25 julho, 2009

Discursos libertários do metodismo brasileiro no final da ditadura militar (1981-1984)- Por Vasni de Almeida

Resumo:
O metodismo brasileiro da primeira metade da década de 1980 cuidou em fazer circular em suas revistas as mensagens identificadas com o evangelismo social e libertário, uma opção teológica que experimentada pelo catolicismo e demais igrejas protestantes de origens reformadas. Os dizeres sobre temas políticos e de construção da cidadania não eram novidade no meio metodista. O evangelismo sustentado em obras de “misericórdia” é uma herança do seu fundador, John Wesley, todavia, foi na década de 1980 que ela se consubstanciou numa política clara de publicação.

Palavras-chave: Metodismo, política, sociedade e leitura

Introdução

Os metodistas, como todos os protestantes, ancoram boa parte de seus saberes - bases doutrinárias, perspectivas teológicas, visões de mundo, em textos impressos. A Bíblia é um desses textos, mas não o único. Outros ganham relevo, como os livros, os jornais e, principalmente as revistas. Tem sido assim desde o século XVI e o metodismo, como um dos últimos ramos de igrejas reformadas, não fugiu a isso. Quando essa igreja surgiu na Inglaterra, na primeira metade do século XVIII, suas orientações teológicas, seus princípios organizacionais e suas matrizes bíblicas circulavam entre os fiéis por meio do texto impresso. Quando iniciaram, de forma sistemática, suas atividades religiosas no Brasil, na década de 1870, o texto impresso tinha lugar privilegiado em seus projetos de evangelização. Em 1881, criaram o jornal “O Metodista Católico”, nome depois modificado para “Expositor Cristão”, para fugir às comparações com o catolicismo. Em seguida vieram as revistas para a formação religiosa da infância e demais publicações. Ao longo da primeira metade do século XX, várias revistas foram organizadas para atender as necessidades de leitura das diferentes faixas etárias daqueles que se tornariam membros da igreja.

Para além de espaços de leituras voltadas para a reflexão bíblico-teológica, ou mesmo de entretenimento, as revistas impressas indicavam o que os metodistas tinham a dizer sobre a sociedade, sobre a política e sobre os próprios metodistas. Temas circulantes na vida política nacional, ou mesmo de outras igrejas, ganhavam suas páginas.

Neste texto, busco apresentar as vozes do metodismo brasileiro sobre um período muito significativo para os grupos sociais historicamente envolvidos com a política, aqui compreendida em toda densidade e complexidade e não restrita à ação partidária: o final da ditadura militar, mais precisamente entre os anos 1982 e 1985. As mensagens metodistas de conteúdos políticos visavam alcançar uma quantidade maior de leitores. Ao permitirem que questões políticas fossem desenvolvidas em seus espaços de leitura de formação religiosa, mesmo com orientações bíblicas que lhes eram peculiares, os metodistas produziram o o Chartier chamou de “nicho social de recepção”(1999, p. 21). A receptividade dos textos versando sobre temas emanados da esfera política (quiça cultural) seria condicionada pelas circunstâncias sociais e culturais formativas da consciência dos leitores, que no limite, chancelariam os seus significados. A experiência dos leitores com os temas veiculados, adquirida por meio de leituras “outras”, daria sustentabilidade as interpretações dadas pelos autores dos estudos. A relação entre o anunciado e o saber do leitor se refere, no dizer de Iser “aos processos constitutivos pelos quais os textos experimentam na leitura”(1996, p. 52). As mensagens políticas de cidadania, dessa forma, não eram, como toda leitura, discursos neutros, antes, eram exteriorizações da percepção social (CHARTIER, 1990, p. 17). Na visão de mundo que externavam residia uma forma peculiar de identificação social.

Nas revistas Flâmula Juvenil, Cruz de Malta, Em Marcha e Voz Missionária encontramos as impressões desses protestantes sobre os debates a envolverem todos aqueles que se ocupavam da redemocratização do País, depois de vinte anos de vigência do regime ditatorial. Ainda que não haja referência expressa às ações dos militares, a insistência na publicação de temas sobre carestia, direitos humanos, igualdade de direitos, proteção à criança, reforma agrária, liberdade de expressão, políticas públicas e direitos da mulher revela a interpretação dos redatores e autores sobre a realidade social. Há que se considerar serem estas publicações permitidas pela oficialidade da Igreja.

As revistas: identificação, emissões e mediações

A Revista Flâmula Juvenil é destinada a faixa etária que se estende dos 11 aos 17 anos. É composta de estudos doutrinários e teológicos (temas e comentários bíblicos) e espaços para manifestações dos leitores (poesias, poemas, jograis, notícias das sociedades de juvenis). Publicada pela primeira vez em 1938, os autores dos estudos são escolhidos pelo editor, que por sua vez é indicado pelo colegiado de bispos da Igreja Metodista.

A Revista Cruz de Malta é uma publicação voltada à juventude metodista. Porém, nem sempre foi pensada para esse fim. Na década de 1960 funcionava como um espaço de representação do pensamento jovem da igreja, tal qual a revista Voz Missionária para as mulheres. Recebia artigos sobre teologia, sobre as atividades das sociedades metodistas de jovens, além de poesias, pensamentos e ilustrações pertinentes à juventude. Em 1965, seu conselho editorial era composto por pessoas que no futuro seriam lideranças de expressão da igreja, tais como Paulo Ayres Matos e Anivaldo Padilha. O primeiro se tornou bispo e o segundo foi, durante muitos anos, editor da revista ecumênica Tempo e Presença, bem como assessor sobre ecumenismo no metodismo brasileiro.

A Revista Em Marcha, publicada pela primeira vez em 1967, destina-se aos adultos (homens e mulheres) da Escola Dominical. As interpretações e comentários bíblicos dessa revista eram bem mais cuidadosos em relação ao vigor e espontaneidade dos estudos destinados aos adolescentes e jovens da igreja. Isso é compreensível, levando-se em consideração serem os seus leitores homens e mulheres que ultrapassavam os 50 anos, com a tendência de serem mais reticentes às mudanças que os chamados “progressistas” projetavam para a igreja. Mas nem por isso os temas que circulavam nas demais revistas deixavam de constar em suas propostas de estudos.

A Revista Voz Missionária foi criada em 1929, como publicação das sociedades metodistas de mulheres. Não é uma revista de natureza didática e pedagógica, destinada a servir de manual para a Escola Dominical. Para isso as mulheres metodistas utilizam as demais revistas da igreja. Sua finalidade é publicar textos identificados com a feminilidade metodista no Brasil. Os temas mais recorrentes envolvem a relação pais e filhos, as atividades femininas na igreja, comportamentos das crianças e adolescentes, os direitos das mulheres, saúde, além de ser espaço de divulgação de poemas, poesias e receitas de alimentos.

Do início até meados da década de 1980, o editor responsável pelas publicações metodistas, entre elas as quatro revistas em foco, foi Jorge Cândido Pereira Mesquita. A sub-secretaria para as escolas dominicais, o que no limite seria a responsável pela organização dos estudos, estava a cargo de Sérgio Marcus Pinto Lopes. São pessoas que, nas décadas seguintes ocupariam cargos de relevo nas instituições metodistas de ensino. O primeiro foi, durante muitos anos, o Secretário Executivo do Conselho Geral das Instituições Metodistas de Ensino (Cogeime) e o segundo chegou a ocupar uma das Vice-Reitorias da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). O editor de arte era Laan Mendes de Barros, que ficou bastante conhecido por criações de ilustrações alternativas sobre a cultura brasileira. Eram e ainda são lideranças conhecidas por suas posturas progressistas, principalmente no que se refere aos aspectos políticos e sociais, dentro e fora da igreja.

Como essas revistas chegavam às Escolas Dominicais? Como seus conteúdos eram trabalhados entre os envolvidos com esse tipo de ensino religioso? Os estudos propostos, depois do crivo do sub-secretário para as escolas dominicais e do editor-chefe, eram enviados ao setor de publicação da Igreja, na década de 1980, a Imprensa Metodista. De quatro em quatro meses ou de três em três meses (o que dependia da política de publicação em curso) as igrejas locais, segundo a quantidade de alunos de cada faixa etária, faziam os pedidos das revistas. Os exemplares solicitados eram pagos pelas próprias igrejas locais. Logo no início do quadrimestre ou do trimestre, as revistas eram distribuídas aos alunos (as) e professores (as) quase sempre leigos (as) das igrejas, mas não havia restrição para que os clérigos (as) exercessem essa função. As mediações, fossem elas advindas de clérigos ou leigos, nem sempre garantiam o alcance dos objetivos propostos pelos emissores.

Política, sociedade e discursos libertários no final da ditadura militar

Não há como dissociar os dizeres libertários das publicações metodistas das mudanças sociais e políticas processadas no Brasil no final da década de 1970 e início da década de 1980. Nem mesmo dos discursos libertários produzidos nas demais instituições sociais que propugnavam pela redemocratização do País.

No campo das mudanças políticas há que se ressaltar o abrandamento da censura, ocorrido a partir de 1974, o desgaste do autoritarismo da “linha dura” dos militares e as eleições parlamentares de 1978, na qual a oposição, capitaneada pelo MDB, elegeu as maiorias dos deputados e senadores. Entre as mudanças sociais e econômicas encontram-se e crise do petróleo de 1974, que ruiu o que ainda restava do “milagre econômico”, a base de sustentação da política econômica dos militares, a Lei da Anistia assinada em 1979, permitindo a volta dos exilados políticos, as greves e movimentos dos metarlúgicos, bancários, professores e trabalhadores rurais, que em suas assembléias exigiam melhorias salariais e a volta da democracia (SKIDMORE, 1978, pp. 255-66). Partidos políticos de oposição aos militares, tais como o MDB e o recém fundado Partido dos Trabalhadores (PT), sindicatos operários, associações de bairros, sindicatos rurais, associações de professores, reproduziam em seus panfletos, boletins e jornais as denúncias contra a violação dos direitos humanos, contra a falta de liberdade e contra alto custo de vida que corroia salários e outros tipos de renda.

A esse tipo de contestação soma-se a conversão de grande parcela do catolicismo brasileiro ao evangelismo de libertação (KUCINSKI, 2001, p. 75,76). Ancorados nas doutrinas do Concílio Vaticano II, convocado pelo Papa João XVIII, e na Conferência de Medellín, muitos padres passaram a apoiar, desde o final da década de 1970, os movimentos organizados contra os militares, dentre eles as guerrilhas urbanas e rurais. As Comunidades Eclesiais de Base (CEB´s) arregimentavam fiéis que não se sentiam contemplados no tradicionalismo católico. Por outro lado, a hierarquia do catolicismo visualiza nessas comunidades e possibilidade de estabelecer diálogos com as camadas populares. As CEB´s seria, dessa forma, a presença do povo na Igreja Católica. A teologia que dava suporte ao ativismo religioso das comunidades de base seria a da Libertação. Os textos libertários de Frei Beto, do Frei Leonardo Boff, de Carlos Mesters, de Dom Hélder Câmara e de Oscar Beozzo, associados às categorias pedagógicas de Paulo Freire, abriam espaços para a reflexão e a opção de uma religiosidade voltada para os “pobres”, “oprimidos” ou simplesmente dos “excluídos”. Os evangelhos seriam interpretados à luz das necessidades das populações empobrecidas, incluindo nessa categoria os desempregados, os moradores de rua, os trabalhadores rurais sem terra, os migrantes, as crianças de rua, dentre outros.

No meio protestante, principalmente entre a juventude, professores e pastores ligados às faculdades de teologia, o evangelismo libertário seria assimilado à luz das reflexões de Richard Shaull, Niebur e de Rubem Alves. Esse último provocava o conservadorismo protestante com tese de doutorado publicada em 1982, cujo título Protestantismo e repressão, seria o livro de cabeceira de muitos novos pastores e lideranças leigas. As letras das canções que animavam as celebrações do evangelismo libertário eram sintomáticas da circularidade dos discursos contestários do período. Uma canção emblemática da adesão dos protestantes ao cristianismo dos pobres, composta pelo reverendo presbiteriano João Dias dizia “Que estou fazendo se sou crsitão / Se Cristo deu-me o seu perdão! / Há muitos pobres sem lar sem pão / Há muitas vidas sem salvação”.

A “opção pelos pobres” e o evangelismo libertário não eram desconhecidos dos protestantes e muito menos dos metodistas. No Concílio Geral da Igreja Metodista, de 1982, foi aprovado o Plano para a Vida e Missão da Igreja (PVMI), logo em seguida inseridos nos Cânones da igreja. O documento sinalizava para uma clara opção em guinar a igreja ao evangelismo social, agindo como instituição integrada a sociedade, com todos os seus problemas e conflitos. O plano foi bastante explícito na necessidade da igreja estar atenta ao seu entorno:

Há necessidade de conhecer o bairro, a cidade, o campo, o país, o continente, o mundo e os acontecimentos que os envolvem, porque e como ocorrem e suas conseqüências. Isto incluí conhecer as maneiras como as pessoas vivem e se organizam, são governadas e participam politicamente, e como isto pode ajudar ou atrapalhar a manifestação da vida abundante
(Cânones da Igreja Metodista, 1982, p. 69).

Os conteúdos de cada dos capítulos desse plano fazem remissão à necessidade de seus membros desenvolverem uma prática religiosa integral, ou seja, praticarem ações relacionadas à salvação das almas e aquelas relacionadas à salvação do corpo. Espírito e corpo, fé e sociedade, dessa forma, não seriam mais compreendidas como elementos dicotômicos. Essa opção, constituída a partir do esforço dos progressistas da igreja, ganharam as páginas de suas revistas na forma de discurso libertários.

As revistas metodistas e seus dizeres libertários

Flâmula Juvenil


No estudo 5 A Missão continua, da unidade Historia da Salvação, de 2 de agosto de 1981, escrita pela Revda. Isaly Rubim Duarte, aparece a seguinte compreensão do que seria a missão da Igreja Metodista:

Significa alimentar os famintos, trabalhar em favor dos direitos humanos e bem-estar existem entre as pessoas por causa de preconceitos, e protege o meio ambiente para a sobrevivência da raça humana uma clama contra as injustiças sociais (Flâmula Juvenil, 3º trimestre de 1981, p. 17).

No estudo 2 Como perecia a realidade brasileira”, da unidade Nossa responsabilidade como cristão, de 13 de setembro de 1981, escrita pela professora Alda Belloto, destaca-se as mazelas sociais do final da ditadura no Brasil:

A inflação cada ver mais vem maltratando o nosso povo já tão sofrido, sem oportunidade mais justas; os salários baixos causam falta dos alimentos adequada, e daí a falta de saúde, de roupa, de educação. O empobrecimento leva ao desemprego, ao sub-emprego, à prostituição e até ao crime.

E ainda:

Extensões de terras são também dosa verdadeiros donos, os índios, e retidas por brasileiros a estrangeiros poderosos. Grandes colheitas de soja são vendidas para o exterior, enquanto não existe o suficiente nem para o consumo interno. A Amazônia está sendo devastada, nossos rios poluídos, a natureza descuida pela ganância de lucro de alguns (Flâmula Juvenil, 3º trimestre 1981, p. 36)

No estudo 4 A participação do cristão na realidade brasileira , da unidade A sociedade humana, nossa responsabilidade como cristão, de 30 de setembro de 1981, escrita também por Alba Belloto, explicita-se a compreensão da autora sobre estrutura social. Ao explicar que a estrutura social era apoderada por grupos social de privilégio, a autora do texto enfatiza:

Todos nós somos atingidos ou influenciados por estruturas. Alguns grupos se tornam vítimas delas porque sofrem discriminações pelas leis ou práticas grupos mais poderosos, ou pelas atitudes de algumas pessoas na sociedade. Essas vítimas de estruturas fracas e injustas podem perder muitos de seus direitos, como por exemplo, o de se desenvolver, estudar, se divertir ou trabalhar. As conseqüências desta situação podem ser fome, violência, prostituição, pobreza, falta de habitação e emprego, etc. (Flâmula Juvenil 3º trimestre de 1981, p. 42-43)

No quarto trimestre de 1981, a primeira unidade foi escrita por Nancy Pereira Cardoso, que se tornaria uma das principais biblistas do protestantismo brasileiro e uma das principais lideranças feminista dentro da Igreja Metodista. Na unidade Meu encontro com o próximo, logo no primeiro estudo, amparada em textos bíblicos do Novo Testamento, a autora tece uma estratégia para que o adolescente reconhecesse o próximo na figura dos seus amigos e das pessoas próximas. No segundo estudo Meu encontro com meu próximo brasileiro na comunidade onde vive, ela expande esse próximo para o povo brasileiro. As imagens utilizadas para ilustrar o texto eram fortes: trabalhadores ao redor dos caminhões que os levavam ao trabalho, pessoas remando pequenos barcos em ruas alagadas, um policial imobilizando um rapaz e uma criança com olhos tristes descalça e sentada no chão. O texto que acompanhava as imagens denunciava: “Em nossos dias, o Brasil e o povo brasileiro também passam por transformações. Situações de desigualdades e preconceitos têm separado o nosso povo”. Em seguida, a autora esclarece como os adolescentes poderiam conhecer o povo brasileiro:

Conhecendo nossa cultura, respeitando as diferenças, tornando o evangelho acessivo, cantando canções que todos possam entender e cantar, tornando nossas igrejas mais simpáticas à comunidade, participando de acontecimentos do bairro, da escola e da cidade, sempre testemunhando o amor de Deus, estamos nos encontrando com este que está tão próximo e também tão distante: o povo brasileiro (Flâmula Juvenil, 4º trimestre, 1981, p. 7)

No mesmo estudo foi publicado um poema de uma adolescente sobre a intolerância. Nancy Cardoso Pereira então utilizou três fotografias para ilustrar o texto: uma contendo um grupo de homens de uma tribo do continente africano; outra contendo um homem indígena e outra com barracos de favela urbana. O conjunto de imagens objetivava mostrar que a intolerância levava ao aprofundamento da desigualdade (Flâmula Juvenil, 4º trimestre, 1981, p.23).

Revista Cruz de Malta

Na década de 1980, essa revista não se configurava mais como uma publicação de representação das sociedades metodistas de jovens, tal qual na década de 1960. Ela se tornara mais uma publicação da área da educação religiosa da igreja, ou seja, da Escola Dominical. Notadamente a partir de 1982, passou a se ocupar com temas que circulavam nas cartilhas dos movimentos sociais em ascensão naquele período de enfraquecimento da linha dura da ditadura militar. Temas que também circulavam nos meios acadêmicos de influência marxista. A redemocratização do país, estampada nas greves operárias, nas manifestações massivas dos professores dom ensino básico, nas campanhas salariais dos canavieiros e nas reivindicações das associações de bairro estava presente, de forma explícita ou implícita em seus estudos. Os textos e comentários bíblicos eram ilustrados com fotografias e charges que lembravam trabalhadores reunidos em assembléias, moradores de rua em situações desumanas e trabalhadores rurais em situação de perigo. Os grupos sociais em movimento por democracia, liberdade e melhores condições salariais e de vida (saúde, habitação, segurança) estavam representados nas letras destinadas aos jovens metodistas.

A primeira unidade do segundo quadrimestre de 1982 trouxe como referência um título bastante significativo para o período: Oportunidades existentes para o engajamento. O termo engajar, muito comum entre os ativistas dos movimentos sociais do final da década de 1970 e inicio da década de 1980, bem como dos manuais das Comunidades Eclesiais de Base (Ceb´s) encontrava acolhida na tinta dos autores. O autor do primeiro estudo dessa unidade publicou uma entrevista realizada com Nancy Cardoso Pereira, então participando de um projeto de missionárias protestantes na Favela da Rocinha, na cidade do Rio de Janeiro. Quando indagada sobre o que a Igreja Metodista poderia fazer para melhorar as condições de vida dos moradores daquela localidade, a entrevistada assim se expressou, após discorrer sobre problemas envolvendo questões salariais, de saúde, de segurança, lazer, moradia e transporte:

Ninguém vai resolver esses problemas por essas comunidades. Elas, e só elas, através de organizações e reivindicações de lutas e pressões é que vão conquistar o que lhes pertence. A igreja não vai resolver isso. A igreja vai abrir espaços físicos, vai usar seu patrimônio e seus orçamentos para possibilitar essas organizações, vai abrir creches para que as mulheres equilibrem a renda da família, orientar famílias, oferecer lazer a atividades sadias. A igreja vai anunciar o Reino de Deus, a libertação e renovação, os ensinos de Jesus, atualizando e situando o testemunho, clareando os escuros da injustiça e convidando as comunidades a pensar em grupos e apoiando suas iniciativas [...]
(Revista Cruz de Malta, 2º quadrimestre de 1982, p.8).

No estudo O dom supremo para a realização da missão, de 1982, logo acima de um texto versando sobre as inúmeras dificuldades pelas quais passava o país, foi publicado uma ilustração de um soldado perseguindo um fugitivo sob o olhar assustado de um mendigo. Imagens que revelam discursos sociais de contestação, de denúncias, comuns nos meios de comunicação elaborados pelos sindicatos operários, pelos movimentos de trabalhadores rurais, pelas associações de bairro e pelas comunidades de base.

No estudo 3, da unidade A desumanização do ser humano, que trouxe como título O sistema econômico e a desumanização, foi dedicado a esclarecer os processos sociais que agrediam a plenitude do ser. Para os redatores da revista as estruturas econômicas foram pensadas historicamente para garantir o lucro de uns poucos. Os termos utilizados, como lucros, opressão, sistema econômico, em muito eram devedores das categorias marxistas de análise histórica. Para os redatores, a culpa da desumanização estava no sistema econômico injusto.

Assim o sistema econômico se torna opressivo e desumanizante. As fábricas poluem os rios e a atmosfera, para não gastar dinheiro em medidas antipoluentes. Os Diretores reprimem movimentos operários para não pagar reivindicações dos trabalhadores por salários mais justos. Os latifundiários defendem suas terras com pistoleiros particulares e combatem todos os esforços na direção de uma reforma agrária (Revista Cruz de Malta, 2º quadrimestre de 1982, pp. 59-60)

No mesmo estudo foi publicada uma entrevista em que o bispo Paulo Ayres Matos teceu sérias críticas aos “poderosos”. Nessa entrevista, a própria igreja foi alçada a condição de responsável pela desumanização do ser humano.

Ora, a Igreja tem vivido momentos de tranqüilidade e até mesmo de uma certa respeitabilidade mundana, quando se tem acomodada aos poderosos deste mundo, pois fica, não ao lado dos despojados do poder, mas ao lado dos poderosos e, portanto, vive em paz e tranqüilidade... (Revista Cruz de Malta, 2º quadrimestre de 1982, pp. 60-61).

Não somente a manifestação do bispo, muito conhecido no metodismo brasileiro por sua defesa do ecumenismo e dos movimentos populares, mas todas as expressões dos redatores procuravam formar as opiniões. Buscavam influenciar os jovens leitores metodistas a partir das concepções de lideranças esclarecidas da igreja. A bem da verdade, essa foi uma das fases de maior influência da mentalidade democrática e progressista no metodismo brasileiro.

A edição do terceiro quadrimestre de 1982 continuou versando sobre a desumanização do ser humano. No estudo Forças desumanizantes da atualidade: os meios de comunicação, depois de tecer duras críticas aos conteúdos das novelas, dos filmes estrangeiros, das publicidades e propagandas, os redatores apontaram a juventude da igreja que na área política a desumanização se processava por meio

[...] das mais variadas formas de censura que privam o cidadão de conhecer a verdade, além de mantê-lo escravo de uma ideologia dominante. Então ele perde a capacidade crítica, passando a aceitar passivamente “as verdades” ditadas pelo ditador
(Revista Cruz de Malta, 3º quadrimestre de 1982, p. 5).

No estudo Forças desumanizantes da atualidade: o sistema de ensino, do mesmo quadrimestre, foi diagnosticado o que uma escola deveria fazer ou não para se tornar humanizadora, bem ao estilo das categorias pedagógicas de Paulo Freire:

A escola não deve ser quisto, mas sim um centro comunitário a serviço dos grupos sociais. A escola deve se inter-relacionar com todo o equipamento coletivo, exercendo uma função educativa e produtiva nos escritórios, fábricas, granjas, fazendas, oficinas, agências, hospitais, repartições etc. Porque hoje todos devem ensinar todos a aprender com todos (Revista Cruz de Malta, 3º quadrimestre, 1982, p. 10).

As críticas partiam em várias direções: escolas, governos, meios de comunicação e até mesmo a própria Igreja Metodista, acusada de se manter fechada às transformações que se processavam na sociedade. No estudo Discernimento: profetas falsos e profetas verdadeiros foi publicado uma das manifestações mais incisivas dos progressistas que escreviam para as revistas de escolas dominicais do período. Ao se referirem aos “pastores televisivos”, demonstraram o quanto suas letras estavam afinadas com os discursos libertários da época:

Os cristãos precisam discernir o fato de que alguns falsos profetas de hoje levantam elevadas cifras para construir seus impérios, levam uma vida burguesa sem se preocupar com os necessitados ou com os países explorados. Alguns tiveram o espantoso lucro de 80 milhões de dólares durante um só ano. O mais perigoso disso tudo é que estão a serviço de grupos ou governos poderosos. Visam tornar os países latinos e africanos em satélites dóceis de suas garras exploradoras. Há uma ideologia de dominação atrás dos cânticos, mensagens e cruzadas. Por isso é necessário discernir os espíritos para não ser arrastado ou dominado por eles (Revista Cruz de Malta, 3º quadrimestre de 1982, p. 34).

A linguagem para a juventude tinha seu caudal agressivo. Para os articulistas não poderia ser diferente, já que a maioria dos leitores dessa revista estava nos bancos escolares do ensino superior, então sob forte influência do marxismo.

Revista Em Marcha

Com o título Nossa vida em clima de mudança, da unidade do primeiro quadrimestre de 1982, propôs-se mostrar o que na vida das pessoas tinha ou não possibilidades de mudar. No estudo Deus e as mudanças: juízo e revelação, o exemplo utilizado para identificar situações possíveis de serem mudadas foi a vida de um migrante nordestino na cidade de São Paulo. Os redatores tiveram todo o cuidado em apresentar a temática, já que o público leitor, muitos dos quais senhores e senhores de classe média, eram pouco afeitos a debaterem assuntos de cunho político e social em seus espaços de aprendizagem religiosa. Para que a vida do migrante fosse analisada na perspectiva bíblica, o esteio interpretativo foi o exílio de José, um dos filhos de Jacó, no Egito. A comparação entre o personagem bíblico e o migrante nordestino foi inevitável (Revista Em Marcha, 1º quadrimestre de 1982, p. 7,8).

No estudo A gravidade do pecado humano, da unidade A maior tragédia da humanidade: o pecado, Warren C. Wofford, deslocou as reflexões sobre o pecado da esfera estritamente individual para os pecados cometidos pela nação. Uma das questões lançadas aos leitores foi a de que o país tinha uma “uma grande indústria de material bélico, não somente para seu uso para exportação. Reconhecemos a presença do pecado nisso?” (Revista Em Marcha, 1º quadrimestre de 1982, p. 17).

No estudo As origens do pecado humano, da mesma unidade, Wofford reforçou a idéia de que o pecado estava enraizado nas estruturas sociais:

Os poderes governamentais refletem a presença dom pecado coletivo quando privilégios são mais importantes que valores humanos. As estruturas sociais – que marginalizam os pobres ou os grupos indefesos- os sistemas opressores e instituições que se aproveitam das pessoas, pecam contra Deus e a sociedade (Revista Em Marcha, 1º quadrimestre de 1982, p. 21).

As categorias estruturalistas de análise social entraram novamente na condução dos discursos religiosos. No estudo O caráter dissimulador do pecado, Wofford foi mais direto ao acusar membros da igreja de colaborarem para a perpetuação de situações sociais injustas:

Quantos homens da nossa igreja são proprietários que querem obter maiores lucros possíveis, mesmo à custa dos menos privilegiados? Quantos são donos de pequenas indústrias e são maus pagadores? Quantos tentam explorar seus empregados? (Revista Em Marcha, 1º quadrimestre de 1982, p. 26).

Na busca de fortalecer a interpretação bíblico-teológica do pecado como resultante de práticas sociais injustas, o mesmo autor criou a alegoria de um membro da igreja na condição de chefe de trabalhadores rurais:

O Vito Expedito é capataz da fazenda. Ele sabe que a turma de gente que emprega na cidade para colher cana no canavial passa o dia todo sem uma comida quente. Sua marmita é sempre pobre e fraca. Mas o Vito não tem não tem nada com isso. Eles aceitam o emprego porque querem. A paga é pouco e não podem aquecer a comida. Mas eles não sabem disso ao serem empregados. O Vito acha que está cumprindo seu dever. Aliás, para ele cumprir o dever é uma questão de honra. Ele prometeu ao pastor sempre ler a Bíblia e fazer o culto doméstico em casa e nunca deixa de cumprir a promessa (Revista Em Marcha, 1º quadrimestre de 1982, p. 36).

O foco central dos exemplos é reiterar a conexão entre a idéia do pecado e a injustiça social. O pecado foi deslocado da sua condição de ato moral individual para ser uma conseqüência de uma ação social. O discurso libertário fincava raízes nas letras a serem ensinadas nas escolas dominicais.

Os estudos do segundo quadrimestre de 1982 contaram com a colaboração de personalidades que há tempos compunham o quadro dos chamados defensores do evangelismo social da igreja. Eram esses Clory Trindade de Oliveira, Isac Aço e Nelson Luiz Campos Leite. O primeiro foi diretor do Instituto Americano de Lins (Ialim). Os dois últimos eram, à época, bispos da Igreja Metodista. Não eram pessoas desconhecidas e suas idéias circulavam em várias ambientes religiosos do metodismo.

A quinta parte da unidade A revisão e a renovação dos papéis do homem e da mulher na sociedade, publicada com título Homens e mulheres na força do trabalho expressa bem a circularidade de temas políticos, econômicos e sociais nos espaços de formação religiosa dos metodistas. O estudo indicava a necessidade de os membros dessa faixa etária refletirem sobre as condições de trabalho a que estavam expostos os homens e mulheres do período.

No terceiro quadrimestre de 1982, na unidade Mensagens bíblicas nascidas de diversas realidades da época, no estudo A igreja frente ao Estado, Ronaldo Satler Rosa, então responsável pela Pastoral da Faculdade de Teologia da IM, em São Bernardo Campo, SP, afirma com base em relatos bíblicos do Antigo e Novo Testamento, que a igreja deveria se posicionar ao lado do Estado enquanto esse estivesse a serviço do povo. Quando este demonstrasse estar do lado dos “poderosos”, a igreja deveria se opor a ele (Revista Em Marcha, 3º quadrimestre de 1982, P. 12).

Os temas desenvolvidos nessa revista convergem para uma nova percepção de vivência religiosa, publicados com uma linguagem pouco conhecida dos grupos mais conservadores do protestantismo brasileiro. As assertivas procuravam despertar os membros adultos da igreja para uma prática religiosa com mais participação política e mais tolerância. Ao comporem os estudos a partir de conceitos próprios dos ativistas de esquerda da década de 1980, os autores da revista assumiam o lema da igreja dos oprimidos.

Revista Voz Missionária

Em 1982, o Conselho de Redação dessa revista era composto por Alice Gerab Labak (coordenadora), Wanda Moraes de Almeida, Wilma Joan Roberts e Zuleica de Castro Coimbra Mesquita. Foi nessa década que os conteúdos da revista foram mudando de foco e criando cumplicidades com os dizeres das teologias libertárias do cristianismo brasileiro. Expressões como “libertação para os oprimidos e estrangeiros”, “ecumenismo” e “direitos da criança e da mulher” começaram a se tornar freqüentes em suas páginas.

No quarto trimestre de 1982, no artigo Derrubando mitos e barreiras, uma crítica bastante circunstanciada foi endereçada aos programas televisivos, considerados pela equipe de redação como sendo de baixo nível. Na visão das redatoras, programas como O homem do sapato branco, Viva o gordo, Os trapalhões, Chacrinha, focalizavam as mulheres apenas por meio dos aspectos sensuais, depreciando as demais características femininas (Revista Voz Missionária, 4º trimestre de 1982, p. 27).

As ilustrações estampadas capas e nas páginas da revista revelem também o opção por um evangelismo social e libertário. Imagens contendo mulheres negras em situações de pobreza, crianças expostas a lugares insalubres, idosos vivendo isolados passaram a ser imagens cada vez mais freqüentes. O poema da colaboradora Vera Baggio Dias Alvim, da mesma edição, sinaliza para as situações que inquietavam as mulheres:

Fico observando
Aquela mulher pobre, doente,
carregada de filhos...
Com a mão estendida.
Aqueles meninos maltrapilhos,
Sujos, importunos...
com as mãos estendidas.
Aquelas meninas mirradas,
Rotas e rasgadas...
Com as mãos estendidas
(Revista Voz Missionária, 4 trimestre de 1982, p. 33).

A edição do terceiro trimestre de 1983 trouxe um poema do Bispo Sady Machado da Silva versando sobre os desfiles militares do Dia da Independência. Para o clérigo, o país deveria ser não apenas o da disciplina dos passos, da ordenação das armas e do esplendor dos uniformes.

Mas eu quero ser o Brasil Povo em sua totalidade
Na totalidade de sua grandeza e da sua miséria...
Nos contornos de seus sonhos
E na angústia de suas dores
e horrores medonhos...
Na pobreza que campeia
E na poesia da lua cheia...
Na luta contra a exploração
E nos ensinos do Evangelho
que tem a solução...
No soldado que marcha na rua
Mas também naqueles brasileiros
que nem podem marchar
Porque tem a barriga vazia
E a alma nua...
(Revista Voz Missionária, 3º trimestre de 1983, p. 9).

A edição do quarto trimestre de 1983 trouxe na capa o retrato de uma mulher sentada na calçada, ao lado de uma sacola com pães, sandálias soltas, cabisbaixa. No muro da calçada trazia a seguinte frase: “Maria resignada sentada à beira da calçada...”. Nas páginas desse número da revista as redatoras deixaram evidente a necessidade de uma prática religiosa que não excluísse os pobres. É essa opção religiosa que se depreende da leitura da oração publicada:

Com teu poder, Senhor, ajuda-nos a estarmos sempre próximos aos pobres e necessitados, darmos amor aos que tem ódio, a consolar os que choram, a nos batermos pelos injustamente perseguidos pela justiça, a enxergarmos de olhos abertos e coração limpo a realidade que nos cerca [...]
(Revista Voz Missionária, 4º trimestre de 1983, p. 9).

A proposta de jogral para as celebrações natalinas de 1983, composta por Jeni Lustosa não fugiu aos temas que inquietavam os movimentos de mulheres que se organizavam na década de 1980.

[...] Maria solteira,
Maria operária
Pagará um salário pro filho salvar
Nos braços jazia, rígida e fria
Olhos baços... morto o olhar [...]
(Revista Voz Missionária, 4º trimestre de 1983, p. 23).

A edição do quarto trimestre de 1985 trouxe um poema adaptado de um texto de Elizabeth Tápia. Dentre as manifestações políticas até aqui apresentadas, nenhuma expressa, de forma tão veemente, os clamores por uma prática religiosa mais compromissada com as mudanças sociais em curso no período:

Trabalho constantemente desafiada
Confrontada pela necessidade da igreja e
da sociedade no Brasil e no mundo inteiro.
Tenho raiva das estruturas e dos poderes
que criam todas as formas de opressão,
exploração e indignidade.
Sou testemunha de gemidos, lágrimas,
estandartes e punhos cerrados de meu povo.
Posso ouvir suas canções de libertação,
suas orações cheias de esperança e
seus passos marchando na direção da
justiça e da liberdade
(Revista Voz Missionária, 4º trimestre de 1985, p. 15).

Parte do texto acima compunha os cartazes que os ativistas por democracia utilizavam para animar encontros, cursos de formação e congressos de trabalhadores da década de 1980.


Considerações finais

O tratamento destinado aos temas aponta para mudanças e permanências de concepções religiosas e políticas. Revelam ecumenismos, inovações teológicas e discursos religiosos de conotação política. Os textos circulantes nas revistas de escolas dominicais garantiram uma formação religiosa eficaz do ponto de vista de seus autores? Eles seriam constituintes de uma nova mentalidade religiosa? Certamente que não. Devemos lembrar que os estudos eram mediados por professores e professoras das igrejas locais, muitos sem formação teológica e bíblica necessária para desvendar a complexidade implícita nas temáticas apresentadas. Há que se ressaltar que nem sempre uma formação bíblica e teológica se traduziria na garantia da multiplicação dos discursos libertários. Mas deve-se levar em consideração que muitos dos professores e professoras que lidavam com as escolas dominicais não coadunavam com o tratamento dispensado aos temas pelos autores. Havia sempre a possibilidade de interpretações não tencionadas pelos autores dos estudos. Ademais, em se tratando de textos escritos, há sempre as apropriações, as adesões, as rejeições, as adequações. [

Os textos libertários desse período revelam, todavia, tentativas de educar, de convencer e de converter. Indicam ainda a legitimidade das autorias, pois esses não produziram um saber às expensas do comando da igreja. Antes, foram autorizados pelas lideranças da igreja para ser a expressão de sua vontade e de sua visão sobre a sociedade. Quem produziu os textos sobre temáticas que extrapolavam o discurso específico do mundo religioso estava afinado com uma concepção de igreja. Assim pensavam as lideranças do metodismo, caso contrário a escrita libertária seria interditada. Para além da chancela dos bispos, os textos das revistas eram legitimados pela circularidade dos temas nos demais espaços de comunicações dos demais grupos sociais.


Referências bibliográficas

CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre práticas e representações. Lisboa:Difel; Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1990.

___________Roger. A ordem dos livros: leitores, autores e bibliotecas na Europa entre os séculos XIV e XVIII. Brasília: Editora da Unb, 1999.

ISER, Wolgang. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético. São Paulo: Ed. 34, 1996.
KUCINSKI, Bernardo. O fim da ditadura militar. São Paulo Contexto, 2001.

REVISTA CRUZ DE MALTA. Biblioteca da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista: São Bernardo do Campo, 1982-1985.

REVISTA EM MARCHA. Biblioteca da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista: São Bernardo do Campo, 1982-1985.

REVISTA FLÂMULA JUVENIL. Biblioteca da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista: São Bernardo do Campo, 1982-1985.

REVISTA VOZ MISSIONÁRIA. Biblioteca da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista: São Bernardo do Campo, 1982-1985.

SKIDMORE, Thomas E. Uma história do Brasil. São Paulo: Paz e Terra, 198.