13 agosto, 2009

Igrejas evangélicas promovem submissão acrítica, aponta consulta

Membros de diferentes tradições protestantes-evangélicas, procedentes de 12 países americanos, reuniram-se na quinta e sexta-feira, 6 e 7 de agosto, na Universidade Nacional da Costa Rica

Na consulta organizada pela Fraternidade Teológica Latino-Americana (FTL) sobre Igreja, poder e missão na América Latina, igrejas evangélicas foram criticadas por promoverem uma “submissão” acrítica dos cristãos a toda autoridade política, independente de suas características particulares ou como chegou ao poder.

Membros de diferentes tradições protestantes-evangélicas, procedentes de 12 países americanos, reuniram-se na quinta e sexta-feira, 6 e 7 de agosto, na Universidade Nacional da Costa Rica para analisar temas como A genealogia do poder: a Igreja de Corinto e a Igreja contemporânea; Vertentes teológicas que explicam o poder na Igreja; Os/as cristãos/as e a política do império estadunidense; Política e religião, velhos e novos atores.

Dois dos assuntos dominantes na consulta tiveram que ver com a relação das igrejas com os poderes seculares e como se dá a dinâmica e os abusos de poder nas igrejas. Sobre o primeiro tema, foi enfatizada a necessidade de clarificar a natureza do Estado.

Para Luis Scott, palestrante no evento, as passagens de Romanos 13 e Apocalipses 13 mostram duas visões diferentes sobre a relação dos cristãos com o poder, e expressam que não existe na Bíblia um modelo único sobre o que deve ser a relação Igreja-Estado.

Na conferência que tratou do poder dentro dos organismos eclesiais, Sharo Rosales disse que “o abuso espiritual é o abuso do poder em nome de Deus e da espiritualidade, causando dano não só à comunidade de fé, mas também a indivíduos e famílias, lesando a credibilidade na liderança cristã”.

Rosales traçou um perfil dos líderes que tendem a tais abusos, Costumam ser “pessoas inteligentes e carismáticas que atuam a partir de um paternalismo possessivo. Lutam constantemente pelo poder, não suportam a crítica, e, devido à baixa auto-estima, precisam ser afirmados”, procurando estar sempre no centro das atenções.

Ao final do evento, os participantes assinaram mensagem dirigida às Igrejas e ao povo hondurenho em que manifestam solidariedade pela situação de violência que o atemoriza e pedem às partes em conflito para que assinem o Acordo de San José, avalizado por organismos internacionais como a Organização de Estados Americanos (OEA), as Nações Unidas (ONU) e por boa parte da comunidade internacional.

“Fazemos um chamado à comunidade internacional para que jogue um papel mais ativo na intermediação com as partes em conflito e se restaure, o mais breve possível, a ordem legal constitucional que permita terminar com os momentos de angústia, preocupação e violência que hoje sofre a população civil. É evidente que a forma como esse problema será resolvido influirá em todos os países do continente e sentará um importante precedente”, conclui a mensagem.
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Matéria de Carlos Mondragón
San José, segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Extraído de http://www.alcnoticias.org/interior.php?lang=689&codigo=14678