22 agosto, 2006

Ecumenismo é mais urgente no mundo globalizado

Ecumenismo é mais urgente no mundo globalizado, diz moderador do CMI

GENEBRA - SUÍÇA , 22 de agosto (ALC) - Num mundo cada vez mais globalizado e ao mesmo tempo carregado de conflitos, fragmentação e individualismo, o ecumenismo tem, hoje, novos desafios que o tornam mais urgente, disse o moderador do Comitê Central do Conselho Mundial de Iglesias (CMI), pastor Walter Altmann.

O moderador afirmou que o ecumenismo é um poderoso e imprescindível testemunho no mundo globalizado atual, no qual pessoas são excluídas de muitas maneiras. "Há multidões de famintos, tanto física como espiritualmente, e nosso dever é oferecer-lhes um testemunho crível da esperança que está em nós", enfatizou.

O maior desafio, declarou Altmann em entrevista difundida hoje pelo serviço de imprensa do CMI, “consiste em manter viva em nossas igrejas a paixão pelo ecumenismo, e em encontrar formas criativas de renovação em nosso caminhar ecumênico comum”.

Segundo o teólogo luterano brasileiro, é natural que cada crente tenha sua fé, espiritualidade e ação profundamente arraigadas em sua respectiva igreja. "Mas sempre senti que nossas divisões são uma flagrante negação de tudo o que cremos, um escândalo que é conseqüência do pecado humano", apontou.

Altmann confessou que um de seus sonhos é que as igrejas se renovem em tudo aquilo que obstaculiza o caminho para a unidade da família cristã. "No movimento ecumênico há um profundo e crescente anseio de comunhão, que não pode satisfazer-se com uma agenda minimalista", advertiu.

O pastor luterano destacou que no caso da América Latina ocorreu uma mudança no cenário religioso, caracterizado por um crescente pluralismo e pelo crescimento das igrejas pentecostais e neopentecostais, enquanto que continua aumentando o número dos "não-religiosos".

"Muitas das novas igrejas rechaçam o ecumenismo e fazem campanha contra ele, em particular se entra em jogo a Igreja Católica. O maior desafio é encontrar maneiras de superar essas divisões e essa hostilidade", afirmou.

Nascido em Porto Alegre, em 1944, e filho de professores luteranos, Altmann declara-se teologicamente inspirado em Karl Barth, Dietrich Bonhoeffer e Martim Lutero. Atualmente, ele é presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).

Sua experiência à frente de uma das maiores igrejas protestantes latino-americanas permite-lhe assinalar que a região conta com uma rica história ecumênica desde a Conferência de Panamá, em 1916, acentuada na década de 70 do século passado, nos tempos das ditaduras, quando houve uma estreita cooperação no campo dos direitos humanos.

"A motivação permanente do movimento ecumênico tem sido o desejo de alcançar a plena unidade entre as igrejas, e, sobre essa base, chegar a ser instrumentos mais fiéis e eficientes do amor de Deus no mundo", assegurou. Altmann indicou que o ecumenismo transcende as igrejas e abarca toda a humanidade e todo o universo criado.

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