12 novembro, 2009

Não quero o direito de ser homofóbica (Bráulia Inês Ribeiro)

Em um momento como o que estamos vivendo no Brasil temos que saber pesar nossas palavras como Igreja. Não é nosso papel legislar moral. Deus criou a lei moral a partir de seu próprio coração refletindo seu amor e cuidado com aqueles que Ele mesmo criou e que conhece muito bem.

É sua intenção que nossa sexualidade refletisse a profundidade e intimidade do relacionamento que Ele mesmo quer ter conosco. É sua intenção que nossa sexualidade seja responsável, monogâmica, comprometida por toda a vida, gerando o núcleo da família, filhos que vão encher a terra e conhecer parte de seu amor através do amor que seus pais em família são capazes de gerar. É sua intenção que nossa sexualidade seja hetero-sexual, para poder cumprir as duas outras intenções acima: um amor que se encontra nas diferenças e não na igualdade e um amor capaz de gerar biológicamente, fisicamente completo nas palavras de Roberto Carlos pelo côncavo e o convexo.

Deus é o criador do sexo e do prazer sexual. No entanto apesar de todos estes projetos maravilhosos para a família ele não se ilude à respeito do mal uso que podia ser feito deste sexo inventado por ele. Há páginas e páginas na Bíblia sobre com que e com quem não devemos praticar sexo. Não pratique com sua irmã, com seu irmão, com seu pai, com sua mãe, com outro homem se você for homem, com outra mulher se você for mulher, com o bode, com animais, etc., etc. Deus não presumiu que por haver um ideal, estaríamos todos compelidos a ele. Ele estabeleceu sanções claras para que Israel como toda sociedade sadia tivesse como reforçar o padrão social estabelecido por ele, senão com certeza como acontece em qualquer sociedade este padrão se perderia completamente em poucas gerações.

Como Igreja vivemos hoje no Brasil uma encruzilhada moral e cultural. É nosso dever e nosso ideal cristão viver os princípios de Deus para a família. Infelizmente vivemos estes valores de uma forma pífia. A Bíblia dá mais ênfase ao adultério, do que às perversões, defendendo os limites da família com veemência. Nós cristãos não damos ao adultério a mesma importância, justificamos, entendemos, e até “defendemos” adultérios em nome da felicidade pessoal e em nome do mero hedonismo que tempera nossa religião com o mesmo sabor do mundo.

Mas a homossexualidade? Ah, este sim é um pecado gravíssimo e numa hora como esta nos desesperamos para ter uma voz. Infelizmente não sabemos nem pelo que lutar. Que tipo de voz queremos? Uma voz moral? Queremos que as leis brasileiras reflitam as leis morais de Deus? Que os homossexuais sejam apedrejados? Acho que o bom senso nos diz que não. Queremos então que o Estado brasileiro se conforme mais aos padrões de Deus e não permita a união legal homossexual? Seria um clamor mais razoável e teríamos que trabalhar um tempo com a sociedade para verificar se este é o desejo da maioria da sociedade. Mas também não teríamos tratado com o problema principal.

Como disse a estudiosa da Bíblia professora Landa Cope, que tive o privilégio de ouvir recentemente, de acordo com a palavra de Deus a responsabilidade de legitimar casamentos não é do Estado. O Estado pode casar dois homens, um homem com duas mulheres, três homens com uma mulher, dois porcos com uma galinha, que pra Deus não faz diferença. Esta responsabilidade também não foi dada à Igreja. Numa sociedade que vive princípios bíblicos esta responsabilidade é da família. É no dominío das famílias que se legitima, e fortalece a união de dois jovens, a formação de uma nova família. Vemos casamentos na Bíblia mas nem um casamento feito ou legitimado pela igreja ou pelo estado. Como acontece até hoje nas sociedades tribais, e muçulmanas, as famílias dos noivos se juntam entram em acordo e se comprometem em nutrir e abençoar a constituição de uma nova família.

Se o Estado acha por bem legitimar a união homossexual e a população do país concorda, não há nada que podemos fazer como cristãos. Não é o ideal para sociedade nenhuma, como cristãos se nos for dado o direito de voto, diremos não, mas será que vai fazer muita diferença? Infelizmente nos dias de hoje até os casamento heterossexuais estão se desfazendo em mais de 40%. Será que os pseudo-casamentos gays tem chance de durar mais? Eu duvido.

Como cristã tenho que dar a mão à palmatória e também reconhecer que a confusão entre moralidade e leis governamentais também não é de Deus. Misturar Deus e estado foi um erro na época de Constantino e continua sendo um erro hoje.

Um estado justo e que reflete os valores de Deus vai afirmar para cada indivíduo o direito às suas escolhas individuais desde que estas escolhas não firam o direito de outros. Muitos evangélicos estão numa expectativa de uma espécie de “sharia” cristã onde a moralidade cristã seria reforçada pelo estado. Além de ser injusta e absurda esta “sharia” não mudaria o coração dos homens que só é definitivamente mudado de dentro pra fora.

Como discutir então a questão homossexual no Brazil hoje?

Temos o dever cristão de lutar contra a homofobia. A discriminação de pessoas com base na sua preferência sexual é tão ruim como a discriminação com base na sua crença religiosa. A voz anti-homofobia deveria ter sido ouvida primeiro da nossa boca, um grito de amor em favor do aflito. O homossexual é gente. Tem direito à emprego, tem direito à tratamento médico, tem direito a ter o seu espaço. Se tivéssemos liderado esta luta é provavel que não teríamos que viver hoje o desconforto da imposição da agenda homossexual como estamos vivendo. Teríamos nos aliado a eles pelo amor de Cristo, e não nos levantado contra eles numa cruzada de ódio e preconceito. O amor faz toda a diferença. O reino de Deus se ganha perdendo...

Mas agora é quase tarde demais. O pacote gay está no congresso e está pesado. Agora quem está sendo roubado de direitos somos nós. Se o pacote for aprovado como está não teremos mais o direito de expressar nossos valores morais, e teremos que engolir uma educação homossexualizante imposta nas escolas à pretexto de “prevenção anti-homofobia”. O que fazer??

Imagino que se erguemos nossa voz agora de maneira racional, cordata se nos uníssemo pelo verdadeiro desejo de que o direito de todos sejam respeitados, os nossos, e os deles, quem sabe ainda poderíamos mandar uma delegação para o “Grupo de Trabalho” da senadora Fátima Cleide, e ser ouvidos. Se nossa voz for amor, for respeito, seremos também respeitados.

Bráulia Inês Ribeiro [via Eclésia]
está na Amazônia há 25 anos como missionária, é presidente nacional da JOCUM(Jovens Com Uma Missão) e autora do livro Chamado Radical (Editora Atos)

Extraído do site http://pavablog.blogspot.com/search?q=homofobia

A Igreja edificada por Cristo tem a chave do Reino (Ronan Boechat de Amorim)

No texto bíblico de Mt 16:13-20 Jesus afirma que a sua Igreja seria edificada sobre o reconhecimento e a confissão que ele (Jesus) é o Messias, o filho de Deus, o Salvador. Temos também nesse texto Jesus dizendo que daria à Igreja as chaves do Reino dos Céus e a autoridade para ligar e desligar pessoas da própria igreja, ou seja, autoridade para incluir pessoas através do batismo e da pública profissão de fé, e a exclusão de pessoas por falta de frutos dignos do Evangelho de Cristo, de uma vida autenticamente cristã.

Não é sobre Pedro que Jesus edificará a sua igreja; Pedro inclusive é chamado de “satanás” (Mt 16:23). A igreja de Jesus não é edificada sobre homem algum, mas sobre a confissão de que Jesus é Senhor. Igreja, portanto, são aqueles que confessam a Jesus como Senhor e Salvador. Também não é Pedro que recebe as chaves do Reino e a autoridade de ligar e desligar. Esse poder e autoridade mencionados nesse capítulo 16 são mencionados e dados a todos os demais discípulos em Mt 18:18. Quem tem a autoridade, portanto, são os discípulos(as) de Jesus, ou seja, a Igreja de Jesus.

As chaves do Reino são a pregação e o testemunho que anunciam as Boas Novas de salvação e que têm o poder de gerar a conversão e a salvação das pessoas, ou seja, de “abrir as portas” do Reino às pessoas. O testemunho e a pregação do Evangelho geram a fé e a entrega da vida ao Senhor, e consequentemente a experiência da salvação. Por isso, Jesus afirma que o anúncio do Evangelho abre as portas do Reino dos Céus. A Igreja tem autoridade para chamar as pessoas para a salvação. “As chaves são símbolo da autoridade do mordomo para abrir e fechar, com provável alusão a Isaías 22:15-25”, diz a nota de rodapé da edição da Bíblia de Estudo Almeida, da Sociedade Bíblica do Brasil.

Mas há também a autoridade divina dada à Igreja para ligar e desligar. Assim como a igreja tem autoridade para incluir os novos membros que confessam Jesus, ela tem autoridade e a obrigação para excluir os crentes que deliberadamente envergonham o nome de Jesus, incluindo aqueles que recebem a graça divina em vão (2Co 6:1) e que são ramos que não dão fruto (Jo 15:2, Tt 1:16).

09 novembro, 2009

A pedra sobre a qual a Igreja é edificada e as chaves do Reino que dão autoridade à Igreja para ligar e desligar (Ronan Boechat de Amorim)

Mateus 16:13-23


1 – O reconhecimento e a confissão do apóstolo Pedro são estabelecidos como a pedra, ou seja, o o fundamento da comunidade da fé: é igreja de Jesus quem reconhece e confessa que Jesus é o Messias, o filho de Deus, enviado ao mundo para salvar o que estava perdido.

2 - E sobre esta pedra, sobre o fundamento desse reconhecimento e dessa confissão, eu edificarei a minha igreja. A igreja nasce a partir da confissão, a partir daqueles que confessam o senhorio e a divindade de Jesus.

3 – As portas do inferno/sepulcro (do pecado, do mal, da morte) não prevalecerão contra ela. Jesus está dizendo que o poder da morte nunca poderá vencer a igreja edificada por Ele. Pelo contrário, a vida é que vence a morte... as portas da morte não permanecerão de pé, indiferentes ao anúncio do Evangelho. A Igreja é o povo marcado pela fé e pela experiência da ressurreição!

4 – Dar-te-ei as chaves do Reino dos céus – embora Jesus esteja falando com Pedro, ele dá as chaves do Reino à Igreja, aos crentes. Basta ver que esta mesma expressão e poder são usados no capítulo 18:18, inclusive o poder de ligar e desligar na terra e no céu.

5 – As chaves do Reino não é um poder extraordinário e poder de salvação. Mas o poder da pregação que gera a fé e que provoca a decisão no pecador de aceitar a salvação divina que lhe é oferecida gratuitamente.

Quando Pedro pregou em At 2:14-40 ele “abriu” a porta do Reino pela primeira vez: e quase três mil pessoas se converteram e foram batizadas, tendo seus nomes escritos no Livro da Vida pelo Senhor Todo Poderoso.

6 – O que ligar na terra será ligado no Céu e o que desligar na terra será desligado no Céu - Deus dá autoridade à sua Igreja. Pedro e os demais discípulos iam continuar a Obra de Cristo, pregando o Evangelho e revelando a vontade de Deus aos homens e mulheres, sendo revestidos com a mesma unção e autoridade que o Mestre Jesus possuía. No Céu, Cristo sanciona o que é feito aqui no seu nome, o que é feito pela Igreja em total submissão e obediência à sua Palavra aqui na terra.

7 – Pedro e a Igreja para terem essa autoridade precisam confiar nas Palavras de Jesus e submeterem-se à sua vontade. Porque senão, o discípulo(a) e a Igreja deixam de ser Igreja edificada por Cristo e com a autoridade de Cristo (que age na direção e poder de Deus) e passa a ser satanás (adversário, alternativa à vontade de Deus). A “confissão” passa a ser mero rito, deixando de ser real e significativa, passando de pedra fundamental a pedra de tropeço e obstáculo.

8 – É o que acontece quando Jesus revela a humilhação e o sofrimento e morte de cruz que enfrentará. O mesmo Pedro que confessou e alegrou Jesus ao reconhecê-lo como o Messias, agora tenta demover Jesus de cumprir seu propósito. Pedro chama Jesus num canto e começa a reprová-lo (Mt 16:22): “de modo algum isso te acontecerá!”.

9 – Mas Jesus repreende a Pedro identificando-o não como o fundamento da Igreja, mas como pedra de tropeço. Jesus lhe diz: “Não cogitas (não pensas) as coisas de Deus. Arreda, Satanás! Afasta-te de mim.”

Só a título de curiosidade, mais adiante (Mt 26:31-35) ao prevenir os seus discípulos sobre o escândalo que sua prisão e morte humilhante e dolorosa na cruz causaria, Pedro se diz pronto para ir com Jesus até as últimas conseqüências, afirmando também que nunca negaria a fé em Jesus. No mesmo relato em Lc 22:31-34 narra Jesus dizendo a Pedro que intercederá por ele, para que a sua fé (de Pedro) não desfaleça. Jesus afirma também que quando Pedro se converter, será bênção na vida de seus irmãos.

10 – Voltando ao texto de Mt 16, depois de exortar a Pedro, Jesus diz aos seus discípulos: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á. Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Mt 16:24-26). Ou seja, estejam prontos para o que der e vier, mas não abram mão do reconhecimento e da confissão de que Jesus, e só Jesus, é o Messias, o filho de Deus, enviado ao mundo para salvar o que estava perdido.

BATISMO: uma “circuncisão” feita pelo Deus Trino (Ronan Boechat de Amorim)

Deus salva as pessoas do poder do pecado, do mal e da morte e as reúne como Igreja, para serem filhas de Deus e irmãs umas das outras, colocando cada um dos membros no Corpo (a Igreja), segundo a sua vontade (1Co 12:18).

O ato através do qual passamos a fazer parte do Corpo de Cristo (da Igreja) é o batismo, expressamente ordenado pelo Senhor Jesus. “Todo o que crê e for batizado será salvo” (Mc 16:16). “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28:19).

O batismo no Novo Testamento e para a fé cristã substitui o rito da circuncisão ordenada por Deus a Abraão no Antigo Testamento. Deus diz a Abraão: “A circuncisão servirá como sinal da aliança que há entre mim e vocês. Quem não for circuncidado não poderá morar no meio de vocês, pois não respeitou a minha aliança.” (Gn 17: 11 e 14). Falando sobre o rito (sacramento) instituído pelo Senhor Jesus para que a pessoa faça parte da Igreja, o apóstolo Paulo nos diz: “Em Cristo, nós cristãos fomos circuncidados com uma circuncisão não feita por mãos humanas, mas com a circuncisão de Cristo, a qual consiste em despojar-se do corpo carnal. Com Cristo, nós fomos sepultados no batismo, e em Cristo também fomos ressuscitados mediante a fé no poder de Deus, que ressuscitou Cristo dos mortos” (Cl 2:11-12).

“O batismo cristão feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, que substitui a circuncisão, leva o cristão a participar da morte e ressurreição de Cristo, isto é, a passar da morte para a vida”, diz-nos a nota de rodapé da Bíblia Edição Pastoral referente ao texto de Cl 2:11-12. Ao passarmos pelo ato espiritual do batismo, Deus opera a morte do “velho homem” e da vida sem Cristo e a consequente ressurreição para uma nova vida em Jesus.

O batismo é um sinal visível de uma graça invisível, de uma operação divina, da criação de vínculos espirituais. É pelo batismo, portanto que somos enxertados em Cristo e no Corpo de Cristo; para sermos Igreja e permanecermos em Cristo. “Todo ramo que permanece em mim, eu permaneço nele, esse dá muito fruto, mas aquele que não dá fruto é cortado e lançado fora”, assegura-nos Jesus em Jo 15:5-6. É pelos frutos que somos conhecidos... (Mt 7:20).