05 abril, 2009

A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (Ronan Boechat de Amorim)

Quando Jesus e os discípulos estavam chegando a Jerusalém, pa-raram no povoado de Betfagé, que fica perto do monte das Oliveiras. Dali Jesus enviou dois discípulos na frente, com a seguinte ordem: “—Vão até o povoado que fica ali adiante e, logo que vocês entrarem lá, encontrarão uma jumenta presa e um jumentinho com ela. Desamarrem os dois e os tragam aqui. Se alguém falar alguma coisa, digam que o Mestre precisa deles. Assim deixarão vocês trazerem logo os animais.”
Isso aconteceu para se cumprir o que o profeta tinha dito: “Digam ao povo de Jerusalém: Agora o seu rei está chegando. Ele é humilde e está montado num jumento e num jumentinho, filho de jumenta.”
Então os discípulos foram e fizeram o que Jesus havia mandado. Levaram a jumenta e o jumentinho, jogaram as suas capas sobre eles, e Jesus montou.
Da grande multidão que ia com eles, alguns estendiam as suas capas no chão, e outros espalhavam no chão ramos que tinham cortado das ár-vores. Tanto os que iam na frente como os que vinham atrás começaram a gritar: ”—Hosana ao Filho de Davi! Que Deus abençoe aquele que vem em nome do Senhor! Hosana a Deus nas alturas do céu!”
Quando Jesus entrou em Jerusalém, toda a cidade ficou agitada, e o povo perguntava: “—Quem é ele?” A multidão respondia: —Este é o pro-feta Jesus, de Nazaré da Galiléia.

(Mateus 21:1-11 – Bíblia na versão NTLH)

O ministério de Jesus começou na periferia com as pessoas mais po-bres. O evangelho conforta, encoraja e abençoa os pobres. Jesus cultiva o segredo messiânico onde pede que ninguém proclame que Ele é o Messias. Mas no texto acima é chegada a hora do Evangelho confrontar-se com o centro da sociedade judaica, simbolizada por Jerusalém e pelo Templo, sede do poder econômico, político, ideológico e religioso.

O evangelho é também palavra profética de Deus aos poderosos deste mundo. Jesus sabe que esse confronto não é fácil e nem acontece impune-mente. A multidão que o louva e os discípulos que o seguem o abandonarão; os ameaçados pelo amor, justiça e santidade de Jesus decidirão pela sua e-liminação. O profeta que desmascara o pecado, a injustiça e a idolatria é qua-se sempre um mártir. Mas Jesus está preparado. Nada nem ninguém podem detê-lo. Não recua na sua tarefa profética. Sua coragem, amor pelas pesso-as e fidelidade a Deus são o que o levam a ir em frente. Importa obedecer a Deus do que aqueles que podem matar somente o corpo.

Um roteiro bíblico para a vida de Jesus a partir do Evangelho de Mateus (Ronan Boechat de Amorim)

Jesus Cristo, sua vida e obra
Lc 1:26-38 – Predito o seu nascimento
Lc 2:1-7 – Nasce em Belém
Lc 2:8-20 – Seu nascimento é anunciado aos pastores
Lc 2:21 – Jesus é circuncidado no 8º dia de vida
Lc 2:22-38 – Jesus é apresentado no templo
Mt 2:1-12 – A visita dos magos
Mt 2:13-23 – A fuga para o Egito e a volta para Nazaré
Lc 2:40-50 – Com a idade de 12 anos no meio dos doutores em Jerusalém
Mc 6:3 e Lc 2:51 – Trabalha como carpinteiro durante cerca de 18 anos

Seu 1º ano de ministério público
Mt 3:13-17 – Batizado por João Batista
Mt 4:1-11 – Tentado no deserto
Jo 2:1-2 – Realiza seu primeiro milagre em Caná, na Galiléia
Jo 2:13-25 – Viaja à Jerusalém e faz a purificação do templo
Jo 4:1-12 – Conversa com a mulher samaritana no poço de Jacó

Seu 2º ano de ministério público
Mt 4:13-17 – Prega em Cafarnaum
Mt 4:18-22 – A vocação de Simão, André, Tiago e João
Mt 9:1-9 –Chamada de Mateus
Mc 3:13-19 – Conclui a escolha dos 12 discípulos
Mt 5 a 7 – Prega o Sermão do Monte
Mt 6:9-13 – Ensina a orar e a oração do Pai Nosso
Lc 7:36-50 – Uma mulher unge os pés de Jesus
Lc 8:1-3 – Prega de aldeia em aldeia na Galiléia
Mt 8:18-27 – Numa das travessias pelo mar da Galiléia acalma uma tempestade

Seu 3º ano de ministério público
Mt 10:1-42 – envia os seus discípulos agora como apóstolos
Mt 14:13-21 – Multiplica os pães e alimenta mais de 5 mil pessoas
Mt 12:22-36 – Num outra travessia pelo mar da Galiléia anda sobre as águas
Mt 16:13-20 – Pedro confessa que Jesus é o Messias, o filho do Deus vivo
Mt 16:21-28 – Jesus prediz a sua morte e ressurreição
Mt 17:1-13 – Jesus experimenta a transfiguração (o brilho da Glória de Deus) quando meta-foricamente aparecem sobre ele Elias e Moisés, significando que sobre Jesus estava o poder profético (Elias) e o poder sacerdotal (Moisés).

Seu 4º ano de ministério público
Jo 7:10-53 – Prega na Festa dos Tabernáculos
Lc 10:1-24 – Envia os 70 discípulos
Jo 11:17-46 – Ressuscita a Lázaro, em Betânia
Mt 19:1 – Sua última viagem a Jerusalém
Mt 19:13-15 – Abençoa as crianças
Mt 20:17-19 – Prediz novamente a sua morte

A ÚLTIMA SEMANA DE JESUS (MORTE E RESSURREIÇÃO)

Domingo (7 dias antes do domingo da Páscoa
Mt 21:1-11 – A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém no domingo chamado “de ramos”
Mt 21:12- 13 – Purificação do templo de Jerusalém
Mt 21:14 – Jesus efetua curas no templo
Mt 21:15 – Os meninos louvam a Jesus “Hosana ao Filho de Davi”
Mt 21:15-16 – Os principais sacerdotes e os escribas ficam indignados pelas curas efetua-das por Jesus e pelo louvor das crianças.
Mt 21:17 – Jesus sai de Jerusalém para pernoitar em Betânia


Segunda-feira
Mt 21:18 – Jesus volta para Jerusalém cedo de manhã
Mt 21:18-19 – Jesus amaldiçoa a figueira sem fruto
Mt 21:23-27 – A autoridade de Jesus é colocada em dúvida
Mt 21:28 a Mt 22:14 – Jesus ensina nos átrios (pátios) do templo
Mt 22:15-19 – Os fariseus começam um complô contra Jesus
Mt 22:23- 33 – Os saduceus questionam Jesus sobre a ressurreição
Mt 22:33 – As multidões se maravilham com o ensino de Jesus
Mt 22:34- 40 – Os fariseus continuam com o plano para incriminar Jesus
Mt 22:37- 40 – Jesus ensina os 2 maiores mandamentos da Lei de Deus.
Mt 22:41 – Jesus interroga os fariseus
Mt 22:41-46 – Os fariseus continuam com a estratégia contra Jesus
Mt 23:1-36 – Jesus censura publicamente os escribas e os fariseus
Mc 12:41-44 – Louva a oferta da viúva pobre
Mt 23:37-39 – O lamento de Jesus por Jerusalém
Mt 24:1-2 – Saindo do templo, Jesus inicia o seu sermão profético
Mt 24:3 a 25:46 – O sermão profético continua e é concluído no monte das Oliveiras


Quarta-feira
Mt 26:2 – Jesus profetiza que dentro de 2 dias seria crucificado
Mt 26:6 – Jesus volta para Betânia e se hospeda na casa de Simão, o leproso
Mt 26:6-13 – Um mulher unge a cabeça de Jesus com um preciso bálsamo
Mt 26:14-16 – Conspiração contra Jesus: é hora de executar o plano definido.

Quinta-feira
Mt 26:17-29 – Jesus celebra a última Ceia (páscoa) com os discípulos
Mt 26:25 – Jesus desmascara Judas como sendo um traidor
Mt 26:26-29 – Jesus institui a Ceia do Senhor em memória da sua morte e ressurreição (eu-caristia = ação de graças)
Jo 13:1-17 – Jesus lava os pés dos discípulos como exemplo de humildade e serviço
Jo 14:1 a Jo 16:33 – Jesus consola dos discípulos
Jo 17:1-26 – Jesus ora: é a oração sacerdotal de Jesus
Mt 26:36 – Jesus vai com os discípulos para o Getsêmani

Na madrugada de quinta para sexta-feira
Mt 26:36-46 – A agonia de Jesus no Getsêmane.
Mt 26:47-56 – Judas, o traidor, cumpre a sua parte na com um beijo em Jesus.
Mt26:47 – Jesus é preso.
Mt 26:57-68 – Jesus é interrogado pelo Sumo Sacerdote e pelo Sinédrio
Mt 26:66 – Jesus é condenado à morte
Mt 26:67-68 – Jesus é torturado (com socos e murros e escárnio)
Mt 26:57-75 – Jesus é negado três vezes por Pedro antes do galo cantar

Na sexta-feira
Mt 27:3-26 – Jesus é levado perante o governador romano Pôncio Pilatos
Mt 27:3-10 – Judas, o traidor, tocado de remorso, se suicida
Mt 27:21 – O povo pede para Pilatos soltar Barrabás e crucificar Jesus
Mt 27:24 – Pilatos “lava as mãos” e por usa omissão um justo é cruelmente assassinado
Mt 27:26 – Jesus é novamente torturado (agora com açoites)
Mt 27:27 – Jesus é entregue aos soldados romanos para ser crucificado
Mt 27-2731 – Os soldados romanos escarnecem e maltratam Jesus antes de matá-lo
Mt 27:33-56 – Jesus é crucificado no monte Gólgota sob intenso escárnio tanto por parte dos romanos quanto por parte dos judeus
Mt 27:27-46-50 – Jesus morre por volta da hora nona (ou seja, às 15h).
Mt 27:55-56 – Se os discípulos fugiram e se esconderam, as mulheres que seguiram a Je-sus desde a Galiléia para o servirem permaneceram até o fim com ele.
Mt 27:57-66 – Jesus é sepultado pelo discípulo Jose de Arimatéia acompanhado pelas mulheres Maria Madalena e Maria Mãe de Tiago e José; a sepultura é mantida sob escolta romana.

Domingo da Páscoa
Mt 28:1-8 – As mulheres que vão embalsamar o corpo de Jesus encontram o túmulo vazio
Mc 16:9 – Jesus ressuscitado aparece à Maria Madalena
Mt 28:9 – Jesus ressuscitado aparece às mulheres
Lc 24:13-31 – Jesus ressuscitado aparece a dois discípulos no Caminho de Emaús.
Lc 24:34 e 1Co 15:5 – Jesus ressuscitado aparece a Simão Pedro
Lc 24:36 e Jo 20:19 – Jesus ressuscitado aparece aos discípulos que estavam escondidos em Jerusalém numa casa com as portas trancadas

Nos demais 40 dias que Jesus ficou com os discípulos antes da sua Ascenção e outros
Mc 16:14 e Jo 20:26 e 1Co 15:5 – Jesus ressuscitado aparece novamente aos discípulos, incluindo Tomé
Mt 28:16 e 1Co 15:6 – Jesus ressuscitado aparece a mais de 500 irmãos de uma só vez
Jo 21:1 – Jesus ressuscitado aparece a alguns discípulos na praia do mar da Galiléia.
1Co 15:7 – Jesus ressuscitado aparece a Tiago
Mt 28:18-20 – Jesus dá a Grande Comissão aos seus discípulos: ide por todo mundo...
At 1:4 – Jesus ressuscitado aparece aos apóstolos
At 1:8 – Jesus promete a vinda do Espírito Santo
Mc 16:19 e Lc 24:50-52 e At 1:9 – A ascensão de Jesus aos Céus.
At 9 – Jesus aparece para Saulo de Tarso, perseguidor dos cristãos e este se converte.
Mt 28:20 – Jesus está presente conosco até a consumação dos séculos
Mt 18:20 – Jesus está onde houver dois ou três reunidos no seu nome (na comunidade da fé, com o povo de Deus).
Mt 24:30 e Mt 26:64 e Mt 15:1-13 – Maranata! O Senhor Jesus voltará (segunda vinda)

PERÍODO PASCAL: duas realidades que nos convidam a uma convivência onde brota a esperança (Bispo Josué Adam Lazier)

Duas realidades são colocadas diante de nós no período da Páscoa: a morte e a ressurreição de Cristo. Duas experiências vividas por Jesus e que nos levam a pensar e refletir sobre a realidade em que vivemos hoje. Vivemos em meio a muitos sinais e ruídos de morte. Para nossa reflexão, vejamos como os evangelistas Mateus, Marcos e Lucas interpretaram a morte e a ressurreição de Jesus.

A Morte de Cristo
1. Mateus 27.45-56 - Para Mateus, a morte de Jesus causou a ruptura no véu do Templo, que simbolizava a antiga instituição do culto judaico, introduzindo um novo relacionamento com Deus. Os sinais que se seguiram à morte de Jesus, como terremotos e ressurreição de mortos, demonstram que na morte de Jesus já imperava a Vida.

2. Marcos 15.33-41 - Marcos observa que a morte de Jesus é precedida de trevas, culminando com o grito de Jesus: “Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste”. Com este sinal, o centurião, representando o Império Romano, reconhece que Jesus era Filho de Deus. Ao longo de todo o Evangelho Marcos apresenta afirmações de fé sobre a divindade de Jesus. No final do Evangelho, coloca um representante do Imperador concordando com a filiação divina de Jesus.

3. Lucas 23.44-49 - Lucas observa dois detalhes diferentes, embora também mencione as trevas, o véu rasgando-se e a confissão do centurião: ele vê a multidão voltando arrependida, batendo no perito (v. 48); observa, igualmente, que não são apenas as mulheres que presenciam a cena: todos os seus amigos estão presentes (v.49).

Lucas registra o pedido de Jesus no contexto da crucificação: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34). “O pedido que dirige ao Pai mostra até onde vai o seu amor. Revela que e entrega num gesto de perdão” (1).

A ressurreição de Cristo
1. Mateus 28.1-8 - Mateus vê na ressurreição, acompanhada de terremotos e relâmpagos, um prenúncio de que uma nova era já havia começado. Esta nova era é o Reino de Deus. Isso causa temor e grande alegria às mulheres que foram ao túmulo e correram para anunciar a novidade aos demais discípulos.

2. Marcos 16.1-8 - Em várias ocasiões, Marcos destaca o medo das testemunhas de alguns milagres de Jesus (1.7; 2.12; 4.41; 5.42; etc). Na ressurreição, as mulheres são tomadas de medo e pavor por testemunharem o “tumulo vazio”.

3. Lucas 24.1-11 - Lucas lembra as palavras de Jesus, anunciando a sua paixão, morte e ressurreição e isso ele destaca no relato da ressurreição: “lembrai-vos...” (v. 6). Não deveria, portanto, causar surpresa, como causou a Pedro (Lc 24.12), pois Jesus já anunciara a sua morte e ressurreição.

As duas realidades
Estas duas realidades da Páscoa nos apontam para a esperança, a fé, a paz e a para a vida. Um dos textos considerados mais antigos do Novo Testamento afirma: “Cristo morreu por nossos pecados”, segundo as escrituras; “foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia”, segundo as escrituras; “apareceu a Pedro e depois aos doze” (I Co 15.3-5).

Esta esperança, fé, paz e vida, devem orientar nossa celebração e impulsionar nossas vidas a uma vivência com estas características. Se há sinais e indicativos de mortes e conflitos em nossa sociedade, podemos cantar com fé e esperança que “Cristo vivo está” e que a nova vida, plena de seus direitos, continua a desabrochar pela força do Evangelho, pela presença do Reino de Deus e pela nossa doação como instrumentos para a construção de uma sociedade que vivencia estas duas realidades.

A Páscoa é um convite para que demos um passo a mais na nossa jornada de superação e de esperança. Esta jornada é marcada pela busca de Cristo, que vai ser encontrado, não entre os mortos, mas sim entre os vivos, especialmente entre os vivos que vivem num contexto de morte. Jesus Cristo lá está para que a vida renasça com os traços da dignidade e da paz.

No diálogo entre os dois ladrões crucificados ao lado de Jesus se ressalta a frase de um deles: “Ele não fez nada de mal”. O autor da frase parece reconhecer

“que não é pela força e pelo poder que a justiça, a liberdade e a vida se fazem. O Reino é o amor, que traz a verdade e a justiça, e daí a liberdade e a vida para todos. Esse é o paraíso para o qual Deus criou toda a humanidade” (2).

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CITAÇÕES:

(1) GORGULHO, G.S. e ANDERSON, A. F. O Caminho da Paz – Lucas. São Paulo, SP: Edições Paulinas, 1980, p. 255.

(2) STORNIOLO, Ivo. Como ler o Evangelho de Lucas. São Paulo, SP: Edições Paulinas, 1992, p. 203.