20 agosto, 2006

Meditação Diária - 20 de agosto

A lição dos Pães Luteranos

Texto: 1 Jo 4.20

Lembro-me com muitas saudades dos amigos luteranos de Tangará da Serra – MT. O que me marcou naquela gente, mais do que sua fé, sua confessionalidade, seu credo, foi a maneira simples e modesta, mas, muito prática, que viviam.

Num final de ano daqueles, as mulheres luteranas se reuniram e, com seus próprios recursos, prepararam centenas de pães para serem distribuídos na vizinhança da igreja... saíram... homens, mulheres, crianças pelas ruas com seus pães, batendo de casa em casa oferecendo um pão caseiro caprichado para cada família. O sentido daquilo era simbolizar, naquele ato de partilha, a gratidão que tinham por não lhes ter faltado o pão na mesa durante o ano que se findava. Agradeciam a Deus presenteando seus vizinhos/as.

Com essa recordação penso nas celebrações que vejo em nosso cristianismo moderno. Somos dependentes dos acordes, do requinte, do glamour. Mas isso não me atormenta tanto. O que mais me preocupa, são as mensagens que temos cantado e falado. É sempre eu-Deus, Deus-eu, meu pra Ele, d’Ele pra mim. O que eu dou a Ele e o que Ele pode dar a mim! Cantamos muito o ‘eu”! o Tu (Deus), quase sempre, em relação ao ‘eu’ e, raramente, o ele/a (próximo/a)!

Não há nada de errado nesse relacionamento eu - Deus! O que há de errado é esta mensagem intimista, particular, fechada, privativa e, até egoísta, que não toca quem está ao lado! Cantamos uma relação de nós pra Deus e de Deus pra nós, e só, sem espaço para o outro, para a vida, para a normalidade, para os fatos palpáveis, para as duras realidades! E, lembremos: “A boca fala do que o coração está cheio” (Mt 12.34)!

Não podemos nos tranqüilizar com essa Teologia da Alienação! Uma fé sem massa, sem pão, sem distribuição, sem sorriso, sem vizinho!

Em vários momentos Jesus nos alerta para o perigo do afastamento das coisas reais, para essa levitação que é capaz de tirar as pessoas da Terra, da realidade, e buscar somente esse transe que faz esquecer as carências próprias da vida!

Precisamos de uma espiritualidade de belas canções que nos levem para Deus, mas isto não pode ser motivo de nos esquecermos de quem mora ao lado.

* Onde está meu irmão/ã? Será que ele/a pode ser encontrado/a nas minhas canções, em minhas celebrações, ou só consigo agradecer, adorar de olhos fechados?

Oração: Querido Pai, ensina-me uma fé que fale mais de pão, de comunhão, de vida prática. Dá-me forças para amar a Ti sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesmo. Amém!

Colaboração:
Rev. Nilson da Silva Júnior