20 janeiro, 2007

Cabeça de mula

Por Derrel Homer Santee

Feliz aquele cujas maldades Deus perdoa e cujos pecados ele apaga! Feliz aquele que o Deus Eterno não acusa de fazer coisas más e que não age com falsidade! Enquanto não confessei o meu pecado, eu me cansava, chorando o dia inteiro. De dia e de noite, tu me castigaste, ó Deus, e as minhas forças se acabaram como o sereno que seca no calor do verão. Então eu te confessei o meu pecado e não escondi a minha maldade. Resolvi confessar tudo a ti, e tu perdoaste todos os meus pecados. Por isso, nos momentos de angústia, todos os que são fiéis a ti devem orar. Assim, quando as grandes ondas de sofrimento vierem, não chegarão até eles. Tu és o meu esconderijo; tu me livras da aflição. Eu canto bem alto a tua salvação, pois me tens protegido. O Deus Eterno me disse: "Eu lhe ensinarei o caminho por onde você deve ir; eu vou guiá-lo e orientá-lo. Não seja uma pessoa sem juízo como o cavalo ou a mula, que precisam ser guiados com cabresto e rédeas para que obedeçam." Os maus sofrem muito, mas os que confiam no Deus Eterno são protegidos pelo seu amor. Todos vocês que são corretos, alegrem-se e fiquem contentes por causa daquilo que o Eterno tem feito! Cantem de alegria, todos vocês que são obedientes a ele!
(Salmo 32)

Coitada da mula! É colocada no meio de pessoas que se julgam melhores que ela e tomam o direito de explorá-la! Mesmo depois de fazer tudo que é exigido, é chamada de “burra”. Passa a vida sendo guiada com cabrestos e rédeas. Não chega a ser dona de si e ter liberdade de se realizar... É serviçal, dirigida por forças maiores. É condenada a viver em função das exigências dos outros. Coitada!...

Até que ponto somos iguais a mula? Vivemos em função das exigências dos outros? Tomamos o cabresto dos valores materialistas da maioria e somos guiados pelas rédeas das expectativas sociais? Somos cercados por instrumentos de manipulação – tudo em nome da ordem e da felicidade. Mas, na realidade, estas pressões têm uma finalidade única – lucro econômico e político para os que já são privilegiados.

Existe uma variedade de “máfias” que exercem influência em nossa sociedade colocando cabrestos e rédeas na população: as políticas, as econômicas, as religiosas e as marginalizadas.

As máfias políticas fazem o discurso de justiça e bem estar social, mas, na prática, conseguem aumentar seus próprios rendimentos e privilégios à custa dos demais.

As máfias econômicas promovem consumismo, criando novas “necessidades”, projetando a imagem que estes novos produtos e modas trazem felicidade.

As máfias religiosas prometem salvação da alma, libertação dos demônios, e prosperidade, mas ajuntam multidões para arrancar ofertas, construir templos e criar impérios econômicos e políticos. Mas a exploração, violência e corrupção continuam crescendo na sociedade.

As máfias marginalizadas promovem a dependência química e operam abertamente fora da lei, levando seus “clientes” a auto destruição e desgraça.

Todas estas “máfias” querem que o povo tenha “cabeça de mula”, aceitando cabrestos e rédeas. Usam as pessoas para alcançarem seu objetivo: lucro.

O grande pecado da nossa sociedade é ter “cabeça de mula”, uma cabeça não pensante e não crítica, que aceita entrar no jogo das máfias. A saída é cair na realidade, confessar o erro da conivência para si mesmo e para Deus e tomar outro rumo. O verdadeiro sentido do arrependimento é a mudança de atitude e comportamento.

Jesus não aceitou cabrestos e rédeas, nem os colocou nos outros. Dava “a César o que era do César” sem submeter-se a ele. Seu compromisso estava com o “Papai” e a criação. Voluntariamente tomou sobre si o jugo da humanidade, mas sempre como dono de si. Tomou o lugar de servo, sem ser serviçal. Deu exemplo de como servir, sem ter “cabeça de mula”!...
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Derrel Homer Santee é pastor missionário metodista aposentado.
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Verso e Voz — 20 de janeiro

Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia; porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade. Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários, pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos. — 2 Coríntios 8.1-4

“Ó Deus, eu não o amo,
nem mesmo quero amá-lo,
mas eu quero querer amá-lo!” — Santa Teresa de Ávila, O Castelo Interior

www.sojo.net

19 janeiro, 2007

Diversidade é o ponto do Fórum, analisa professor brasileiro

SÃO LEOPOLDO, 18 de janeiro (ALC) – A diversidade, também a religiosa, aparece como um grande desafio à convivência e à paz, tema que está na pauta do II Fórum Mundial de Teologia e Libertação, reunido, de 16 a 19 de janeiro, em Nairobi, Quênia, sob o tema “Espiritualidade para um outro mundo possível”.

O exercício do diálogo inter-religioso e a convivência e convergências da diversidade são expectativas levantadas no Fórum Mundial de Teologia, adiantou o frei capuchinho Luiz Carlos Susin, em entrevista para o Instituto Humanitas, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS).

Susin, que é doutor em Teologia e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), disse que “a experiência espiritual é como energia atômica, para o bem e para o mal. Não é automática, e nossas escolhas e o cultivo humano decidem a direção que ela toma”.

Assim, a religião é “uma faca de dois gumes”, que pode dar vida, mas também, pela inércia e pelo esclerosamento das suas formas, pode matar a partir do espírito, explicou o professor da PUC-RS. “Daí a necessidade de discernimento e de gestos libertadores, inclusive na área das religiões”, acrescentou.

O professor de Teologia assinalou, na entrevista ao Instituto Humanitas, que existem sintomas de crise institucional e de relevância em todas as religiões, de todas as formas, que até agora estavam circunscritas a áreas culturais.

Mas também existe, agregou, um reflorescimento da experiência espiritual e um crescimento das buscas espirituais. Ele destacou a necessidade de se superar “a tentação de fundamentalismo em todos os níveis, e para isso uma espiritualidade dialogal, que integre a diversidade, certamente será crucial”.

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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação

Fórum Social Mundial debaterá a comunicação como direito

NAIROBI, 18 de janeiro (ALC).- A sétima edição do Fórum Social Mundial (FSM), que começará neste sábado, 20, em Nairobi, Quênia, terá, na sua programação, um Fórum das Comunicações, um espaço para discutir o desarme da hegemonia discursiva e alentar uma "outra comunicação para outro mundo possível".

A Associação Mundial de Rádios Comunitárias (AMARC) enfatizou que a construção de pautas informativas que dêem visibilidade às atividades dos movimentos sociais aparece como uma notável carência no panorama mundial. Segundo a AMARC, isso influi negativamente na formação de opiniões públicas plurais que valorizem a democracia, outorguem um sinal positivo à diversidade e que aceite e respeite as diferentes opiniões.

O Fórum proposto está agendado para a terça-feira, 23, e se chamará "Globalização, direito à comunicação, democracia e movimentos sociais".

Os debates em torno da temática da comunicação acontecerão em três mesas, que reunirão líderes de organizações e redes das comunicações em torno da globalização, direito à comunicação, democracia e movimentos sociais.

As mesas de discussão estão divididas entre as seguintes abordagens: "A comunicação como direito", "Meios comunitários e movimentos sociais" e "Globalização neoliberal e meios de comunicação".

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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação

El CMI participara en el Foro Social Mundial en Kenia

Con el tema "Luchas del pueblo, alternativas del pueblo", el FSM (Foro Social Mundial) tiene lugar este año en África por primera vez. La ciudad escogida es Nairobi, Kenya; las fechas, 20-25 de enero de 2007.

El Consejo Mundial de Iglesias (CMI) encabeza una colación ecuménica que participará juntamente con la denominada Plataforma Ecuménica, constituida por la Conferencia de las Iglesias de Toda el África (CCAA) y Cáritas. El objetivo es afirmar una presencia ecuménica visible y significativa y contribuir al FMS con sus aportes.

El CMI y sus asociados organizarán diversos actos sobre “Riqueza, pobreza y ecología” donde estará presente el concepto de distribución de la riqueza y el hambre, la enfermedad y el sufrimiento como el reverso del hiperconsumo y el hiperdesarrollo.

En el tema de “Agricultura para la vida” se procura constituir un Foro Agrícola Mundial al servicio de la vida como alternativa a la agricultura empresarial y a la llamada "revolución verde";

Sobre “Agua, medio ambiente y cambio climático” se debatirán estrategias para soluciones alternativas a la crisis del agua y al cambio climático, y para promover el derecho humano al agua ante los gobiernos y las fuerzas de la sociedad civil.

La consideración de la “Deuda ecológica” será un capítulo donde se explicitará el saqueo de los recursos naturales del Sur y destruido sus medios de sustento por lo que los países industrializados del Norte están en deuda ecológica con los pueblos del Sur.

En el tratamiento de la "Responsabilidad de Proteger" estará la pregunta ¿Cómo afrontan estas cuestiones las iglesias, a las que incumbe un papel importante en la prevención, la asistencia, la curación y la reconciliación?

Desde que una coalición ecuménica participó en el FSM en Porto Alegre, Brasil, en 2001, los grupos ecuménicos siempre estuvieron presentes en cada edición. Además de la información, el análisis, la proclamación y la toma de contactos, la celebración del FSM ofrecerá oportunidades para emprender futuras acciones comunes.

Los miembros de la coalición ecuménica mundial de 2007 en el FSM son la Conferencia de las Iglesias de Toda el África (AACC), APRODEV, el Foro Ecuménico del Brasil, Caritas Internationalis, Cooperación Internacional para el Desarrollo y la Solidaridad (CIDSE), la Alianza Ecuménica de Acción Mundial (AEAM), Frontier Internship in Mission, Koinonia, la Federación Luterana Mundial (FLM), Pax Romana, la Alianza Reformada Mundial (ARM), el Consejo Mundial de Iglesias, la Federación Universal de Movimientos Estudiantiles Cristianos (FUMEC), la YWCA y la YMCA.+ (PE)

07/01/19 - PreNot 6434
Agencia de Noticias Prensa Ecuménica - ECUPRES

Entrevista A Mahmud Ahmadineyad, Presidente De La República De Irán

El periodista Augusto Zamora R.. de El Mundo entrevistó en Managua al presidente iraní, Mahmud Ahmadineyad, en su visita a ese país. Dada a conocer por Rebelión, se extrae de ella algunas de las respuestas de Ahmadineyad a las preguntas de Zamora R.

Pregunta.- Oriente Próximo vive una aguda crisis e Irán desempeña un papel imprescindible. Estados Unidos acusa a Irán y Siria de promover la guerra en Irak y ha amenazado con adoptar medidas contra ambos países. ¿Cuál es la posición de Irán en relación a las acusaciones de EEUU?

Respuesta.- EEUU, que está a 10.000 kilómetros de Oriente Próximo, ha enviado sus tropas a Irak y tiene ocupadas sus calles y ciudades. Luego acusa a los países vecinos de intervenir en Irak. El pueblo iraní y el pueblo iraquí han convivido en paz durante cientos de años. Millones de personas se mueven entre ambos países y existen muchos vínculos familiares y de parentesco entre ambos pueblos.

Creo que ha llegado el momento de que las grandes potencias cambien sus percepciones sobre los asuntos internacionales y sobre esta región. No había armas de destrucción masiva, ni está ya Sadam. Irak tiene una Constitución y un buen Gobierno elegido por el pueblo. Por tanto, ¿por qué siguen británicos y estadounidenses en Irak? Nosotros hemos llegado a la conclusión de que las armas de destrucción masiva y Sadam eran simples pretextos para atacar Irak. El problema de Irak es la presencia de tropas extranjeras. Irán apoya la independencia y desarrollo de Irak. Creemos que la inseguridad es un pretexto de Estados Unidos y Reino Unido para permanecer en Irak. Desde nuestra perspectiva, ellos favorecen la inseguridad en Irak.

En Irán tenemos una fábula. Un hombre con un rostro muy desagradable abraza a un niño y el niño empieza a llorar sin parar. El hombre de rostro desagradable ahuyenta a los que se acercan al niño. De repente aparece un hombre juicioso y le dice: «Por favor, deje a ese niño, porque la causa de su miedo y de su llanto es usted mismo, no los demás».

P.- El informe Baker dice que Irán es imprescindible para lograr la paz en Irak. Si se pidiera el apoyo de su país para pacificar Irak, ¿estaría dispuesto a colaborar plenamente? ¿Qué pediría a cambio?

R.- Nosotros aspiramos a que se alcance la paz en beneficio de todos, porque somos los primeros perjudicados por la inseguridad existente en Irak. Tenemos una frontera común de más de 1.000 kilómetros. Hay terroristas que, bajo protección británica, se han infiltrado por nuestras fronteras y han puesto bombas. Nosotros pedimos a Dios que haya paz y seguridad en Irak pero, con toda claridad, creemos que ni Reino Unido ni EEUU quieren la paz.

Están contra la existencia de un Gobierno popular en Irak. Quieren debilitar a un Gobierno popular, legítimo. Si ellos cambiaran de actitud, cambiaría todo. En Irán hemos estado siempre al lado del pueblo iraquí y también al lado del nuevo Gobierno iraquí. Somos dos Estados, dos pueblos y dos gobiernos muy unidos. Estamos dispuestos a apoyar cualquier petición de ayuda que pida el Gobierno iraquí.

P.- El Consejo de Seguridad de la ONU aprobó una resolución imponiendo sanciones a Irán por el dossier nuclear, con el voto de Rusia y China, considerados aliados de Irán. ¿Hay crisis con Rusia y China?

R. Tanto EEUU como el Reino Unido están en contra del progreso del pueblo iraní. Cada progreso nuestro encuentra la oposición de estos países. Siempre que se celebran elecciones generales en Irán intentan que el pueblo iraní no acuda a las urnas. Dicen que están contra las armas nucleares, pero todo el mundo sabe que el régimen sionista posee armas atómicas y EEUU y Reino Unido sienten satisfacción a ese respecto. Irán ha colaborado generosamente con la Agencia Internacional de la Energía Atómica. Hemos respetado las normas vigentes.

El Consejo de Seguridad es el encargado de defender los derechos de los pueblos, pero EEUU y Reino Unido han convertido al Consejo en su instrumento. El Consejo de Seguridad ya no tiene mucho que decir. Las acciones de británicos y estadounidenses han perjudicado al pueblo iraní y desacreditado al Consejo de Seguridad. Eso se corresponde con la manera de ser de Estados Unidos y el Reino Unido, que están dispuestos a dañar a otros pueblos con tal de defender sus intereses. El descrédito y el desprestigio de la ONU no les sirven de nada. En cualquier caso, influye poco en nuestra posición política. Creemos que esta situación pondrá a EEUU y Reino Unido en una posición de mayor debilidad. Están cada vez más aislados en el mundo.

P.- ¿Demuestra su gira por Latinoamérica que hay un gran interés en Irán por estrechar sus relaciones con Latinoamérica?

R.- Estamos interesados en ampliar las relaciones con todos los gobiernos y pueblos del mundo, sobre todo con los gobiernos progresistas, con vocación de justicia social. Hoy en día los pueblos latinoamericanos están reivindicando su independencia y luchando por librarse de la arrogancia del imperialismo. Es natural que estemos junto a estos pueblos y sus aspiraciones. Tenemos relaciones excelentes con Venezuela. Con Nicaragua tuvimos relaciones muy amplias. El movimiento progresista del pueblo nicaragüense coincidió en el tiempo con la Revolución iraní, en 1979. Hay, por lo tanto, un sentimiento de cercanía y amistad entre nuestros países.

P.- ¿Cuál sería su mensaje a la población nicaragüense?

R.- El pueblo nicaragüense es un pueblo muy sabio, monoteísta y con sentido de justicia social. Ha sufrido durante muchos años el dominio y la hegemonía extranjera. Nosotros queremos decirle al pueblo nicaragüense: «Estamos con ustedes». Estamos convencidos de que con el apoyo mutuo de uno al otro podremos reconstruir nuestros países. He venido a expresar mi interés y mi apoyo a Nicaragua.+ (PE)

07/01/19 - PreNot 6436
Agencia de Noticias Prensa Ecuménica - ECUPRES

O império do consumo

Por Eduardo Galeano

A explosão do consumo no mundo atual faz mais barulho do que todas as guerras e mais algazarra do que todos os carnavais. Como diz um velho provérbio turco, aquele que bebe a conta, fica bêbado em dobro. A gandaia aturde e anuvia o olhar; esta grande bebedeira universal parece não ter limites no tempo nem no espaço.

Mas a cultura de consumo faz muito barulho, assim como o tambor, porque está vazia; e na hora da verdade, quando o estrondo cessa e acaba a festa, o bêbado acorda, sozinho, acompanhado pela sua sombra e pelos pratos quebrados que deve pagar. A expansão da demanda se choca com as fronteiras impostas pelo mesmo sistema que a gera. O sistema precisa de mercados cada vez mais abertos e mais amplos tanto quanto os pulmões precisam de ar e, ao mesmo tempo, requer que estejam no chão, como estão, os preços das matérias primas e da força de trabalho humana. O sistema fala em nome de todos, dirige a todos suas imperiosas ordens de consumo, entre todos espalha a febre compradora; mas não tem jeito: para quase todo o mundo esta aventura começa e termina na telinha da TV. A maioria, que contrai dívidas para ter coisas, termina tendo apenas dívidas para pagar suas dívidas que geram novas dívidas, e acaba consumindo fantasias que, às vezes, materializa cometendo delitos. O direito ao desperdício, privilégio de poucos, afirma ser a liberdade de todos.

Dize-me quanto consomes e te direi quanto vales. Esta civilização não deixa as flores dormirem, nem as galinhas, nem as pessoas. Nas estufas, as flores estão expostas à luz contínua, para fazer com que cresçam mais rapidamente. Nas fábricas de ovos, a noite também está proibida para as galinhas. E as pessoas estão condenadas à insônia, pela ansiedade de comprar e pela angústia de pagar. Este modo de vida não é muito bom para as pessoas, mas é muito bom para a indústria farmacêutica. Os EUA consomem metade dos calmantes, ansiolíticos e demais drogas químicas que são vendidas legalmente no mundo; e mais da metade das drogas proibidas que são vendidas ilegalmente, o que não é uma coisinha à-toa quando se leva em conta que os EUA contam com apenas cinco por cento da população mundial.

«Gente infeliz, essa que vive se comparando», lamenta uma mulher no bairro de Buceo, em Montevidéu. A dor de já não ser, que outrora cantava o tango, deu lugar à vergonha de não ter. Um homem pobre é um pobre homem. «Quando não tens nada, pensas que não vales nada», diz um rapaz no bairro Villa Fiorito, em Buenos Aires. E outro confirma, na cidade dominicana de San Francisco de Macorís: «Meus irmãos trabalham para as marcas. Vivem comprando etiquetas, e vivem suando feito loucos para pagar as prestações».

Invisível violência do mercado: a diversidade é inimiga da rentabilidade, e a uniformidade é que manda. A produção em série, em escala gigantesca, impõe em todas partes suas pautas obrigatórias de consumo. Esta ditadura da uniformização obrigatória é mais devastadora do que qualquer ditadura do partido único: impõe, no mundo inteiro, um modo de vida que reproduz seres humanos como fotocópias do consumidor exemplar.

O consumidor exemplar é o homem quieto. Esta civilização, que confunde quantidade com qualidade, confunde gordura com boa alimentação. Segundo a revista científica The Lancet, na última década a «obesidade mórbida» aumentou quase 30% entre a população jovem dos países mais desenvolvidos. Entre as crianças norte-americanas, a obesidade aumentou 40% nos últimos dezesseis anos, segundo pesquisa recente do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Colorado. O país que inventou as comidas e bebidas light, os diet food e os alimentos fat free, tem a maior quantidade de gordos do mundo. O consumidor exemplar desce do carro só para trabalhar e para assistir televisão. Sentado na frente da telinha, passa quatro horas por dia devorando comida plástica.

Vence o lixo fantasiado de comida: essa indústria está conquistando os paladares do mundo e está demolindo as tradições da cozinha local. Os costumes do bom comer, que vêm de longe, contam, em alguns países, milhares de anos de refinamento e diversidade e constituem um patrimônio coletivo que, de algum modo, está nos fogões de todos e não apenas na mesa dos ricos. Essas tradições, esses sinais de identidade cultural, essas festas da vida, estão sendo esmagadas, de modo fulminante, pela imposição do saber químico e único: a globalização do hambúrguer, a ditadura do fast food. A plastificação da comida em escala mundial, obra do McDonald´s, do Burger King e de outras fábricas, viola com sucesso o direito à autodeterminação da cozinha: direito sagrado, porque na boca a alma tem uma das suas portas.

A Copa do Mundo de futebol de 1998 confirmou para nós, entre outras coisas, que o cartão MasterCard tonifica os músculos, que a Coca-Cola proporciona eterna juventude e que o cardápio do McDonald´s não pode faltar na barriga de um bom atleta. O imenso exército do McDonald´s dispara hambúrgueres nas bocas das crianças e dos adultos no planeta inteiro. O duplo arco dessa M serviu como estandarte, durante a recente conquista dos países do Leste Europeu.

As filas na frente do McDonald´s de Moscou, inaugurado em 1990 com bandas e fanfarras, simbolizaram a vitória do Ocidente com tanta eloqüência quanto a queda do Muro de Berlim. Um sinal dos tempos: essa empresa, que encarna as virtudes do mundo livre, nega aos seus empregados a liberdade de filiar-se a qualquer sindicato. O McDonald´s viola, assim, um direito legalmente consagrado nos muitos países onde opera. Em 1997, alguns trabalhadores, membros disso que a empresa chama de Macfamília, tentaram sindicalizar-se em um restaurante de Montreal, no Canadá: o restaurante fechou. Mas, em 98, outros empregados do McDonald´s, em uma pequena cidade próxima a Vancouver, conseguiram essa conquista, digna do Guinness.

As massas consumidoras recebem ordens em um idioma universal: a publicidade conseguiu aquilo que o esperanto quis e não pôde.

Qualquer um entende, em qualquer lugar, as mensagens que a televisão transmite. No último quarto de século, os gastos em propaganda dobraram no mundo todo. Graças a isso, as crianças pobres bebem cada vez mais Coca-Cola e cada vez menos leite e o tempo de lazer vai se tornando tempo de consumo obrigatório. Tempo livre, tempo prisioneiro: as casas muito pobres não têm cama, mas têm televisão, e a televisão está com a palavra. Comprado em prestações, esse animalzinho é uma prova da vocação democrática do progresso: não escuta ninguém, mas fala para todos.

Pobres e ricos conhecem, assim, as qualidades dos automóveis do último modelo, e pobres e ricos ficam sabendo das vantajosas taxas de juros que tal ou qual banco oferece. Os especialistas sabem transformar as mercadorias em mágicos conjuntos contra a solidão. As coisas possuem atributos humanos: acariciam, fazem companhia, compreendem, ajudam, o perfume te beija e o carro é o amigo que nunca falha. A cultura do consumo fez da solidão o mais lucrativo dos mercados.

Os buracos no peito são preenchidos enchendo-os de coisas, ou sonhando com fazer isso. E as coisas não só podem abraçar: elas também podem ser símbolos de ascensão social, salvo-condutos para atravessar as alfândegas da sociedade de classes, chaves que abrem as portas proibidas. Quanto mais exclusivas, melhor: as coisas escolhem você e salvam você do anonimato das multidões. A publicidade não informa sobre o produto que vende, ou faz isso muito raramente. Isso é o que menos importa. Sua função primordial consiste em compensar frustrações e alimentar fantasias. Comprando este creme de barbear, você quer se transformar em quem?

O criminologista Anthony Platt observou que os delitos das ruas não são fruto somente da extrema pobreza. Também são fruto da ética individualista. A obsessão social pelo sucesso, diz Platt, incide decisivamente sobre a apropriação ilegal das coisas. Eu sempre ouvi
dizer que o dinheiro não traz felicidade; mas qualquer pobre que assista televisão tem motivos de sobra para acreditar que o dinheiro trás algo tão parecido que a diferença é assunto para especialistas.

Segundo o historiador Eric Hobsbawm, o século XX marcou o fim de sete mil anos de vida humana centrada na agricultura, desde que apareceram os primeiros cultivos, no final do paleolítico. A população mundial torna-se urbana, os camponeses tornam-se cidadãos. Na América Latina temos campos sem ninguém e enormes formigueiros urbanos: as maiores cidades do mundo, e as mais injustas. Expulsos pela agricultura moderna de exportação e pela erosão das suas terras, os camponeses invadem os subúrbios. Eles acreditam que Deus está em todas partes, mas por experiência própria sabem que atende nos grandes centros urbanos.

As cidades prometem trabalho, prosperidade, um futuro para os filhos. Nos campos, os esperadores olham a vida passar, e morrem bocejando; nas cidades, a vida acontece e chama. Amontoados em cortiços, a primeira coisa que os recém chegados descobrem é que o trabalho falta e os braços sobram, que nada é de graça e que os artigos de luxo mais caros são o ar e o silêncio.

Enquanto o século XIV nascia, o padre Giordano da Rivalto pronunciou, em Florença, um elogio das cidades. Disse que as cidades cresciam «porque as pessoas sentem gosto em juntar-se». Juntar-se, encontrar-se. Mas, quem encontra com quem? A esperança encontra-se com a realidade? O desejo, encontra-se com o mundo? E as pessoas, encontram-se com as pessoas?Se as relações humanas foram reduzidas a relações entre coisas, quanta gente encontra-se com as coisas?

O mundo inteiro tende a transformar-se em uma grande tela de televisão, na qual as coisas se olham mas não se tocam. As mercadorias em oferta invadem e privatizam os espaços públicos.

Os terminais de ônibus e as estações de trens, que até pouco tempo atrás eram espaços de encontro entre pessoas, estão se transformando, agora, em espaços de exibição comercial. O shopping center, o centro comercial, vitrine de todas as vitrines, impõe sua presença esmagadora. As multidões concorrem, em peregrinação, a esse templo maior das missas do consumo. A maioria dos devotos contempla, em êxtase, as coisas que seus bolsos não podem pagar, enquanto a minoria compradora é submetida ao bombardeio da oferta incessante e extenuante. A multidão, que sobe e desce pelas escadas mecânicas, viaja pelo mundo: os manequins vestem como em Milão ou Paris e as máquinas soam como em Chicago; e para ver e ouvir não é preciso pagar passagem. Os turistas vindos das cidades do interior, ou das cidades que ainda não mereceram estas benesses da felicidade moderna, posam para a foto, aos pés das marcas internacionais mais famosas, tal e como antes posavam aos pés da estátua do prócer na praça.

Beatriz Solano observou que os habitantes dos bairros suburbanos vão ao center, ao shopping center, como antes iam até o centro. O tradicional passeio do fim-de-semana até o centro da cidade tende a ser substituído pela excursão até esses centros urbanos. De banho
tomado, arrumados e penteados, vestidos com suas melhores galas, os visitantes vêm para uma festa à qual não foram convidados, mas podem olhar tudo. Famílias inteiras empreendem a viagem na cápsula espacial que percorre o universo do consumo, onde a estética do mercado desenhou uma paisagem alucinante de modelos, marcas e etiquetas.

A cultura do consumo, cultura do efêmero, condena tudo à descartabilidade midiática. Tudo muda no ritmo vertiginoso da moda, colocada à serviço da necessidade de vender. As coisas envelhecem num piscar de olhos, para serem substituídas por outras coisas de vida fugaz. Hoje, quando o único que permanece é a insegurança, as mercadorias, fabricadas para não durar, são tão voláteis quanto o capital que as financia e o trabalho que as gera. O dinheiro voa na velocidade da luz: ontem estava lá, hoje está aqui, amanhã quem sabe onde, e todo trabalhador é um desempregado em potencial.

Paradoxalmente, os shoppings centers, reinos da fugacidade, oferecem a mais bem-sucedida ilusão de segurança. Eles resistem fora do tempo, sem idade e sem raiz, sem noite e sem dia e sem memória, e existem fora do espaço, além das turbulências da perigosa realidade do mundo.

Os donos do mundo usam o mundo como se fosse descartável: uma mercadoria de vida efêmera, que se esgota assim como se esgotam, pouco depois de nascer, as imagens disparadas pela metralhadora da televisão e as modas e os ídolos que a publicidade lança, sem pausa, no mercado. Mas, para qual outro mundo vamos nos mudar? Estamos todos obrigados a acreditar na historinha de que Deus vendeu o planeta para umas poucas empresas porque, estando de mau humor, decidiu privatizar o universo? A sociedade de consumo é uma armadilha para pegar bobos.

Aqueles que comandam o jogo fazem de conta que não sabem disso, mas qualquer um que tenha olhos na cara pode ver que a grande maioria das pessoas consome pouco, pouquinho e nada, necessariamente, para garantir a existência da pouca natureza que nos resta. A injustiça social não é um erro por corrigir, nem um defeito por superar: é uma necessidade essencial. Não existe natureza capaz de alimentar um shopping center do tamanho do planeta.

Tradução: Verso Tradutores
Fonte: Carta Maior - Blog do Emir

Concurso de Miss é o retrato do fracasso das mulheres

Por Maria Newnum

A existência dos concursos de “Miss qualquer coisa”, apenas assinala o quanto as mulheres ainda continuam, apesar Betty Friedan, reféns do poder de uma parcela dos “machões”, que desprezam a existência do cérebro das mulheres, substituindo-o por carinhas bonitas, peitos, coxas e bundas.

Alguns deles classificam qualquer mulher que escreva sobre esse tema de “feia e frustrada”, como fizeram com Betty, querendo desqualificá-la. Mas essa mulher, que foi um dos pilares do movimento feminista mundial, era dona de um cérebro estupendo. Homens e mulheres “brilhantes” tinham orgasmos múltiplos só de apreciar suas idéias.

Lógico, ela não era perfeita, seja pelos padrões de beleza impostos pela sociedade de seu tempo, seja pelo fato de que, apesar do discurso, apanhava do companheiro de cama; inconformado pelo brilho que ela irradiava mundialmente. Betty, como tantas, teve a infelicidade de apaixonar-se por um homem de ego pequeno e braço forte. Essa mistura foi e é sempre perigosa para as mulheres.

A cidade de Maringá, no Estado do Paraná, Brasil, sediará o “Concurso de Miss Paraná - 2007", patrocinado por uma instituição particular de ensino da cidade. Ora vejam! Uma instituição de ensino. Não parece estranho?

Os movimentos organizados de mulheres de Maringá, do Brasil, da América Latina e, quiçá, do mundo, certamente se perguntam: “No quê um evento como esse ajudar as mulheres”? Em especial, "as maltratadas"? Pois como diz o jargão popular brasileiro, “não existe mulher feia, o que existe é mulher mal cuidada”.

Sim, há tantas mulheres mal cuidadas pela vida difícil, pela violência doméstica, pelo abuso sexual, pela falta de emprego digno e pela terrível ideologia machista que as colocam na linha de cidadãs de segunda classe; cujo único meio de ascensão é a beleza física, a saber, as coxas, peitos e bundas, que nos concursos de “Miss” são medidos minimetricamente. O Cérebro? Isso não importa.

Caso houvesse mais consciência sobre os malefícios da "Ditadura da Beleza", certamente esse evento não seria sediado por Maringá, Brasil ou qualquer país do mundo. Aguarda-se, ao menos, a manifestação do movimento de mulheres dessa cidade.

"Beleza não se põe na mesa", já dizia o poeta. As mulheres pobres, sofridas e distantes dos padrões ditados por uma sociedade alienada, sabem disso. E se consultadas, certamente manifestariam o desejo de serem representadas por pares de cérebro brilhantes e comprometidas com a causa das mulheres. Se forem "bonitas", que isso, apenas seja entendido como mais uma das tristes distinções e peso que a natureza e a sociedade impõem às mulheres, tal como a menstruação, a pobreza e a violência. Pesos não escolhidos por elas.

O Brasil e a América Latina, em especial, devem acolher sem pré-conceito as mulheres bonitas, elas estão por toda parte, como que plantadas pela natureza generosa com umas, cruel com outras. Todavia, o Brasil e a América Latina carece com urgência de “cérebros”, - masculinos e femininos - “extraordinários”.
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Maria Newnum é pedagoga, mestre em teologia prática, vice-presidente do Movimento Ecumênico de Maringá e Coordenadora da Spiritual care Consultoria.
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Santa Sé preocupada com ameaças à dignidade da mulher

Por Claudia Florentin

NOVA IORQUE, 18 de janeiro (ALC) - "Abordar o flagelo da violência que padece a mulher na sociedade contemporânea", esse é o objetivo da reflexão convocada pela Missão da Santa Sé perante as Nações Unidas, agendada para o dia 27 de fevereiro, na Family Church, em Nova Iorque.

Segundo informações da Agência Zenit, os palestrantes do encontro debaterão temas como "Violência doméstica: questões de serviço e política", "Exploração sexual de mulheres e crianças: tráfico,
prostituição e armas de guerra" e "Violência de gênero: direitos humanos internacionais e política de reunificação familiar".

O evento contará com a moderação da professora de Teologia em St. John’s University, Marilyn Martone. O encontro pretende identificar as motivações sociais, econômicas e legais relacionadas à violência exercida sobre a mulher. Projeta-se apresentar uma série de eventos em conjunto nas próximas reuniões das Nações Unidas.

É interessante que a Igreja Católica, que continua se negando a aceitar os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres como tema de discussão e debate, o uso de preservativo como elemento de planejamento familiar e prevenção de doenças, e a despenalização do aborto para evitar mortes em conseqüência de abortos clandestinos, seja a promotora desse debate.

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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação

Verso e Voz — 19 de janeiro

Quanto a mim, eu buscaria a Deus e a ele entregaria a minha causa; ele faz coisas grandes e inescrutáveis e maravilhas que não se podem contar; faz chover sobre a terra e envia águas sobre os campos, para pôr os abatidos num lugar alto e para que os enlutados se alegrem da maior ventura. — Jó 5.8-11

"A palavra para a paz tanto em árabe (salam) quanto em hebraico (shalom) tem a mesma raiz etimológica e a mesma amplitude de sentido: integralidade, saúde, salvação e segurança. Refere-se a uma paz experimentada e vivida na situação histórica cotidiana. A paz pode ser uma base ou causa que conduz a algo mais. Ou é um pré-requisito ou um produto secundário". — Naim Ateek em Justice, and Only Justice: A Palestinian Theology of Liberation

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18 janeiro, 2007

El Obispo Pagura visita países de Latino América

Por Lucas Almada

Federico Pagura, Obispo (e) de la Iglesia Evangélica Metodista, visitará durante las próximas semanas Ecuador, Costa Rica y Nicaragua, para participar en diversos eventos.

Invitado por la Fraternidad Ecuménica, organización que reúne a Iglesias Evangélicas y la Conferencia Episcopal Católica Romana, participará en Quito, Ecuador, de la Semana de Oración por la Unidad de los Cristianos, bajo el lema “Hace oír a los sordos y hablar a los mudos”.

“La Semana de Oración por la Unidad de los Cristianos de este año desea resaltar –según los organismos que auspician este evento- el vínculo existente entre la oración por la unidad de los cristianos y su búsqueda concreta. Como asimismo apoyar las iniciativas de apoyo a los que están en la necesidad y en el sufrimiento.”

Las actividades, de carácter ecuménicas, incluyen celebraciones en iglesias católicas y evangélicas, paneles y conferencias públicas en la Universidad Católica de Quito y la Universidad Andina “Simón Bolívar”. Los temas que se abordarán son “Los fundamentalismos, una amenaza para la paz”, “Ecumenismo y antiecumenismo en el siglo XXI” y “Ecumenismo y globalización”. El Obispo (E) Federico Pagura tiene comprometida su participación en celebraciones y paneles.

Luego, Pagura visitará Costa Rica, país en donde se desempeñó como Obispo durante cuatro años, con la intención de encontrarse con familiares y amigos de tantas luchas compartidas.

Posteriormente se trasladará a Nicaragua, donde fue invitado especialmente para dirigir la Asamblea Nacional de la Iglesia Metodista de Nicaragua. Los cristianos nicaragüenses, tienen por Federico Pagura un cariño especial por el acompañamiento durante el período de la revolución sandinista siendo él Presidente del Consejo Latinoamericano de Iglesias (CLAI), incluido el reciente presidente electo Daniel Ortega, que no perdía oportunidad, en las celebraciones de entonces, para pedir el tango “Tenemos Esperanza” compuesto por el Obispo.

Este recorrido, por la patria grande, tan cotidiana para el Obispo Pagura, será motivo, sin duda, de encuentros con dirigentes religiosos y políticos, con quienes compartirán miradas acerca de la situación actual de la región.

Se entiende que la importancia de su visita, esta dada, por el momento decisivo para nuestro continente y el caribe, y todo lo que tienda a reforzar el movimiento ecuménico entre cristianos y la familia abrahámica, y el macroecumensimo del Obispo Casaldáliga, que incluye todas las expresiones precolombinas y universales, merece de nuestro esfuerzo. “Para el ecumenismo esta es una hora importantísima –dice, Pagura ya con palabras apasionadas- de diálogo de encuentro y de compromiso por la genuina y plena liberación de nuestros pueblos”

“Y, en mi posición - dice a la víspera de su viaje- parto de la gran afirmación teológica de ese gran profeta que Dios nos ha dado, que es Leonardo Boff, cuando afirma, la tierra se ha convertido en parte del mundo empobrecido por los sistemas imperiales; y que la iglesia, o las iglesias, no estamos llamados a gastar todo nuestro tiempo en perpetuarnos en la historia, eso le corresponde a Dios, sino en preguntarnos qué estamos haciendo y que estamos dispuesto a hacer para evitar que sea la familia humana, y sus poderes dominadores, sea la que determina su propia autodestrucción”.

Para ilustrar la situación y los desafíos actuales para nuestro continente, Pagura recurre al arcón de recuerdos, citas y anécdotas, que le brotan de cada poro. Cita a Emilio Castro cuando dijo que “Iglesia que no crece no es Iglesia” y complementa la idea con una cita de Earl Smith, quien también trabajó en Uruguay, que se preguntaba, “qué es una iglesia ‘vacía’ –y se respondía- una iglesia ‘llena’ que no cumple en plenitud su misión conforme al evangelio del Reino que predicó Jesús.”

Para, finalizar, recuerda una cena en privado, en donde un distinguido Obispo metodista estadounidense le pregunta al Obispo Balloch, metodista uruguayo, “¿usted cree que la iglesia esta llamada a predicar la conversión de las personas para que influyan en la transformación de la sociedad en el mundo?” a lo que Balloch, con la gran sonrisa que lo caracterizaba, le respondió “y si no es así ¿para qué es?”.+ (PE)

07/01/18 - PreNot 6431
Agencia de Noticias Prensa Ecuménica - ECUPRES

Unión Europea prohibirá venta de videojuegos violentos a menores

Vendidos en todo el mundo como entretenimiento inofensivo para niños, los videojuegos impactan sin embargo en el crecimiento de la violencia infantil y parecen tener sus días contados en los países miembros de la Unión Europea (UE), cuyos ministros de justicia acordaron este martes prohibir la comercialización de los más nocivos y penar a quienes los venden a menores.

"Estas cosas terribles contribuyen a la violencia y tarde o temprano eso lleva a la intervención policial", dijo el ministro del Interior alemán, Wolfgang Schaeuble, después de que los titulares de Justicia de la UE abordaran el asunto en una reunión en Dresde.

Alemania, que tiene la presidencia rotatoria de la UE, redactará una lista comparativa de videojuegos violentos para su prohibición en todo el bloque, atendiendo una iniciativa de la ministra de Justicia, Brigitte Zypries, aunque las medidas restrictivas serán tomadas por cada país, informó el comisario europeo para asuntos de Justicia, Libertad y Seguridad, Franco Frattini.

Frattini afirmó que haría una propuesta a los ministros de Justicia del bloque en el primer semestre del año para unificar las sanciones a los comerciantes que vendan los juegos a los niños menores de la edad autorizada en la etiqueta.

Los actuales controles en los 27 estados del bloque han resultado insuficientes, indicó, tras explicar que los comerciantes no revisaban las edades de los jóvenes que compraban los juegos no recomendados para menores de 16 años, aunque consideró utópico esperar que se impida su difusión en internet.

El Consejo informal de ministros de Justicia e Interior de la UE, que se celebra en la ciudad alemana de Dresde, admitió que ni en los países comunitarios se puede controlar la venta de videojuegos violentos a menores.

La voluntad común de todos los estados miembros es "luchar" y "avanzar" hacia la prohibición de esos productos, dijo Frattini, pero, agregó que lo cierto es que no hay criterios únicos entre los 27 países de la UE acerca de qué videos deben prohibirse o no.
El debate sobre la prohibición de ciertos videojuegos se desató en Alemania tras el asalto a una escuela de Renania del Norte-Westfalia, el pasado mes de noviembre, perpetrado por un ex alumno fanático de estos productos que disparó a varias personas y acabó suicidándose.

Este caso se produjo después de la masacre de Erfurt, en 2002, en la que un ex alumno fanático de las armas y los videojuegos violentos, mató a 19 personas, entre estudiantes y maestros. + (PE/Prensa Sur)

07/01/18 - PreNot 6432
Agencia de Noticias Prensa Ecuménica - ECUPRES

Requiem para el entusiasmo

Por Walter Dennis Muñoz (*)

“…No estamos aquí para triunfar sino para perder con entusiasmo…” Stevenson

Leí hace muchos años atrás, en la inmensa biblioteca de mi padre una definición de educación que siempre me pareció excelente. La tarea de la educación es despertar el placer intelectual.

Para algún lector aparecerá como muy acotada, para mi, es certera por dos razones. Una, lo intelectual es abarcativo a todo lo que somos. Para Wittgenstein la ética es la inteligencia aplicada a la conducta. Para Ortega y Gasset, entender es poner algo, una idea, un objeto, una emoción, un sentimiento en relación a nuestra propia vida en marcha. Quisiera ideales que fuesen como espuelas, escribía el gran pensador español antes citado.

La segunda razón es observar a los estudiantes a nuestro alrededor y veremos como la actividad educativa la asume sin mucho entusiasmo, a veces, casi como una obligación.

En una entrevista televisiva en España el Dr Adrián Paenza, doctor en matemáticas, comentaba como la enseñanza de las matemáticas era organizada de un modo vertical y poca creativa que hacía que los estudiantes no sólo se aburrieran sino que no pudieran usar su propia creatividad para descubrir el profundo significado que esta materia tiene para la vida humana.

El escritor norteamericano y columnista del NewYork Times, John Updike, comentaba sobre el desencanto de la adolescencia y juventud en Estados Unidos. Pareciera ser que esta época se podría definir con el título de un capítulo final de un libro de Ortega. Epílogo para un alma desilusionada. En algún momento Ortega y Gasset tuvo la intención de escribir una ética de la ilusión, y que el tiempo vital se lo impidió, pero el decía que las cosas teníamos que hacerlas impulsados por la ilusión y sólo cuando esta faltase actuaríamos por deber.

El 30 de Diciembre del 2006, ETA explosionó un coche bomba en el aeropuerto de Barajas en Madrid. El día 29, el Presidente del Gobierno, Rodríguez Zapatero manifestó su esperanza y entusiasmo porque el 2007 trajera por fin la paz a España… y eso dio motivo a los cuervos de la derecha española para intentar crucificarlo, y también le dio espacio al profesor universitario Fernando Savater, filósofo mediático que sólo va a la televisión cuando quiere promocionar un libro suyo, también salió a darle lo suyo por su entusiasmo por la paz.

Afortunadamente, ayuda a no perder el entusiasmo, la gente ha entendido el esfuerzo del gobierno español por optar por la paz aunque esta vez se haya perdido. Pero es fácil entender que ETA no tenga la menor noción del sentido de la paz. Lograr la paz entre los hombres debe ser la tarea más difícil de alcanzar y no necesito dar el ejemplo de Irak. Tampoco necesito ahondar en el tráfico de armas como el negocio más rentable del planeta.

Lo que cuesta entender es que se argumente a favor de la guerra intentando avergonzar al Presidente Rodríguez Zapatero por haberse entusiasmado para que en España las diferencias se superen en el foro democrático de las ideas y volver a valorar la política y el diálogo como caminos para entusiasmarse en crear sociedades más justas y en paz. No ayudemos al réquiem por el entusiasmo.

(*) W.D. Muñoz, periodista, reside en Paysandú, Uruguay.

07/01/18 - PreNot 6433
Agencia de Noticias Prensa Ecuménica - ECUPRES

Verso e Voz — 18 de janeiro

Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo. Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais. Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?1 Coríntios 3.1-3

“A igreja manteve cristãos e cristãs crentes em suas infâncias, em vez de ensinar-nos a compartilhar poder com Deus e assumir a responsabilidade para este mundo em que vivemos”. — Dorothy Sölle no The Other Side, jan-fev de 2001, v. 37, n. 1

17 janeiro, 2007

Líderes religiosos assumem compromisso pela promoção da paz e da justiça

SANTA CRUZ DE LA SIERRA, 16 de janeiro (ALC) – O cardeal Julio Terrazas fez um chamado pela paz e conclamou as partes em litígio no país para que busquem pontos de encontro e acabem com o conflito. “Somos um povo que tem valores e estes se traduzem em razões claras, não em gritos ou enfrentamentos”, disse.

Terrazas participou, em representação do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), da reunião do Comitê Executivo do Conselho Latino-Americano e Caribenho de Líderes Religiosos da Conferência Mundial de Religiões pela Paz (WCRP), em Santa Cruz de la Sierra, dias 8 a 10 de janeiro.

Conflitos registrados em Cochabamba deixaram um saldo de mortos, feridos e ameaçaram a ordem política institucional da região. “Queremos fazer um pedido de coração e alma a todos os cochabambinos e aos bolivianos, para que prevaleça a racionalidade e voltemos, uma vez mais, a fazer de nossa pátria um lugar de encontro de paz e de justiça”, reforçou o cardeal.

Com o apoio do Serviço Mundial de Igrejas (CWS) e a consultoria do Centro Regional Ecumênico de Assessoria e Serviço (CREAS), a WCRP tratou do seu planejamento estratégico na região.

Além de Terrazas, que é o moderador do Comitê Executivo da WCRP, participaram do encontro o reverendo Julio Cesar Holguín, do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), Oluwakemi Banks, da Conferência Caribenha de Igrejas (CCC), e o reverendo Samuel Olson, do Fórum Ibero-Americano de Diálogo Evangélico (FIDE).

Também compareceram a Santa Cruz de la Sierra o rabino Marcelo Polakoff, do Congresso Judeu Latino-Americano (CJL), Isa Amer, da Organização Islâmica para América Latina e o Caribe (OIPAL), Sofía Painiqueo, do Conselho Espiritual dos Povos Indígenas, os reverendos Kyoichi Sugino, Elias Szczytnicki e Valeria Gatti, de Religiões pela Paz, Humberto Shikiya e Horacio Mesones, do CREAS, e Víctor Bacarreza, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Foi apresentada ao Comitê Executivo a edição em espanhol da pasta de informação “Fé em ação: Trabalhando para os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”, elaborada por Religiões pela Paz em parceria com a Campanha do Milênio, com o apoio de Lutheran World Relief.

Esta publicação tem como propósito ajudar os líderes religiosos e suas comunidades no exercício da advocacia para o cumprimento, em cada país, dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).

As metas adotadas pelos 189 Estados membros das Nações Unidas na Cúpula do Milênio, em 2000, aspiram, até 2015, erradicar a pobreza extrema e a fome, alcançar a educação primária universal, promover a igualdade entre os gêneros e a autonomia das mulheres, reduzir a mortalidade infantil, melhorar a saúde materna, combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças, garantir a sustentabilidade do meio ambiente e fomentar a criação de uma associação mundial para o desenvolvimento.

Durante a apresentação do documento, que contou com a presença de lideranças religiosas locais de Santa Cruz de la Sierra, bem como dos meios de comunicação, Terrazas pediu o engajamento do povo boliviano para atingir os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio que integram um plano conjunto para a construção de um planeta melhor.

“Precisamos revestir-nos de valores. Não podemos ficar olhando o que ocorre ao nosso lado. Há que fazer desaparecer a pobreza e a desigualdade. Os bolivianos precisam trabalhar juntos”, afirmou.

Os líderes religiosos chegaram à conclusão de que o trabalho deve ser coletivo, e no mesmo deve estar incluído a sociedade civil, as instituições de desenvolvimento, os políticos e as autoridades dos países do mundo.

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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação

Kobia apunta hacia el "Cristianismo Ecuménico"

"Juntos es como encontramos nuestro lugar en el mundo", escribe el Secretario General del Consejo Mundial de Iglesias (CMI) a las iglesias miembros y los interlocutores ecuménicos en un mensaje sobre las prioridades para los próximos años.

"Estamos llamados a ser un pueblo que busca y sirve a Cristo en unión, a ser iglesias vivas en la promesa del amor de Dios transformador del mundo", dice el Rev. Dr Samuel Kobia.

El mensaje, dado en el tiempo de Epifanía, se refiere al período hasta 2013, en atención a los planes formulados desde la 9a asamblea del CMI celebrada el pasado año en Brasil.

El mensaje dice que "el cristianismo ecuménico para el siglo XXI" tiene su base en esa experiencia común de Cristo y en "un entendimiento común de un mundo compartido con toda la humanidad.

"Observa que las iglesias deben responder a muchos retos mundiales, tales como las cuestiones de derechos humanos, la conservación de la tierra y de su clima y la superación de la violencia. "En muchos lugares las iglesias tendrán que encontrar nuevas maneras de dar testimonio en el mundo. Tendremos que orar por la unidad y buscarla", sugiere Kobia, "quizás especialmente trabajando por la justicia y la reconciliación, y estableciendo asociaciones interreligiosas para actuar conjuntamente en cuestiones difíciles".

Esboza seis nuevos programas para la secretaría del CMI "como instrumentos mundiales de esta comunidad".

"Aunque en nuestro mundo es mucho lo que nos empuja a separarnos, las oportunidades de encontrar fuerza en la unidad pueden ser hoy mayores que nunca", dice el secretario general. "La vida se nos da no para dominar o centrarnos en nosotros mismos, sino para compartir y experimentar gratitud, convivencia y alegría", concluye el mensaje de Epifanía. "Tenemos que encontrar juntos nuestro lugar en el mundo, como creyentes en Dios y como iglesias para el mundo." (PE)

07/01/17 - PreNot 6429
Agencia de Noticias Prensa Ecuménica - ECUPRES

Católicos e evangélicos juntos na Semana de Oração

Por José Aurelio Paz

HAVANA, 16 de janeiro (ALC) - A semana de Oração pela Unidade dos Cristãos voltará a congregar evangélicos e católicos na tradicional programação de atividades que inclui o intercâmbio de atos litúrgicos comunitários e a reflexão sobre temas teológicos.

A abertura da Semana está prevista para esta quinta-feira à noite, na Igreja Católica do Sagrado Coração de Jesus. O diretor do Instituto Superior de Estudos Bíblicos e Teológicos (ISEBIT) e pastor da Igreja Presbiteriana Reformada de Cuba, Adolfo Ham, fará a pregação central da noite.

O ISEBIT abrigará, no sábado, 20, um Encontro Teológico pela Unidade. O evento pretende dar continuidade ao diálogo iniciado entre católicos e protestantes em reuniões anteriores e fazer uma avaliação do ecumenismo a partir de uma perspectiva em nível local e global.

Na terça-feira, 23, o pregador e reverendo Gilberto Walter, da Paróquia da Imaculada, no centro de Havana, transmitirá a mensagem bíblica no templo da Igreja Evangélica Livre, da comunidade conhecida como Los Pocitos, no bairro Marianao.

O encerramento se dará na quinta-feira da semana que vem, na Catedral Episcopal da Santíssima Trindade, no Vedado, onde fará uso da palavra o Núncio Apostólico de Cuba, monsenhor Luigi Bonazzi.

A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, celebrada em muitas partes do mundo desde 1968, é resultado do esforço conjunto do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) e o Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, da Igreja Católica Romana.

Seu propósito essencial é propiciar encontros ecumênicos que apontem para o reconhecimento e a análise dos problemas enfrentados pela sociedade a partir das experiências de cada região, contextos culturais e étnicos.

Segundo documentos que regem esta celebração mundial, uma igreja dividida não pode trabalhar frente às situações de fome, guerra e doenças, de maneira que a ênfase está em unir os cristãos, pondo de lado as diferenças, para uma ação mais efetiva e engajada aos princípios esperançosos do Evangelho proclamado por Jesus.

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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação

Verso e Voz — 17 de janeiro

Fazei justiça ao fraco e ao órfão, procedei retamente para com o aflito e o desamparado. Socorrei o fraco e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios. — Salmo 82.3-4

“É duro acreditar no [amor de Cristo] porque é um amor devorante. É uma coisa terrível cair nas mãos de Deus vivo. Se capturamos um relance dele ficamos com medo. Uma vez que reconhecemos que somos [filhos e filhas] de Deus, que a semente da vida divina foi impressa em nós no batismo, somos dominados pela obrigação de crescer no amor de Deus”. — Dorothy Day em “To Die For Love” The Catholic Worker, setembro de 1948, 2, 8.

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16 janeiro, 2007

Café Teológico em Maringá nasceu de um Casulo Feliz

Há um provérvio popular que diz: "Concidências são momentos em que Deus age em oculto".
O espaço que acolheu o nascimento do Café Teológico foi uma dessas felizes concidências. As borboletas nascem de casulos, com asas, para depois ganhar o céu...
O Café Teológico nasceu para ser um espaço cultural e teológico, aberto para acolher amigos e amigas interessados em pensar a teologia e seus temas, dentre eles a religião, a arte, a ética, a política, etc.


Veja as fotos da inauguração em http://cafeteologico.blogspot.com/

Católicos e evangélicos juntos na Semana de Oração

CUBA

Por José Aurelio Paz

HAVANA, 16 de janeiro (ALC) - A semana de Oração pela Unidade dos Cristãos voltará a congregar evangélicos e católicos na tradicional programação de atividades que inclui o intercâmbio de atos litúrgicos comunitários e a reflexão sobre temas teológicos.

A abertura da Semana está prevista para esta quinta-feira à noite, na Igreja Católica do Sagrado Coração de Jesus. O diretor do Instituto Superior de Estudos Bíblicos e Teológicos (ISEBIT) e pastor da Igreja Presbiteriana Reformada de Cuba, Adolfo Ham, fará a pregação central da noite.

O ISEBIT abrigará, no sábado, 20, um Encontro Teológico pela Unidade. O evento pretende dar continuidade ao diálogo iniciado entre católicos e protestantes em reuniões anteriores e fazer uma avaliação do ecumenismo a partir de uma perspectiva em nível local e global.

Na terça-feira, 23, o pregador e reverendo Gilberto Walter, da Paróquia da Imaculada, no centro de Havana, transmitirá a mensagem bíblica no templo da Igreja Evangélica Livre, da comunidade conhecida como Los Pocitos, no bairro Marianao.

O encerramento se dará na quinta-feira da semana que vem, na Catedral Episcopal da Santíssima Trindade, no Vedado, onde fará uso da palavra o Núncio Apostólico de Cuba, monsenhor Luigi Bonazzi.

A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, celebrada em muitas partes do mundo desde 1968, é resultado do esforço conjunto do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) e o Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, da Igreja Católica Romana.

Seu propósito essencial é propiciar encontros ecumênicos que apontem para o reconhecimento e a análise dos problemas enfrentados pela sociedade a partir das experiências de cada região, contextos culturais e étnicos.

Segundo documentos que regem esta celebração mundial, uma igreja dividida não pode trabalhar frente às situações de fome, guerra e doenças, de maneira que a ênfase está em unir os cristãos, pondo de lado as diferenças, para uma ação mais efetiva e engajada aos princípios esperançosos do Evangelho proclamado por Jesus.
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Evangélicos queixam-se do ecumenismo da Igreja Católica

MADRI, 15 de janeiro (FEREDE/ALC) - A Igreja Evangélica Espanhola (IEE) de Madri classificou o veto da Igreja Católica à teóloga católica Margarita Pintos, que pregaria na Semana de Oração para a Unidade dos Cristãos, de anti-ecumênica.

Em comunicado de imprensa, os evangélicos assinalam que a postura da Igreja Católica espanhola está “próxima do sectarismo” e duvida que ela “conheça e aplique o verdadeiro significado da palavra ecumenismo”.

A Semana de Oração para a Unidade dos Cristãos, realizada na Espanha há 50 anos, está agendada, em 2007, para 18 a 25 de janeiro, e dela participam diferentes confissões.

"As igrejas protestantes encontram-se ano após ano com um programa já pensado e pré-desenhado ao qual pouco que podemos contribuir", diz o comunicado da IEE. Por esse motivo, a Igreja Evangélica Espanhola de Madri pediu, nesta edição, que pudesse designar a pessoa que faria a pregação na celebração da semana que teria lugar em seu templo. Foi escolhida para essa tarefa a teóloga católica Maragarita Pintos, decisão que não foi aceita pela Igreja Católica.

Apesar da negativa católica, a Igreja Evangélica decidiu continuar com o planejado. Essa decisão fez com que o programa final da convocação de oração da Igreja Evangélica Espanhola fosse suprido.

O presbitério da IEE de Madri entende que nenhuma confissão tem o direito unilateral de impor vetos a outra. "Para nós, este evento deve basear-se no respeito mútuo, não só de todas as confissões religiosas que dele participam, mas de todos os cristãos", argumentaram.

Os evangélicos recordam que a IEE é membro fundador do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), demonstrando ao longo de sua história sua vocação ecumênica, que o presbitério de Madri pretende continuar praticando, baseado no respeito e na tolerância de todos os cristãos.

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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação

Lo que no se dice de Cuba

En 25 municipios cubanos pertenecientes a 12 provincias, con 800 mil 118 habitantes, se registró “cero mortalidad infantil en 2006”.

La información fue dada a conocer por Argenpress mediante una nota de Angel Rodríguez Alvarez quien agrega que “ese acontecimiento, desdichadamente impensable en la mayoría de las naciones del orbe, aún en las desarrolladas, no ha sido rebotado por El Nuevo Herald, la llamada Radio Martí y otros medios norteamericanos y europeos que están habitualmente a la caza del menor episodio ocurrido en la Isla, siempre que les resulte útil para dañar la imagen del país”

Como ejemplo se menciona la Ciénaga de Zapata, una zona que hasta 1959 se encontraba prácticamente incomunicada, poblada por humildes fabricantes de carbón vegetal, totalmente corroídos por la más espantosa miseria y víctimas del abandono oficial y del que no existen estadísticas sobre el número de infantes y adultos fallecidos anualmente.

En esa misma línea se registró “la increíble” cifra de 5,3 fallecidos por cada mil nacidos vivos, todo un récord, solo superado a nivel continental por Canadá. Por otra parte la expectativa de vida son 77 años. Cuba tiene presencia solidaria de personal cubano de la salud en 68 países.

Con ironía Angel Rodríguez Alvarez dice que “sería oportuno mencionar que esos notables éxitos han tenido lugar en un pequeño territorio del llamado Tercer Mundo, víctima por casi medio siglo de un feroz bloqueo económico impuesto por Estados Unidos”. (PE)

07/01/16 - PreNot 6425
Agencia de Noticias Prensa Ecuménica - ECUPRES

Verso e Voz — 16 de janeiro

Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me a tua fé sem as obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras. Crês tu que Deus é um só? Fazes bem; os demônios também o crêem, e estremecem. — Tiago 2.17-19

“A salvação humana encontra-se nas mãos das pessoas inconformadas criativas”. — Martin Luther King Jr.

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15 janeiro, 2007

Reconhecimento metodista a dois grandes batalhadores

BUENOS AIRES, 15 de janeiro (ALC) – O dr. José Míguez Bonino e o bispo emérito Federico Pagura foram os dois primeiros argentinos a merecerem a Ordem de Reconhecimento, instituído no ano passado pelo Conselho de Igrejas Metodistas da América Latina (CIEMAL), concedido a pessoas que prestaram contribuição extraordinária em favor do continente latino-americano e caribenho.

Míguez Bonino é figura destacada no cenário da docência e da teologia. Gerações de pastores passaram por suas salas de aula no antigo Instituto Superior Evangélico de Estudos Teológicos (ISEDET). Autor de vários livros, Bonino foi também um líder ecumênico destacado. Ao longo de sua trajetória ele exerceu a presidência do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) e foi o único observador protestante convidado a participar do Concílio Vaticano II.

O professor argentino foi um dos fundadores do Movimento Ecumênico de Direitos Humanos da Argentina nos tempos da ditadura militar. Por causa de doença do coração ele tem, há anos, dificuldades de fala e de memória, duas de suas ferramentas de trabalho. Mas Míguez Bonino não se deu por vencido e trabalhou pacientemente em sua recuperação, inclusive matriculando-se como estudante do ISEDET para obrigar seu cérebro a trabalhar.

O presidente da Igreja Metodista do Uruguai, reverendo Oscar Bolioli, contou que Bonino pediu receber o reconhecimento do CIEMAL em sua congregação, em Ramos Mejia, situada a oeste da Grande Buenos Aires, no dia 10 de dezembro. Ele fez mais dois pedidos: expressar algumas palavras na cerimônia e que sua esposa, Noemi, estivesse presente, apesar de estar muito enferma.

"Miguez Bonino falou com a soltura dos seus melhores tempos, lembrando os que não são reconhecidos no dia a dia, mas que são os que constrõem a Igreja. Foi emocionante a homenagem à sua esposa de toda a vida. Ele surpreendeu a todos ao admitir que sempre teve medo de falar, porque nunca sentiu que era suficientemente correto ou claro. Uma tremenda mensagem de uma pessoa com uma profunda humildade", opinou Bolioli.

O reconhecimento a Pagura foi no mesmo dia, quando se comemora o Dia Internacional dos Direitos Humanos. A cerimônia aconteceu na Igreja da Ressurreição, na cidade de Rosário, onde vive.

Pagura chegou ao templo, como sempre, com sua boina inseparável, saudando a todos, sem levar em conta que o centro da reunião era ele. Participaram da cerimônia delegados de todas as igrejas metodistas das regiões próximas. Eles homenagearam o bispo, que é quase um mito com seus 80 anos de idade.

Pagura trouxe a recordação de Rita, sua companheira inseparável, que faleceu há pouco tempo. "Sua voz foi se afirmando na recordação de etapas de sua vida, mas dedicou a maior parte do tempo para falar de seus sonhos e planos ainda por diante, como se ainda fosse jovem", relatou o pastor uruguaio.

Também recordou a negociação para que os pentecostais ingressassem no Conselho Latino-Americano e Caribenho de Igrejas (CLAI), seu mérito como negociador da paz na Guatemala e em El Salvador, seu carisma profético frente aos abusos de poder, a reunião no Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas, quando desafiou representantes das Igrejas Ortodoxas a celebrarem a Ceia do Senhor com
as demais confissões .

Estiveram presentes em ambos os atos o secretário geral do CIEMAL, bispo Aldo Etchegoyen, a bispa da Igreja Metodista da Argentina, Nelly Ritchie que, junto com o representante do Conselho de Bispos Metodista da América Latina, reverendo Oscar Bolioli, apresentaram as plaquetas que testemunham as homenagens.

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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação

Carta a Anivaldo Padilha e Eliane

Prezado Anivaldo,
Primeiro Parabéns. Que texto rico, informativo e comovente.

Não há como não ficar petrificada com seu relato. Quem vivenciou ou apenas leu algo sobre os terríveis testemunhos dos que foram trancafiados pelo regime, sabe as marcas deixadas. Pior é saber que para lá foram levados pela traição de seus "irmãos de fé".

Lamento muito o sofrimento que passaram. Mas o sofrimento por uma causa se transforma em prêmio, no sentido que concede aos "sofredores" um título na história e na luta pela transformação. Esse título, é um prêmio, que distancia os sofredos dos covardes, dos dedos-duros e dos infelizes que se venderam e se vendem por um prato de lentilhas.

A história da ditatura bem como a história atual foi e será feita por heróis e heroínas anônimos; idealistas e sabedores que negar suas certezas é o mesmo que assinar um auto-atestado de óbito e sair na vida sem ter nada relevante para contar.

Você e Eliana e tantas outras pessoas reféns dos porões da ditatura e dos dedos-duros, incluvive os da própria igreja metodista, foram e continuarão sendo pessoas "grandes" por muitos méritos, mas o principal é o mérito de não ser covarde.

Ainda hoje, vocês que escreveram essa história revolucionária do passado, podem incentivar os/as que vivem uma realidade ainda tão carente de heróis e heroínas, profetas e profetizas e pessoas de coragem.

Os regimes da ditaturas nunca passarão. Estão sempre a espreita. Homens e mulheres de Coragem hão sempre de existir. Resta aguardá-los/as com esperança.


Parabéns com meu respeito e profunda admiração
Maria Newnum - Uma covarde desse tempo, sem histórias grandes para contar.

A participação política da juventude metodista no perído da ditadura

Por Anivaldo Padilha

Eu vou falar a partir de uma experiência de juventude evangélica. Vocês vão perceber que as diferenças são pequenas em relação ao exposto pelo Ivo. Às vezes, temos a ilusão de que nós, da igreja, somos muito diferentes das pessoas da sociedade em geral, ou que nós, evangélicos, somos muito diferentes dos católicos e vice-versa. Na verdade, isso não ocorre. Na verdade, nós temos muito em comum; o Ivo já tocou em alguns pontos sobre os quais eu pretendia falar. Eu vou, talvez, menciona-los durante a minha fala só como referência. Mas tem dois aspectos da conjuntura das igrejas – o Ivo mencionou vários da década de 60 – que eu gostaria de acrescentar... eu vou falar aqui a partir dos anos 50 (risos). Pois é, a minha certidão de nascimento é um pouquinho mais antiga do que a dele.

Nos anos 50, em geral, as igrejas, como instituições, estavam totalmente comprometidas com o poder no Brasil. Por um lado, a Igreja Católica Romana, com seu poder institucional, estava completamente vinculada, aliada, aos setores dominantes e muitas vezes não se tinha como identificar ou separar as duas coisas. As igrejas evangélicas, por serem menores, por serem minoria e terem uma mentalidade de minoria, formavam um gueto cultural e religioso no Brasil. Não tinham o mesmo poder institucional da Igreja Católica Romana, não participavam do poder como a Igreja Romana, mas as igrejas evangélicas estavam também, pelo menos ideologicamente, comprometidas com o status quo e viam o capitalismo quase que como algo natural. E como é que éramos nós, os jovens das igrejas evangélicas? Quais eram as nossas características nos anos 50?

Nós tínhamos uma atitude totalmente pietista, quer dizer, era a busca da piedade pessoal e espiritual, e a busca da santificação. Nós éramos totalmente cerrados na busca de uma santidade que nos separava do mundo e de seus problemas. Nosso conceito de santidade era o de separação do mundo e não o conceito bíblico de que ser santo é ser separado para o trabalho de Deus. Nossa vida era inteiramente voltada para o interior da igreja. Nossa espiritualidade significava uma fuga do mundo e não uma busca da verdade evangélica. Nós tínhamos um comportamento bastante - ou totalmente – moralista: ser jovem evangélico era não fumar, não beber, não dançar, não “colar” na escola, enfim, a gente acreditava que era, realmente, totalmente diferente dos outros, que a gente estava fugindo do mundo. Isso significava também não se misturar com os jovens do mundo. Isso era uma característica nossa. Na escola, no trabalho, a tendência era a gente se separar, mostrar que éramos diferentes. Nós tínhamos que dar o testemunho de que nós éramos diferentes e melhores. Isso nos levava, por exemplo, a não participar de nada. Nas escolas, na universidade, a gente não participava de grêmio estudantil, no trabalho não participava de sindicatos nem de greves. No entanto, quando os sindicatos faziam greve por aumento de salários, os evangélicos aceitavam o aumento de salário, apesar de serem contra a greve e de não participarem.

E tínhamos também uma atitude totalmente legalista, ou seja, nós tínhamos que cumprir as leis, quer dizer, evangélico cumpre as leis. Havia uma leitura distorcida do apóstolo Paulo sobre a submissão e aceitação da autoridade e, portanto, nós tínhamos que aceitar toda e qualquer autoridade. A nossa prática diaconal - e isso era muito intenso na nossa vida de jovens, o serviço às comunidades carentes – era totalmente paternalista, quer dizer, nós íamos lá para ajudá-los mas, geralmente, com a intenção implícita de converte-los e não com atitude solidária. Nós íamos fazer as coisas por eles. Era totalmente assistencialista. Nosso trabalho se resumia, quase que exclusivamente, somente na coleta de alimentos e roupas e outras coisas. No inverno era campanha de agasalho. Para nós a pobreza era causada por questões pessoais, por problemas pessoais e morais, individuais.

Ou seja, nós não tínhamos muita consciência de que a pobreza tinha suas raízes, principalmente, na estrutura da social e econômica. E nós víamos também a diaconia, ou o serviço, quase que exclusivamente, ou principalmente, como meio de fazer proselitismo, ou seja, dizia-se “nós vamos levar o alimento material, mas temos que levar o alimento espiritual também”. O chamado alimento espiritual era, através da ajuda material, tentar seduzir as pessoas necessitadas a vir e aderir às nossas igrejas.

No final dos anos 50, começa uma grande reviravolta na nossa vida e também uma efervescência muito grande nas igrejas evangélicas no Brasil. Eu vou mencionar aqui dois fatores, mas tem muito mais. Um deles foi a conjuntura nacional – o Ivo já mencionou tudo o que ocorreu naquela época e eu não vou citar isso – mas nós tivemos a influência, eu diria, de três organizações. Eu vou colocar o nome delas no quadro, não vou falar sobre elas, mas só para vocês se lembrarem, quando vocês quiserem fazer qualquer pesquisa sobre o movimento ecumênico no Brasil, vocês vão ter que ir atrás dessas três organizações: CEB – não é Comunidade Eclesial de Base não – essa sigla se refere à Confederação Evangélica do Brasil; ela foi fundada em 1932. A CEB – Confederação Evangélica do Brasil reunia a maioria das igrejas evangélicas no Brasil e promovia a cooperação entre elas nas áreas de ação social, educação cristã, trabalhos de juventude, e atividades diaconais. Enfim, era uma organização que, realmente, promovia a fraternidade e o trabalho conjunto entre as igrejas evangélicas. Foi a primeira organização ecumênica organizada no Brasil. ULAJE – União Latino-americana de Juventude Ecumênica – foi criada em 1941 e foi a primeira organização ecumênica da América Latina, de nível continental. E a outra, UCEB, significava União Cristã de Estudantes do Brasil, que era a versão brasileira da FUMEC – Federação Universal de Movimentos Estudantis Cristãos. A FUMEC foi a primeira organização ecumênica da história do movimento ecumênico moderno. Ela foi organizada em 1895, com o objetivo de reunir estudantes, principalmente universitários, para dar testemunho no mundo acadêmico. A ULAJE trabalhava, especificamente, com a juventude das igrejas e, basicamente, com os jovens que não estavam estudando e também com os estudantes de ensino médio.

Essas três organizações tiveram uma influência, um papel fundamental nesse despertamento das igrejas evangélicas no Brasil e, principalmente, da juventude. Notem que, das três, duas eram de jovens e compostas de leigos em sua maioria. A CEB, por exemplo, tinha um departamento de juventude e criou, nos anos 50, um setor chamado Setor de Responsabilidade Social da Igreja. É interessante que a Confederação Evangélica, entre 1956 e 61, organizou três conferências que ficaram conhecidas como Conferências do Nordeste. O tema era Cristo e o Processo Revolucionário Brasileiro, quer dizer, foram três conferências para discutir e analisar a situação brasileira, mas a partir da situação do Nordeste. E foi, provavelmente, a primeira vez no Brasil que cristãos e marxistas se encontraram. UJALJE e UCEB também participaram, diretamente, em conjunto com o Departamento de Juventude da Conferência Evangélica. Essas organizações tiveram um papel fundamental, porque começaram a organizar encontros e seminários para a gente discutir, refletir sobre a situação brasileira e desenvolver reflexão teológica. Começamos a ler a Bíblia de outra maneira, não da forma fundamentalista que a gente lia antes e começamos a organizar acampamentos de trabalho em várias regiões do Brasil. Reuníamos os jovens, estudantes ou não, em épocas de férias, e íamos para regiões carentes, para prestar serviço à comunidade. Esse serviço ia desde a construção de casas até, por exemplo, a elaboração de programas de alfabetização de adultos.

Fomos muito inspirados por Paulo Freire e seu método e filosofia revolucionários. Enfim, foi um engajamento total que nos abriu os olhos para o mundo e nos levou a romper as portas das igrejas, dos templos, e compreender que nossa missão era no mundo.Um outro papel importante que essas organizações tiveram para nós foi o de ampliar as nossas relações; primeiro nos ajudaram a romper as portas das igrejas, em segundo lugar, nos ajudaram a romper as fronteiras brasileiras. E aí passamos a ter contato – indireto ou direto, às vezes – com os movimentos de libertação nacional, especialmente da África. Era o momento da luta contra o colonialismo e grande parte dos líderes dos movimentos de libertação da África tinham sido membros da FUMEC, das versões do movimento estudantil cristão na África. Eu me lembro da gente receber carta do Samora Machel (na época líder da Frente de Libertação de Moçambique) e que foi o primeiro presidente de Moçambique; fizemos campanha a favor de Nelson Mandela, porque ele tinha sido membro da versão Sul-Africana da UCEB. Ele tinha sido criado na Igreja Metodista. Passamos a ter contato também os movimentos pelos Direitos Civis dos Estados Unidos. Tudo isso servia de inspiração para nós. E a troca de experiência foi abrindo a nossa mente.

Tivemos também, por meio da FUMEC, contato com as experiências dos cristãos da Europa, durante a II Guerra Mundial. Uma Europa dividida, dominada pelo Nazismo, onde os nacionalismos eram exacerbados, no entanto, os movimentos estudantis cristãos, membros da FUNEC, na Alemanha, na França, na Inglaterra, nos Estados Unidos e outros países, conseguiram manter a unidade, apesar das diferenças nacionais e apesar dos membros desses movimentos em níveis nacionais estarem sendo recrutados para o exército de seus respectivos países. Tudo isso nos serviu de grande inspiração e nos ajudou a crescer e transformar nossa visão de mundo.

Em primeiro lugar, eu diria que percebemos que o nosso assistencialismo, na verdade, era uma distorção do amor evangélico; o nosso moralismo era uma falta de compreensão de uma ética cristã; o nosso legalismo também era uma falta de compreensão sobre a justiça; perdemos, também, a nossa ingenuidade sociológica, ou seja, passamos a entender que a pobreza era resultado de estruturas sociais e econômicas injustas e, portanto, para exercer o nosso testemunho, nós tínhamos que nos engajar na luta por mudanças sociais no Brasil. E aprendemos também que a nossa espiritualidade era nada mais que uma fuga do mundo. Como Jonas, nós estávamos fugindo.

Entendemos que a espiritualidade devia nos levar a um engajamento total na luta pela justiça no Brasil. Exigia de nós também uma encarnação em toda a situação humana. E também descobrimos que o nosso trabalho diaconal tinha que ser profético e ecumênico. E percebemos também que o proselitismo é anti-evangélico, porque Deus não admite proselitismo. Deus oferece a sua graça e as pessoas têm o direito de aceitá-la ou recusá-la. Ninguém é forçado a aceitar a graça de Deus. E percebemos que a evangelização verdadeira era um esforço que nós tínhamos que fazer para trazer ou levar a todos os níveis da relação humana os sinais do Reino Deus.

Bem, a partir desse despertamento, nós nos envolvemos, diretamente, na situação brasileira. Redescobrimos ou descobrimos a nossa vocação política. Então grande parte dos jovens começou a se envolver no movimento estudantil, nos sindicatos e outras associações. Começamos a ter os contatos com os católicos. Foi uma abertura ecumênica que coincidia também com a abertura ecumênica da Igreja Católica, sob influência do Vaticano II.

E começamos a discutir qual devia ser o nosso papel, ou seja, o papel dos cristãos, na revolução brasileira, porque, na verdade, nós acreditávamos que era possível fazer uma revolução no Brasil.

Desenvolveu-se, também, internamente, nas igrejas uma luta pela renovação da Igreja, para que a Igreja avançasse no seu compromisso social. E a partir daí começamos a criar núcleos ecumênicos e evangélicos em váriasregiões do país, para ajudar a ganhar um espaço de reflexão e ajudar os jovens das igrejas a participarem dos movimentos políticos e sociais que estavam ocorrendo no Brasil. Aí nós enfrentamos um problema sério.

É importante lembrar que esse período coincidia com grande polarização ideológica, sob a influência da guerra fria. E falar de pobreza no Brasil era considerado uma atitude subversiva. Ser ecumênico era ser confundido com comunista. As pessoas nos acusavam de ser comunistas, porque nós éramos ecumênicos. Ecumenismo e Comunismo rimavam, não é?O que aconteceu?

Passamos a sofrer forte repressão interna nas igrejas, além de enfrentar a repressão da ditadura. O que ficou claro para nós é que as igrejas que tinham nos incentivado, no final da década de 50, a redescobrir o Brasil, ou a descobrir o Brasil, essas mesmas igrejas e suas lideranças não estavam preparadas para nos acompanhar. Nós ultrapassamos e atropelamos as lideranças. Conseguimos, em muitas igrejas, assumir o controle autônomo dos nossos movimentos de juventude nas igrejas, que antes eram liderados e controlados por clérigos.

Começamos a romper essas correntes, essas amarras, com a organização de núcleos autônomos em várias igrejas e regiões do Brasil, trabalhando de duas formas: uma para incentivar os jovens a participar dos movimentos políticos e sociais, outra para que lutassem também para a renovação da Igreja.Além de enfrentar repressão interna nas igrejas, esse envolvimento levou muitos jovens a sofrer também a repressão da ditadura. Prisão, torturas, assassinatos, desaparecimento foram a constante para muitos jovens da nossa geração, católicos e protestantes e também não cristãos.

Eu só vou dar uma informação para vocês: eu e Eliana fomos presos juntos. Nós fomos presos em São Paulo. Estou dando este testemunho pessoal, porque eu quero mencionar um fato doloroso, mas que é importante ser tornado público. Nós dois fomos presos, logo em seguida mais dois jovens da Igreja Metodista também foram presos.

Fomos denunciados por um membro da igreja. Durante uma das sessões de tortura em que eu estava sendo interrogado, os torturadores queriam me forçar a confessar que eu era comunista. Diante da minha negativa, um interrogador disse: você quer que eu acredite em você ou no Pastor José Sucazas Jr, que te denunciou, dizendo que você é comunista?

O caso desse pastor não foi isolado. O papel das igrejas na repressão foi muito grande, nesse período entre 1964 e início da década de 70. Depois começaram a mudar.

E a experiência de ser evangélico na prisão foi mais ou menos semelhante a ser católico na prisão. A Bíblia era o único livro acessível no período em que estive no DOI-CODI e DEOPS – eles esqueceram que, de acordo com a forma como você a lê, a Bíblia pode ser um livro extremamente subversivo.

Não somente subversivo, a Bíblia nos dava força, eu diria, para resistir às torturas e enfrentar a situação em que estávamos e que era de muita tensão: a gente via um companheiro ser levado para o interrogatório e depois não ouvia falar mais nele. Só depois de alguns dias a gente ficava sabendo que ele estava morto.

Todas as vezes que se ouvia o barulho das dobradiças da porta de ferro que se abria para as celas da Operação Bandeirante do DOI-CODI, todos nos sentíamos ameaçados, porque sabíamos que um de nós ia ser levado. Então a meditação, a oração, tudo isso nos ajudou bastante a superar esses momentos de angústia.

Fonte: http://www.expositorcristao.org.br/index.jsp?conteudo=4025

Verso e Voz — 15 de janeiro

Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens e os repartiam por todos e todas, segundo a necessidade de cada um. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos. — Atos 2.44-47

“Ainda estou furioso com os cristãos e cristãs , que certamente me incluo, que fazem a prática da fé cristã taõ desinteresante”. — Stanley Hauerwas, A Better Hope

14 janeiro, 2007

Verso e Voz — 14 de janeiro

Nós amamos, porque ele nos amou primeiro. Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão e irmã, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão e irmã, ao qual viu, não pode amar a Deus, a quem não viu. E dele temos este mandamento, que quem ama a Deus ame também a seu irmão e irmã. — 1 João 4.19-21

“As pessoas santas se aproximam a tudo que é mudano (terrestre)”. — Hildegarda de Bingen