25 agosto, 2006

O 18º Concílio Geral II e a Agenda Carismática: O QUE PODEMOS ESPERAR?

O que podemos esperar do 18º Concílio Geral II da Igreja Metodista? Para tentar fazer uma previsão seria necessário entender a natureza do fundamentalismo global do qual o Movimento Carismático Brasileiro faz parte. Passamos a traçar um breve perfil geral dos elementos fundamentalistas das três grandes religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo.

Todos têm muito em comum e seguem a mesma dinâmica.

O fundamentalismo se baseia no medo. É uma fé combativa e se vê lutando pela sobrevivência num mundo hostil. Vê-se como o único baluarte do bem contra as forças do mal. Está em pé de guerra para defender sua concepção do sagrado que julga ser o único e verdadeiro. Olha com horror e não consegue enxergar com clareza outras manifestações da fé. Lembra apenas os excessos, as crueldades e a intolerância praticadas pelo “outro lado” e não consegue reconciliar-se com os que não compartilham de suas idéias.

Os fundamentalistas protestantes transformam os credos cristãos em fatos científicos e criam um híbrido que não é nem boa ciência, nem boa religião. Deixam de lado ensinamentos de tolerância e de compaixão e cultivam teologias de fúria, de ressentimento e de vingança.

O Movimento Carismático Metodista Brasileiro tem a mesma essência do fundamentalismo global. Confunde o “coração estranhamente aquecido” de João Wesley que cultiva o amor e estende a mão de reconciliação a todos que professam o Cristo com a hostilidade e o preconceito em nome de um imaginário cristianismo puro e verdadeiro. Recusa-se a estender a mão perdoadora. Prefere punir.

Tratando-se de uma fé combativa, são necessários inimigos a serem destruídos ou afastados para se auto justificar. Imaginam estar em guerra contra as forças do mal e professam odiar a tudo que Deus odeia. Elegem-se os escolhidos de Deus para estabelecer o Reino e fazer a justiça. Fazem o papel de juiz e executor, não admitindo nem júri, nem defesa. Não há diálogo.

O primeiro item na agenda carismática, a tomada do poder, já foi concretizado. Após muitos anos de articulações e jogadas políticas em nome do Espírito Santo, conseguem finalmente chegar ao poder. Chega então a hora de impor o restante da sua agenda.

O segundo item será reforçar o poder, destruindo e afastando os “inimigos”. O 18º Concílio Geral II será o início do processo de “caça às bruxas”. O ecumenismo já foi afastado e chegará a vez dos maçons, dos homossexuais, dos liberais, e de todos que têm pensamentos, valores e estilos de vida diferentes do padrão aprovado pelo movimento - tudo em nome de Deus.

O terceiro será moldar as instituições à sua imagem. A Faculdade de Teologia deixará de ser uma instituição de pesquisas e aprendizagem do pensar e passará a ser uma máquina de lavagem cerebral, determinando o que se deve pensar. As instituições de ensino tornar-se-ão instrumentos para promover a igreja mais do que o ser humano.

Para entender melhor o que está acontecendo no seio da Igreja Metodista no Brasil, recomendo a leitura de dois livros:

EM NOME DE DEUS – O Fundamentalismo no Judaísmo, no Cristianismo e no Islamismo, Karen Armstrong, 2000, Companhia Das Letras, 490 páginas. A autora traça as raízes do fundamentalismo desde o ano 1492 até o início do terceiro milênio.

O POVO DA MENTIRA – A Esperança Humana para a Cura do Mal, M. Scott Peck, 1992, Imago Editora, 326 páginas. O autor demonstra, entre outras coisas, como o mal pode se disfarçar como o bem dentro de instituições religiosas.

Derrel Homer Santee
Campinas, 25 de agosto de 2006