29 julho, 2006

Meditação Diária - 30 de julho

Marcos 15.21-41

Um com a humanidade decaída

"Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (v.34)

A crucificação não foi um logro, nem foi um feriado romano. Continha em si mesma toda a tragédia da história humana. Aí estão todos os elementos: Simão de Cirene representa o trabalho forçado que marcou a vida de nações e impérios. As vestes de Jesus, as suas próprias e os cinco trajes reais, são para leilão. A discriminação é terrível, pois Jesus está colocado entre ladrões. É estranho trabalhar em favor da libertação dos/as outros/as, e não provar a própria libertação. Só um poder espetacular convencerá as massas. E que acontece com seus/suas amigos/as e companheiros/as? Eles/Elas brilham pela ausência.

Estará Deus realmente presente e operando? Esse é o brado do homem; e Jesus, nesse instante com a humanidade pecadora e decaída, pronuncia o clamor do Salmista, do povo fiel e perseguido da antiguidade (Salmo 22.5-22). Sobretudo, canta o Salmista, confiantemente:

Todos os confins da terra se lembrarão e se convertarão ao Senhor.
E todas as famílias das nações adorarão perante Ele (Salmo 22.27).

Eis o significado da exlamação de Jesus, e do testemunho do soldado romano: "Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!"

Oração: Ó Salvador do mundo, Filho de Deus, Senhor Jesus, opera tua força e ajude-nos! Nós te pedimos humildemente.

Extraído: Leitura Cotidiana da Bíblia - Edição Ecumênica - Conselho Mundial de Igrejas.
Contribuição de Maria e Rev. Robert Stephen Newnum - Maringá – Paraná.

Meditação Diária

29 de Julho

Marcos 15- 1-15 - Eles gritaram mais alto: Crucifica-o!

Judas trai, Pedro nega. Que fará a multidão? Maravilhou-se muitas vezes com o ensino de Jesus, procurou ansiosamente seu poder e cura, o acompanhou a lugares desertos e foi alimentada por Ele, aclamou-o como sendo aquele que viera em nome do senhor. De fato, tal era o entusiasmo das multidões por Ele, que as autoridades religiosas receavam que, se prendessem Jesus, haveria uma revolta.

Pilatos era politicamente bastante astuto para avaliar a situação. O verdadeiro perigo para ele e para o poder imperial romano não eram os fanáticos zelotes religiosos ou os agitadores nacionalistas, como Barrabás, mas Jesus, esse Rei imaginário dos Judeus. Ele e o sumo-sacerdote perceberam que o interesse do povo era a liberdade política, sendo assim Barrabás o herói. Barrabás e os de sua laia podiam ser tratados pelas legiões romanas. Jesus, porém atacava os próprios fundamentos do poder político e religioso.

O mundo crucifica a Cristo: Crucificará a mim também, se eu viver em comunhão com ele. Contudo, embora seja pesado o meu fardo, Cristo levou um fardo bem mais pesado. Por isso, por mais que eu sofra, não sofrerei sozinho. Sua morte foi o caminho para a vida. Se com Ele morrermos, também com ele viveremos.

Ore simplesmente: Pensando nos conflitos do Oriente Médio, na sua ação pessoal e de sua comunidade religiosa e peça:

Ó cristo, cordeiro de Deus que tiras o pecado do mundo; concede a mim e ao mundo a tua paz. Amém.

Essa reflexão foi feita por uma Igreja na Alemanha durante o período nazista.

Extraído: Leitura Cotidiana da Bíblia - Edição Ecumênica - Conselho Mundial de Igrejas.
Contribuição de Maria e Rev. Robert Stephen Newnum - Maringá – Paraná.

Eu continuarei ecumênico

Com profunda tristeza recebi na última semana a notícia que a Igreja Metodista - por aprovação do Concilio Geral por 79 votos contra 50 - decidiu sair dos organismos ecumênicos com a presença da Igreja Católica. Lamentei porque o ecumenismo está presente na história da nossa Igreja muito antes desse surto fundamentalista/ moralista que está fazendo nossa igreja retroceder em sua caminhada. Para entender melhor isso, lhes direi o que compreendo como “ecumenismo”: o ecumenismo é o Sopro do Espírito de Deus que nos ensina que é possível sermos um mesmo sendo diferentes. Ele mostra que as diferenças que nos separam são significativas, mas não podem superar seu amor que nos une. E para que o ecumenismo esteja presente em nós é preciso que amemos a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Sem a experiência ecumênica nos assemelhamos a ostras (daí a palavra “ostracismo”), tornando-nos pessoas fechadas em si mesmas, escondendo a jóia preciosa que nos foi dada – Jesus Cristo – doador da vida abundante.

Fomos chamados à unidade, à comunhão e não para vivermos separados.. A afirmação do apóstolo Paulo nos soa bastante incômoda: “Acaso Cristo está dividido?” (1Co 1.13). Fomos chamados para a unidade, afim de que o mundo todo creia e não ao separatismo, ao sectarismo. O ecumenismo é a possibilidade de diálogo entre todos aqueles que professam a Jesus Cristo como seu Salvador. Metodistas, Luteranos, Anglicanos, Católicos, Cristãos Reformados e muitas outras denominações professam sua fé em Jesus e é Ele quem nos une e faz com que transformemos o mundo em um mundo de paz, tolerância, não violência, diálogo, comunhão. É nosso compromisso nos unirmos para que Deus em sua graça transforme o mundo.

Vivemos em uma igreja conciliar. Eu amo esta igreja e a causa dos metodistas, mas acima de todas as denominações e instituições eu sou cristão e entendo que é parte da vida cristã conviver, aceitar e trabalhar com as diferenças. Somos diferentes em nossas denominações, mas somos um em Cristo. Por isso, eu continuarei ecumênico. ..

Kyrie Eleison

Roy de Oliveira Duarte
Acadêmico da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista

Seminário organizado pelo CONIC analisará unidade e missão da igreja

SERVIÇO DE NOTÍCIAS DA ALC
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BRASIL - Seminário organizado pelo CONIC analisará unidade e missão da igreja

GUARULHOS, 28 de julho (ALC) - A Comissão Teológica do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) realizará, dias 1o a 3 de agosto, na cidade de Guarulhos, São Paulo, Seminário Anual, que em 2006 fará avaliação da IX Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) à luz da realidade brasileira.

De acordo com o secretário executivo do CONIC, pastor Western Clay Peixoto, o encontro de São Paulo espera chegar a consensos práticos quanto aos debates ocorridos na Assembléia de Porto Alegre na questão do avanço do diálogo inter-religioso, da aproximação das igrejas em torno do que denominou de "atos básicos" - preservação da água, promoção da paz e garantia dos direitos humanos.

Uma outra expectativa em relação ao Seminário é que ele ajude no aperfeiçoamento do testemunho cristão no Brasil e na aproximação do conceito de missão das igrejas. O cenário brasileiro é peculiar, em termos ecumênicos, onde três dos quatro ramos do cristianismo estão presentes no CONIC: ortodoxos, católicos romanos e protestantes. Falta apenas o ramo pentecostal, mas já há lideranças desse grupo que demonstram sinais de aproximação ao movimento ecumênico.

O coordenador do Centro Ecumênico de Serviço à Evangelização e Educação Popular, padre José Oscar Beozzo, disse à ALC que o Seminário Anual do CONIC ocorre num momento em que é necessário repensar a colaboração entre as igrejas. "A decisão do Concílio da Igreja Metodista de retirar-se do CONIC não é um problema somente daquela igreja, mas de todos nós que estamos numa caminhada ecumênica", sublinhou.

Palestrante no seminário de São Paulo, Beozzo falará a respeito das questões atuais do ecumenismo e do diálogo inter-religioso. "O diálogo entre as religiões e a responsabilidade das igrejas frente ao que ameaça a vida são questões chave no mundo de hoje", destacou.

Beozzo defendeu a prerrogativa de as pessoas expressarem juntos sua fé. Ele destacou o papel das igrejas na defesa da vida, como nas situações de violência, guerra, fome, tráfico de pessoas, miséria, opressão, falta de saúde e de educação.

A expectativa é que o Seminário Anual do CONIC receba mais de 100 pessoas das igrejas-membro, de igrejas fraternas e convidadas, além de alunos de escolas de Teologia. São membros do CONIC as igrejas Católica Apostólica Romana, Católica Ortodoxa Siriana, Cristã Reformada, Evangélica de Confissão Luterana e Presbiteriana Unida. A Assembléia do CMI esteve reunida em Porto Alegre, em fevereiro deste ano.

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Adesão metodista à declaração católica-luterana é um marco no ecumenismo, diz Noko

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CORÉIA DO SUL - Adesão metodista à declaração católica-luterana é um marco no ecumenismo, diz Noko

SEUL, 28 de julho (ALC) – O secretário geral da Federação Luterana Mundial (FLM), pastor Ishmael Noko, classificou a adesão do Conselho Mundial Metodista (CMM) à Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação, firmada por católicos romanos e luteranos em 1999, como um novo marco no ecumenismo.

A Igreja Metodista é a primeira grande família denominacional que reconhece o documento firmado pela FLM e a Igreja Católica, em Augsburgo, Alemanha, no dia 31 de outubro de 1999. Além de admitir a importância da justificação por graça e fé, um dos pilares da Reforma protestante de 1517, o documento relativiza as condenações mútuas entre católicos e luteranos estabelecidas na época, e diz que elas não se aplicam nem atingem a doutrina da outra igreja.

O artigo 41 da Declaração reza: “Com isso também as declarações doutrinais do século XVI, na medida em que dizem respeito à doutrina da justificação, aparecem a uma nova luz: a doutrina das igrejas luteranas apresentada nesta Declaração não é atingida pelas condenações do Concílio de Trento. As condenações contidas nos escritos confessionais luteranos não atingem a doutrina da Igreja Católica exposta nesta Declaração.”

A adesão dos metodistas à Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação foi oficialmente formalizada no encontro da Conferência Mundial Metodista, reunida em Seul, dias 20 a 24 de julho. As três igrejas se comprometem a aprofundar sua compreensão a respeito da justificação pela fé no estudo da Teologia, no ensino e na pregação, e se esforçar para o testemunho comum no mundo.

A Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação, informa o serviço de imprensa da FLM, é resultado de 30 anos do diálogo católico-luterano, superando controvérsias que levaram à cisão da Igreja, há mais de 450 anos.

O documento de adesão à Declaração Conjunta foi assinado pelo presidente do CMM, sua eminência Sunday Mbang, pelo secretário geral desse organismo, pastor George Freeman, pelo pastor Noko, pelo secretário adjunto da FLM para assuntos ecumênicos, pastor Sven Oppegaard, pelo presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, cardeal Walter Kasper, e o arcebispo emérito cardeal Sôo-Hwan Kim. O encontro da CMM enfocou o tema “Deus reconcilia em Cristo”.

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28 julho, 2006

Uma palavra a partir da Alemanha

Caros amigos, colegas na Faculdade de Teologia!

Não é necessario afirmar que as noticias chegadas na Alemanha sobre decisoes do 18. Concilio Geral, causaram surpresas grandes.

Estou bem distante das informações mais detalhadas, que poderiam explicar algumas partes do evento em julho 2006, mesmo assim restam algumas ponderações que gostaria de transmitir a vocês.

Primeira pergunta: Referente à tradição wesleyana e à Igreja Metodista no Brasil.

Como a igreja pretende no futuro explicar sua vinculação com a tradicao histórica de João Wesley?

É verdade que no tempo de Wesley não existia ainda qualquer organização ecumênica que pode ser comparada a situação atual. Mesmo assim não há dúvida, que Wesley respeitou e recomendou para os seus seguidores cooperação com cristãs de outras denominaçães. Pode ser estudado facilmente a "Carta a um Católico".

Além desta existe a famosa recomendação de dar as mãos a qualquer cristão em cuja coração reina Cristo. Deve haver alguns católicos vivendo desta maneira no Brasil ...

Segunda pergunta: Como o metodismo no Brasil pretende continuar em boas relações com a família mundial dos metodistas?

O Conselho Mundial Metodista, reunido em Seul - Coréia, nestes dias, votou permanecer em contato com outras denominações, inclusive com a Igreja Católica Romana. Os Metodistas no Brasil futuramente querem ficar na organizacão mundial do metodismo?

Estamos acompanhando com interesse a discussão no seio da Igreja Metodista.

Deus ajude para que cheguem a uma decisão menos rígida, que seja tomada provavelmente no Concílio Geral, na sua sessão, em outubro do corrente ano.

Fraternalmente - seu,

Reinhard Brose
Berlim - Alemanha

Pelo diálogo

Não sou metodista, sou presbiteriano independente, mas, peço licença para me expressar.

Objetivamente, minha posição é sempre pelo diálogo, não posso concordar com a falta de diálogo, seria ir contra a formação teológica/pastoral e litúrgica adquirida e vivida.

Mas, em se falando de diálogo; e, sobretudo neste significativo espaço virtual, me pergunto, onde estão os debates e opiniões daqueles que defendem o fechamento do diálogo ecumênico?

Eu gostaria muito de ver a réplica, uma opinião, uma palavra que revele a fundamentação/razões e me ajude a balizar uma opinião. Seria encantador! Ou será que nem isto é possível?

Eu fico por aqui, queria apenas emitir esta rápida palavra em função do meu carinho pelos metodistas como irmãos. Como irmãos que me oportunizaram a realização de uma pós graduação em suas escolas e agora em fase de conclusão do meu doutoramento, pela amizade e carinho adquirido no convivio com muitos pastores metodistas. Por estas e outras razões é que me expresso. Aos irmãos metodista conservadores/liberais/progessista/ecumênicos ou não etc.. meu apoio, oração e desejo que encontrem o melhor caminho.

Que a graça de Deus vos enriqueça.

Rev. Luiz Cândido Martins
Pastor Presbiteriano Independente
Teólogo, Mestre em Ciências da Religião, Doutorando em Educação na UNIMEP
lcandido@splicenet.com.br

Quero MARIA SUMIRE pra bispa metodista!!

Maria Sumire é leiga metodista no Peru e foi eleita para o Congresso Nacional. Na hora do juramento, perante todo a assembléia e os meios de comunicação ela re-criou o juramento em quechua, sua linga materna, a língua das maiorias indígenas do Cusco e do Peru. Ela foi exortada a fazer o juramento em espanhol. E por três vezes ela respondeu em quechua!! Ela se manteve firme nos costumes indígenas ancestrais, levantou as mãos e invocou os gestos de Túpac-Amaru e Micaela Bastidas, mártires das lutas andinas contras os opressores espanhóis e incas. Lembrou do pai, sindicalista e se afirmou evangélica metodista.

Me encontrei duas vezes com Maria Sumire: uma vez, no Equador numa Celebração da Santa Ceia ela tomou os elementos e ofereceu primeiro para a Pachamama. Se abaixou e conversou com a terra. Amém! (E no Documento das Igrejas sobre a Terra, lideranças metodistas nos pediram para tirar as referências à Pachamama e ao axé... para não ferir a sensibilidade de alguns irmãos...).

Da outra vez, numa assembléia do Clai no Chile, numa conversa difícil sobre ecumenismo e macro-ecumenismo eu estava sendo massacrada pela ala conservadora e anti-católica que também assola o CLAI. Maria e dois companheiros me tomaram pelo braço e me levaram num canto. Disseram palavras afetuosas e incompreensíveis e me colocaram o lenço com as cores do arco-íris nos ombros. Ela me disse no ouvido. Agora você também é da religião dos nossos ancestrais. Amém!!

E seu posso escolher mais uma... quero Casimira Rodríguez Romero, a nova ministra da Justiça da Bolívia, é uma leiga metodista líder do movimento das empregadas domésticas. Ela era pentecostal... aí fizeram ela escolher entre o sindicato e a igreja: ela virou metodista. Quero CASIMIRA RODRGUEZ ROMERO pra bispa!

Não precisa ser homem, não precisa ser do clero... só precisa ser metodista, amar o mundo e seus pobres e ser fiel ao Evangelho!!

Nancy Cardoso Pereira
nacycp@uol.com.br

Concílio foi uma expressão do que é a Igreja Metodista hoje

Comecei a ficar por dentro do que ocorreu no Concílio somente hoje, pois estava de férias, isolado do mundo, sem telefone nem internet. No início pensei que se tratava de uma "pastoral" dos Bispos sobre ecumenismo. Depois, recebi mais algumas mensagens, em especial, do Cléber Paradela, de Salvador. Ele me colocou por dentro do que ocorrera no Concílio.

Não sei se grupos de debate resolvem o problema. Acredito que o que ocorreu no Concílio foi uma expressão do que é a Igreja Metodista hoje: uma igreja de maioria carismática, mas de um carismatismo medíocre, excludente e individualista. Não tem nada a ver com a Igreja na qual muitos/as de nós vivemos e militamos.

Por isso, penso em uma renovação que comece pela formação de nossos/as pastores/as. Para início de conversa, penso no pastorado como uma vocação cujo exercício tem a ver com a consciência de que o/a pastor/a estará servindo ao Reino de Deus, por meio das expressões da fé que professa. O/a pastor/a metodista precisa estar imbuído dos elementos que caracterizam o metodismo histórico: a certeza de que a graça de Deus é oferecida a todos/as, fé e obras de misericórdia, santificação, perfeição cristã, além de um conhecimento profundo da teologia wesleyana, conhecimento que possibilite transportá-la para o século 21 como expressão moderna da fé em Jesus Cristo, encarnado, morto e ressuscitado. Por isso, a Faculdade de Teologia precisava ser renovada para formar pastores/as com uma visão profunda da fé metodista e do mundo no qual vivemos; ao mesmo tempo, comprometidos/as com as expressões de fé exaradas nos documentos da Igreja, na certeza de que somos diferentes dos batistas, dos presbiterianos, dos adventistas, dos católicos, dos pentecostais, mas não os excluímos e, sim, os respeitamos como partícipes das hostes divinas que lutam para a construção do Reino de Deus, aqui e agora.

Somos diferentes. Quem sabe, nossa vocação como igreja não seja a de construirmos grandes templos e catedrais, ou de vermos nossos templos abarrotados de gente, mas de sermos fermento que faz crescer a massa dos que aceitam Jesus Cristo como Senhor e Salvador? Um fermento que tem como local prioritário de sua ação as expressões educativas, formais e informais, na escola e fora dela (na igreja), mas a educação. Quem sabe, quando Wesley chamava os metodistas de "pequeno povo chamado metodista", ele não estaria se referindo a isso?! Por isso, sua obsessão pela educação. A nossa grandeza pode estar em sermos pouco numerosos, mas com uma atuação robusta em favor do Reino de Deus.

Assim, a Faculdade de Teologia formaria pastores e pastoras para uma Igreja diferente, mas consciente da sua missão. Esses homens e essas mulheres não se deixariam levar pela facilidade de "conquistar almas" por meio do apelo à emoção alienante e não se deixariam levar pela tentação de serem imitadores (na maioria das vezes medíocres) dos "universais", Edir Macedo e R.R.Rodrigues, que atraem multidões com suas pregações emotivas e apelativas. Pastores e pastoras que pudessem ser também pedagogos e pedagogas, isto é, guias capazes de orientar o povo chamado metodista na direção da massa da qual ele seria o fermento a levedar o pão. Somente assim poderíamos atingir o alvo para o qual a nossa fé nos impulsiona: o aniquilamento dos sistemas injustos que excluem e aniquilam milhares de pessoas todos os dias, impedindo que o Reino de Deus se faça presente.

Sim, sou a favor de uma ruptura. Não penso que somos os donos da verdade. Mas não podemos, a título de uma falsa ação democrática, nos deixar dirigir pela posição de uma maioria inconsciente (do que é o metodismo) e alienada, que quer ser a expressão do metodismo brasileiro. Os 79 "cavaleiros húngaros" deste Concílio não têm o direito de se arvorar em donos da verdade eclesiástica.

Vou contar uma história verídica: quando estava na Inglaterra fazendo pesquisa para a minha tese, em abril de 1984, perguntei para historiadores, teólogos e pastores metodistas se Wesley tinha sido maçom. A resposta, pronta e seca: não. Mas, e o nome de Wesley no livro de registro dos iniciados da loja nº 38 da Irlanda? Ninguém sabia responder. Mandavam-me ler o que o Editor do Journal escrevera sobre o assunto. Em outubro do mesmo ano recebi do Secretário do Conselho Metodista do Conselho Mundial de Igrejas um exemplar do Jornal oficial da Igreja Metodista da Inglaterra, o Methodist Recorder, com uma matéria sobre uma decisão do Concílio da Igreja (que se realizara em julho/84), de proibir os metodistas ingleses de serem ao mesmo tempo maçons. Involuntariamente, eu havia mexido em uma ferida que estava fechada, mas não cicatrizada, há 200 anos. Em fevereiro de 1985, recebi alguns exemplares do mesmo jornal, dando conta do que havia acontecido depois disso. Os metodistas maçons reagiram e provocaram a realização de um Concílio Extraordinário.
Decisão final: os metodistas ingleses podiam ser também maçons. A reação da minoria foi sufocante e a Igreja metodista inglesa teve a sabedoria de voltar atrás na decisão conciliar.

É claro que muitos Bispos (inclusive de outras partes do mundo) se aliaram aos metodistas maçons ingleses na sua luta pela reversão da decisão, isso em nome da liberdade individual, tão festejada pelo liberalismo. Será que nossos Bispos, ou alguns deles, não têm poder de fogo para reagir? E os nossos/as teólogos/as, aceitam isso na santa paz, sem sequer uma reação contrária?

Estou indignado...

Desculpe pelo desabafo.

Um abração.

Peri Mesquida
Curitiba - PR
mesquida.peri@pucpr.br

Meditação Diária

28 de Julho

Marcos 14: 66-72 - Não conheço esse homem de quem falais…

Em Cesaréia de Filipe foi Pedro quem reconheceu Jesus como o Cristo. Evidenciou logo que o que ele sabia era uma concepção tradicional, partilhada por muitos. Seu conhecimento não tinha conteúdo real, e ele não se punha atrás do referido pronunciamento. Ao ensejo da Transfiguração, ele viu esse Cristo inundado de glória, e desejou ardentemente usufruir daquela glória, mas ignorava o verdadeiro significado da visão. Ele acabara de compartilhar a íntima refeição pascal, ocasião em que Cristo se associou com ele no pão e no vinho, e de prometer imorredora lealdade ao Senhor (26-31). Discípulo, missionário, membro líder da Igreja em embrião – e tudo isso relacionado somente com Jesus, único ponto de referência. Contudo, no momento do desafio ele negou o que todos sabiam – que era um dos companheiros de Jesus.

Judas de qualquer forma, não havia negado o seu relacionamento com Jesus. Procurou cortar com violência tal relacionamento. Pedro negou a existência de Jesus – traição bem maior que a de Judas. Essa é a tragédia das Igrejas e cristãos que não sabem avaliar a plena significação do fato de serem o Corpo de Cristo dado ao mundo. A despeito de sua negação, Pedro continuou sendo o líder dos discípulos.

Para Meditar: Tire um minuto para olhar para o céu. Pense a respeito da oração de Jesus em João 17:11-12 – "Pai santo, protege pelo poder do teu nome aqueles que me deste, a fim de que sejam um, como nós somos um".

Extraído: Leitura Cotidiana da Biblia - Edição Ecumênica - Conselho Mundial de Igrejas.
Contribuição de Maria e Rev. Robert Stephen Newnum - Maringá - Paraná

Deus Dividido

Christian Schwarz escreveu um pequeno livro com o título Nós diante da Trindade. Neste livro, ele aborda a questão da Trindade através dos princípios do crescimento da Igreja.

A sua abordagem segue a doutrina clássica de Deus como Pai, Filho e Espírito Santo, mas vai além e mostra três maneira diferentes que pessoas ou grupos podem experimentar Deus: como Criador, como Jesus e como Espírito.

Usando seus conceitos, podemos ver a correspondência com pessoas ou grupos que chamaremos de “ecumênicos”, “tradicionais” e “carismáticos”, delineando características dos três grupos.

Os ecumênicos experimentam Deus como revelação da criação e através de conceitos como “unidade cristã”, “criação”, “paz”, “justiça” e “política”. Eles se preocupam com temas como sensualidade, arte, liturgia e ciência.

Os tradicionais experimentam Deus através da revelação da salvação e da relação pessoal com Jesus. A sua ênfase está sobre o tema da “evangelização” e a sua preocupação maior é a salvação dos “perdidos”.

Os carismáticos experimentam Deus através da revelação pessoal do Espírito Santo. O tema maior é o “poder do Espírito Santo” na vida diária. A sua preocupação é com os dons do Espírito Santo.

Mas, o que isso tem a ver com o tema proposto de Deus dividido? Como a Trindade tem relevância para esses grupos, para o crescimento da Igreja e para nós cristãos/ãs?

Na realidade, todas essas três maneiras de experimentar Deus são parciais e incompletas. Uma visão de Deus necessita levar em conta que Deus somente pode ser entendido, para nós cristãos/ãs, através da Trindade.

Quando um aspecto é elevado acima dos outros, uma visão distorcida surge. Deus não é dividido! Deus é Pai, Filho e Espírito Santo!

O ideal seria que houvesse equilíbrio de entendimento que abraçasse todos esses vários aspectos da Trindade. Porém, a realidade é outra, cada pessoa ou grupo tende a enfatizar um aspecto sobre os outros.

Schwarz enfatiza que o crescimento da Igreja depende de uma visão equilibrada em que Deus é entendido como triúno, mas não tripartido. Enxergando por um outro ângulo, as pessoas experimentam Deus sob a influência de um dos elementos da Trindade que mais as tocam incondicionalmente nas suas experiências de fé.

Nisso, o crescimento da Igreja é ameaçado quando um grupo isola Deus a um só aspecto, lutando contra outros entendimentos, resultando num Deus dividido. Neste caso, não podemos falar mais de Deus, mas somente de Deus dividido.

O que a Igreja precisa é exatamente a contribuição que cada entendimento traz. Se o indivíduo ou o grupo não consegue abraçar todos os aspectos de maneira plena, deve agradecer os outros indivíduos ou grupos que lhe lembram a importância fundamental do Deus triúno, unindo as forças para celebrar o Deus não-dividido.

Robert Stephen Newnum
Pastor, Filósofo e Teólogo Metodista
Doutor em Ciências da Religião
Professor no Cesumar e no Cemetre em Maringá (Sexta Região)

Como todo genuíno Metodista estou atônita!

Sou filha de pastor Metodista, ex-presidente de federação de jovens, ex-dirigente de confederação de jovens, CONIC, já trabalhei em várias Instituições católicas como educadora, hoje trabalho em uma grande instituição Metodista. Já estou com saudade daquele tempo que passou, quando eu era tudo isto aí em cima em uma igreja Ecumênica e feliz!!! Acho que as coisas estão ficando cada vez mais irreconhecíveis.

E um grupo específico, orquestrado por uma região eclesiástica no Brasil tem direito de me fazer sentir assim?? Setenta e nove pessoas podem decidir por mim e por outras milhares de metodistas??

Fiquei ainda mais triste quando recebi um bilhete de um amigo (que eu amo muito) conciliar da 1ª RE contando de sua alegria por ter participado desta retirada de nossa igreja do Ecumenismo. Que pena. Parece que as pessoas estão confusas sobre a verdade do metodismo, sobre a liberdade, a tolerância, o respeito e a disposição em aprender com as diferenças...

Li os textos já publicados e acho desnecessário repetir grandes verdades já ditas sobre o ecumenismo e a posição Metodista Wesleyana sobre o assunto. Li com tristeza os comentários do novo bispo da 5ª região, onde ele cita a minha região eclesiástica (4ª) dizendo que perdemos muitos membros nos últimos meses, mas parece que ele não foi informado que a maioria destes que saíram o fizeram por desejar mais poder, e por não suportar conviver com as diferentes correntes do pensamento (ditadura ??), ao contrário de nós que aceitamos até extremados pentecostais dirigindo a igreja. Temos exemplos pastorais (poucos) que saíram também e fundaram suas renovadas e carismáticas igrejas distantes do ecumenismo, e que já brigaram, racharam, fecharam (e estão dando um jeito de voltar)... E a culpa do não crescimento da nossa igreja é do ecumenismo?? Difícil entender.

Temos assistido com pesar o povo Judeu se degladiando com os Libaneses para manter a soberania territorial baseada nas crenças religiosas e pessoas inocentes morrendo. E tantos outros fundamentalistas têm nos brindado com a defesa radical da soberania de seus grupos. Precisamos prestar mais atenção a isto tudo.

Mas, vejo coisas positivas. Temos um ótimo motivo para nos mobilizarmos e retomarmos a escrita desta história. Já tem muita gente interessante participando. Pode ser um bom recomeço.

Profa. Márcia Nogueira Amorim
Bióloga – Mestre em Epidemiologia

27 julho, 2006

Um ponto de vista jurídico da decisão do 18º Concílio sobre o Ecumenismo

Por: Lair Gomes de Oliveira

A discussão sobre a presença da Igreja Metodista em reuniões ecumênicas ainda deve gerar muita discussão nos próximos meses. Diversos amigos e amigas têm escrito a respeito de suas posições e imaginei que também poderia contribuir com meu ponto de vista. Certamente a questão tem diversos modos com os quais podemos nos aproximar para, não apenas entender, mas também expor nossas opiniões e finalmente aderir a uma posição. Gostaria de tratar sob o ponto de vista do Direito, mais especificamente de nosso direito canônico. Não será difícil chegar a conclusão de que a posição tomada fere nossos dispositivos canônicos, ainda que a defesa do movimento ecumênico não seja alvo explícito, exceto quando se detém a tratar, no Plano Para a Vida e Missão da Igreja, exatamente da área de promoção da unidade cristã. Mas, não nos adiantemos. Façamos o caminho correto seguindo a hierarquia das normas.

A vigência dos Cânones da Igreja Metodista, sua versão atualizada, data de 1º de janeiro de 2002. Isto é importante para reconhecer que a realização do 18º Concílio deu-se dentro do ambiente da legislação aprovada no 17º Concílio. Pois bem, lê-se no “Sumário” dos Cânones que o texto que vem a seguir ao da “Proclamação da Autonomia da Igreja Metodista” é o da CONSTITUIÇÃO DA IGREJA METODISTA que já afirma no seu primeiro artigo que a Igreja Metodista no Brasil constituiu-se de forma autônoma como “ramo da Igreja Universal de Jesus Cristo, continuação do Metodismo, movimento iniciado na Inglaterra por João Wesley, no século XVIII”.

Ora, a referência clara ao Metodismo mundial e ao movimento wesleyano do sec XVIII, já obriga a qualquer que queira tornar- se adepto do metodismo, a reportar-se aos contornos do ambiente do surgimento original do metodismo.

No artigo 4º lemos que a Igreja Metodista adota os princípios de fé aceitos pelo Metodismo Universal. Seria de perguntar nesse momento, quais são os princípios de fé aceitos pelo Metodismo no mundo. A resposta para esta pergunta deve ser dada com atenção, por exemplo, ao Concílio Mundial Metodista que ocorre na Coréianeste mês de julho. Vem de lá os princípios para os quais temos que nos referendar. A resposta, porém, não permite vacilos. O artigo deve ser interpretado como regra geral. Isto é, não permite a possibilidade de fazermos adesões a partes do que for decidido como princípios do metodismo universal. Nossa adesão é completa.
Mas a lei canônica não para aí. Os dois parágrafos deste mesmo artigo completam que “a tradição doutrinária metodista orienta-se pelo Credo Apostólico, pelos Vinte e Cinco Artigos de Religião do Metodismo histórico e pelos Sermões de Wesley e suas Notas sobre o Novo Testamento.” Neste ponto gostaria de desafiar os irmãos e as irmãs que lidam com a história do metodismo para nos dizerem acerca da importância desta afirmação para nossa doutrina, principalmente no que diz respeito a nossas relações com os irmãos católicos da Igreja Romana.
São com estas observações iniciais que chegamos a ler no Art. 11 sobre as “Restrições do Concílio Geral” que passo a transcrever:

Art.11 – O Concílio Geral não pode:

1 – Rejeitar o Credo Apostólico e os Vinte e Cinco Artigos de Religião.
2 – Adotar doutrinas que contrariem os princípios de fé aceitos pela Igreja Metodista.
3 – Contrariar os princípios das Regras Gerais estabelecidas por João Wesley. Parágrafo Único – O Concílio não se sujeita às restrições acima quando há recomendação dos concílios regionais por dois terços, no mínimo, da totalidade dos votos apurados em todos eles e confirmação do Concílio Geral imediato, por dois terços dos votos apurados; ou recomendação do Concílio Geral, por dois terços dos votos apurados e confirmação dos concílios regionais por dois terços, no mínimo, da totalidade dos votos apurados em todos eles.

Quando escrevi, reagindo ao comentário proposto pelo Rev Luis, no correio eletrônico que motivou o início deste debate acerca da questão do ecumenismo, ponderei que a Igreja Metodista deveria ter mais cuidado com suas doutrinas, cercando-as tal como as “cláusulas pétreas” do Direito Constitucional brasileiro, já que parte da sua constituição enquanto Igreja, ou pelo menos, que tornasse mais difícil a possibilidade de sua alteração. A verdade é que, não havia ainda me detido com atenção ao texto dos nossos Cânones, onde agora descubro que estes cuidados existem e são bastante claros.

Como se não bastasse a limitação do Art. 11, temos ainda o Art. 20 onde a lei normatiza o meio pelo qual os artigos que compõem a Constituição da Igreja podem ser reformados. São dois terços do plenário do Concílio Geral!

Mas a questão é: como provar que os princípios de fé do metodismo universal e as doutrinas da Igreja Metodista incluem a questão ecumênica?

Precisaremos fazer um novo caminho e que explica, em parte, por que a questão do ecumenismo é tão visceral para o metodismo. Na “Parte Geral” dos Cânones temos “Dos Elementos Básicos da Igreja Metodista”. São elementos básicos:

“1. Doutrinas do Metodismo
2. Costumes do Metodismo
3. Credo Social 4.Normas do Ritual
5. Plano para a Vida e a Missão
6. Diretrizes para a Educação
7. Plano Diretor Missionário”.

E continua o texto Cânonico no parágrafo único do Art. 1º da Parte Geral: “Em nenhuma circunstância, qualquer igreja local, órgãos ou instituições podem planejar, decidir ou executar, ou ainda, posicionar-se contra elementos indicados neste artigo, porque deles decorre a característica metodista.”

A importância deste artigo pode ser compreendida pela organização da norma nos Cânones logo após este artigo. Os Cânones passarão a normatizar cada item desta Parte Geral. Isto significa dizer que, nenhum ponto dos Capítulos I a VII dos Cânones pode ser alterado sem o quórum instituído pelo Art.20, lembrando que o próprio art.20 observa as restrições impostas pelo Art. 11, que dizem respeito a rejeição do Credo Apostólico, dos Vinte e Cinco Artigos de Religião, dos princípios de fé aceitos pela Igreja Metodista, que são os mesmo do metodismo universal, e a contrariar os princípios das regras gerais estabelecidas por João Wesley.

Estamos dentro do núcleo de fé do metodismo e portanto os Cânones tornam bastante difíceis alterações desta parte.

E aqui surge a resposta para o nosso problema. Tanto no Credo Social, quanto no Plano Para a Vida e Missão da Igreja encontramos fundamentos que oferecem argumentos para afirmarmos que a decisão sobre o ecumenismo no 18º Concílio são INCONSTITUCIONAIS, porque ferem o Art 20 dos Cânones.

Qual o quórum que aprovou a decisão sobre o ecumenismo no Concílio? Representou dois terços do Concílio? Pior se considerarmos que a questão do ecumenismo tem a ver com o metodismo universal. Seriam necessários dois terços de aprovação dos concílios regionais e Concílio Geral ou vice-e-versa.

A letra “G”, do Plano para as áreas de vida e trabalho do Plano Para a Vida e Missão da Igreja traz com detalhes a maneira como a Igreja Metodista deve se comportar em relação ao tema do ecumenismo. Especialmente, nos “meios de atuação”, o item 4.5, complementado pelo caput diz: A Igreja Metodista cumpre sua missão na área de Unidade Cristã, usando os seguintes meios: participação em organizações cristãs nacionais, continentais e mundiais, visando a uma ação profética comum;

Concluo, voltando a afirmar que tenho clareza para considerar a norma canônica da Igreja Metodista ferida com a decisão do 18º Concílio Geral. Qualquer membro leigo ou clérigo que ousasse interpor recurso contra a decisão teria facilidade para argumentar o que acabei de expor com mais riqueza ainda.

Não há como nos mantermos passivos diante de tal desrespeito ao metodismo.

Lair Gomes de Oliveira
Teólogo, Sociólogo e Bacharel em Direito
Mestre em Ciências da Religião
Agente de Pastoral - UNIMEP
lgolivei@unimep.br

Concílio Geral - a mudança que não houve

Por: Fábio Martellozo Mendes

Entra no elevador. O ascensorista pergunta: “Qual andar?” O sujeito responde: “Tanto faz, já estou no prédio errado mesmo.”

Campanha eleitoral. Todos os candidatos falam em mudança, inclusive o candidato que representava o governo de então. Mudança de rumos da política econômica, mudança do ritmo de crescimento econômico, mudança na relação entre Planalto e Congresso, mudança de prioridades governamentais, com maior ênfase no bem estar social e menor ênfase no aspecto financeiro e institucional. Falava-se muito, mas o que vemos hoje nos dá a real noção da possibilidade de mudanças: nenhuma.

Como mudar a relação Planalto-Congresso sem mudar as regras políticas, a representatividade dos Estados, sem mudar a possibilidade de governança e o papel do congresso e do presidente num regime presidencialista? Como mudar a política de juros e a relação com as instituições financeiras sem mudar a dependência da economia ao capital especulativo e com todas as candidaturas financiadas pelos bancos?

A “ilusão da mudança”, agora explorada inclusive por partidos que até então faziam parte da base governista, também foi explorada neste 18o Concílio Geral da Igreja Metodista.

Nos últimos anos, através dos meios de comunicação extra-oficiais, de emails, encontros de grupos societários, evangelísticos e avivalistas, a mudança de rumos da Igreja Metodista foi o mais alardeado evento a acontecer no Concílio Geral.

Mudanças! Grandes mudanças! A Igreja Metodista iria deixar seus quase cento e cinqüenta anos de estagnação e se tornar uma igreja amante do evangelismo, lançando-se na pesca de almas com vigor jamais visto! A Faculdade de Teologia iria deixar de ser um centro de liberalismo teológico, agnosticismo e socialismo e passaria a ser uma fábrica de profetas, de onde o jovem empolgado sairia um verdadeiro apóstolo, pescador de almas, zeloso de suas ovelhas, ao invés de um cético que lança dúvidas sobre seu próprio rebanho! Os bispos e sds deixariam de ser os meros politiqueiros que passam quatro anos apenas costurando a base de apoio para sua própria reeleição tornando-se, sim, verdadeiros pastores de pastores, nutrizes do ardor missionário de seus colegas presbíteros, que agiriam a partir de então com renovado vigor e cuidado por seu rebanho!

Podemos esperar isso da nossa Igreja Metodista após o Concílio Geral de 2006?

Eu creio que não.

Creio que não, não porque os bispos eleitos careçam de carisma episcopal, não porque os presbíteros não se esforcem para cumprir suas funções, não porque os leigos não se empenhem no crescimento da Igreja Metodista. Creio, sim, que as mudanças não acontecerão principalmente porque não houve vontade política para que qualquer mudança relevante acontecesse. E isso pode ser atribuído tanto aos atuais detentores das funções episcopais, das secretarias nacionais, aos coordenadores de áreas, aos integrantes dos grupos de trabalho, às instituições ‑ quanto aos postulantes a esses mesmos cargos e que agora, em parte a eles ascendem.

Se quisermos mudanças de rumos, em primeiro lugar, precisamos saber qual Igreja Metodista queremos, quais os objetivos a serem atingidos, qual a eclesiologia da Igreja Metodista, como será a relação da Igreja Metodista frente aos novos movimentos religiosos, quais os parâmetros litúrgicos, teológicos e doutrinários da Igreja Metodista, quais os limites da diversidade sem risco de perdermos a identidade denominacional. Se quisermos bispos que sejam pastores e não burocratas eclesiásticos, precisamos determinar qual o papel do bispo, qual o papel da COGEAM, quais os limites de atuação do Colégio Episcopal e da COGEAM. Se quisermos mudar a formação ministerial e a gestão da educação teológica da nossa igreja, precisamos saber qual o modelo de formação ministerial e de educação teológica que precisamos para atingir nossos objetivos pastorais e missionários.

Mas outra vez a ordem de discussão foi equivocada. Ao invés de definirmos os parâmetros e então elegermos bispos cônscios de seus papéis, toda a discussão girou primordialmente em torno dos nomes e uma verdadeira batalha política foi travada para ver qual partido abocanharia mais cargos.

O grupo que se apropriou do slogan da mudança articulou em torno de seus nomes uma rede de apoio e batalhou pela sua eleição. O grupo que atualmente ocupa as funções diretivas da igreja articulou uma base de votos para manter suas funções e também partiu para a luta. E ambos os grupos se lançaram à caça dos votos muitas vezes, inclusive, em franco desrespeito à vontade dos Concílios Regionais que os elegeram e a despeito da vontade das bancadas regionais que representam. Ao fim e ao cabo, os grupos que advogavam pela mudança e tanto criticavam a postura política e burocrática dos detentores das funções diretiva, articularam-se usando os mesmos recursos que até então repudiavam. Mudam-se os nomes, mantém se os métodos. Alguma semelhança com 2002?

Após terem garantido as “boquinhas”, a grande luta se travará em torno de questões secundárias ou supérfluas. Ecumenismo. Se a Igreja Metodista sair do CONIC e do CLAI haverá alguma grande mudança de atuação evangelística e missionária da igreja? Ou será que o clero e laicato metodistas continuarão a ter a mesma atuação e postura frente à Igreja Católica Romana, quer favorável, quer contrária? Se a Igreja Metodista tomar uma postura mais dura em relação à maçonaria, será que aquela meia dúzia de pastores maçons e uma dúzia de leigos maçons deixarão de ser maçons? Será que isso é a grande mudança que foi alardeada nos espaços pré-conciliares?

Para sermos justos não podemos deixar de louvar decisões tomadas no Concílio Geral. Por exemplo, a criação do curso de pós-graduação em música sacra, a criação de um departamento nacional de música e artes e a mudança de status dos Campos Missionários da Amazônia para Região Missionária da Amazônia, com vistas a estimular a missão integral da igreja.

Mas não podemos deixar de lamentar os fatos que geraram o apelo da bispa Marisa Coutinho, pedindo apoio integral para a REMNE, conclamando a Igreja Metodista a adotar de forma enfática a obra missionária no Nordeste e no Norte do Brasil. O congelamento das cotas orçamentárias para a REMNE mais uma vez mostra que a expansão missionária no Norte e Nordeste brasileiro ainda não é prioridade para a Igreja Metodista, como já havia detectado o bispo Paulo Mattos em artigo escrito ao “Mosaico – Apoio Pastoral”. Não por acaso foi o bispo Paulo Mattos o primeiro bispo da REMNE.

Na verdade, a grande chance de mudança da Igreja Metodista se dará na área administrativa. Existe a real possibilidade de operarmos numa estrutura mais “enxuta”, menos onerosa e, conseqüentemente, de termos mais recursos destinados à missão. Mas é muito pouco isso, não?

Afinal, tanto se falou e tanta expectativa se criou em torno de uma mudança radical e positiva na vida da igreja. Tanto se articulou com nomes clérigos e leigos de diversas regiões eclesiásticas em torno de um compromisso pela eleição de oito “bispos pastores”, não ligados às teologias da libertação, ao academicismo liberalizante, à burocracia institucional ou ao ecumenismo com a Igreja Católica Romana.

Tanto se falou do resgate de um metodismo mais wesleyano, da adoção de práticas eclesiásticas mais afinadas com nossas raízes e tradições.

O irônico nisso tudo é que o grupo que advogava esse resgate wesleyano é apoiado por igrejas, pastores e delegados que, quando não responsáveis em omissão pelo abandono de práticas litúrgicas ligadas à nossa tradição metodista e protestante, como o batismo infantil e por aspersão, são responsáveis em comissão pela introdução de práticas litúrgicas estranhas à nossa tradição wesleyana, tais como grupos celulares G-12, atos proféticos e outras novidades neopentecostalistas.

O que tivemos, enfim? Pouco, muito pouco além da luta pelas “boquinhas”.

Esqueceram-se os conciliares que o bispo é um pastor de toda a igreja, não o representante de uma corrente teológica ou de um estilo litúrgico que visa a romper com os anos de estagnação. Mais uma vez teremos fortalecida, na nossa Igreja, a visão de que a conexionalidade não passa de uma ilusão, teremos fortalecida a postura de que o que vale é a vida da igreja local, praticando um congregacionalismo branco, a despeito da vontade ou da orientação e, por vezes, sequer da existência do bispo.

Se queríamos mudança, deveríamos ter trabalhado e lutado por atingi-la, não reduzindo este 18o Concílio Geral da Igreja Metodista a mais uma briga pelas “boquinhas”.

Resolvidas as “boquinhas”, bem... aí, tanto faz, já estamos no prédio errado mesmo.

Que Deus proteja os integrantes do Colégio Episcopal dos mesmos procedimentos que foram utilizados para garanti-los como membros do colégio episcopal.

Fábio Martellozo Mendes
3a Região Eclesiástica

26 julho, 2006

Meditação diária

27 de julho

Marcos 14: 32-42 - Vigiai e orai para que não entreis em tentação...

O nosso mundo com suas rápidas transformações, seus cataclismas, sua convulsões humanas, requer que o povo de Deus esteja sempe alerta, atento, não entorpecido pelo medo ou indiferença. Deve conservar-se vigilantes. Mas o teste dessa mais ampla vigilância é reconhecermos em todos esses eventos a figura do nosso senhor caminhando entre as forças das trevas e compartilharmos sua agonia.

Nessa comovente história, Pedro, Tiago e João, os três que estavam com Jesus desde o princípio, que haviam reconhecido nele o Messias, que tinham sido testemunhas da sua transfiguração como filho do pai eterno, são agora chamados a participar de sua luta com o Pai, à véspera de sua paixão. E eles não puderam. Seus corações sem capacidade para discernir, sua fome de privilégios e glória, os tornaram vencidos pelo sono. Com a mente seguiam Jesus, mas seu ser total trilhava outro caminho - não o caminho do getsêmani ao Gólgota. Somente em oração perseverante a Igreja pode enfrentar o teste da missão como povo de Deus.

Oração
Senhor, tu não te negastes a sofrer por amor ao mundo. Tu nos pedes que participemos do teu sofrimento, e nós caimos no sono. Não podemos confiar em nós mesmos, mas oramos no sentido de que não te desapontemos.

Momento de reflexão: Ouça uma música que goste e reflita sobre a mensagem do texto.

Extraído: Leitura Cotidiana da Biblia - Edição Ecumênica - Conselho Mundial de Igrejas.
Contribuição de Maria e Rev. Robert Stephen Newnum - Maringá - Paraná

Meditação diária

O Blog Metodista & Ecumênico passará a publicar meditações diárias, elaboradas por seus colaboradores, para o cultivo da nossa espiritualidade e reflexão. Na primeira semana, de 27 a 30/07 estarão responsáveis por esse espaço, Steve e Maria Newnum

27 de julho

Marcos 14- 12-25 - Tomai; isto é o meu corpo...

Simão, hanseniano, e a mulher mostraram hospitalidade a Jesus. Agora Ele é que é hospedeiro dos seus espantados discípulos, incluindo o traidor.

Ele é simultaneamente a Páscoa e o Êxodo. O pão que oferece a eles e a multidão é ele mesmo, nada menos, pois "o dom sem o doador é vazio". O sangue da aliança com Israel não se limita mais a um povo, mas ele é oferecido por muitos, para quantos entrarem nesta nova comunidade de vida extrovertida e abundante. É disso que trata o Reino de Deus.

Sobretudo, a confusão, a incerteza, o medo,ó ódio, a traição - reações do homem, invariavelmente, diante de tal amor - com tudo isso contrasta o ato de Cristo de abençoar e de render graças. Somente aqueles que podem dar graças pelo dom e chamado de Deus, e podem invocar sua benção, sua lentadora presença, somente esses podem compartilhar sua missão sacrificial e reconhecer qua a mesa é do senhor, não deles, à disposição de todos os homens e mulheres.

Para pensar:
Quando aprendemos a dizer a Deus e ao nosso próximo: "Meu corpo e sangue são para ti", então seremos realmente parte do povo de Deus, do povo missionário do pacto.

Extraído; Leitura cotidiana da Biblia - Edição ecumênica
Contribuição de Maria e Rev. Robert Stephen Newnum - Maringá - Paraná

O metodismo no mundo, ecumênico por vocação original

Irmãs e irmãos

A partir de minhas observações sobre as decisões dos concílios da Igreja, sobretudo os metodistas brasileiros, sempre afirmei que, se na história, a sabedoria da decisão, ou mais ainda, a confirmação divina da decisão está na direta dependência de resultados igualmente históricos, então há que se tratar tais decisões com "temor e tremor". De fato um concílio eclesiástico é momento teológico, momento de epifania da presença de Deus em vasos de barro. Por outro lado, os resultados destes concílios revelam muito da presunção humana de que, ali, por nossa decisão, continuamos a revelação de Deus, decidimos por Deus, somos "eleitos" por Deus. Pois muitas das decisões não suportam o peso da realidade. Se aprendi a me aproximar com reverência de um "momento conciliar", aprendi, também, a não conseguir reconhecer em decisões ou eleições resposta humana à vontade de Deus. Quantos bispos tiveram episcopados "fracassados" em termos de contribuição aos avanços efetivos da comunidade eclesial em nosso país? Nossa história metodista brasileira possui mais do que gostaria de admitir. O mesmo vale para decisões, em todos os níveis, inclusive a que congela a congtribuição das regiões à região missionária do nordeste, que efetivamente não teve condições e tempo para amadurecer seu projeto missionário. Uma região nunca é auto suficiente com menos de dez mil membros. Onde a solidariedade no corpo de Cristo?

Creio que os relatos do bispo Paulo Ayres dão conta de nossos equívocos eclesiais. O metodismo no mundo, por vocação original, se relaciona à grande causa ecumênica e envida esforços concretos, pacientes e perseverantes para fazer avançar a causa da unidade. A carta a um católico ronamo, redivulgada pelo Sérgio Marcus é outro fundamento que cai sobre nós como juízo de Deus sobre nossa presunção. Como desenvolver projeto missionário de expansão numérica, necessária e desejável, se não fomos capazes de fazê-lo acompanhar de uma catequese que introduza os novos membros à rica tradição wesleyana, sua espiritualidade aberta à família de Pai, no mundo? Se negamos comunhão com os católicos, como nos relacionamos com a maioria não cristã no mundo, muçulmanos, budistas, hindus? Onde está nosso coração misericordioso? Quais as fornteiras de nossa espiritualidade?

São as questões que me afligem, mais uma vez, após um concílio geral. Isto afeta minha espiritualidade wesleyana, meu compromisso com o metodismo? De modo nehum. Mas me sinto amputado em muito da espiritualidade que anima meu viver.

Ely Eser Barreto Cesar

Botando Alguns Pingos nos “IS” Acerca do Ecumenismo

Por: Ronan Boechat de Amorim

Em um momento tenso e numa discussão acirrada, o último Concílio Geral da Igreja Metodista, encerrado no último domingo, lamentavelmente decidiu por 79 votos contra 50 (e 4 abstenções), que a Igreja Metodista, que doutrinariamente é uma igreja ecumênica, vai se retirar de todos os órgãos ecumênicos dos quais faça parte a Igreja Católica.

O alcance da proposta aprovada ainda não está clara para mim, mas pelo que estou compreendendo, entre esses órgãos estão o CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs), cujo presidente atualmente é o Bispo Metodista Adriel Maia; o CLAI (Conselho Latino-Americano de Igrejas), fundado pelo Bispo Metodista Sante Uberto Barbieri; o CMI (Conselho Mundial de Igrejas); o CESE (Coordenadoria Ecumênica de Serviço), que hoje dá recursos para diversos projetos metodistas com crianças, adolescentes e mulheres pobres.

Esses órgãos são órgãos e fóruns de diálogo, reflexão, oração e camaradagem entre as igrejas cristãs. Mas também são órgãos e fóruns de anúncio e testemunho do Evangelho tal qual cremos como metodistas.

O ecumenismo não é:

1) juntar igrejas diferentes numa só (no caso, os evangélicos voltarem para a igreja católica);
2) submeter hierarquicamente igrejas diferentes à direção e controle de uma outra qualquer;;
3) tentar uniformizar doutrinas, costumes, organização e tradições;
4) aceitar passivamente a fé e as doutrinas que os outros grupos religiosos cristãos têm, inclusive aqueles pontos com os quais discordamos enfaticamente e que até nos fazem sentir desconfortáveis, e fazer de conta que está tudo bem;
5) deixar de evangelizar;
6) o que pentecostais e até mesmo alguns católicos dizem que é ecumenismo, ou seja, as coisas acima descritas.

O ecumenismo é:

1) reconhecer nossas diferenças (algumas delas tão enormes, que jamais serão superadas nessa vida) e mesmo assim sermos capazes, para a honra e glória de Deus, de nos respeitarmos mutuamente e vivermos em paz;
2) procurar, à luz do bom senso, da oração e da Palavra de Deus, um relacionamento fraterno entre igrejas, grupos e pessoas diferentes que aceitam dialogar respeitosamente sobre suas diferenças, e construindo sempre que possível, pontes de entendimento, solidariedade, serviços em prol da vida e da justiça e até a grande utopia da unidade (não uniformidade!) cristã;
3) dialogar com quem é diferente, mas sem esquecer a tarefa de afirmar nossa fé e dar o nosso testemunho tal como cremos. É isso o que está na Pastoral sobre Ecumenismo, lançada recentemente pelos Bispos da nossa Igreja.

Nosso irmão João Wesley Dornellas, em seu artigo “Linha de Esplendor sem Fim tem fim melancólico”, relembra: “…João Wesley, por ensaios, artigos, cartas e sermões, tem sido o precursor da atitude ecumênica. Como dizia o bispo Mack B. Stokes, em seu livro “as crenças fundamentais dos metodistas”, diz que “nós, metodistas, temos orgulho de nossa herança. E acreditamos que a melhor contribuição que podemos dar ao movimento ecumênico é levá-lo a uma profunda apreciação de nossa própria identidade. Ao mesmo tempo, desejamos, sinceramente trabalhar cooperativamente e criativamente na direção de uma maior unidade de espírito, organização e liderança entre todos os cristãos. Wesley insistia no ´espírito católico´. Seu sermão sobre esse assunto contém algumas das melhores observações sobre a tolerância em toda a literatura cristã. O espírito ecumênico pode começar com a tolerância – no sentido total da palavra – mas vai além disso na busca da concordância e da unidade sempre que possível”.

João Wesley Dornellas relembra também que “os metodistas estiveram sempre na frente de movimentos ecumênicos. O moderno ecumenismo começou com a Conferência de Edimburgo em 1910 e teve maior ênfase na Fundação do Conselho Mundial de Igrejas, idéia e sonho de um leigo metodista, J. R. Mott, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1946. Depois do Concílio Vaticano II, uma idéia do Papa João XXIII, tiveram início em 1966 os diálogos católicos-metodistas, do nosso lado pelo Concílio Mundial do Metodismo e, do lado católico, pela Secretaria para a Promoção da Unidade Cristã. Essas conversações têm sido mantidas ano após ano. O Concílio Mundial Metodista tem se reunido pessoalmente com todos os papas que vieram depois.”

Nós metodistas não somos católicos, não aceitamos a veneração aos santos, a centralidade e a infabilidade do Papa, a celebração de missas para ajudar quem já morreu, etc, mas nós somos amigos dos católicos, respeitamos os católicos e sua fé, como já dito, mesmo não concordando com parte delas. E isso serve para a relação dos metodistas, por exemplo, com os Batistas (que desprezam o batismo por aspersão feito na Igreja metodista e que exigem que os metodistas sejam batizados de novo, para serem batistas). Em alguns lugares, por desconsiderarem os metodistas, os Batistas nem comungam o Corpo e o Sangue de Cristo com os Metodistas. Recusam-se terminantemente a servir e/ou a tomar Ceia com os metodistas. Mas não é por isso que nós desprezamos ou não somos amigos ou não desejamos comungar com os Batistas que nos desprezam.

E isso serve também para alguns grupos pentecostais. Sobretudo os que chamamos de “neo-pentecostais” ou “pentecostais da cura divina”. Somos amigos e desejamos estar em comunhão, por exemplo, até mesmo com os crentes da Igreja Universal da Graça de Deus, igreja essa que só fala de bênçãos materiais (cura divina e prosperidade financeira), que vende ou promove a fé em objetos mágicos (a mesma fé em amuletos que a igreja católica promovia antes da Reforma Protestante de 1517) e apregoa que tudo de ruim na vida tão somente é obra dos demônios (e as pessoas nunca têm culpa, nunca pecam, mas precisam fazer corrente!). É ainda uma igreja que ambiciona o poder político temporal (tem até um partido político, o PRB), não anuncia a Jesus como Senhor e Salvador, não fala na existência do pecado nem alerta que é o pecado faz separação entre nós e nosso Deus (Is 59:2), que não fala da exigência bíblica de conversão e santificação sem a qual ninguém verá ao Senhor (Hb 12:14).

Bem, eu não sou católico, não sou batista, não sou da Universal do Reino de Deus, não sou luterano, não sou anglicano, não sou adventista. Eu sou metodista. E na condição de metodista não sou melhor e nem sou pior que nenhum outro cristão, eu sou ecumênico, ou seja, sou alguém que não tem medo de conversar, conviver e ser amigo de pessoas e grupos cristãos que são diferentes de mim e têm fé e doutrinas diferentes das quais eu creio. Mesmo que essas igrejas e pessoas não sejam ecumênicas.

Eu não sou juiz que separa o joio do trigo nem aparta os cabritos das ovelhas. Eu sou um cristão metodista, e isso significa que fui chamado a amar a Deus sobre todas as coisas, a buscar de forma constante e coerente a unidade (não a uniformidade!) do povo de Deus, a amar e dialogar com os diferentes de mim e a anunciar o evangelho de Jesus a tempo e for a de tempo, mas não por força nem por violência, mas no poder do Espírito Santo. Tenho certeza que vou encontrar no Céu muitos católicos, batistas, adventistas, assembleianos, metodistas, crentes da Deus é Amor, da Igreja da Graça e da Universal também. Porque o que salva não é Igreja nem doutrina de Igreja, mas tão somente o Senhor Jesus.

Na verdade, não há católicos, batistas, adventistas, assembleianos, metodistas bem como, crentes da Deus é Amor, da Igreja da Graça e da Universal e nem de igreja nenhuma. Fui lembrado por um amigo de um sonho de Wesley. Ele sonhou que estava dirigindo-se ao Céu, e lá perguntou pelos metodistas, recebendo a resposta fria de que não havia metodistas no Céu. Perguntando mais sobre as outras denominações protestantes, recebeu a mesma resposta. Já desesperado, tomou coragem e perguntou, um tanto amedrontado, se havia católicos no Céu. Ante a resposta de que igualmente não havia católicos no Céu, Wesley, ainda atônito, indaga: "Então quem é que está aí dentro". A resposta foi clara: "pecadores salvos pelo sangue de Jesus derramado na cruz”. Ou seja, para João Wesley, tirando a Graça de Deus revelada em Cristo, que é para todos, o nome da igreja não interessa. Depois de me contar esse episódio, meu amigo afirmou: “Até dormindo Wesley nunca deixou de ser ecumênico!”

Sou metodista e sou ecumênico e não há lei humana ou de Igreja que seja capaz de mudar isso em minha vida. Sou ecumênico por força de consciência, mas sobretudo por obra e poder do Espírito Santo em minha vida.

A decisão anti-ecumênica tomada no último Concílio Geral, é na verdade uma decisão anti-católica, pois deseja nos separar dos católicos, e permite que continuemos amigos dos demais, até por vezes copiando as ênfases, fórmulas da pregação e culto neo-pentecostais, um caminho rápido para o crescimento numérico da Igreja e para o aumento da arrecadação financeira da Igreja, ou seja, sucesso e poder político eclesiástico.

Não duvido que os milhares de crentes da Batista, Adventista, Igreja Universal do Reino de Deus, etc… acreditem que o jeito como se organizam e a pregação que fazem é sinceramente o melhor. Mesmo que para uns signifique desprezar metodistas e os demais diferentes, e que para outros signifique dispensar a centralidade da graça de Deus que não pode ser comprada e a pessoa de Jesus como único e suficiente Salvador. Não duvido que os 79 delegados que votaram contra o ecumenismo no 18º Concílio Geral de fato acreditem sinceramente nessa opção. Não acredito em dolo, mas sim em preconceito, em ignorância e falta de conhecimento histórico e doutrinário do metodismo.

E não é o ecumenismo que tira a nossa identidade, mas justamente os preconceitos e falta de conhecimento que nos levam a agir de modo contrário ao que temos sido ao longo de 250 anos.

Eu não acredito, mas suponhamos que só houvesse as duas alternativas abaixo para crescimento e qualidade da Igreja: eu prefiro um metodismo com 50 mil crentes “protestantes” que sejam de fato sal da terra e luz do mundo, do que 5 milhões de “evangélicos” insípidos, que não fazem diferença social e espiritual no mundo onde estão. Melhor o pouco com Deus…

Pr. Ronan Boechat de Amorim
Pesbítero da Igreja Metodista, pastor da Igreja Metodista de Vila Isabel há 11 anos, mestrando em Teologia no Seminário Batista do Sul, no Rio de Janeiro, amigo de tradicionais, pentecostais e católicos, mas acima de tudo, servo de Deus.

Simplesmente uma história

Minha história com a Igreja Metodista e com o Ecumenismo começa com o batismo de meu pai.

Filho de um Presbiteriano com uma católica, foi abrigado, ainda na infância, na Igreja Metodista, aberta a estender a Graça de Deus a todos quantos se achegassem a ela.

A família, grata, tornou-se metodista em São Carlos-SP. Meu avô, pregador leigo da Palavra de Deus, andou por várias igrejas metodistas em São Paulo, Minas Gerais e Paraná, por conta de mudanças.

Na igreja de Poços de Caldas-MG, casaram-se meu pai e minha mãe, ela de família espírita, que ainda antes do casamento já freqüentava e apreciava os “Metodistas” pela maneira alegre e sincera com que praticavam o cristianismo (na época a sociedade de senhoras confeccionava enxovais de bebês e entregava para as freiras da Santa Casa, para que doassem para mães carentes).

Fui criada assim, feliz com a igreja de meus pais e avós, ensinada de perto, principalmente por meu pai, modesto professor de História e Geografia, que me ensinou que a multiforme Graça de Deus alcança a todos/as. Isso era tão comum e natural em nossas vidas que circulávamos tranquilamente por várias igrejas e eventos onde meu pai era convidado para pregar a Palavra.

Há alguns anos, venho temendo por nossa igreja, pois meu pai, fundador de várias igrejas do Paraná, de repente, veladamente, foi sendo colocado de lado, um pouco por sua muita idade que já não é respeitada dentro de louvores e cultos quilométricos e por ser Maçom jubilado, coisa que nunca falou mais alto que sua vida cristã, nem dentro nem fora de casa.

Há alguns anos ele, com toda naturalidade do mundo, não congrega mais na Igreja Metodista, onde nos criou e ensinou a servir a Deus (cinco filhos!). O que me impressiona é que ele, agora aos 80 anos, e quase não saindo de casa, não está triste e diz: “Meu espírito é metodista!”

Que Deus ajude nossa Igreja!

Márcia Regina de Moraes Silva
Leiga da Igreja Metodista, casada com um ministro Metodista

Questões para reflexão

Por: Rev. Paulo Dias Nogueira

1) ...até ficou parecendo que o 18º Concílio aconteceu só para tratar do tema ecumenismo ...: Nosso Concílio tratou de outros assuntos, porém o tema mais acalorado foi o do "ECUMENISMO" (no meu entender, um anti-catolicismo). A discussão adentrou a madrugada, porém o resultado já estava definido antes do debate. Pessoas já estavam com suas posições firmadas. Não houve espaço para diálogo, mas sim de "MONÓLOGOS" (esta foi minha impressão). Numa tentativa de conciliação diante do tema que estava acalorado desde antes de iniciar o Concílio (nos momentos pré-conciliares), o Colégio Episcopal fez uma proposta de trabalhar o assunto, com mais dedicação e cuidado, nos próximos anos. Porém de nada adiantou a proposta, pois o desejo de debater o tema fez com que grande parte da plenária votasse contrária à proposta dos bispos.

2) ...Para mim pairam muitas dúvidas. Sou a favor do ecumenismo. Porém tenho meu conceito próprio do que é ecumenismo. Será que o ecumenismo é mesmo aquilo que considero ser? ... : O irmão disse que tem um conceito próprio de Ecumenismo, mas não o apresentou. Gostaria portanto de dizer que a Igreja Metodista, através do Colégio Episcopal publicou uma Carta Pastoral sobre o Ecumenismo, na tentativa de instruir os metodistas quanto ao tema. Porém, por várias razões, nossas igrejas não tem estudado o assunto. Muito se deve ao PRÉ-CONCEITO, com relação ao tema. Preconceito este, superado por algum tempo, porém resgatado pela influência do neo-pentecostalismo no meio de nossa igreja. Infelizmente não temos sido eficientes pedagogicamente para ensinar as doutrinas de nossa igreja, por isso nosso povo acaba sendo levado por "outros ventos de doutrinas", muitas delas imcompatíveis com nossa tradição. Como não tenho em minhas mãos a Carta Pastoral, sugiro ao irmão para que procure adquirí-la e estudá-la, ela irá ajudá-lo.

3) ... O que o Metodismo está perdendo com essa decisão do 18º Concílio ...: No meu entender, o metodismo perde uma de suas principais características , a tolerância. João Wesley afirmava: "Pense e deixe pensar". Em outro momento: "No essencial, unidade; no não essencial, diversidade; em tudo, caridade". Não somos o corpo de Cristo sozinhos. Somos apenas parte. Como nos afirmou o Senhor Jesus, não pode uma parte do corpo desprezar a outra. Ainda que a tradição Católica seja bem diferente da nossa, e até mesmo tenhamos muitas dificuldades em aceitar certos dogmas, não nos compete excluí-los. Não fomos chamados a separar o joio do trigo, esta é uma tarefa para o SENHOR da Seara. O metodismo, no decorrer dos tempos tem se pautado por uma teologia do equilíbrio. Ao assumir esta postura, estamos fugindo deste equilíbrio o qual pregamos.

4) ... O que o ecumenismo acrescenta ao crescimento da Igreja Metodista? Dependemos do ecumenismo para crescer como Igreja ou ele seria apenas mais um recurso para o crescimento da Igreja Metodista ? ... Do ponto de vista do crescimento numérico da Igreja Metodista, gostaria de dizer que o ecumenismo não acrescenta e nem diminui. Ele é um espaço de respeito e diálogo. Um esforço por unidade no Corpo de Cristo. Agora, se você me perguntar se o Reino de Deus cresce, afirmo convictamente que sim. O Reino de Deus é maior que nossa denominação. Quando nos unimos a outros cristãos no esforço de levar as boas novas do evangelho (não somente discurso, falo de ação efetiva para o resgate integral do homem, para que conheça a vida plena em Jesus), mais pessoas que se encontravam nas trevas, ou seja fora do Reino da Luz, passam a conhecer o projeto de Deus. Projeto de Salvação.

Rev. Paulo Dias Nogueira
Catedral Metodista de Piracicaba
5a Região Eclesiástica

Um fictício encontro com Wesley

Metodistas se preparam para o grande Encontro com John Wesley, fundador da igreja metodista. Serão seis dias voltados para o estudo dos fundamentos da teologia Wesleyana e para vivências de espiritualidade, ao modo metodista.

O primeiro dia de abertura será iniciado com uma devocional baseada no sermão número 106 de Wesley (que trata da fé), seguido de uma amostra de culinária, música e arte que irá traduzir as diversidades étnicas e culturais peculiares às oito regiões do Brasil as quais a Igreja Metodista está presente. Um dos Bispos diz que a idéia da amostra é perceber a cor, o som e o sabor do nosso Brasil, especial por esse grande mosaico humano formado por índios/as, afro-descendentes, enfim dessa riqueza de povos acolhidos em nossas igrejas Brasil afora.

Segundo a equipe organizadora, formada por clérigo/as leigos/as(incluindo os adolescentes e jovens) e teólogos/as representantes das oito regiões, o primeiro e o último dia do Encontro com Wesley terá um teor festivo em função do significado desse reviver da história de Wesley e sua contribuição para o Metodismo mundial e brasileiro.

Os outros quatro dias serão exclusivamente dedicados às oficinas de estudo sobre o metodismo e segundo informa a organização, os coordenadores/as das oficinas repetirão a mesma dinâmica, criatividade e eficiência do modelo de ensino adotado nas Escolas dominicais e instituições da Igreja Metodista.

Para um renomado presbítero de São Paulo da equipe de apoio, a Igreja Metodista no Brasil é conhecida e reconhecida pelo padrão invejável do ensino que não está restrito somente às instituições, mas atinge e atrai crianças, jovens, adolescentes e adultos, aos milhares, para os momentos de estudo nas pequenas e grandes igrejas metodistas do Brasil. Uma presbítera do Paraná, completa afirmando que isso reflete a visão ampla e wesleyana da igreja e ao mesmo tempo depõe a favor do estilo de liderança e compromisso dos principais líderes da igreja.

Paras as noites do Encontro com Wesley está previsto o relato dos projetos sociais desenvolvidos por cada região com destaque para o Projeto Nacional Dedica voltado ao atendimento de jovens infratores que ao invés de ficarem confinados nas Febens são encaminhados para as unidades do Dedica com sede em todas as cidades onde existe uma igreja metodista.

Para uma jovem leiga, que coordena o projeto Dedica nacionalmente, esse é um dos mais significativos projetos que traduz o compromisso da igreja com os jovens e adolescentes. “Através desse trabalho a Igreja Metodista vem sinalizando aos governantes do país que a solução não está na construção de presídios, fábricas de marginalização e desumanização, e sim, no investimento para a capacitação do jovem para o mercado do trabalho e ao mesmo nas alternativas que impeçam que os jovens que cometem pequenas infrações, sejam levados para as ‘escolas do crime’ que são as prisões brasileiras. É por isso que o projeto Dedica já recebeu, junto com a Igreja Metodista vários prêmios da ONU e UNESCO,” destaca a jovem. E completa, “são iniciativas como essas que atrai tantos jovens para a nossa igreja e que a fez relevante e tão respeitada na sociedade brasileira, vem daí o lema: Orgulho de ser metodista, entre os jovens.”

No último dia do Encontro com Wesley acontecerá a Festa de Suzana. Um dia, segundo os organizadores, dedicado à celebração da unidade cristã e ecumênica com nossos parceiros/as e irmãos/ãs de caminhada, “pois não seriamos essa igreja grande que hoje somos, se não uníssemos nossa mãos”, enfatizou mais um bispo que informou, “a festa de Susana será fechada com um culto ecumênico onde juntos/as com imãos/ãs de várias religiões pediremos a Deus pelo fim dos conflitos no Oriente médio”.

Segundo os organizadores, o local e data do Encontro com Wesley ainda será definido, mas a idéia é que aconteça próximo a conclusão do 18°. Concílio Geral da Igreja Metodista marcado para outubro, outro memorável evento metodista no Brasil.

Se você ficou interessado em participar do Encontro com Wesley, releia o título desse ensaio.
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Maria Newnum - pedagoga, mestre em teologia prática, vice-presidente do Movimento Ecumênico de Maringá e Conselheira no Conselho Municipal da Mulher de Maringá.

UTOPIA (IM)POSSÍVEL?

Pedi ao moderador desse espaço para integrá-lo. Queria contribuir com a minha experiência cristã, adquirida a muito custo, porque saí do catolicismo romano com 40 anos de idade e cheia do “ranço” anti-católico que normalmente os “convertidos” levam para as denominações evangélicas. Isso porque, toda ruptura é difícil e causa mágoas, provoca estragos, cria desavenças.

No entanto, como me sei passional (talvez por ser poeta e não saber calar a minha dor) e impulsiva, esperei passar um pouco o susto, a decepção, a raiva (sim, raiva – também sou humana!) a fim de escrever, esperando que agora eu consiga ser um pouco mais lógica e racional.

Escolhi a Igreja Metodista porque havia estudado no Instituto Educacional Mineiro, educandário mantido pela Igreja Metodista em Carlos Prates-BH, cuja diretora foi Marianna Allen Peterson, a qual já havia plantado no meu coração a semente do amor por essa igreja, sua história e sua doutrina. Fui, pois, para o Metodismo mas, embora já tivesse algum conhecimento sobre ele, estava disposta a ser uma “cristã de fato”, livre da “idolatria” católica e não queria nem ouvir falar nos católicos como irmãos, porque eu julgava que os meus irmãos eram “aqueles que faziam a obra de meu Pai”... Como tinha descoberto a “verdade” acerca da salvação e ignorante nos meus arroubos de primeiro-amor por Jesus e congregando numa igreja local que passava por uma de suas crises de identidade mais sérias e que por isso deixava-se levar por um carismatismo, no mínimo, contestável, não conseguia ver essa mesma obra sendo alicerçada nas demais religiões, muito menos naquela para a qual eu dava as costas: o catolicismo romano.

Aos seis meses de conversão passei a fazer seminário. Ingressei no Seminário Bíblico Mineiro, indenominacional. Ali convivi com diversos irmãos de várias denominações evangélicas, conheci seus cultos, seus costumes e aprendi a respeitar as diferenças que passei a identificar no “nosso” próprio meio. Depois de dois anos, passei a fazer o Seminário na IM Central de BH e, concluindo o Básico em Teologia, fui para a Faculdade de Teologia fazer o Curso Teológico Pastoral por Extensão, visto que não poderia me mudar para SBernardo, por motivos familiares.

Por que conto tudo isso? Porque foi ali que eu, de fato, me converti! Vemos muita gente dizer que a Faculdade de Teologia mata a fé e solapa a espiritualidade. Que ali aprendemos a alimentar o intelecto, a ser coniventes com o “pecado” e a sacrificarmos a nossa vida devocional. Que grande mentira! Ali, amados, foi que eu aprendi a amar de fato a minha Igreja, a conhecer os mais de dois séculos de História, a reconhecer os seus feitos, a valorizar o seu jeito de ser cristão(ã) e, principalmente, a reconhecer a absoluta necessidade alteridade, de converter-me ao outro se de fato o meu coração era convertido à causa do Evangelho.

Divago, eu sei... acho que ainda não estava preparada para falar. Sei que, ainda, não estou conseguindo ser racional. Mas, era preciso que eu me manifestasse, mesmo que assim, à esmo, a fim de conter esse caudal de emoção que se me represa no peito. A fim de tentar entender as decisões conciliares que me parecem tão díspares daquilo tudo que eu aprendi nessa minha caminhada de quase 12 anos de estudos teológicos e de vivência cristã na Igreja Metodista.
Sinto-me, como muitos já disseram aqui, de uma ou de outra forma, órfã de Igreja. Órfã dos valores que eu, a custo, consegui agregar, o mais importante deles, a minha “conversão ao ecumenismo”. A partir da experiência ecumênica, foi que aprendi a dar razão da MINHA fé, a não temer o confronto com o diferente, a reconhecer a ação do Espírito Santo em todas as manifestações religiosas, porque, afinal, Ele, o Espírito, não pode ser formatado numa caixinha e muito menos é propriedade nossa.

Agora, eu me pergunto: Unidade na Diversidade é uma Utopia? E, se é, essa utopia é possível? É ainda possível, amados, preservarmos o vínculo do amor e da união, da solidariedade e da tolerância, apesar desse baque que se abateu sobre a vida da igreja (porque o golpe não foi dado apenas em nós, ecumênicos, mas em todo o Corpo de Cristo, ainda que os contrários digam que não)?

É possível que seja revista essa decisão que representa um retrocesso histórico e uma abertura a mudanças estruturais ainda maiores na Igreja e dá margem ao abandono de todo o nosso jeito de ser Metodista, fazendo com que tenhamos o vislumbre (pra mim, assustador!) de uma igreja pentecostalizada e “emburrecida”, fechada em si mesma e fadada a um crescimento quantitativo com perda total de propósito da missão?
Como líder do Ministério de Ensino de minha igreja local, professora de ED, integrante do Ministério de Comunicação, além de escritora e poeta, sinto-me culpada. Deveria ter repassado aquilo tudo que aprendi, não só na Faculdade de Teologia, como nas ações ecumênicas (como a Pastoral Carcerária, da qual participei com a igreja Católica, além de outros encontros para discussão e celebração) aos meus alunos e divulgado a causa do ecumenismo com mais ardor e fé. Penitencio-me, agora.

Enfim... acho mesmo que me precipitei em escrever. Não consegui ver neste meu texto, a lógica e a contribuição que eu pretendia dar.
Desculpem, irmãos. Vejam-no, então, apenas como desabafo.

Abraços ecumênicos
Terezinha de Lisieux (lisieux, como gosto de ser chamada)
Igreja Metodista Central de BH - MG

Novo bispo metodista apóia decisão conciliar

SERVIÇO DE NOTÍCIAS DA ALC - BRASIL
Correio-e: director@alcnoticias.org

SÃO PAULO, 25 de julho - "Estou feliz com a decisão do 18. Concílio Geral de retirar a filiação da Igreja Metodista dos organismos ecumênicos que tenham a presença da Igreja Católica e de grupos não-cristãos, pois ela responde às demandas de muitos pastores e igrejas locais no país", sustentou o pastor da Igreja Central de Uberlândia, Adonias Pereira do Lago.

"Somos contra a participação dos metodistas em cultos macro-ecumênicos, com católicos e grupos não-cristãos", disse Pereira do Lago, que foi eleito bispo no Concílio Geral reunido em Aracruz, Espírito Santo, de 10 a 16 de julho, e que é um dos impulsionadores do movimento de avivamento no interior da Igreja Metodista.

Para o novo bispo da 5a. Região Eclesiástica, que abrange o interior de São Paulo, Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Brasília e Mato Grosso do Sul, a participação nesses cultos afastou muitos membros da Igreja Metodista. "Só na 4a. Região Eclesiástica (Minas Gerais e Espírito Santo) perdemos mais de dois mil membros nos últimos meses", assinalou Pereira do Lago à ALC.

A não-participação em cultos ecumênicos não significa, segundo Pereira do Lago, que os metodistas não estejam dispostos a dialogar e cooperar com outras igrejas. "Na minha região não temos problemas em cooperar com outras igrejas em questões de defesa da vida, de cidadania, de ação social", argumentou.

O bispo metodista não concorda com alianças espirituais e teológicas. "Entendo que Roma, e muito menos outras religiões, não estão dispostas a caminhar em nossa direção, nem para encontrar-nos no meio do caminho. Roma trata estrategicamente de levar os irmãos separados de volta ao seu redil", disse Pereira do Lago ao sitio web Metodistas OnLine.

Radical em suas apreciações, o novo bispo não tem dúvida em assinalar que o bispo Adriel de Souza Maia e o pastor Western Clay Peixoto, ambos metodistas e atualmente presidente e secretário executivo do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), devem renunciar a seus cargos. Nos próximos dias, os metodistas terão de comunicar oficialmente a sua retirada do CONIC, organismo ecumênico que conta com a participação oficial de representantes da Igreja Católica.

Consultado se a Igreja Metodista reconsideraria também sua filiação no Conselho Mundial Metodista, que no último domingo, 23 de julho, aderiu à Declaração Conjunta sobre a Doutrina de Justificação pela Fé, Pereira do Lado respondeu: "Com certeza".

O documento, que reconhece a importância da Doutrina da Justificação pela Fé, um dos pilares da Reforma Protestante, foi assinado pelo Vaticano e pela Federação Luterana Mundial no dia 31 de outubro de 1999, em Augsburgo, Alemanha. Com a assinatura desse documento ficaram revogadas as condenações mútuas entre católicos e protestantes do século XVI.

O bispo metodista disse que o Concílio deverá reunir-se nos próximos meses, pois ficaram pontos pendentes na agenda. Na ocasião, serão apontadas as medidas a tomar a respeito do Conselho Mundial Metodista e outras organizações ecumênicas.

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25 julho, 2006

Lógico e plausível

... o pior de tudo é que é extremamente lógico e plausível!
Não digam que foi inesperado! Não há nada de surpresa!
Faz tempo que "nossa igreja" vem cortando o galho aonde
penduramos nossos balanços e redes, e projetos mais queridos.
E nós NÃO falamos nada.

Muita gente foi engolida viva... antropofágica essa nossa igreja:
ajuda a nascer, a crescer, depois devora! debocha! desconhece!
abandona em praça pública! persegue! acusa! fecha espaços!

Pensa povo!! quant@s foram sendo deixad@s, levad@s, atropelad@s, desprezad@s por um processo sistemático e persistente de deslocamento teológico e político que posiciona a igreja metodista hoje na margem indecisa de um neo-pentecostalismo pouco convincente.

Disputa de mercado. Evangelho de mercado. Formação teológica complacente. Exploração mimética da religião mínima brasileira. E nós não falamos nada!

Os acordos foram sendo feitos, posições foram sendo negociadas.
Participação política de esquerda? não! Feminismo? jamais! Homossexualismo? céus!
Teologias contextuais? pra quê? Democratização de espaços de decisão? não precisa!
Manter radicalidade de Vida e Missão? talvez seja demais...

Os compromissos de um projeto popular na educação? de mercado, no mercado!
Foram muitos os concílios, as eleições, as decisões conservadoras,
centralizadoras, elitistas, mantenedoras de uma hierarquia masculina viciada em tráfegos e influências. Os jovens carismáticos aprenderam!!
E ninguém disse nada.

As pessoas - jovens teólog@s , leig@s comprometid@s com a missão, educador@s não dispost@s a trocar lugar na escola pelo emburrecimento da teologia - foram desaparecendo nos últimos 15 anos.

ELES não disputavam ainda o poder das instituições e do episcopado
... precisavam se legitimar a partir de outros espaços de poder
e estes espaços são estes que os evangélicos de resultado, políticagem & cia ltda têm pra oferecer (mídia, show e tráfego de influência).
E nós não falamos nada.

Agora ELES levaram os católicos... tem gente que ainda se salva vai ficar no seu cantinho liberal e protestante e esperar passar...

Vai um poema pra ajudar na auto-crítica!! (ou vamos tentar entender, viver e passar por tudo isso sem auto-crítica??)

Primeiro eles levaram os comunistas, e eu não falei nada, porque eu não era um comunista. Então eles levaram meu vizinho que era judeu, e eu não falei nada, porque eu não era um judeu. Então eles levaram os católicos, e eu não falei nada, porque eu era Protestante. Então eles vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar. (Martin Niemoller - pastor, 1945)

Nancy Cardoso Pereira
pastora metodista
Coordenação Nacional
Comissão Pastoral da Terra
(051) 9865-6055

MADRUGADA...

Duas filas formadas, prós e contras... Qual a surpresa quando a fila dos contras continha o maior número de pessoas.

Estava eu inscrita para falar, mas achei por bem sair do lugar e começei a chamar mais algumas pessoas para entrar na fila, até quem se dirigia para o banheiro solicitei que entrasse na fila.
Só falei quando o número de pessoas era igual para ambos os lados.

Na oportunidade disse que: "Mais de trezentos anos de história do metodismo,... mais de 75 anos de autonomia da IM, certamente as pessoas que nos deixaram este legado, não estavam equivocadas... E, ainda, os dados estatísticos que possuímos em mãos demonstram que mais de 70% das Igrejas Metodistas não estudaram a carta pastoral sobre o ecumenismo. Portanto, como nos posicionar em relação a esta questão?...

Alguns podem dizer: Tudo isto é teoria... Mas, quero dizer que: Nasci num lar ecumênico. Meu pai era católico, minha mãe metodista e meu irmão mais velho é luterano... Como diz um provérbio popular: "Aquilo que nos separa não deve destruir o que nos une".

Irmãos/ãs a realidade brasileira requer que estendamos as nossas mãos uns aos outros na luta pela justiça, dignidade humana e a paz. Pois, sozinho, isolado ninguém é capaz... E que o amor de Deus nos ajude... a vencer estas barreiras e caminhar em direção ao Reino de Deus!

Eram apenas três minutos para cada pessoa, as palavras se sucederam uma após outra, com argumentos bíblicos, teológicos, históricos, experiências pessoais, etc... Mas, a proposta do Colégio Episcopal foi derrubada, ...

Havia ainda uma proposta intermediária, que o pastor da sexta região eclesiástica, conhecido como Mano, mais o leigo da segunda região eclesiástica - Marcos Fortes e eu, tentamos colocar após diálogo estabelecido entre as partes divergentes (é importante dizer que esta proposta foi formulada no plenário, enquanto as palavras prós e contras se seguiam uma após a outra). Mas, esta tentativa também foi derrubada, pois, a quarta região eclesiástica não queria retirar a sua proposta, que foi votada e aprovada por 79 votos a favor e 50 contrários.

Naquele momento o bispo eleito, Adonias, solicitou que não deveria haver manifestação após o resultado. Então, um delegado da quarta região eclesiástica e eu nos colocamos em pé, a palavra foi concedida primeiramente ao delegado da quarta região para esclarecimento; o mesmo declarou que seis delegados/as daquela região não concordavam com o que fora encaminhado e, portanto, a proposta aprovada não deveria ser entendida como sendo da quarta região e sim de um grupo da delegação.

Novamente o bispo que estava presidindo a sessão solicitou que não houvesse manifestação e que atendessem a solicitação do bispo eleito, Adonias. Porém, eu continuei em pé e peguei o microfone (é necessário esclarecer que depois pedi desculpas ao jovem que estava com o microfone, pois, os microfones só poderiam ser entregues aos delegados após a autorização da presidência da sessão). Na oportunidade me reportei ao artigo 55 do Regimento do Concílio e então a palavra me foi concedida. Passei a ler pausadamente o artigo: Art. 55: Todo/a conciliar tem o direito de fazer constar em ata qualquer declaração relativa aos trabalhos do plenário, bem como reservas pessoais que tenha em relação aos mesmos, redigida em termos respeitosos. Lido o artigo declarei a minha solidariedade aos/às irmãs que me antecederam e a INDIGNAÇÃO perante o processo.

A partir de então a presidência da mesa deliberou para que todas as manifestações por escrito fossem acolhidas e a sessão foi encerrada por volta das duas horas e trinta minutos da madrugada.

ALVORADA

"Quero trazer à memória o que me pode dar esperança" Lm 3.21

Trazer à memória a nossa história, o legado que recebemos... os profetas e profetisas que lutaram e enfrentaram as mais diversas situações. Trazer à memória... oportunidade para refletir... Mas, também, agir... Amamos esta Igreja... e não podemos nos calar e muito menos cruzar os braços, mas, criativamente buscar meios para enfrentar essa situação... com muito diálogo, astúcia e sabedoria.

Oração e Ação!
Como se diz lá no sul: Não está morto quem peleia...
Que Deus nos ajude!!!
Na esperança da ALVORADA...

Margarida, tchê!!!
margarida_tche@uol.com.br

A Letra Escarlate

Lembro-me de ter sido apresentado ao filme protagonizado por Demi Moore no período da Faculdade, e com um um objetivo claro: pensar sobre o fundamentalismo religioso e seus desdobramentos durante a colonização americana, no começo do século XVII.

Já faz muito tempo, mas recordo que a trama se passava no contexto de uma pequena comunidade de colonos trabalhadores e, acima de tudo, cristãos zelosos.

Oficialmente, a letra, a condenação, veio porque uma senhora casada, que acreditava estar viúva, se apaixonou por um Pastor solteiro, envolvendo-se com ele, a ponto de esperar um filho seu. Contudo, o contexto daquele drama romântico é o de uma sociedade absurdamente conservadora e, especialmente, fundamentalista.

Assim como o casal adúltero não acertou na medida de seus sentimentos, a comunidade não acertou na medida do zelo. O fogo do desejo foi proporcional ao ardor do cuidado religioso. As duas partes se equivocaram, exageraram e pecaram.

Isto é bastante incômodo, porém, necessariamente preocupante! A religiao também mata! Nao é só a letra, que naquele caso era um sinal de vergonha e pecado, mas o legalismo pelo legalismo, sem contexto e por pretexto é uma ameaça grave à liberdade, ao pensamento e, inclusive, à vida!

Quantas fogueiras foram ateadas naquele tempo em nome da religião. Quantas “bruxas” surgiram do preconceito e do desrespeito ao pensamento alheio! Mais que queimar a carne e o sangue de seres humanos, o que se tentava era ditar normas, padrões, para a espiritualidade alheia! Em nome de Deus, a essência de Deus foi aviltada. Em nome da fé, os frutos da fé, que são a tolerância, a irmandade, a igualdade, o amor, a fraternidade, foram abafados por quem se fez verdade, se fez Deus, acima do bem e do mal!

O interessante foi notar que toda a discriminação e o despreso vividos por aquela personagem nasceram em corações simples, desavisados, mas, absurdamente tomados pelo fundamentalismo religioso!

Admiro a religião daquela gente! Eles eram sérios, preocupados! Mas não se deixaram atingir pela humildade de entendimento de quem se reconhece de alguma forma pobre, falivel e pecador, portanto, desaltorizado a julgar o próximo, ainda mais, a considerar-se mais puro, mais honesto ou mais verdadeiro do que o outro!

É lamentável quando a religião passa a ditar regras, especialmente quando o poder ou o não poder é fruto de uma única interpretação. É aí que a liberdade tem sua utilidade, porque a liberdade visa exatamente equilibrar as verdades, diversas por natureza. Existem temas que nunca terão um senso comum! As contradições precisam de paciência, de liberdade e de respeito!

Quando se rompe esse equilíbrio mágico entre o respeito e o pensamento, a liberdade e a ética, então a convivência e a unidade se abalam!

A religião é um campo vasto demais para comportar a unanimidade! Por isso, talvez, buscar a unanimidade em certos assuntos, é correr atrás de vento, ou pior, desencadear verdadeiras tempestades!

Tenho medo das mordaças, das correntes e de todas as formas de prisão! Do toque de recolher e de todas as formas de AI 5! Esses processos começam sorrateiros, de proibição em proibição! Pra mim, falam muito alto as palavras de Paulo: “Para a Liberdade foi que Cristo (me) libertou”! Aleluia!

O certo é que a mulher foi sentenciada, humilhada, discriminada, odiada! O seu meio eclesial a condenou. No pior momento de sua vida, quando ela estava exposta e abandonada, lhe faltaram amigos, abraços, fraternidade, solidariedade. Qual o motivo? Existiam normas, conceitos, pensamentos, que julgavam mais que perdoavam, zelavam mais que entendiam, puniam mais que ouviam!

É patético! “O medo venceu a esperança”! O medo de não ser pecador como a pecadora, de ser considerado amigo de uma promíscua, de ser próximo de alguém que errou, venceu a esperança de um perdão, de um recomeço, de uma nova vida, da renovação de velhas amizades, e de uma nova forma de ver a vida, e de uma vida em comum!

Isto acontece quando existe intolerância, afastamento, falta de discernimento, de liberdade de pensamento. Mas, especialmente, isto acontece quando um se considera mais ou melhor, ou mais correto, ou mais entendido, sábio ou esclarecido que o outro, fazendo nascer os guetos, os partidos... Hitlher X Judeus, Brancos X Negros, Judeus X Mulçumanos, Ricos X Pobres, Militares X Comunistas, Conservadores X Liberais, Sem-Terras X Fazendeiros... e por aí vai!
Dos males, o menor. A mulher não morreu, mas teve que partir, deixar sua comunidade... como uma fugitiva, desprezada e ignorada.

Bom, mas eu nem sei porque tanta poderação! Aquilo era somente um filme! Uma ficção, baseada no século XVII! Isto não existe mais!

Rev. Nilson da Silva Júnior
Pastor Metodista em Cândido Mota - SP
5ª Região Eclesiástica
mn.cia@uol.com.br

Saudações Cristãs e Ecumênicas (as duas palavras são sinônimas)!

Estou retornando de minhas férias no dia de hoje e tomei conhecimento, estupefato, das decisões e encaminhamentos absurdos e antibíblicos do último Concílio Geral da Igreja Metodista. Ser ecumênico/a é uma exigência fundamental para todas as pessoas que querem viver, em todas as suas relações, no espírito do Evangelho que um dia foi pregado e vivido por Jesus Cristo.

Por tudo isso, compartilho da preocupação, do constrangimento e da indignação profética dos irmãos e irmãs que me enviaram suas mensagens. Eu também “sou metodista e sou ecumênico”.

A propósito, tive a honra de participar, no último Concílio Regional da 5ª Região Eclesiástica, do Grupo de Trabalho que ficou responsável pela elaboração e redação da Carta Pastoral e Conciliar da 2ª Conferência Teológica da Igreja Metodista na Quinta Região Eclesiástica, que lhes envio em anexo. Convido-os a reler, com especial atenção, o tópico A Ecumenicidade da Igreja.

Sintomaticamente, acabo de ler no Expositor Cristão do último mês de julho, na coluna Palavra do Leitor, uma carta, enviada por um irmão católico-romano, louvando a Deus pela postura e prática ecumênicas da Igreja Metodista, reconhecendo textualmente a grande importância da Igreja Metodista para a disseminação dos valores e da ética cristãs. As últimas palavras da carta deste irmão são: “Parabéns! Parabéns mesmo!” E agora, como é que ficamos nós?

Estou a disposição de todos/as para os futuros encaminhamentos desta delicada questão no contexto da vida e da missão da nossa amada e sempre ecumênica Igreja Metodista. NÃO É POSSÍVEL SER METODISTA SEM SER ECUMÊNICO!!!

Um forte e ecumênico abraço a todos/as!

Rev. Omir Wesley Andrade
Coordenador da Pastoral Escolar do IALIM

Carta Pastoral e Conciliar da 2ª Conferência Teológica da Igreja Metodista na Quinta Região Eclesiástica

No dia 11 de novembro de 2005 aconteceu, na cidade de Piracicaba-SP, a 2a Conferência Teológica da Igreja Metodista na Quinta Região Eclesiástica. Esse evento antecedeu o XXXVII Concílio Regional. Leigos e leigas, clérigos e clérigas refletiram sobre a nossa eclesiologia, ou seja, o jeito de ser da Igreja Metodista. A reflexão resultou nesta carta que apresentamos às igrejas locais. Temos certeza de que, devidamente divulgada e estudada, esta carta muito contribuirá para o fortalecimento das marcas essenciais do metodismo.

O reverendo Rui de Souza Josgrilberg, reitor da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista, no Mosaico Apoio Pastoral (no 13, jan/jun/2005), afirma: “Não podemos ser cristãos sem história; trazemos conosco o jeito de sermos, nós metodistas, cristãos. Não se trata de nenhum ufanismo confessional em detrimento de outra igreja ou outra confissão. Mas há, gostemos ou não, uma tradição teológica e cultural a partir da qual falamos”.

Diante disso, é necessário que haja conscientização de que, se há em nós o desejo de continuar sendo conhecidos como metodistas, temos que manter as marcas essenciais do nosso modo de ser igreja, nossa eclesiologia. Somos uma comunidade pluralista, de experiências diversas; a manutenção de nossa tradição teológica e cultural fará com que tenhamos unidade na diversidade.

Devemos lembrar que temos como missão “reformar a nação, particularmente a Igreja, e espalhar a santidade bíblica sobre toda a terra” (John Wesley). Atos 2.42–47 é o nosso referencial e nosso alicerce para sermos uma comunidade de fato; só assim poderemos cumprir o lema de sermos: “Comunidade Missionária a Serviço do Povo”.

A seguir, alguns pontos que nos ajudam nesta caminhada de testemunho do Evangelho, mediante a Igreja Metodista.

VIVÊNCIA DA IDENTIDADE METODISTA: O NOSSO “MODO DE SER IGREJA”

a) Atos de Piedade e Obras de Misericórdia. Essas são ênfases importantes na doutrina metodista. A leitura e estudo da bíblia, a oração, o jejum, a participação na Santa Ceia e no Culto se caracterizam como Atos de Piedade. As Obras de Misericórdia são aquelas relacionadas ao amor e serviço ao próximo. É importante ressaltar estas práticas na vida dos metodistas.

b) Dons e Ministérios. A Igreja Metodista optou por assumir o modo bíblico de servir por meio de Dons e Ministérios, e não exclusivamente a estrutura de cargos. Isso resultou numa abertura com a qual cada irmão ou irmã pode exercitar o seu dom num ministério para o qual se sente chamado/a. A Igreja não deve abandonar este caminho. Temos que lutar para que nossos membros não se deixem dominar pelo espírito egoísta deste mundo, que leva as pessoas a viverem para si mesmas, preocupando-se apenas com seus problemas, mas que, a exemplo do profeta Isaías, se coloquem disponíveis para o serviço, fazendo realidade a afirmação: “Senhor, eis-me aqui, envia-me a mim” (Is 6.8).

c) Diversidade. Somos uma Igreja plural. Ela acolhe as diferenças, procurando viver a unidade na diversidade, esta é uma das características que atestam nossa fidelidade ao espírito do Evangelho de acolher, Cristo. No entanto, não devemos usar o conceito de pluralidade para, em nosso meio, acolher práticas e símbolos que são incoerentes com o nosso modo de ser Igreja. Isso não significa que devamos desvalorizar os símbolos litúrgicos que nos caracterizam como “metodistas” (temos boa orientação nos Anuários Litúrgicos editados pela Faculdade de Teologia da Igreja Metodista). É preciso combater a intolerância no seio de nossas comunidades, pois ela não possibilita o diálogo; antes, gera o conflito e, conseqüentemente, a divisão.

d) Os modismos – a questão da sã doutrina. Hoje, o que percebemos é que se propaga uma religião de mercado que usa a mídia como meio de disseminação. Não é nossa missão competir com ela; esta não é nossa opção. Devemos ter como centro de nossa prática o amor cristão que é mais procedimento do que sentimento. O entusiasmo, o pacifismo, a unidade, a santidade, o respeito, o perdão, a honestidade, o compromisso e o amor devem ser algo concreto em nosso meio. A Igreja deve adaptar-se aos novos tempos sem abandonar a sua essência. Essa servirá de parâmetro para que a identidade metodista seja mantida em meio à proliferação de inadequados movimentos religiosos. Somos comunidade de resistência e vanguarda, sem medo, em que o bispo, a bispa, os pastores e pastoras são orientadores/as da sã doutrina.

ASPECTOS DO CULTO, QUANDO CELEBRADO POR METODISTAS

Precisamos conscientizar os membros de nossa igreja a serem missionários e missionárias em potencial, utilizando para isso o culto como meio de despertamento para a missão. O povo metodista, dentro do espírito de Dons e Ministérios, Comunidade Missionária a Serviço do Povo, conclama os irmãos e irmãs a vivenciarem nossa fé, atos de piedade, na dinâmica da tradição e simbologia wesleyana/metodista. Aqui somos chamados a trabalhar nossa rica hinologia, nossos símbolos e nosso potencial teológico. Os aspectos de nosso culto devem expressar a igreja comprometida com a libertação e celebração da vida.

A ECUMENICIDADE DA IGREJA

O movimento metodista, desde os seus primórdios, valorizou e incentivou o diálogo ecumênico. A postura teológica ecumênica do “povo chamado metodista”, portanto, está fundamentada na fidelidade à sua própria história e à Palavra de Deus. Não é possível ser metodista sem ser ecumênico.

O que é, para nós metodistas, o ecumenismo? Ser ecumênico é aprender a viver e conviver com outras denominações cristãs, respeitando e valorizando os aspectos fundamentais de sua teologia, de sua eclesiologia e de sua prática pastoral. Isso não significa, é claro, que não tenhamos a nossa própria teologia, a nossa eclesiologia e o nosso “modo de ser igreja”. Significa, simplesmente, que estamos sinceramente abertos ao fecundo e produtivo diálogo com outras confissões cristãs. Na verdade, as divisões denominacionais expressam a fragilidade e o egoísmo provenientes do pecado humano.

Como Igreja Metodista somos chamados, no espírito do Evangelho de Jesus Cristo, a celebrar a unidade cristã por meio dos Atos de Piedade e das Obras de Misericórdia. E o próprio Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, ora por nós: “Assim como Tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na Verdade. Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste”(Jo 17.19–21).

CONCLUSÃO

Esperamos que esta carta ajude aos irmãos e irmãs na caminhada missionária e na reflexão sobre nossa comunidade e seu modo de ser, wesleyano e metodista. Conclamamos os pastores e as pastoras, leigos e leigos a discutirem estes conteúdo em suas igrejas locais.

Fraternalmente em Cristo.

Piracicaba, 14 de novembro de 2.005

Revmo. Bispo João Alves de Oliveira Filho
Bispo da Igreja Metodista na Quinta Região Eclesiástica

[Esta carta foi aprovada pelo plenário do 37º. Concílio Regional da Igreja Metodista da Quinta Região Eclesiástica em 15/11/2005]