28 outubro, 2006

Moltmann partilha esperança com universitários

Por Trinidad Vázquez

MANÁGUA, 27 de outubro (ALC) - O teólogo alemão Jürgen Moltmann, autor da obra Teologia da Esperança, afirmou para estudantes e professores da Universidade Evangélica Nicaragüense Martin Luther King que miséria e desemprego se combate nas escolas e universidades.

Ao inaugurar na quarta-feira, 25, a V Cátedra de Humanidades que leva o seu nome, Moltmann, chamado de o “teólogo da esperança”, contou que conhece a Nicarágua há 14 anos e que sente um grande amor pelo país.

O teólogo alemão disse sentir grande alegria pelos avanços da Universidade Evangélica, “porque antes, nesta sala de aula onde estamos, existia um ranchinho onde se refletia sobre teologia e meio ambiente. Impulsionar a educação diante de tantos talentos tem um sentido maravilhoso". Moltmann sublinhou que a Nicarágua tem muitos dons, só lhe falta desenvolvê-los.

O pastor e presidente da Junta Diretiva, William González, agradeceu a presença dos convidados, entre eles o reitor do Seminário Evangélico Unido de Matanzas, Cuba, e continuador da teologia da graça no novo tempo latino-americano, Reinerio Arce; da teóloga argentina e militante do movimento de emancipação da família e da mulher, Nancy Bedford; e do missionário e teólogo da Igreja de Deus dos Estados Unidos, reverendo Ricardo Waldrop.

O reitor da Universidade anfitriã, Benjamin Cortes, afirmou que o povo da Nicarágua resistiu a tiranias, mas que não lhe foi permitido construir os fundamentos do seu futuro. "Os camponeses nicaragüenses afirmam que sua esperança é obter uma junta de bois para lavrar a terra; as mulheres expressam esperança numa luta titânica para conseguir um programa de reivindicações sócio-econômicas, políticas e culturais na construção de espaços livre de nepotismo políticos e de fanatismo religioso; os
universitários expressam esperança numa formação integral, criativa, com direito ao trabalho, à ciência, à liberdade e à igualdade de oportunidades".

Cortes sublinhou ainda que "a esperança da qual Moltmann fala empodera o espírito e abre o caminho da libertação. Desafia, ao não renunciar ao projeto de igualdade social, e aprofunda suas raízes no anúncio da boa nova do reino de Deus, provocando-nos continuamente à prática do amor".

A V Cátedra oferece espaço para explorar o papel da universidade e sua missão, humanismo, ciência e espiritualidade evangélica e ecumênica para o fortalecimento de um projeto integral de educação, segundo palavras de Cortes.

O encontro teológico termina nesta sexta-feira, com conferência a cargo do teólogo alemão Jürgen Moltmann, que completou 80 anos há poucos dias.

Moltmann é protestante e foi professor de Teologia Sistemática em Bonn (1963) e em Tübingen (1967). É um dos mestres da dogmática contemporânea. Além de “Teologia da esperança” (1968), escreveu “O Deus crucificado” (1972), Trindade e Reino de Deus” (1980), “Um novo estilo de vida” (1981), “O que é a teologia hoje?” (1992), “O caminho de Jesus Cristo” (1993) e “Cristo para nós hoje” (1997).

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Verso e Voz — 28 de outubro

Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer: Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava homem algum. Havia também, naquela mesma cidade, uma viúva que vinha ter com ele, dizendo: Julga a minha causa contra o meu adversário. Ele, por algum tempo, não a quis atender; mas, depois, disse consigo: Bem que eu não temo a Deus, nem respeito a homem algum; todavia, como esta viúva me importuna, julgarei a sua causa, para não suceder que, por fim, venha a molestar-me. Então, disse o Senhor: Considerai no que diz este juiz iníquo. Não fará Deus justiça aos seus escolhidos e escolhidas, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los/as? Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?Lucas 18.1-8

“Dentro do espaço sagrado, somos indestrutíveis, mesmo que nos sentimos vulneráveis e inseguros em muitas maneiras. Dentro do espaço sagrado podemos amar nosso país e criticar nosso país ao mesmo tempo. Dentro do espaço sagrado podemos chorar o mal maior em que ambos os lados são vítimas. Dentro do espaço sagrado podemos imaginar um universo alternativo porque já estávamos lá. Dentro do espaço sagrado podemos – se ousarmos imaginar – ouvir a Deus”. — Richard Rohr

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27 outubro, 2006

Ao vencedor, as batatas

Por: Nilson da Silva Jr.

A emoção humana é algo problemático. As pessoas encontram questionamentos nos mais diversos contextos da vida e isto pode ser doce ou amargo conforme as interpretações que se fazem.

Existe um ângulo particular que constrói dentro de cada um/a reações bastante diversas. O que é muito bom e agradável para um/a pode ser escândalo grave para o/a outro/a. A cultura, a condição social, as experiências emocionais – traumas, frustrações, certezas, alegrias, acertos e erros – são impressões únicas, peculiares, resultando diversidade de análise e de conclusão nos mais diversos fatos do dia-a-dia.

Imagino que este seja um dos fatores fundantes das discussões, das diferenças, das guerrilhas travadas nos vários lugares do cotidiano.

Estas batalhas são limitadores da paz e da tranqüilidade, causando inimizade e transtorno... quantos/as vivem sem cruzar olhares por conta de pequenos conflitos. Quantos chegam ao distanciamento, mesmo à separação por haver idéias, posições diversas.

E não podemos culpar quem quer que seja... o que tem valor aqui, pode não ter ali... o que é importante lá, pode não ter relevância alguma, acolá! Os gostos, as preferências, os desejos e sonhos são múltiplos, como é múltipla a vida! Ninguém pode ser julgado por sua particularidade... um fala “sô”, outro “uai”, outro “tchê”... e “assim caminha a humanidade”!

Importâncias e futilidades são frutos dessa massa histórica e cultural que cada pessoa traz dentro de si... e isto precisa ser respeitado para haver paz! Caso contrário haverá guerras por questões tolas e desprezíveis!

Como dizia Agostinho, “no essencial, unidade, no não essencial, liberdade...!”. Existem medidas diversas sobre questões sinônimas, contudo, há aquelas que têm um grau de relevância indiscutível... acima de padrões e conceitos, enquanto outras são, reconhecidamente insignificantes!

Não podemos sair em peleja por fatores medíocres, que não acrescentam, que não causam diferença... só por capricho, ou gosto pessoal!

Precisamos refletir sobre as mensagens subliminares desta citação do personagem Quincas Borba, da obra de Brás Cubas, de Machado de Assis: “Ao vencedor, as batatas” e perceber que em determinados momentos nos digladiamos por um mísero punhado de batatas! Existem assuntos que só fazem magoar, que nem deveriam ser tocados, discutidos, porque são nada mais do que um modesto grupo de batatas, sem importância, sem peso, sem valor!

Existem momentos que presenciamos discussões tão acirradas como se estivesse em jogo a vida de alguém, mas quando vamos perceber melhor, somos informados que há quem esteja disposto a morrer por nada!

É preciso pensar sobre as motivações das pelejas que travamos em nossas vidas... se elas compensam... se são mesmo necessárias... se o que se tem a ganhar é algo que represente mais do que a amizade, o respeito de quem será inquirido! Não podemos arriscar sentimentos nobres como honra, consideração, por coisa pequena!

Também é necessário aferir nossos valores. Dar importância àquilo que tem importância e pouco valor àquilo que não representa nada.

Em quantas situações travamos batalhas vultosas e quando somos dados por vencedores, recebemos como prêmio somente um pequeno punhado de batatas? Então nos perguntamos: é esse meu prêmio? Foi por isso que eu fiz questão? Que me indispus?

Pode parecer estranho, mas existem muitas “batatas” que nos atrapalham a vida: ambição, orgulho, última palavra... batatas que só fazem pesar nossa comunicação, nossa lucidez, nosso discernimento... complicando gravemente qualquer tipo de convívio.

E não é incomum vermos gente com batatas estragadas na mão... desfilando com elas... como se fossem troféus... sinalizando sua pouca flexibilidade, sua incapacidade de ceder, de tolerar, de ser amistoso e longânimo!

Vivemos num mundo que se destrói pouco a pouco... fruto daqueles/as que se orgulham pelas poucas batatas conquistadas... um tempo pobre, medíocre, longe da grandeza... bastante aquém da nobreza. Somos testemunhas de um período em que batata vale mais que vida, que amizade, que respeito.

Sinceramente, espero que possamos, como povo, superar nossa pequenez... que cresçamos, que evoluamos. Talvez seja propício recordar as palavras de Isaías : “Levantai os olhos para os céus e olhai...” (Is 51:6) e não somente na questão física, mas, sobretudo, que isto atinja nossa visibilidade emocional, espiritual, ética, moral... que prestemos atenção naquilo que é maior... que nossa vida seja gasta em assuntos relevantes e que rompamos com as mesquinharias que nos amarram aos porões da alma, da vida e da fé!

E que sejamos felizes!

Na graça e na paz,

Rev. Nilson da Silva Jr.

26 outubro, 2006

O mundo é nossa paróquia

Igreja Metodista em Belo Horizonte

Está em andamento em Belo Horizonte uma mobilização, que começou com leigos, para um Natal Solidário, onde se pretende arrecadar 10 toneladas de alimentos que serão destinados para os projetos Sombra e Água Fresca da cidade, voltado aos projetos com crianças. 15 igrejas estão engajadas na mobilização e espera-se a adesão de outras mais. Um banco assumirá a bibloteca infantil dos projetos. Nisso vê-se o sentido de que o "mundo é a paróquia metodista".

As informações foram repassadas pelo Bispo Josué Adam Lazier

Verso e Voz — 27 de outubro

Em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor. — Gálatas 5.6

“Um cristão/ã é um livre senhor de todas as coisas e não está submisso a ninguém. Um/a cristão/ã é um/a servo/a de todas as coisas, sempre pronto a servir, e submisso a todos e todas”. — Martim Lutero

Senhas Diárias: Lemas e textos bíblicos para 2006

Entrevista com o teólogo Justo Gonzales - Revista Ultimato

Entrevista: Para Justo L. Gonzalez O presente é sempre inconcluso e espera a revelação do futuro Historiador cubano diz que quanto mais perto estamos dos acontecimentos, mais difícil é medir sua importância. Na metade do século passado, quando estudante do Ensino Médio, o adolescente cubano Justo Gonzalez não gostava nem um pouco de história. A matéria de sua preferência era matemática. O rapaz preferia estudar menos e raciocinar mais. Sua mente era avessa a decoreba. Ele não gostava de memorizar nomes, lugares nem datas — sem os quais não é possível aprender história. Contudo, as coisas mudaram e Justo Gonzalez é hoje um respeitado historiador e autor de vários títulos de história, dois deles publicados no Brasil: Uma História Ilustrada do Cristianismo (dez volumes) e Uma História do Pensamento Cristão (três volumes). Nascido em Havana, Justo Gonzalez, 69 anos, é bacharel em teologia pelo Seminário Evangélico de Matanzas, em Cuba, e doutor em filosofia na área de teologia histórica pela Universidade de Yale, nos Estados Unidos. É casado com a professora de história Catherine Gunsalus Gonzalez, e mora em Atlanta, Geórgia, Estados Unidos, onde se dedica ao ensino, pesquisa e produção de livros. Suas pesquisas históricas levaram-no a afirmar: “Eu me tornei cada vez mais consciente da graça e do amor de Deus a quem a teologia de todas as eras procurou testemunhar”.

Ultimato – Como surgiu sua paixão pela história?
Gonzalez – Foi estudando teologia no seminário que comecei a me interessar pela história. Pouco antes, estudando filosofia, já tinha percebido que a melhor maneira de apresentar a filosofia ao estudante era apresentando a história da filosofia. E, ao estudar teologia, acontecia algo parecido. O professor de teologia sistemática repetidamente recorria a Calvino, Lutero, ou a algum dos Pais da Igreja. Comecei a ler Dogmática Eclesiástica, de Karl Barth, pois me disseram que era um livro importantíssimo. Nele vi que o raciocínio de Barth se fundamentava sobre um profundo conhecimento da história da teologia. Logo, meu interesse pela história foi e continua sendo um interesse teológico.

Ultimato – Em 1985, portanto há mais de vinte anos, o sr. escreveu o último volume de Uma História Ilustrada do Cristianismo, intitulado A Era Inconclusa. Quais seriam os desafios do mundo moderno não mencionado nesse volume?
Gonzalez – Naturalmente, temos de falar, antes de tudo, dos desafios da pós-modernidade. Os metarrelatos da modernidade perdem força rapidamente. Isso libera a teologia e a igreja do racionalismo progressista e ultra-otimista da modernidade. Mas, ao mesmo tempo, nos coloca o desafio de redescobrir o que é ser igreja obediente a Cristo numa era em que os metarrelatos parecem desfazer-se. O segundo desafio é descobrir como ser uma só igreja quando essa igreja faz parte de grande variedade de contextos e culturas. Hoje a maioria dos cristãos já não está no Norte do Atlântico, e sim no hemisfério Sul. Muitos cristãos pertencem a igrejas autônomas cujas práticas, organização e rituais contrastam com os das igrejas do Norte do Atlântico. Como aceitar uns aos outros como irmãos em Cristo, quando temos diferenças tão profundas entre nós? É necessário incluir uma reflexão cuidadosa sobre o pentencostalismo e sua relação com as igrejas tradicionais. O terceiro é compreender melhor o Islã e sua relação com o cristianismo e o judaísmo.

Ultimato – Haverá um 11º volume de sua História do Cristianismo? Temos acontecimentos suficientes para encher mais duzentas páginas da história destes últimos vinte anos? Como o sr. chamaria a era atual?
Gonzalez – Sim, temos material para escrever mais de 2 mil páginas. O problema é que quanto mais perto estamos dos acontecimentos, mais difícil é medir sua importância. O século 21 está muito perto de nós, que vivemos nele. Por isso é tão difícil saber a importância que terão a Guerra do Iraque ou as últimas eleições em uma grande potência, ou algum debate entre as igrejas. Neste caso, o volume 10 passaria a ser A Era das Grandes Transições e o 11 seria A Era Inconclusa, porque o presente sempre é inconcluso, sempre espera a revelação do futuro.

Ultimato – Se o sr. pudesse escrever o último volume de Uma História Ilustrada do Cristianismo e o chamasse de A Era Conclusa, e não inconclusa, o fim da história seria o cumprimento da Grande Comissão ou a parusia?
Gonzalez – Nenhum dos dois. A única conclusão definitiva é o estabelecimento do reino de Deus.

Ultimato – Todos os seus livros são na área de história da igreja cristã?

Gonzalez – Não. Possivelmente escrevi mais sobre a Bíblia que sobre história. Mas a maioria destes livros foram escritos em inglês e não foram traduzidos para o espanhol nem para o português. Escrevi também algo sobre teologia.

Ultimato – Muitos ateus creditam sua descrença à turbulenta história da humanidade, em particular aos horrores cometidos em nome da religião e de Deus.
Gonzalez – Eles têm razão de sobra para pensar assim. A história da humanidade mostra repetidamente que do fanatismo religioso para a violência religiosa é apenas um passo. Mas também, em nome do ateísmo e de seus irmãos gêmeos, o orgulho humano e a intolerância religiosa, causaram grandes tragédias. E se não as causaram, isto se deve acima de tudo não ao fato de o ateísmo ser pacífico ou benevolente, e sim ao fato de que, afinal de contas, existem poucos ateus.

Ultimato – A Igreja Metodista do Brasil, em seu 18º Concílio Geral, reunido em julho de 2006, se retirou de organismos ecumênicos que têm a presença da Igreja Católica Romana e de grupos não-cristãos, depois de alguns anos de comprometimento ecumênico. O que o sr. tem a dizer sobre isso?
Gonzalez – Que é mais um sinal do pecado que nos divide e do qual todos somos culpados, tanto protestantes como católicos. Com certeza, a Igreja Católica deixa muito a desejar de uma perspectiva evangélica. Mas um cristianismo que odeia ou repudia outros simplesmente por razões raciais, culturais e teológicas não merece chamar-se Evangelho de Jesus Cristo!

Ultimato – O que tem causado mais prejuízo para a Igreja no correr da história: os extremos do fundamentalismo ou os extremos do liberalismo?
Gonzalez – Ambos. Os dois são produtos da modernidade, embora o segundo se chame “modernismo” e o primeiro, não. Ambos abandonam boa parte da fé e as perspectivas cristãs da igreja antiga. Falo sobre isto no livro Retorno a la Historia del Pensamiento Cristiano (Retorno à história do pensamento cristão), no qual sugiro que existe um terceiro sistema que, além de não ser nem fundamentalista nem liberal (nem uma posição intermediária entre ambos), é mais fiel à fé da igreja antiga e possivelmente também ao Novo Testamento.

Ultimato – Quando o sr. se mudou para os Estados Unidos?
Gonzalez – Fui estudar nos Estados Unidos em 1957 (dois anos antes da Revolução). Terminei em 1961, dois meses depois da invasão norte-americana à Praia Girón (ou Bahia de Cochinos). Naquele momento o governo cubano se mostrava muito resistente a permitir que os cubanos que estavam nos Estados Unidos voltassem para Cuba. Então fui para Porto Rico, onde lecionei no Seminário Evangélico de Teologia até 1969, quando me mudei para Atlanta, Geórgia, nos Estados Unidos, onde moro até hoje.

Ultimato – Como cidadão cubano vivendo há vários anos nos Estados Unidos, como o sr. vê o bloqueio norte-americano a Cuba?
Gonzalez – O bloqueio, além de ser cruel, é estúpido e inoperante. É cruel porque priva os cubanos mais necessitados de muitos artigos de primeira necessidade (artigos dos quais os líderes do governo gozam como se não houvesse bloqueio). É estúpido porque oferece ao governo cubano desculpas para qualquer fracasso, escassez ou outras dificuldades. É inoperante porque sempre há meios de o governo prover-se do que deseja, recorrendo a outras fontes. Mantém-se unicamente pela influência política de um setor de exilados cubanos que em 2000 deram a Bush a vitória na Flórida e, portanto, a presidência dos Estados Unidos. Nos Estados Unidos mesmo, quem se opõe ao bloqueio não são apenas os “liberais” ou a esquerda, mas também os comerciantes e capitalistas, que se vêem impedidos de fazer investimentos em Cuba, enquanto outros o podem fazer.

Fonte: Pastores da 6a grupos

Café com Amigos e Amigas

Fatalidades acontecem.
Acidentes também acontecem e às vezes acontecem porque a gente deixa acontecer.
Descaminhos, separações, quase sempre são resultados de nossas histórias de vida.

Educação não acontece.
Educação, teologia, pastoral, ecumenismo, unidade não acontecem nem por fatalidade, nem acidente, nem ao acaso.
Essas coisas para acontecem precisam ser construidas, precisam ser feitas feitas.
Amizade, comunhão, esteitamento de relacionamentos, solidariedade igualmente exigem trabalho, perseverança, propósito, repetição, paciência, determinação e Graça de Deus.

Temos desejado amizade, unidade, identidade metodista e solidariedade, entre outras coisas.
Estamos desejosos de participar desse processo:
garantir que nossa Igreja não caminhe na direção oposta do Metodismo histórico e contemporâneo?

A questão ecumênica e da unidade cristã é uma causa.
Não pode ser resumida, portanto, a um sentimento de indignação passasseiro
e nem será mantida vida apenas com desejos.
É necessário bons desejos, sim, mas também,
oração,
mobilização,
reflexão,
paixão,
educação,
trabalho.

Beto Guedes afirma: "Um mais um são sempre mais que dois".

Geraldo Vandré: "Quem sabe faz a hora não espera acontecer".


Nosso desafio é superar essa nossa agenda estressante e não poucas vezes ativista, de sair de nossa paróquia, de nosso ministério quase sempre solitário e auto-suficiente e aprender a estar junto de outros, de companheiros de ministério e missão, de amigos...

As coisas pensadas, celebradas e realizadas quando a gente está caminhando em grupo e em equipe, certamente dão mais trabalho por necessitar ouvir e levar em conta a opinião do outro, mas são as coisas de que fato são capazes de mudar nossa história... até agora caminhamos separados e veja onde estamos... alguns sucessos pessoais com certeza... mas nem só de alguns sucessos pessoais nossa Igreja pode viver e superar os caminhos por onde temos sido conduzidos.

Deus não nos tem chamado para fazer o que é fácil.
Deus não nos tem chamado para fazer o que podemos fazser sozinhos. Por isso precisamos ser uma equipe, trabalhar em equipe.

Daqui a 2 dias um grupo de amigos e amigas estará se reunindo novamente das 9h às 12:30h na Igrja de Vila Isabel para tomar um café com oração, reflexão e amizade.

Além do café, da oportunidade de estarmos juntos, vamos estar conversando sobre caminhos concretos e imediatos de solidariedade e parceria em nossos ministérios. E estamos agendando aqui mesmo em Vila Isabel o que estamos chamando de "A festa da unidade", para o sábado 2 de dezembro, das 9h às 17h, com palestras, louvores, adoração e muita festa do povo de Deus. É um encontro no templo e salas da Escola Dominical aberto para todas as pessoas, leigos(as) e pastores(as).

Venha estar conosco no próximo sábado.
Agende para participar com sua família e igreja no sábado dia 2 de dezembro/2006 das 9h às 17h na Igreja de Vila Isabel.

Sábado, 28 de outurbo, das 9:30h às é sozinho no comando, parecem que "andam mais rápido". Mas celebradas, pensadas e

Um abraço,

Cláudia Romano
Edna Amaral (Edinha, de Volta Redonda)
Prª Maria do Carmo Moreira
Pr. Ronan

Voto evangélico sob a lupa de pesquisadores

Por Edelberto Behs

PORTO ALEGRE – Antes da meia-noite do domingo, 29, brasileiras e brasileiros saberão quem será o presidente da República de 2007 a 2010. O pleito, que contará com um colégio eleitoral de 126 milhões de eleitores, também vai definir os governadores de dez Estados, que terão segundo turno.

O eleitorado evangélico vai dividido para o segundo turno na escolha do inquilino do Palácio do Planalto para os próximos quatro anos, embora existam indicativos de intenção de voto mostrando que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), que disputa a reeleição com o candidato Geraldo Alckmin, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), fará mais votos também nesse segmento.

“Todos procuram as igrejas evangélicas, como se fossem partidos políticos”, disse a socióloga Maria das Dores Campos Machado ao Jornal do Brasil. Ela é autora do recém lançado livro “Política e religião – a participação dos evangélicos nas eleições”, no qual detecta uma competição religiosa que se estende ao campo político.

Mesmo sendo mais identificado como um candidato católico, Alckmin conquistou apoio, pelo menos no primeiro turno, de setores da Igreja Assembléia de Deus. Ainda que muitos desses segmentos sejam avessos ao ecumenismo, evangélicos, pentecostais e neopentecostais que dão apoio a Alckmin parecem pouco se importar com a vinculação do candidato à ultraconservadora organização católica Opus Dei, ou acreditam que ele não tenha vínculos com a mesma.

Em sabatina na Folha de São Paulo, já no período do segundo turno, Alckmin negou que seja do Opus Dei e declarou até não conhecê-la, embora ele tivesse apresentado a palestra de abertura do VII Máster em Jornalismo para Editores, sobre o tema “As relações entre governo e mídia”, no dia 17 de março de 2003, no Centro de Extensão Universitária, em São Paulo, promovido pelo Opus Dei.

Para o articulista Altamiro Borges, da Agência Adital, “o presidenciável Geraldo Alckmin se encaixa perfeitamente nos planos políticos e eleitorais do Opus Dei na América Latina”, organismo que “torce e trabalha na ‘surdina’” pela eleição do candidato do PSDB.

Até mesmo a governadora do Rio de Janeiro, Rosinha Matheus, e seu marido, Anthony Garotinho, que postulava uma candidatura à presidência da República pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e que se apresenta como o representante dos evangélicos, não hesitaram em aderir, já na primeira hora do segundo turno, à candidatura de Alckmin.

Um apoio que provocou mais estragos do que vantagens na campanha de Alckmin, tanto que ele chegou a admitir que deveria ter conversado, antes de pousar para fotos ao lado do ex-governador, com a candidata do Partido Popular Socialista (PPS) ao governo do Rio de Janeiro, Denise Frossard, e com o prefeito da capital, César Maia, do Partido da Frente Liberal (PFL), que romperam com o candidato do PSDB, a quem apoiaram no primeiro turno.

Essa confusão de alianças e adesões, que não observa ideologias, é promovida pelos próprios partidos políticos e candidatos. Denise Frossard disputa o governo do Rio de Janeiro com o candidato Sérgio Cabral, do PMDB, candidato de Garotinho e que tem o apoio de Lula. Cabral pede votos pra Lula, mas Garotinho apóia Alckmin, que pede votos para Denise Frossard. Como César Maia, prefeito do Rio, é inimigo político de Garotinho, ele retirou o apoio a Alckmin.

Depois da aliança de Alckmin com Garotinho, o sociólogo Ivo Lesbaupin, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, declarou, em entrevista para o Instituto Humanitas da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), que partidos como o PSDB e o PFL, inclusive o PT atual, “são capazes de qualquer coisa para chegar ao poder, manter-se no poder ou aumentar seu poder”.

Seguindo essa lógica apontada por Lesbaupin candidatos atiram-se na corrida em busca do voto de quem quer que seja, também dos evangélicos. Na análise que apresenta no livro recém lançado, Maria das Dores Campos Machado afirma que a participação individual de evangélicos na política sempre aconteceu. “A grande novidade é o fato de que agora existem atores coletivos e igrejas que participam, não só indicando candidaturas, mas participam do jogo de alianças e das campanhas políticas”, assinala.

Em entrevista ao Instituto Humanitas, Maria das Dores disse que a Igreja Católica sempre esteve na política, e que o envolvimento dos evangélicos representa o ingresso de novos atores na política brasileira. Ao mesmo tempo em que esse fato significa um avanço, porque as igrejas pentecostais constituem espaços de discussão da importância do voto, por outro lado, o voto fica circunscrito àquelas informações que recebem.

Esses atores entram na política com um nível de informação muito baixo, o que pode gerar o voto clientelista, “que não é só um voto pentecostal e neopentecostal, mas que também está relacionado com a pobreza, com a falta de informação e com o nível de instrução baixo dessas pessoas”, alertou a socióloga brasileira.

Pesquisa encomendada pelo Instituto Valores, de São Paulo, a cargo da Scenso sobre o comportamento do eleitor evangélico nas eleições de 2006, realizada na Região Metropolitana da capital paulista entre os dias 23 de agosto a 1 de setembro, ouvindo 1 mil pessoas, mostrou que apenas 6,1% dos evangélicos só vota em evangélico; 26,1% disseram que esse fator é importante, mas não decisivo, enquanto 63,8% declararam que isso não é importante.

O PT aparece como o partido que tem a maior preferência dos evangélicos paulistas, seguido do PSDB, do PMDB e do PFL. Mas apenas 3,1% dos evangélicos pesquisados eram filiados ao PT, e para 95,2% a filiação partidária dos candidatos lhes era indiferente. Os dados da pesquisa podem levar à confirmação mas, ao mesmo tempo, à constatação de que as igrejas têm pouca força para induzir o voto dos fiéis.

Mesmo que caminhem divididas, muitas vezes, em apoio a este ou aquele candidato, evangélicos, pentecostais e neopentecostais unem, contudo, suas forças no Legislativo, tanto que existe a bancada evangélica na Câmara Federal, quando o assunto em pauta está relacionado a valores, costumes e da moral, em temas da família, do casamento e da sexualidade.

“Existe um interesse em participar da elaboração das leis, da votação das leis e da normatização da vida da população brasileira”, explicou Maria das Dores na entrevista. Ela destacou, ainda, que o Congresso Nacional é responsável pela regulamentação das concessões de canais de rádio e de televisão no país, “espaços importantes para qualquer grupo que queira ampliar sua capacidade de influência na esfera pública”.

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Lula e a derrota da Casa Grande

Por: Leonardo Boff

"Casa-Grande & Senzala"(1933)de Gilberto Freyre representa mais que um dos textos fundadores da moderna interpretação do Brasil. Os dois termos dão corpo a um paradigma e a uma forma de habitar o mundo. Habitar na forma da Casa-Grande significa estabelecer uma relação patriarcal de dominação social, de criação de privilégios e hierarquias. Habitar na forma da Senzala é ser expoliado como ser humano, seja na forma do escravo negro, feito "peça" a ser vendida e comprada no mercado, seja do trabalhador, usado como "carvão a ser consumido"(Darcy Ribeiro) na máquina produtiva. Estas duas figuras sociais superadas historicamente, ainda perduram introjetadas nas mentes e nos hábitos, especialmente de nossas holigarquias e elites dominantes. Elas ainda se consideram as donas do Brasil com exigua sensibilidade pelo drama dos pobres. A Casa-Grande se transformou em poderosa realidade virtual que se manifesta na forma como age o grande capital nacional, como se fazem alianças entre donos da imprensa empresarial, como se manejam os fatos e se cria o imaginário pela televisão para que a Senzala continue Senzala, seu lugar na sub-história.

Ocorre que os da Senzala sempre resistiram, se revoltaram, criaram seus milhares de quilombos, se fundirem com os demais pobres e marginalizados e conseguiram, especialmente a partir de 1950, se organizar num sem-número de movimentos sociais populares. Conquistaram aliados de outras classes, intelectuais e setores importantes das Igrejas. Criaram o poder social popular que, num dado momento, se afunilou em poder político e com outras forças deram origem ao Partido dos Trabalhadores(PT). De dentro desse povo irrompeu Lula como legítimo representante destes destituidos da Casa Grande, com carisma e rara inteligência. Dou meu testemunho pessoal: corri quase todo o planeta, encontrei-me com nomes notáveis da política, das ciências, do pensamento e das artes. Dentre os mais inteligentes que encontrei, está Luiz Inácio Lula da Silva, agora nosso Presidente. Somente ignorantes podem chamá-lo de ignorante. Sua inteligência pertence ao seu carisma: desperta, arguta, indo logo ao coração dos problemas e sabendo formulá-los do seu jeito próprio, sem passar pelo jargão científico.

Sua vitória é de magnitude histórica, pois por duas vezes a Senzala venceu a Casa Grande. Os continuadores da Casa Grande fizeram tudo e tentarão ainda tudo para atravancar essa vitória. Como não têm tradição democrática e parco senso ético, costumam usar todas as armas, armar "maracutaias", como fizeram em eleições anteriores. Apenas esperamos que não utilizem o expediente do assassinato.

O desafio agora é consolidar a vitória da Senzala e dar sustentabilidade a um projeto que supere historicamente esta divisão perversa da Casa-Grande &Senzala para se inaugurar um novo tempo de uma "democracia sem fim" (Boaventura de Sousa Santos), de cunho popular e participativo.

Esse projeto só ganhará curso se Lula realimentar continuamente suas raizes numa artiulação orgânica com as bases de onde veio. São elas as portadores do sonho de um outro Brasil e infundirão força ao Presidente. As feridas que a Casa Grande abriu no tecido social e ecológico de nosso pais são sanáveis. Uma política que tem o povo como centro fará bem até a estas elites. Agora não tem lugar a revanche mas a magnanimidade, o pais unido ao redor de um projeto includente.

Petrópolis, 24 de outubro de 2006

Leonardo Boff - teólogo

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos

Igreja que não acolhe e cuida, não é Igreja

Por Maria Newnum
Um jovem que vi crescer e que para mim é ainda um menino, está em coma induzido faz dias na UTI. Ele é filho do pastor que me apresentou a Igreja Metodista. Por conta disso tenho me lembrado muito desse querido pastor. Penso como estaria, vendo o filho em luta comovente pela vida. Embora o pai fosse um daqueles crentes apaixonados, ele, suas duas irmãs e a mãe, deixaram a igreja anos após a morte do pai. De alguma forma, não se sentiram cuidados e protegidos pela família da fé.

Lembro-me dele moleque, cantando e recitando textos bíblicos. O pai, uma pessoa adorável e muito sensível, chorava ao assistir o filho. Se não me falha a memória, o menino foi meu aluno na escola dominical. Era bonzinho, bem comportado, mas muito distraído. Tinha sempre um jeitinho traquina de quem estava mais para correr livre num campo de futebol, que ficar preso numa salinha fechada num domingo de manhã. Por que as igrejas fazem isso com as crianças?

O menino cresceu, foi correr com sua moto e distraído, como sempre, chegou nesse ponto de sua história. Torço para ele acordar. Quero sentar com ele e relembrar os tempos em que seu pai, eu e a igreja o protegiam das quedas bobas no corre-corre com a molecada da igreja. Vou pedir perdão por tê-lo abandonado, por não ter continuado a cuidar dele depois que cresceu; por achar que já não precisava de mim. Falhei com ele como pessoa e como igreja. Deveria ter dado um jeito de superar as distâncias, inclusive geográficas, que nos separaram. Deixei de ser Igreja. Igreja são pessoas. Templos, cargos, doutrinas, e rituais são formalidades necessárias, mas tantas vezes, maléficas; visto que desumanizam as relações, ferem e afastam as pessoas.

O Bispo Metodista, Josué Adam Lazier em carta que avalia o papel do episcopado diz: “O episcopado é um encargo de serviço. [...] o bispo não é alguém que tem poder sobre a Igreja. [...] A Igreja precisa fortalecer o carisma do episcopado. Hoje ele está fragilizado. Não se trata de fortalecer o carisma da pessoa que exerce a função de bispo ou bispa, mas sim o carisma da função ... [...] não pode ficar refém de grupos ou de segmentos, tampouco refém de pessoas que evidenciam um ministério autoritário, personalista, centralizador e de patrulhamento. [...] exige da pessoa muita renúncia, tolerância, compreensão, amor, humildade, transparência, integridade, obediência, fidelidade e dedicação. O “poder” do episcopado está na vivência destes aspectos da vida cristã e ministerial e não confere necessariamente autoridade ao bispo, pois ela é adquirida pelo exercício do amor, do serviço, da doação aos outros [...]”.

A fala desse bispo denuncia o estado de coma da Igreja Metodista em vários âmbitos; e talvez de outras, especialmente naquilo que deveria ser o alicerce das instituições que lidam com o sagrado: A ética, o desprendimento, a humildade e amor. Por outro lado demonstra o que pode ocorrer nas lideranças religiosas que se nutrem da força do "poder" dos cargos não para exercer o cuidado com as pessoas, mas para se colocar em pedestais de arrogância. A velha forma do "você sabe com quem está falando?" sempre ecoou forte em diversas áreas da sociedade, mas deveria ser silenciada nos espaços que almejam deter e proclamar valores celestiais. Se a Igreja não acolhe, não cuida e não ama incondicionalmente, como Jesus o fez, pode incorrer no erro que continuar acreditando ser, algo, que de fato não é.

Que Deus acorde o menino do coma, que Deus acorde a Igreja, que acorde a mim, que sou e que devo ser “Igreja”.
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Maria Newnum é pedagoga, mestre em teologia prática, vice-presidente do Movimento Ecumênico de Maringá e Coordenadora da Spiritual care Consultoria.
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Verso e Voz — 26 de outubro

A palavra do Senhor veio a Zacarias, dizendo: Assim falara o Senhor dos Exércitos: Executai juízo verdadeiro, mostrai bondade e misericórdia, cada um e uma a seu irmão e irmã; não oprimais a viúva, nem o órfão e órfã, nem o estrangeiro e estrangeira, nem o/a pobre, nem intente cada um e uma, em seu coração, o mal contra seu próximo e próxima. Eles, porém, não quiseram atender e, rebeldes, me deram as costas e ensurdeceram os ouvidos, para que não ouvissem. Sim, fizeram o seu coração duro como diamante, para que não ouvissem a lei, nem as palavras que o Senhor dos Exércitos enviara pelo seu Espírito, mediante os profetas que nos precederam; daí veio a grande ira do Senhor dos Exércitos. Visto que eu clamei, e eles não me ouviram, eles também clamaram, e eu não os ouvi, diz o Senhor dos Exércitos. Espalhei-os com um turbilhão por entre todas as nações que eles não conheceram; e a terra foi assolada atrás deles, de sorte que ninguém passava por ela, nem voltava; porque da terra desejável fizeram uma desolação. — Zacarias 7.8-14

“O ato de testemunhar a paz junto com a resistência não-violenta não é um acessório opcional da vida cristã. Tem a ver com o viver em resposta humana frágil a uma intimação que Jesus viveu na sua ida à morte para nossa salvação”. — Dale Aukerman

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Amor e aceitação são ingredientes essenciais na superação de dificuldades

BRASIL
SÃO LEOPOLDO, 25 de outubro (ALC) - Fomentar o amor, a capacidade de aceitação e a inclusão social são ingredientes indispensáveis para o desenvolvimento da resiliência - termo ainda pouco difundido e que indica a capacidade de superação das adversidades -, sublinhou a psicóloga e pesquisadora da relação entre Resiliência e Espiritualidade, Susana Rocca.

Rocca apresentou palestra sobre o tema no V Simpósio Internacional de Aconselhamento e Psicologia Pastoral, sediado pela Escola Superior de Teologia (EST), em São Leopoldo, dias 19 a 21 de outubro.

"O modelo de resiliência não está centrado no pecado, no trauma ou na doença, mas trata-se de um olhar de esperança para a superação das dificuldades", disse a estudiosa, reportando-se à perspectiva otimista que está embutida no termo.

Especialista em Psicologia e Aconselhamento Pastoral, Rocca enfatizou cinco pilares essenciais para o desenvolvimento da resiliência: a rede de apoio social; a auto-estima sadia; as aptidões pessoais, a criatividade, e a aceitação dos limites e responsabilidades; o sentido da vida e da adversidade; e o senso de humor.

A Igreja pode fomentar o fatalismo e a passividade diante do sofrimento, alertou Rocca em entrevista à ALC, ressalvando, contudo, que a vivência da fraternidade ajuda na aceitação incondicional do outro.

Outro palestrante no V Simpósio foi o diretor do Centro Internacional de Investigação e Estudo de Resiliência da Universidade Argentina de Lanús, Elbio Néstor Suárez Ojeda.
"As instituições deveriam criar um clima apropriado favorecendo a comunicação, o humor, as lideranças autênticas, a participação de todos os membros, a capacitação permanente, a tolerância racional do erro e a correção não-punitiva", disse Ojeda, na entrevista que concedeu à Revista IHU ON-Line, da Unisinos.

Ojeda destacou que o amor incondicional está na base de todo resiliente e que para estimulá-la é importante o opoio de outro ser humano significativo, também conhecido como tutor de resiliência, que pode ser um amigo, um familiar, um sacerdote, um professor.

Na avaliação do reitor da EST, pastor Lothar Carlos Hoch, o simpósio representou não só um espaço privilegiado de estudo e reflexão, mas de vivência e convivência ecumênica. "Os participantes deixaram a nossa escola muito gratos e satisfeitos, e alguns inclusive disseram que este foi um momento de graça", frisou.

O encontro de São Leopoldo reuniu 220 profissionais dos campos da psicologia, enfermagem, assistência social, educação, além de pastores, religiosos e estudantes da graduação e pós-graduação das ciências humanas provenientes da Argentina, do Uruguai, da região Sul do país, São Paulo e Minas Gerais.
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Mulheres comprometem-se a lutar por direitos

ARGENTINA


BUENOS AIRES, 25 de outubro (ALC) – O Fórum de Mulheres do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), seccional Rio da Prata, convidou as igrejas para que se informem e debatam o Protocolo Facultativo da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (CEDAW, a sigla em inglês).

O encontro teve lugar no ISEDET, ontem, e foi liderado pela advogada, professora em Direito e diretora do movimento Protocolo Já da Argentina, Soledad García Muñoz. Ela apresentou a história de desigualdade e dificuldades na luta das mulheres para conquistar seus direitos, cidadania e participação plena na sociedade.

O Fórum promoveu diferentes instâncias sobre o Protocolo, inclusive campanhas de assinatura nas igrejas evangélicas e históricas. O CEDAW foi ratificado na Argentina em 1984, ganhou status constitucional em 1995 com a reforma da Constituição.

No entanto, a Argentina é o único país do Mercosul que ainda não aprovou o Protocolo Facultativo do CEDAW, debatido em várias oportunidades no Senado. O Protocolo é alvo de campanhas que passam informações imprecisas.

Esse documento reafirma a determinação dos Estados que o assinam de assegurar às mulheres o pleno e igualitário gozo de todos os direitos humanos e a adoção de medidas eficazes para evitar violações a esses direitos e liberdades.

O Fórum de Mulheres comprometeu-se a participar, junto com outras instâncias, do “Abraço ao Senado”, no dia 22 de novembro, evento que pretende dar maior visibilidade à luta histórica das mulheres na Argentina.
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25 outubro, 2006

Judeus e cristãos oram pela paz

BUENOS AIRES, 25 de outubro (ALC) – Revivendo o espírito de Assis, a Confraternidade Argentina Judaica Cristã organizou encontro de oração pela paz, ontem, na Igreja de São Francisco, a poucos passos da Casa Rosada, sede do governo federal.

Pela primeira vez na história, chefes e representantes de igrejas cristãs, de comunidades de fé de diversas religiões e cosmovisões, reuniram-se, em 27 de outubro de 1986, em Assis, na Itália, a convite do papa João Paulo II, para rezar pela paz no “Ano Internacional da Paz”, proclamado pela Organização das Nações Unidas (ONU).

No espírito de Assis, reuniram-se na Igreja de São Francisco representantes das igrejas Católica, Ortodoxa Russa, Ortodoxa Armênia, Católica Armênia, Metodista, Luterana, Valdense e do Exército da Salvação. Também estiveram na igreja rabinos de várias comunidades judaicas, autoridades do Budismo, Islamismo, Hare Krischna e de religiões indígenas.

Cada líder religioso proferiu orações e intenções pela paz, segundo suas tradições, idiomas e crenças. Tendo por lema o Decálogo de Assis, fruto do encontro ocorrido há 20 anos, o momento de oração de Buenos Aires procurou recriar o diálogo, o respeito, o conhecimento e a partilha do que é comum à essência das religiões: a paz e a justiça.

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Mundo pós-moderno venera santíssima trindade econômica

SÃO LEOPOLDO, 24 de outubro (ALC) – O neoliberalismo, a tecnologia e a globalização são a santíssima trindade da era pós-moderna, que expande seus tentáculos pelos meios de comunicação de massa para o domínio cultural do mundo, disse a vice-reitora acadêmica da Universidade de Tijuana, Martha Nélida Ruiz Uribe, do México.

Ruiz Uribe proferiu palestra na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) na quinta-feira, 19, a convite do curso de Ciências Sociais. “Trata-se de um processo cultural, de exportação da cosmovisão dos estadunidenses para o resto do mundo sobre a maneira de ver a vida”, afirmou a professora, que tem doutorado em Comunicação pela Universidade de Havana.

Os Estados Unidos tentam impor um sistema de valores e consumo do “America way of life made in Hollywood” para a instauração de uma nova ordem econômica trabalhista internacional, assinalou a pesquisadora mexicana.

Trata-se de um modelo corporativo supranacional liderado pelos Estados Unidos, que pretende dividir o mundo em diversas categorias de países, desde países escravos e os em vias de extinção, até países industriais e maquiadores de produtos.

Nessa nova ordem a América Latina entra no bloco dos países maquiadores, que ficam com a tarefa de montar produtos com peças e artigos vindos de outras partes do mundo.

O sistema promovido pela santíssima trindade da pós-modernidade promove o hiperconsumo. “Já não estamos consumindo realidade, mas representações simbólicas, e isso é ilimitado”, denunciou a vice-reitora acadêmica da Universidade mexicana.

A educação é um importante setor ao qual o sistema procura recorrer para impor os seus propósitos. Isso se dá no corte de recursos públicos para a educação, na instalação de uma nova cultura educativa-empresarial que favorece a competência, a competitividade e a criação de um discurso desideologizado e puramente racional.

Nélida Uribe prevê o surgimento de uma nova geração de seres humanos despolitizados, individualistas, competitivos, resignados aos ditames do mercado, e o aparecimento de um exército de reserva intelectual.

A pesquisadora mexicana apontou as contradições que esse sistema traz implícito. Se os Estados Unidos são ultraliberais na economia, são, em contrapartida, ultraconservadores no social. Outro paradoxo é que a tecnologia poupa tempo ao mundo produtivo, enquanto que as pessoas envolvidas no mercado formal não têm tempo para nada, além do trabalho.

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Verso e Voz — 25 de outubro

Pode, acaso, associar-se contigo o trono da iniqüidade, o qual forja o mal, tendo uma lei por pretexto? Ajuntam-se contra a vida do justo e justa e condenam o sangue inocente. Mas o Senhor é o meu baluarte e o meu Deus, o rochedo em que me abrigo. — Salmo 94.20-22

“A paz é um processo que nunca termina, é o trabalho de muitas decisões de muitas pessoas em muitos paises. É uma atitude, uma maneira de vida, uma maneira de resolver problemas e conflitos. A paz não pode ser forçada no país menor ou forçada pelo maior. Ela não pode ignorar nossas diferenças nem omitir nossos interesses comuns. Ela exige que trabalhemos e vivamos juntos”. — Oscar Arias Sanchez, no seu discurso de aceitação do Prêmio Nobel da Paz em 1987

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24 outubro, 2006

Verso e Voz — 24 de outubro

Vós, sim, que antes não éreis povo, mas agora sois povo de Deus. Que não tínheis alcançado misericórdia, mas que agora alcançastes misericórdia. I Pedro 2:10

Deus escolheu pessoas de todas as partes do mundo para fazer parte de seu reino. O interessante é que Deus não observa os limites geográficos e políticos que os homens estabelecem entre si. E isto também nos leva a pensar a igreja em termos de uma Igreja global, uma instituição que está serviço de toda a humanidade em todas as partes do mundo, independente do credo, da raça, da cor, da nacionalidade. Servimos a um Deus que nos ama independente de nossa origem. E isto é maravilhoso!

Como sacerdotes e sacerdotisas de Deus, recebemos dons e ministérios, que são oportunidades de serviço a Deus e à sociedade. Os dons não nos promovem, mas nos comprometem com a missão de Deus. As posições, as funções, os cargos, são necessários mas não indicam quem é mais ou menos, pois na perspectiva do Reino de Deus todos são servos, são menores e, portanto, substituíveis.

Bispo Josué Adam Lazier - Carta Pastoral - O episcopada na Igreja Metodista: Considerações sobre o processo de Eleição no 18º Concílio Geral, 16 de Outubro de 2006.

22 outubro, 2006

Verso e Voz — 23 de outubro

Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa. 2Pedro 2:4

Em primeiro lugar Pedro diz a estes irmãos que eles foram eleitos pela presciência do próprio Deus para fazerem parte do seu Reino e da sua justiça. Foi Deus quem nos escolheu em Cristo, antes da fundação do mundo, para fazermos parte de sua herança incorruptível, em amor. E o apóstolo exorta para construirmos a nossa “casa espiritual sobre a rocha que é Cristo para sermos sacerdócio santo”.


Bispo Josué Adam Lazier - Carta pastoral - O episcopado na igreja Metodista: Considerações sobre o processo de eleição no 18º Concílio Geral, 16 Outubro de 2006

O episcopado na Igreja Metodista: Considerações sobre o processo de eleição no 18º Concílio Geral


Por Bispo Josué Adam Lazier

Preâmbulo
A segunda fase do 18º Concílio Geral concedeu-me o título de bispo honorário. Agradeço as pessoas que idealizaram tal proposta. Recebo como reconhecimento pelo meu ministério e como registro do carinho e o amor destas pessoas para comigo. Agradeço aos conciliares que possibilitaram tal reconhecimento. A concessão do título restaurou em mim a convicção do carisma episcopal dado por Deus. A decisão do Concílio Geral em me conceder o título faz este registro. Não serei mais bispo de uma Região Eclesiástica ou Missionária, mas continuarei sendo um dos bispos da nossa amada Igreja Metodista. Espero corresponder a tal honraria.

Em que pese esta decisão, não posso deixar de tornar público minhas considerações sobre o processo de eleição ao episcopado, conforme abaixo descrito. Esta carta pastoral estava pronta para ser enviada à Igreja, em especial à Igreja da Quarta Região, antes da segunda fase do Concílio acontecer. Esperava o encerramento dos trabalhos conciliares para enviá-la e assim o faço neste dia. O título concedido não apaga os acontecimentos e nem ameniza os procedimentos adotados por ocasião do processo de eleição. Ofereço, portanto, a carta pastoral a seguir, o que faço com muita consideração e respeito pela Igreja que pastoreei nestes nove anos de episcopado.

Introdução
Inicio esta carta pastoral lembrando as palavras do apóstolo Pedro dirigidas aos cristãos da dispersão que estavam no Ponto, Galacia, Capadócia, Ásia e Bitínia. O apóstolo chama-os de forasteiros, porque viviam em outras terras, mas assim o faziam como eleitos de Deus e santificados no Espírito Santo ( I Pe 1.2). Estes forasteiros em I Pedro aprenderam o valor do que Deus pode fazer com e através daqueles que se colocam a disposição do Reino de Deus. Eles aprenderam a ser despojados (I Pe 2.1), e conseqüentemente, a depender da Graça e providência de Deus.

Os inícios
Nasci às margens do Rio Iguaçu, na divisa entre Paraná e Santa Catarina. Nasci paranaense. Fui criado na igreja de Porto União/SC, onde aprendi as primeiras lições do Evangelho com meus pais, minhas professoras da Escola Dominical e pelos pastores que por lá passaram. Recordo vividamente do rev. Reinado Ferreira Leão Jr.

Estudei na Faculdade de Teologia no final da década de 70 e início da de 80 (79 a 82). Tempo de mudanças na Fateo. Período de descobertas. Muito aprendizado. Quantas lembranças da Faculdade e das igrejas de Jardim Planalto (SBC). Vila Mariana e Cidade Dutra, em São Paulo. Quantas amizades que permanecem até hoje.

Finalmente o campo de trabalho na Sexta Região. Para onde seria nomeado? Fui para Ponta Grossa que na época era um campo missionário da Região. Depois veio o Seminário Regional e junto às igrejas Central de Londrina, Ibiporã, Arapongas, Apucarana e Londrina Sul. Foram 8 anos de trabalho intenso, juntamente com algumas funções na Região e na Área Geral. Depois fui nomeado para a Igreja Central de Curitiba. Foi muito difícil deixar esta igreja, pois os laços afetivos e missionários eram fortes.

Deixei Curitiba em função da eleição ao episcopado. Eleito bispo fui designado para a Quarta Região. Um susto. Mas o consolo da voz de Deus aquietou meu coração e enfrentei a mudança, adaptação e toda a demanda do episcopado em uma Região com as características peculiares da Quarta Região. Descobri grandes amigos e companheiros. Fui nutrido pelo amor, carinho e oração de muitos. Foram muitas horas de reflexão, oração e busca de Deus. Foram muitos os momentos de solidão no altar de Deus. Precisei “ser forte e corajoso”, como orienta o texto bíblico, mas isto só foi possível porque a graça de Deus esteve sempre presente.

Passei muitas horas nas estradas de Minas Gerais e Espírito Santo. Por mais que priorizasse o dia com a família e o dia de descanso, deixei minha esposa e meus filhos muitos dias sozinhos. Não digo que foi loucura pois a convicção da presença e da vontade de Deus eram constante, além dos frutos que plantei, que floresceram, que colhi e que ainda serão colhidos. Fiz muitas coisas boas. Cometi erros, mas fiz muitos acertos. Discerni equivocadamente em alguns momentos. Acredito que confiei quando deveria ter desconfiado e que desconfiei quando deveria ter confiado. São coisas da nossa humanidade. Não discriminei e não transigi com a lei canônica e com as orientações da Igreja. Não me omiti em nada e fui extremamente zeloso. Não cometi o juízo temerário contra ninguém. Não me arrependo de nada e erros que porventura cometi foram colocados no altar de Deus. No fundo da minha alma não tenho mágoas com ninguém, nem ressentimentos. Reconheço que perdi a confiança em algumas pessoas e até em alguns procedimentos adotados pela Igreja, mas não quero julgar pelo lado pessoal. Reservo-me no direito de fazer minhas leituras sobre os acontecimentos e de expressar, respeitosamente, o que penso.

Neste momento
Sei que há perguntas sobre como estou. Sei que há preocupações sobre o que vou fazer. Sei que há comentários sobre possíveis pensamentos e sentimentos que carrego. O que ouço sobre isto não corresponde com o que penso e sinto. Diria que há um pouco de maldade nos comentários. Espero expressar aqui o que penso e o que sinto.

Sinto-me, mais do que nunca, vocacionado por Deus. O episcopado é um encargo de serviço, mas nunca foi objetivo final do meu ministério. Sinto-me honrado pelos nove anos de ministério que exerci na Quarta Região. Tenho convicção da vontade de Deus e de tudo que pude fazer, com zelo, amor e muito respeito. Quando fui eleito bispo não me senti melhor do que ninguém e agora não me sinto menor do que os outros. Continuo sendo servo, como sempre fui, desde o tempo em ocupava cargos na minha igreja local de origem. Aprendi muito nestes anos, sobretudo a depender da Graça de Deus.

Não estou preocupado com o futuro, pois minha vida foi sempre marcada pelo cuidado de Deus e pelos desafios. Minha preocupação maior é com a unidade e identidade da nossa Igreja. Minha família tem sonhos e ideais mas partilha comigo do mesmo propósito de servir a Deus seja onde for. Aliás, eles são os que poderiam estar desanimados, ante os acontecimentos, mas continuam firmes desempenhando os ministérios que exercem na igreja local, regional e geral. A Joceli como professora da mocidade na igreja local, vice-coordenadora do ministério regional de esposas de pastores e assessora no programa de pastoreio de famílias pastorais, o Tiago como presidente da Federação de Jovens e o Lucas como secretário correspondente da Confederação de Juvenis e membro do ministério de administração da igreja local. Eles são o “troféu” que recebi de Deus nestes anos de pastorado e episcopado.

Estou triste, mas não desanimado. A alegria em servir a Deus e testemunhar o que Cristo fez por mim continua a mesma. Não me sinto derrotado e nem traído, como alguns pensam. Perdi o que gostaria de continuar fazendo: pastorear a Quarta Região. Expressei isto ao Concílio Regional e reiterei para a Delegação da Quarta Região. Pela decisão do Concílio Geral meu ministério junto à Quarta Região fica interrompido, mas meu ministério junto à Igreja Metodista continua, seja qual for a nomeação que venha a receber.

Não estou desanimado e nem me entreguei porque perdi um cargo, cargo para o qual não me candidatei, mas para o qual Deus me chamou. Estou cumprindo todas as minhas responsabilidades com a mesma motivação que sempre marcou meu ministério. Diante de tudo o que aconteceu no Concílio Geral reservo-me no direito de avaliar as decisões e a maneira como as coisas foram tratadas, em especial o processo de eleição ao episcopado e me indignar. Indignação que não é só minha, mas de muita gente. Indignação não é desânimo, tampouco prostração diante de dificuldades.

Quanto ao futuro ele está sendo trabalhado. Após a eleição ao episcopado, quando confirmou a minha não reeleição, fui procurado pelo Bispo Paulo Lockmann que me propôs, segundo ele em nome dos demais bispos, sair no ano que vem para estudar na Espanha. Depois me foi sugerido estudar em Buenos Aires ou Costa Rica. Não aceitei, pois não tenho motivo nenhum para isto, a não ser no momento em que estiver, juntamente com minha família, preparado para um projeto assim. Por ora e no momento oportuno, vou assumir um novo desafio em minha vida pastoral e dar continuidade à vocação que recebi de Deus. Farei isto com o mesmo empenho e dedicação que sempre caracterizou o meu trabalho.

Processo de eleição
O processo de eleição conduzido pela Delegação da Quarta foi equivocado, no meu entender. Fui tratado como candidato, pelo menos por alguns delegados. Recusei-me a participar de um processo assim e senti-me um “estranho no ninho” quando estive presente em alguns momentos de algumas reuniões. Ouvi de um membro da delegação que deveria ir para minha casa porque aqui não era o meu lugar. Relevei, como relevei muitos outros comentários, pois sempre entendi que um dos carismas do bispo é o perdão. Os coordenadores clérigo e leigo abriram para outros clérigos da delegação apresentarem suas candidaturas, mas não abriram para outros clérigos que não foram eleitos delegados. Acho que não houve transparência neste sentido. A Delegação se arvorou do direito de expressar que a Quarta Região não me queria mais como bispo. Um equívoco. Existia resistência sim, mas não era de toda a Quarta Região e sim de um pequeno grupo de pastores e por razões de ordem pessoal. Vivemos numa democracia, mas em se tratando de delegação, como é o nosso caso quando elegemos delegados e delegadas ao Concílio Geral, as decisões não podem ser colocadas no plano pessoal. Neste sentido, a Delegação não considerou que o Concílio Regional indicou a minha continuidade. Quando falo da Delegação me refiro a alguns membros, pois nem todos seguiram este caminho proposto por alguns delegados. Uma pessoa pode até votar segundo a sua consciência, mas daí dizer que a Região não queria mais o bispo Josué é uma distância muito grande. Lamento muitíssimo que tenha sido assim. A tese de alguns membros da Delegação era de que a Região queria um bispo oriundo do seu quadro de pastores. Respeito este sentimento, mas ele faz discriminação.

Espero que haja justiça e amor em nossa igreja, que são os principais sinais da presença do Reino de Deus. Nem sempre a vontade de Deus impera pois, para isto, é necessário que estejamos submissos a Ela. Mas Deus tem o poder de transformar nossos erros em bênçãos, o que não nos isenta dos erros que cometemos. Penso que não houve transparência no processo de eleição e sim articulação e coação. Neste sentido, injustiças podem ter sido cometidas. Acredito no perdão e na restauração, pois Deus é perdoador, mas os registros de erros e equívocos cometidos são inapagáveis da memória da Igreja. A história bíblica está aí registrada para nos dar inúmeros exemplos disto. Não estou entrando na questão do que é vontade de Deus e do que não é. Não quero ser juiz, a não ser de mim mesmo. Mas quero ter a liberdade de expressar meus pensamentos, até para que algumas pessoas me julguem corretamente e não de acordo com o humor de cada uma delas. Como afirmei no Concílio Geral, se fui alvo de inverdades, impiedades ou falsidades, coloco-as no altar de Deus e peço forças para perdoar. Em que pese a minha dor, acolho a decisão da Igreja. Não me rebelo contra a Igreja e continuarei servindo a Deus e à Igreja Metodista com o mesmo zelo, amor e espírito de serviço.

Não posso deixar de registrar que comentários sobre o meu trabalho na Região foram veiculados nas outras Delegações de forma tendenciosa, equivocada e maldosa, em especial na Primeira Região Eclesiástica. Espero que a Igreja possa tratar destes assuntos para que eles não se repitam mais. Qualquer clérigo pode postular ao episcopado, mas não precisa depreciar o trabalho dos outros para se promover e deve respeitar os limites da ética cristã e da ética pastoral. Neste sentido, estamos fragilizando o governo episcopal da Igreja. Hoje existe uma corrida desenfreada pelo episcopado sem que as pessoas saibam ou compreendam as implicações deste ministério na vida da Igreja. O ministério episcopal tem os seus carismas. Que fique claro: não estou julgando pessoas, estou avaliando o processo que é impiedoso para com as pessoas que exercem o episcopado na Igreja Metodista. Desta forma, a Igreja precisa estabelecer critérios para a indicação de clérigos e clérigas que concorrerão ao episcopado. O processo não pode continuar aberto como está pois ele é extremamente frágil. Quando fui eleito pelo 16º Concílio Geral as Regiões indicavam nomes depois de uma consulta às igrejas e pastores e pastoras. Estas minhas afirmativas não têm a intenção de diminuir a reeleição ou eleição de ninguém, tampouco de não reconhecer a soberania conciliar, embora eu tire conclusões sobre todo o processo desencadeado desde a eleição das delegações ao Concílio Geral.

O carisma episcopal é comprometedor
Nossos Cânones traçam o perfil do episcopado. Minha esperança é que as recomendações não sejam meramente um capítulo canônico, mas sejam levados em conta por ocasião das eleições dos bispos e bispas. “O processo de escolha leva em conta as condições básicas mencionadas na Bíblia Sagrada, em I Timóteo 3.1-7 e Tito 1.7-9 e, em especial, os seguintes requisitos: integridade moral e espiritual; probidade; coerência entre discurso e prática; capacidade de liderança; facilidade de expressão oral e escrita; firmeza doutrinária, segundo os padrões da Igreja Metodista; reconhecida competência no exercício em igrejas locais; capacidade administrativa; boa condição de saúde física e mental; não ter pendências judiciais que o desabonem para o exercício do episcopado na Igreja Metodista”.[1]

O carisma do ministério episcopal tem os seguintes aspectos: a) cuidar da vida pastoral, litúrgica e ministerial da Igreja; b) ensinar e guardar as doutrinas da Igreja; c) cumprir e fazer cumprir as regras de fé e as normas da vida e missão da Igreja; d) equipar a Igreja para os diversos ministérios; e) conservar a fé, unidade e disciplina na Igreja, além de estabelecer a disciplina institucional e doutrinária no meio da Igreja; f) proclamar a Palavra de Deus, pois, através da proclamação, a instrução profética, a exortação pastoral e a orientação quanto aos ensinamentos apostólicos são realizados pelo ministério episcopal; g) guiar e servir à Igreja – o episcopado é serviço a Cristo e cumprimento da tarefa de guiar e reger a Igreja na sua caminhada de fé e missão e h) ordenar outros para o exercício dos ministérios ordenados e reconhecidos pela Igreja.

O episcopado exige da pessoa muita renúncia, tolerância, compreensão, amor, humildade, transparência, integridade, obediência, fidelidade e dedicação. O “poder” do episcopado está na vivência destes aspectos da vida cristã e ministerial e não confere necessariamente autoridade ao bispo, pois ela é adquirida pelo exercício do amor, do serviço, da doação aos outros, da busca pela unidade e da luta em prol da identidade e da confessionalidade definidas de forma conciliar. “Assim, o bispo não é alguém que tem poder sobre a Igreja. Mas é alguém cuja escolha é reconhecimento de suas capacidades e de seus dons para representar a Igreja em permanente diaconia e, assim, guiá-la em nome de Cristo, despertando-a a exercer permanentemente a diaconia de Cristo no mundo”.[2]

Desta forma, penso que a Igreja precisa fortalecer o carisma do episcopado. Hoje ele está fragilizado. Não se trata de fortalecer o carisma da pessoa que exerce a função de bispo ou bispa, mas sim o carisma da função e oferecer, assim, os contornos onde a autoridade episcopal esteja assentada como reflexo da plena diaconia vivenciada no episcopado. O episcopado não pode ficar refém de grupos ou de segmentos, tampouco refém de pessoas que evidenciam um ministério autoritário, personalista, centralizador e de patrulhamento. O episcopado não é e não pode ser resultado de candidatura de pessoas ou de grupos, também não pode ser objeto de querelas politiqueiras e coercitivas, mas sim expressão do ministério de Cristo.

A propósito do texto de I Pedro
Em primeiro lugar Pedro diz a estes irmãos que eles foram eleitos pela presciência do próprio Deus para fazerem parte do seu Reino e da sua justiça. Foi Deus quem nos escolheu em Cristo, antes da fundação do mundo, para fazermos parte de sua herança incorruptível, em amor. E o apóstolo exorta para construirmos a nossa “casa espiritual sobre a rocha que é Cristo para sermos sacerdócio santo” (I Pedro 2 .4).

A segunda coisa muito importante é perceber que sem Jesus nós não somos um povo perante Deus. No versículo 10 do capítulo 2 o apóstolo diz: “vós, sim, que antes não éreis povo, mas agora sois povo de Deus. Que não tínheis alcançado misericórdia, mas que agora alcançastes misericórdia.” Deus escolheu pessoas de todas as partes do mundo para fazer parte de seu reino. O interessante é que Deus não observa os limites geográficos e políticos que os homens estabelecem entre si. E isto também nos leva a pensar a igreja em termos de uma Igreja global, uma instituição que está serviço de toda a humanidade em todas as partes do mundo, independente do credo, da raça, da cor, da nacionalidade. Servimos a um Deus que nos ama independente de nossa origem. E isto é maravilhoso!

Como sacerdotes e sacerdotisas de Deus, recebemos dons e ministérios, que são oportunidades de serviço a Deus e à sociedade. Os dons não nos promovem, mas nos comprometem com a missão de Deus. As posições, as funções, os cargos, são necessários mas não indicam quem é mais ou menos, pois na perspectiva do Reino de Deus todos são servos, são menores e, portanto, substituíveis. Por sermos povo de Deus caminhemos sempre pelos caminhos apontados pelo Evangelho de Cristo.



Belo Horizonte, 16 de outubro de 2006


Bispo Josué Adam Lazier


[1] Igreja Metodista, Cânones de 2002, Artigo 73, item 1, da Lei Ordinária, São Paulo, Editora Cedro, 2002.
[2] SOARES, Sebastião Armando Gameleira, O Episcopado a partir do Novo Testamento, em Ministério Episcopal, Revista Teológica do Centro de Estudos Anglicanos – CEA, ano 1 – março de 2002, n0 01, pg. 9.

Verso e Voz — 22 de outubro

Graças te damos, Senhor Deus, Todo Poderosos, que és e que eras, porque assumiste o teu grande poder e passaste a reinar (Ap. 11:17)

Deus, teus santos pensamentos são totalmente diferentes dos delírios humanos. Por isso, conduz-me em meio aos desatinos e guia-me pelo caminho certo. Meu Pai, ainda que um prodígio precises realizar, em bem aventurado vem me transformar! Solomo Franck
Senhas Diárias – Textos bíblicos e orações - 2006