28 julho, 2006

Deus Dividido

Christian Schwarz escreveu um pequeno livro com o título Nós diante da Trindade. Neste livro, ele aborda a questão da Trindade através dos princípios do crescimento da Igreja.

A sua abordagem segue a doutrina clássica de Deus como Pai, Filho e Espírito Santo, mas vai além e mostra três maneira diferentes que pessoas ou grupos podem experimentar Deus: como Criador, como Jesus e como Espírito.

Usando seus conceitos, podemos ver a correspondência com pessoas ou grupos que chamaremos de “ecumênicos”, “tradicionais” e “carismáticos”, delineando características dos três grupos.

Os ecumênicos experimentam Deus como revelação da criação e através de conceitos como “unidade cristã”, “criação”, “paz”, “justiça” e “política”. Eles se preocupam com temas como sensualidade, arte, liturgia e ciência.

Os tradicionais experimentam Deus através da revelação da salvação e da relação pessoal com Jesus. A sua ênfase está sobre o tema da “evangelização” e a sua preocupação maior é a salvação dos “perdidos”.

Os carismáticos experimentam Deus através da revelação pessoal do Espírito Santo. O tema maior é o “poder do Espírito Santo” na vida diária. A sua preocupação é com os dons do Espírito Santo.

Mas, o que isso tem a ver com o tema proposto de Deus dividido? Como a Trindade tem relevância para esses grupos, para o crescimento da Igreja e para nós cristãos/ãs?

Na realidade, todas essas três maneiras de experimentar Deus são parciais e incompletas. Uma visão de Deus necessita levar em conta que Deus somente pode ser entendido, para nós cristãos/ãs, através da Trindade.

Quando um aspecto é elevado acima dos outros, uma visão distorcida surge. Deus não é dividido! Deus é Pai, Filho e Espírito Santo!

O ideal seria que houvesse equilíbrio de entendimento que abraçasse todos esses vários aspectos da Trindade. Porém, a realidade é outra, cada pessoa ou grupo tende a enfatizar um aspecto sobre os outros.

Schwarz enfatiza que o crescimento da Igreja depende de uma visão equilibrada em que Deus é entendido como triúno, mas não tripartido. Enxergando por um outro ângulo, as pessoas experimentam Deus sob a influência de um dos elementos da Trindade que mais as tocam incondicionalmente nas suas experiências de fé.

Nisso, o crescimento da Igreja é ameaçado quando um grupo isola Deus a um só aspecto, lutando contra outros entendimentos, resultando num Deus dividido. Neste caso, não podemos falar mais de Deus, mas somente de Deus dividido.

O que a Igreja precisa é exatamente a contribuição que cada entendimento traz. Se o indivíduo ou o grupo não consegue abraçar todos os aspectos de maneira plena, deve agradecer os outros indivíduos ou grupos que lhe lembram a importância fundamental do Deus triúno, unindo as forças para celebrar o Deus não-dividido.

Robert Stephen Newnum
Pastor, Filósofo e Teólogo Metodista
Doutor em Ciências da Religião
Professor no Cesumar e no Cemetre em Maringá (Sexta Região)

1 Comments:

At julho 29, 2006, Blogger marianewnum said...

Prezado Stephen,
Partilho de sua avaliação. Somos frutos de uma versão dividida do sagrado, do mundo e do humano. Compreender que não possuimos a versão do "todo" do sagrado, do mundo e do humano é o caminho para percebermos que somos limitados em diversas áreas da existência. Isso deveria nos fazer mais humildes, menos arrogantes e mais abertos para o novo do sagrado, do mundo e do humano.
Somos incompletos é o outro/a que nos completa e nos faz crescer...
Abraços,
Maria

 

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