26 julho, 2006

O metodismo no mundo, ecumênico por vocação original

Irmãs e irmãos

A partir de minhas observações sobre as decisões dos concílios da Igreja, sobretudo os metodistas brasileiros, sempre afirmei que, se na história, a sabedoria da decisão, ou mais ainda, a confirmação divina da decisão está na direta dependência de resultados igualmente históricos, então há que se tratar tais decisões com "temor e tremor". De fato um concílio eclesiástico é momento teológico, momento de epifania da presença de Deus em vasos de barro. Por outro lado, os resultados destes concílios revelam muito da presunção humana de que, ali, por nossa decisão, continuamos a revelação de Deus, decidimos por Deus, somos "eleitos" por Deus. Pois muitas das decisões não suportam o peso da realidade. Se aprendi a me aproximar com reverência de um "momento conciliar", aprendi, também, a não conseguir reconhecer em decisões ou eleições resposta humana à vontade de Deus. Quantos bispos tiveram episcopados "fracassados" em termos de contribuição aos avanços efetivos da comunidade eclesial em nosso país? Nossa história metodista brasileira possui mais do que gostaria de admitir. O mesmo vale para decisões, em todos os níveis, inclusive a que congela a congtribuição das regiões à região missionária do nordeste, que efetivamente não teve condições e tempo para amadurecer seu projeto missionário. Uma região nunca é auto suficiente com menos de dez mil membros. Onde a solidariedade no corpo de Cristo?

Creio que os relatos do bispo Paulo Ayres dão conta de nossos equívocos eclesiais. O metodismo no mundo, por vocação original, se relaciona à grande causa ecumênica e envida esforços concretos, pacientes e perseverantes para fazer avançar a causa da unidade. A carta a um católico ronamo, redivulgada pelo Sérgio Marcus é outro fundamento que cai sobre nós como juízo de Deus sobre nossa presunção. Como desenvolver projeto missionário de expansão numérica, necessária e desejável, se não fomos capazes de fazê-lo acompanhar de uma catequese que introduza os novos membros à rica tradição wesleyana, sua espiritualidade aberta à família de Pai, no mundo? Se negamos comunhão com os católicos, como nos relacionamos com a maioria não cristã no mundo, muçulmanos, budistas, hindus? Onde está nosso coração misericordioso? Quais as fornteiras de nossa espiritualidade?

São as questões que me afligem, mais uma vez, após um concílio geral. Isto afeta minha espiritualidade wesleyana, meu compromisso com o metodismo? De modo nehum. Mas me sinto amputado em muito da espiritualidade que anima meu viver.

Ely Eser Barreto Cesar