22 dezembro, 2007

O Espírito Ecumênico do Metodismo

(Texto extraído do livro "As Crenças Fundamentais dos Metodistas", escrito por Mark B. Stokes e lançado pela Imprensa Metodista em 1962).


Nós, metodistas, temos orgulho de nossa herança. E acreditamos que a melhor contribuição que podemos dar ao movimento ecumênico é levá-lo a uma profunda apreciação e maior compreensão de nossa própria identidade. Ao mesmo tempo, desejamos, sinceramente, trabalhar cooperativamente e criativamente na direção de uma maior unidade de espírito, organização e liderança entre todos os cristãos. Wesley insistia no "espírito católico". Seu sermão sobre este assunto contém algumas das melhores observações sobre a tolerância em toda a literatura cristã. O espírito ecumênico pode começar com a tolerância — no sentido total da palavra — mas vai, além disso, na busca da concordância e da unidade sempre que forem possíveis.

Neste sentido, tem sido sugerido freqüentemente que o Metodismo é católico, protestante e evangélico. É católico (universal) porque compartilha da revelação bíblica e da vasta, rica e cumulativa tradição do cristianismo. É católico em seu chamado a todos os metodistas para que compartilhem dos esforços na busca da unidade cristã.

O Metodismo é protestante porque leva a Bíblia a sério. É protestante em seu chamado a todas as pessoas para que compartilhem da responsabilidade na procura de almas e na reavaliação crítica. É protestante no respeito à consciência das pessoas e porque conclama a todos que busquem, observem e compreendam a si mesmos. É protestante em seu protesto contra tudo o que é falso e demoníaco na Igreja e na vida das pessoas "religiosas".

O Metodismo é evangélico em sua ênfase em um relacionamento vivo com Deus através de Cristo. É evangélico em sua vontade de ganhar o mundo para o Reino. É evangélico em sua luta para alcançar este fim através da conversão e rededicação de indivíduos e da transformação da sociedade. É evangélico em seu chamado a todos os metodistas para que, em seu modo próprio, cresçam em sua eficácia como testemunhas vivas daquilo que Deus fez neles e do que pode fazer através deles.

O movimento ecumênico começou com a Conferência de Edimburgo, em 1910. Neste curto período desde então, muitos avanços foram feitos em relação à unidade cristã. Há um longo caminho a perseguir, e jamais faremos a jornada de uma vez. Mas as conversações estão acontecendo. Estamos mais familiarizados uns com os outros. Estão sendo feitas propostas — às vezes sábias, às vezes impraticáveis.

Penso particularmente nos diálogos católico-metodistas que tiveram início, do nosso lado, pelo Concílio Mundial Metodista em 1966 e, do lado católico, pela Secretaria para a Promoção da Unidade Cristã. Estas conversações têm continuado ano após ano. As principais diferenças — algumas das quais são fundamentais — foram identificadas. As grandes áreas de concórdia também já ficaram claras. Por exemplo, nossa concordância com os católico-romanos no diagnóstico dos problemas e enfermidades do mundo moderno é notável. E no aspecto da espiritualidade, compartilhamos não apenas de uma herança comum desde os dias dos apóstolos, mas também na ênfase da busca da santidade. Em ambos os lados, a ênfase da santidade tem suas dimensões individuais e sociais. Pois concordamos que a vida espiritual em comunidade deve se manifestar na justiça, na paz, na boa vontade e na liderança construtiva.

Mas esta é apenas uma pequena dimensão da busca ecumênica. Existem muitas outras, numerosas demais para se mencionar. Mas uma coisa é certa: onde quer que haja cristãos interessados em se encontrar e compartilhar, em trabalhar juntos nas lutas contra a desumanidade e a mediocridade, em louvar e orar juntos e, onde for possível, se organizarem em uma comunhão comum — ali, nós, metodistas, estaremos presentes e trabalhando. Muitas diferenças permanecem.

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Este livro pode ser lido integralmente na Biblioteca Metodista on line no site da Igreja Metodista de Vila Isabel.