07 agosto, 2006

Manifesto da Igreja Metodista Bom Pastor - Santa Maria (RS)

Nós, membros da Igreja Metodista Bom Pastor de Santa Maria-RS, não poderíamos deixar de expressar a nossa profunda tristeza, decepção, perplexidade e inconformidade com a decisão tomada pelo 18º Concílio Geral da Igreja Metodista, realizado na cidade de Aracruz – Espírito Santo, de 10 a 16 de julho/06, de retirar a Igreja Metodista de organismos ecumênicos, que tenham a presença da Igreja Católica Apostólica Romana e de grupos não-cristãos.

Do ponto de vista da unidade entre os cristãos, da tolerância religiosa, da possibilidade de conviver com as diferenças e do sentimento de amor ao próximo, essa atitude, sem dúvida, é um grande retrocesso.

No momento em que no mundo inteiro muitas organizações e instituições sociais de caráter laico e religioso buscam somar esforços no sentido da construção de uma sociedade mais justa, mais fraterna e solidária, a decisão do Concílio Geral da Igreja Metodista vai na contra-mão da história, dos princípios do metodismo wesleyano, da doutrina metodista, dos documentos como: Plano para a Vida e Missão da Igreja, Credo Social, Cartas Pastorais produzidas pelo Colégio Episcopal, bem como da história do ecumenismo brasileiro, onde a contribuição da Igreja Metodista tem sido fundamental e reconhecida por diversas Igrejas cristãs.

Ao renunciarmos a possibilidade da convivência fraterna e cristã com os irmãos católicos e outras denominações cristãs ou não, podemos estar renunciando aos ensinamentos do próprio Cristo, negando também uma participação mais efetiva na implantação do Reino de Deus, que é de amor, justiça e paz para todos.

Tristemente, essa decisão, contribui para que o cristianismo continue sendo o movimento religioso que mais se dividiu ao longo desses dois mil anos de história.

Talvez por isso Ghandi tivesse razão quando disse que gostava muito de Jesus Cristo, mas, nem tanto dos cristãos.

No mundo, os mais sangrentos conflitos que tantas mortes e tristezas têm causado a humanidade, são de caráter religioso e étnico. Portanto, tenhamos cuidado para não nos somarmos a aqueles que brigam por causa de Deus. Deus não é propriedade de nenhum movimento religioso. Deus é o Deus pai da humanidade, cuja demonstração mais contundente, foi a doação de si mesmo através de Jesus Cristo, que viveu, morreu, venceu a morte e ressuscitou, trazendo vida plena e abundante para todos.

Os ensinos de Jesus: de amor ao próximo, de perdão, de tolerância, de justiça e paz, ultrapassaram os séculos, numa demonstração de que só Ele é o caminho, a verdade, a luz e a vida, e ninguém vem ao Pai – Deus, a não ser por Ele.

Sendo assim, lutar em favor da vida, tem sido e será o grande desafio do povo cristão metodista ou não.

Que Deus na sua infinita bondade, misericórdia e amor, possa nos perdoar por tomarmos atitudes como esta, que divide aquilo que Ele gostaria que permanecesse unido. (João 17:21).

Não há nada mais cristão do que o fortalecimento do movimento ecumênico, no Brasil e no mundo.

Finalmente, mesmo inconformados, respeitamos a decisão do 18º Concílio Geral da Igreja Metodista.

Santa Maria-RS, 6 de agosto de 2006

Adão de Lima Gonçalves
Almerindo Gonçalves Pedroso
Antonio Carlos Bastos Trindade
Cláudio Cadorna de Moraes
Dirlane Flores da Costa
Dora Loiva Pedroso Paz
Eduardo de Aguilar Natel
João Batista Custódio Pacheco
Noeli Moraes Trindade

1 Comments:

At agosto 08, 2006, Blogger marianewnum said...

Parabéns Jaider.

Sua fala foi maravilhosa em todos os sentidos e seu raciocinio e avaliação brilhantes...

 

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