com o Espírito.
Não rejeita a razão, o estudo, a reflexão, mas coloca-os submissos à autoridade do Senhor e usa-os para a sua glória, para o amor ao próximo e o bem-estar do ser humano na sociedade (Rm 11.1-2; 1Ts 5.23; 2Pe 3.18; Ec 7.25; 1Co 2.14-16; Pv 1.5, Pv 3.13, Pv 4.5, Pv 14.33, Pv 19.8; Ec 9.16-18; Cl 1.9; Tg 1.5, Tg 3.17).
53. O genuíno avivamento leva-nos a nos ofertamos totalmente a Deus, oferecendo-lhe tudo quanto somos e temos, nosso ser, bens, recursos, posses, dons, ministérios... visando a glória do Senhor e a solidariedade ao próximo.
Tornamo-nos mordomos de tudo quanto somos e possuirmos e de tudo o que Deus nos tem dado: a vida, o tempo, os recursos, o trabalho, a família e a nossa religiosidade (Rm 12.1-2, 6.11-14; Mq 6.6-8; Am 5.21-27; Mt 25.15-30).
54. O genuíno avivamento significa ser enriquecido continuamente pela graça de Cristo em todas as dimensões da vida.
O Cristo que se fez pobre por nós e nos enriqueceu com a sua graça leva-nos a compartilhar com as pessoas em tudo quanto fomos enriquecidos (2Co 8.1-9, 2Co 9.6-15).
55. O genuíno avivamento é terapêutico.
Torna a Igreja uma comunidade terapêutica que liberta, transforma e cura as pessoas em seus aspectos totais: físico, mental, emocional, moral, social e espiritual. Essa terapêutica é feita à luz do ministério de Jesus, em seu nome, usando os meios que o Senhor nos proporciona através da sua graça e os recursos técnicos, científicos e humanos que ele tem concedido ao ser humano e à sociedade, sendo tudo colocado nas mãos de Deus de forma submissa e missionária (Mt 9.35-36, Mt 12.9-14, Mt 17.14-21; At 3.1-10; Tg 5.13-16; Ef 5.1-2, Ef 4.32).
56. O genuíno avivamento revela a ação histórica divina junto às pessoas, raças, povos, gêneros, nações, levando-as a se confrontarem com as maravilhas do amor e da graça divinas.
O genuíno avivamento não revela a si mesmo, nem a própria Igreja, mas o Senhor, através das palavras, dos testemunhos, dos atos e dos sinais da presença de Cristo e do Reino junto às pessoas, ao povo, a Deus e à sociedade. Ação histórica testificada pelos atos divinos revelados em sua Palavra, em especial através da encarnação, vida, ministério, morte, ressurreição, ascensão e volta do Senhor Jesus e da dádiva do Santo Espírito. A Igreja, como Corpo e Plenitude de Cristo, testifica a respeito dos atos divinos no passado, no presente e na perspectiva futura. Todavia, a ação divina não se restringe à Igreja, pois ele a expressa através da natureza, e das diversas formas através das quais ele age na vida e a perpetua (Ef 1.22-23; Sl 19.1; Jo 1.1-5, 14, 16-18, Jo 14.6-9).
57. No genuíno avivamento as diferenças são superadas pela graça divina.
Deus não faz acepção de pessoas (Tg 2.1-13). Ele valoriza a todo o ser humano, minimizando os sentimentos de superioridade e inferioridade. "Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus, porque todos quantos foram batizados em Cristo, de Cristo vos revestistes. Dessarte não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher, porque todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gl 3.26-29). Em Cristo Jesus não há separação e nem superioridade racial, étnica, de gênero (homem ou mulher), de classes, de povos, de nações, de cultura. Pela sua graça estas diferenças são superadas. Em seu ministério ele privilegiou os pobres, as pessoas marginalizadas, as mulheres, as crianças, os pecadores e publicanos... Isso não significa acepção de pessoas, classes, sexo ou situação, mas priorizar aqueles e aquelas que estavam vivendo no desamparo e na marginalidade. A Igreja deve ser como o seu Senhor, seguindo os seus passos, princípios e normas, em todos os seus aspectos. Mesmo privilegiando, na contingência do seu tempo a alguns e algumas, isso não significa deixar outros à margem da graça, ao contrário, todos estão incluídos na ação salvadora e transformadora de Cristo, qualquer que seja a sua situação ou condição humana e social.
58. O genuíno avivamento é profético.
Proclama a voz de Deus e seus atos através da sua Palavra. Revela a vontade divina para as pessoas, familias, sociedade e para a História. A voz profética é anúncio dos atos salvíficos de Deus em favor das pessoas e da humanidade. Pronuncia a visão divina a respeito da nova vida em Cristo. Testifica a respeito do reino de Deus, presente em nós, entre nós e através de nós e no mundo. Essa voz profética é também denúncia. Denúncia com humildade, amor, misericórdia, graça, justiça e firmeza, a respeito de todas as coisas e situações que nos separam de Deus, uns dos outros, de nos mesmos, da vida e da comunhão do Corpo de Cristo. Denuncia a ausência de amor, verdade, justiça, reconciliação, santidade e paz. Denuncia e combate todas as forças do mal, da dor, da anti-vida e da morte em suas causas e conseqüências. Anuncia a certeza da vitória presente, eterna e final do reino de Deus sobre o reino das trevas, e sinaliza os primeiros frutos desse Reino já no presente (Dt 18.18; Jr 1.5; Am 7.14; Mt 5.17; Jo 6.14, Jo 7.40; At 3.21, At 10.43; Ef 4.11; Hb 1.1; Tg 5.10; 2Pe 1.19; 1Sm 10.10; Ez 34.2, Ez 37.4; 1Co 14.13; 1Pe 1.10).
59. O genuíno avivamento é um sinal escatológico do reino de Deus.
Ele anuncia a volta do Senhor, a plena restauração de todas as coisas, o senhorio divino sobre todos os poderes e autoridades e a consumação final de todas as coisas (1Co 15.24-28; At 1.6-11; Tt 2.11-15; 2Pe 3.113; Ap 21.1-8; Mt 24). Esta certeza de vitória nos anima, consola e nutre as nossas vidas e a de todo o povo. Essa expectativa escatológica, testificada pelo Espírito de Deus consolador, defensor e animador, leva-nos a viver no presente século, valorizando o nosso momento histórico e a esperar a manifestação gloriosa do Filho de Deus. Maranata. Ora, vem, Jesus! Venha, volte e restaure toda a criação no tempo e no momento divino, segundo a sua longanimidade.
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