10 março, 2007

Diálogo Inter-religioso em Maringá

Por Edna Mendes - Jornal o Dário de Maringá
Foto - Henri Jr.

O monge Eduardo Sasaki representa a comunidade do Templo Budista Nippakuji no grupo de diálogo inter-religioso, formado em Maringá, reunidos no dia 7 de março. Cristãos, muçulmanos, baháís e representantes de denominações afro também objetivem definir ações comuns em benefício da paz.


O monge acredita que o grupo inter-religioso tem origem nas ações ecumênicas realizadas em Maringá no ano passado, aproximando crenças e cultos. Para ele, reunir denominações religiosas não é um desafio, mas uma obrigação.

"A tradição budista enfatiza que o diálogo é necessário no trato respeitoso com as outras religiões. Esse encontro deve ser encarado com naturalidade, sem pauta pré-estabelecida. Juntos vamos encontrar a proposta ideal", disse.

O monge avalia a formação do grupo como uma iniciativa inovadora, que pode acrescentar não só elementos espirituais aos seguidores de cada religião, mas também diluir preconceitos. "Vamos chegar à conclusão de que temos mais coisas em comum do que diferenças. Mas é preciso praticar a tolerância para evitar o preconceito", explicou.

Cerca de 500 famílias freqüentam o Templo Budista Nippakuji. O budismo, para muitas pessoas, é seguido por tradição cultural, e não simplesmente por opção religiosa. "A natureza sincrética do budismo faz com que o indivíduo respeite a tradição, mas que seja livre para manter vínculos com outras religiões", disse o monge.

O encontro do grupo inter-religioso, também conta com as presenças do arcebispo Dom Anuar Battisti, pastor Robert Stephem Newmun, xeque Mohmed Elgassim Abbaker-Al Ruheidy, da representante dos baháís Neda Fatheazam e das representantes das religiões afro-brasileiras Maria de Lourdes Nascimento e Oscarina Venâncio Martins.


http://www.odiariomaringa.com.br/noticia.php?id=326010

Verso e Voz — 10 de março

A que, pois, compararei os homens da presente geração, e a que são eles semelhantes? São semelhantes a meninos que, sentados na praça, gritam uns para os outros: Nós vos tocamos flauta, e não dançastes; entoamos lamentações, e não chorastes. Pois veio João Batista, não comendo pão, nem bebendo vinho, e dizeis: Tem demônio! Veio o Filho do Homem, comendo e bebendo, e dizeis: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores! Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos. — Lucas 7.31-35

“Com um poder dado de cima gritamos 'Não!' a ele que promete o mundo inteiro se o adorarmos somente. Crucificamos os mecanismos velhos do poder: empurrar, impelir, escalar, agarrar, espezinhar. Em vez disso giramos preferivelmente para a vida nova de poder: amor, alegria, paz, paciência, e todo o fruto do espírito”. — Richard Foster, Money, Sex and Power

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09 março, 2007

FaTeo celebrou culto alusivo ao Dia Internacional da Mulher

Por Lídia Maria de Lima*

O dia internacional da mulher foi lembrado na FaTeo com um culto envolvente e dinâmico. A celebração, que ocorreu na última quarta-feira (08/03), levou-nos a reflexão sobre o período da quaresma e também sobre a necessidade de superar a desigualdade e violência contra a mulher.
Um dos momentos mais marcantes da liturgia aconteceu durante o ato de confissão, em que estudantes realizaram uma dramatização que combinava a história do Dia Internacional da Mulher e o evangelho de Lucas 13.1-5.

A ministração da Palavra foi realizada com base no mesmo texto utilizado no momento da confissão. Pela manhã a Rev.ª Suely Xavier dos Santos realizou a prédica e no culto noturno a comunidade contou com a explanação da Rev.ª Diva Chagas da Silva. Ambas reforçaram a presença e o cuidado de Deus para com as nossas vidas, mesmo nos momentos de tragédia. O momento da eucaristia foi ministrado pelas pastoras presentes.
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* Estudante d0 3 ano de Teologia da Fateo
Clique no link abaixo para obter o programa litúrgico do culto. Culto Dia da Mulher

Verso e Voz — 09 de março

Como quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles. Se amais os que vos amam, qual é a vossa recompensa? Porque até os pecadores amam aos que os amam. Se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, qual é a vossa recompensa? Até os pecadores fazem isso. E, se emprestais àqueles de quem esperais receber, qual é a vossa recompensa? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto. Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus. — Lucas 6.31-35

“Não somos nós que fazemos Cristo o favor de o adorar; é Cristo que nos empodera através de nos fortalecer, e permite-nos a lutar pelas coisas que vale a pena lutar, as coisas que permanecem; e isso é uma promessa que vale a pena lutar em favor, vale a pena morrer por, e vale a pena viver por”. — Peter Gomes, Strength for the Journey

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08 março, 2007

Atas das primeiras quatro Conferências Ecumênicas Metodistas

Pessoas interessadas em estudar o espírito ecumênico, ou com se dizia na época de Wesley, espírito católico, têm hoje acesso a muitas fontes.

Compartilho aqui os links das Atas dos Congressos Ecumênicos Metodistas dos anos 1881, 1891, 1901 e 1911. Obviamente, nesta época, o espírito ecumênico era mais um espírito pan-protestante com aberturas para o Anglicanismo. Mas, eu li, da mesma época, especialmente de missionários metodistas ingleses da península ibérica e de Gibraltar comentários bastante auto-críticos em relação a forma como metodistas se referem ao catolicismo.

Voltando para os links aqui compartilhados: durante os trinta anos documentados por estas atas percebe-se uma crescente abertura e redescoberta, por exemplo, para temas sociais e diaconais, direitos humanos e a justiça. Esta abertura transcende um mero denominacionalismo e desdobrou, mais tarde, num espírito ecumênico num sentido mais amplo. Era, certamente, também uma época dominada por um orgulho metodista exagerado. Mesmo assim, parecem-me servir estes documentos, lidos com um olhar crítico, não somente como introdução numa época ultrapassada, mas, também como inspiração, no mínimo, parcial.

Que tal procurar a presença sul-americana nestas conferências?

Proceedings of the fourth Ecumenical Methodist Conference : held in Metropolitan Methodist Church, Toronto, Canada, October 4-17, 1911 - Ecumenical Methodist Conference (4th : 1911 : Toronto, Ont.)

Proceedings of the second Ecumenical Methodist Conference : held in the Metropolitan Methodist Episcopal Church, Washington, October 1891 - Ecumenical Methodist Conference (2nd : 1891 : Washington, D.C.)

Proceedings of the Oecumenical Methodist Conference : held in City Road Chapel, London, September 1881 - Ecumenical Methodist Conference (1st : 1881 : London, England)

Proceedings of the third Oecumenical Methodist Conference : held in City Road Chapel, London, September 1901 - Ecumenical Methodist Conference (3rd : 1901 : London, England)

Helmut Renders
Professor da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista
Área Teologia e História

IECLB lança tema e lema para 2007

PORTO ALEGRE, 8 de março (ALC) - A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) lançou, no domingo, 4, o tema – “No poder do Espírito, proclamamos a reconciliação” - e lema nacionais para 2007 – “Não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos” (Atos 4,20).

No lançamento, o pastor presidente da IECLB, Walter Altmann, destacou que a IECLB retoma com entusiasmo o desafio de refletir sobre a missão de Deus no mundo. Ela pergunta qual é a sua participação na missão de Deus, qual a mensagem que transmite, o que é o poder do Espírito Santo e como ele atua na igreja e no mundo, além de indagar pela reconciliação que professa e como ela se expressa na vida cotidiana.

Sem dúvida, acrescentou o pastor presidente, “a mensagem que temos e proclamamos, em última análise, é uma só: a boa nova de Jesus Cristo, a boa nova da salvação que dele recebemos. Ou, como afirma o tema do ano, a boa nova da reconciliação, que transforma nossas vidas, nossas comunidades e a sociedade”.

Na base de todas as divisões e inimizades entre povos e pessoas está o pecado humano e o afastamento de Deus. Assim, a reconciliação maior e mais fundamental a ser alcançada por todas pessoas e por toda a criação é aquela com Deus, enfatizou. A reconciliação com Deus, obtida por meio de Jesus Cristo, “é algo grandioso, que muda as nossas vidas e a face do mundo”, frisou.

Ao adotar esse tema e lema, a IECLB se compromete a proclamar, no poder do Espírito, que a reconciliação é possível, em todas as realidades. “É essa a mensagem que vamos estudar e testemunhar ao longo deste ano, país afora”, disse Altmann.

A IECLB tem sua sede nacional em Porto Alegre (RS) e conta com 18 sínodos, integrados por 1.800 comunidades e 478 paróquias, com um total de 720 mil membros em todo o país.

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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação

CLAI assume desafio de trabalhar pela cultura de paz

BUENOS AIRES, 8 de março (ALC) - A Assembléia Geral do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), reunida em Buenos Aires de 19 a 25 de fevereiro, emitiu Carta Pastoral destacando as reflexões que o encontro continental abrigou nas suas plenárias, momentos litúrgicos e de oração.

O CLAI assume o desafio de ajudar na construção de uma nova justiça e uma cultura de paz, “a partir da formação e a descolonização de nossas mentes e realidades no âmbito social, econômico, político e religioso”. Também alerta para o risco de acomodação das igrejas a sistemas que se opõem aos valores da Teologia do Reino de Deus. Segue a íntegra da mensagem:

“Celebramos com alegria e esperança os novos sinais que estão se dando na Venezuela, Nicarágua, Bolívia, Equador e Chile, países nos quais são realizados esforços por elevar a dignidade daqueles/as menos favorecidos/as em ações concretas para o desenvolvimento integral de nossas sociedades. A partir da reflexão bíblica e teológica sentimos o fluir da Graça e o Espírito que liberta para a vida e que nos fez respirar e aspirar juntos/as no contexto de novas brisas e ares frescos na integração dos povos de nosso continente indo-afro-latinoamericano. Também assumimos o desafio da construção de uma nova justiça e uma Cultura de Paz, a partir da formação e a descolonização de nossas mentes e realidades no âmbito social, econômico, político e religioso. Segundo a parlamentar peruana María Sumire, convidada especial da nossa Assembléia, “é necessário dar-nos pelo outro, servir a nossos irmãos e irmãs e tentar trabalhar pelo bem-estar de nossos povos”.

“Foi motivo de preocupação desta Assembléia a guerra perpetrada no Oriente Médio, a situação de conflito armado na Colômbia, bem como a crise nas relações entre o Uruguai e a Argentina quanto à instalação das fábricas de celulose, a violação dos Direitos Humanos na prisão de Guantánamo, Cuba, bem como o encarceramento dos cinco presos políticos cubanos em cárceres dos Estados Unidos, o qual foi fundamento para a reflexão, oração e o desafio à ação. No entanto, a esperança se renova ao ver o êxito de iniciativas em prol da formação e da capacitação em mediação de conflitos, a promoção da paz no contexto estrutural, social e familiar, fruto da Campanha para a América Latina da Década para a Superação da Violência. A presença do Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, bem como de autoridades governamentais, ONGS, representantes da Igreja Católica Romana e homens e mulheres profetas de nossos tempos, puseram a nota emotiva e inspiradora em nossa jornada. Dessa maneira, assistimos ao balanço entre a memória da resistência e a defesa da vida, e a esperança de, em tempos próximos, ver cumprida a promessa do salmista “a misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram” (Salmo 85:10).

“Durante esta Assembléia contamos com a presença de igrejas e organismos de cooperação da América do Norte e da Europa, que nos aproximaram das suas lutas e esperanças a partir das quais se apresenta o convite para renovar a missão compartilhada em convicções e ações conjuntas, para acompanhar-nos e apoiar-nos mutuamente. Também destacamos a presença daqueles e aquelas que nos precederam. Recordar estes queridos irmãos e irmãs que fizeram caminho ao andar reafirma nosso compromisso de dar continuidade às suas obras. Da mesma maneira, afirmamos os novos horizontes da Assembléia ao receber dos jovens, povos indígenas e mulheres propostas de maior participação nos processos decisórios do Conselho, mantendo vigentes seus respectivos programas sem renunciar à transversalidade no resto dos afazeres do CLAI.

“Advertimos para o risco enfrentado pelas igrejas de acomodar-se a sistemas que se opõem aos valores de uma Teologia do Reino de Deus. Resulta urgente continuar exercendo nossa voz profética para denunciar injustiças, violações dos Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais, anunciando assim uma teologia libertadora que pratica uma ética comunitária, educativa e transformadora.

“Precisamos aprofundar nosso compromisso para afirmar a vida plena e abundante em assuntos vitais à realidade de nossos povos, tais como a anulação da dívida externa ilegítima e odiosa dos países da América Latina e do Caribe, a descolonização daqueles povos que ainda não exerceram seu direito à livre determinação, a afirmação dos direitos dos povos indígenas, afrodescendentes, mulheres, meninos/as, jovens, anciãos/as, pessoas portadoras de deficiência e outros/as sujeitos sociais. Continuam vigentes os desafios éticos para uma mordomia da criação que ajude no despertar de uma consciência responsável para deter e reverter a crescente contaminação ambiental, o aquecimento global e a tendência à privatização dos recursos naturais. Do mesmo modo, assumimos o desafio de uma missão e evangelização contextual, que se disponha à conversão de vidas e estruturas a favor da vida em abundância (João 10,10).

“Frente à realidade dos nossos povos, fomos testemunhas da Graça de Deus, tocando o seu povo. Graça que atua de maneira insuspeita, surpreendendo-nos no caminho, “escrevendo direito em linhas tortas”. Convida-nos a nos deixar contagiar na festa de sua misericórdia e amor que se fazem presentes hoje e que perduram para sempre no cumprimento da justificativa de Sua Graça para a libertação e para a vida.

“Despedimo-nos com uma bênção que compartilhamos durante um de nossos momentos cúlticos e que reflete fielmente o Espírito que nos acompanhou nesta jornada:

“Que o amor do Tata Deus
Mais imenso do que o pampa,
Te cubra como uma manta
Sopre o vento ou brilhe o sol.

Que a grande misericórdia
Do Filho que nos liberta,
Mude por dentro e por fora,
O coração e a história

E que teu Espírito Eterno,
Que nos guia e consola,
Vá marcando o caminho
Até que triunfe teu Reino.”

(F. Pagura)

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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação

Verso e Voz — 08 de março

Quando segardes a messe da vossa terra, não rebuscareis os cantos do vosso campo, nem colhereis as espigas caídas da vossa sega; para o pobre e para o estrangeiro as deixareis. Eu sou o SENHOR, vosso Deus. — Levítico 23.22

“Estamos recuperando um mundo que está precariamente na borda. Tomamos ação não com arrogância e certeza, mas com humildade e incerteza. É nosso ato de dar que conta - não nosso sucesso. Mas no ato de dar não egoísta, temos vitórias. E através de ações diárias, re-tecemos a teia da vida”. — Vandana Shiva, Earth Democracy: Justice, Sustainability, and Peace

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07 março, 2007

Fundição - fé, cidadania e ação

Em conjunto com os Morávios, John Wesley ajudou a fundar uma sociedade religiosa em Fetter Lane na cidade de Londres. Uma cisão neste pequeno grupo levou-o a comprar, em 1740, o velho arsenal real perto de Moorfields, o qual tinha sido danificado por uma explosão e abandonado 20 anos depois. Este edifício foi reparado e usado como casa de pregação e como casa de Wesley em Londres.

O Portal Fundição - fé, cidadania e ação tem por objetivo a reflexão sobre política e ação social para leigos da Igreja Metodista. O projeto, desenvolvido por Fábio B. Josgrilberg*, Diana Fernandes e Gelton Filho (Editores) toma por inspiração a Fundição, centro das ações dos metodistas em Londres no século XVIII.

* membro de Igreja Metodista de Rudge Ramos (SP), jornalista, doutor em Ciências da Comunicação (USP), membro da World Association for Christian Communication (WACC).

A unidade da Igreja - Ensaio de Eclesiologia Ecumênica

Esse é o título do novo livro do Padre Elias Wolff publicado pela Paulus.

A foto é de sua participação na semana de Formação Ecumênica promovida pelo MECUM - Movimento Ecumênico de Maringá em 2005.

Padre Elias é Coordenador do Departamento de Ecumenismo do ITESC - Instituto Teológico de Santa Catarina - www.itesc.ecumenismo.com

Morre Dom Ivo, primeiro presidente do CONIC

PORTO ALEGRE, 6 de março (ALC) – Será enterrado hoje, às 16h, na Cripta do Santuário-Basílica de Nossa Senhora Medianeira, em Santa Maria (a 300 Km de Porto Alegre), o corpo do bispo emérito dom José Ivo Lorscheiter. Ele estava hospitalizado desde o dia 25 de fevereiro. Sua morte ocorreu ontem à tarde, provocada pela falência múltipla de órgãos.

Ao manifestar consternação à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o secretário executivo do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), reverendo Luiz Alberto Barbosa, lembrou que dom Ivo “foi um homem que viveu fielmente a sua vocação, sendo que os seus exemplos de promoção da paz, da dignidade humana e da unidade da Igreja serão sempre lembrados pelo povo brasileiro”.

A vida de dom Ivo, manifestou-se o primaz da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, reverendo Maurício Andrade, “ficará marcada na recente histórica da Igreja brasileira pela sua busca da unidade e seu testemunho de quem se esforçou pela transformação das estruturas injustas da sociedade”.

Dom Ivo, 79 anos, foi o primeiro presidente do CONIC e um de seus fundadores, em 18 de novembro de 1982. Ele foi ordenado sacerdote em dezembro de 1952, em Roma, onde também concluiu doutorado sobre “Tradição e Magistério”. De volta ao Brasil, trabalhou no Seminário Menor de Gravataí e depois no Seminário Maior de Viamão, no Rio Grande do Sul, primeiro como professor e depois como reitor desta casa de formação.

Em 1965, foi nomeado bispo auxiliar de Porto Alegre. Assumiu a Diocese de Santa Maria no dia 21 de abril de 1974, onde permaneceu até seu jubilamento, em março de 2004. Durante dois mandatos consecutivos, de 1971 a 1974, foi secretário geral da CNBB, e de 1979 a 1987 presidiu a Conferência. Ele destacou-se no diálogo ecumênico e na defesa dos direitos humanos.

Também desenvolveu importantes trabalhos de cunho social na cidade de Santa Maria, entre eles a Comunidade Terapêutica, destinada à recuperação de dependentes químicos, e impulsionou projetos de cooperativismo e apoio a pessoas carentes.

Foi responsável na CNBB Sul 3 pelo Setor de Comunicação Social e escolhido patrono do I Fórum da Igreja Católica do Rio Grande do Sul, que vai acontecer de 20 a 23 de setembro, em Porto Alegre. Falava corretamente português, latim, alemão, italiano e espanhol.

Afastado das atividades religiosas desde 2004, ele sofria de problemas cardíacos e diabetes. Dom José Ivo Lorscheiter nasceu no dia 7 de dezembro de 1927, na cidade gaúcha de São José do Hortêncio. Era filho de agricultores de Fritzenberg (morro dos Fritzen), colônia de descendentes de imigrantes alemães de religião católica.

Dom Ivo completaria, hoje, 41 anos como bispo, 30 deles em Santa Maria.

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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação

Falecimento de Dom José Ivo Lorscheiter: Nota do CONIC

Brasília, 05 de março de 2007.

Foi com profunda tristeza que o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil recebeu, na tarde desta segunda-feira, a notícia do falecimento de Dom José Ivo Lorscheiter, Bispo Emérito da Diocese de Santa Maria no Rio Grande do Sul e primeiro Presidente do CONIC, tendo sido também Secretário Geral e Presidente da CNBB.

Dom Ivo foi um homem que viveu fielmente a sua vocação, sendo que os seus exemplos de promoção da Paz , da Dignidade Humana e da Unidade da Igreja serão sempre lembrados pelo Povo Brasileiro.

Dom Ivo deixa um exemplo de vida dedicada ao serviço da Unidade da Igreja de Cristo. O CONIC expressa à CNBB e ao povo da Diocese de Santa Maria sua profunda consternação com o falecimento de Dom Ivo Lorscheiter, lembrando a todos que nosso Irmão Ivo “há de ressurgir na ressurreição que haverá no último dia" (Jo. 11, 24).

Rev. Luiz Alberto Barbosa
Secretário Executivo

Pr. Carlos Augusto Möller
Presidente

Verso e Voz — 07 de março

Eu me cobria de justiça, e esta me servia de veste; como manto e turbante era a minha eqüidade. Eu me fazia de olhos para o cego e de pés para o coxo. Dos necessitados era pai e até as causas dos desconhecidos eu examinava. Eu quebrava os queixos do iníquo e dos seus dentes lhe fazia eu cair a vítima. — Jó 29.14-17

“Numa sociedade que seja inteiramente hostil, e, por sua natureza, parece determinada a derrubar tantas pessoas no passado e a derrubar tantas diariamente - começa a ser quase impossível distinguir um ferimento real de um imaginado. Qualquer um pode rapidamente cessar de tentar fazer esta distinção, e, o que é pior, cessar geralmente de tentá-la sem realizar que assim o fez ... E isto conduz, imperceptivelmente mas inevitavelmente, a um estado de mente em que, tendo por muito tempo esperado o pior, achar muito fácil de acreditar no pior”. — James Baldwin, The Fire Next Time

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06 março, 2007

Verso e Voz — 06 de março

Não farás injustiça no juízo, nem favorecendo o pobre, nem comprazendo ao grande; com justiça julgarás o teu próximo. — Levítico 19.15

“Essencialmente, o que Jesus passou a seus discípulos era que devem se esforçar para a justiça verdadeira na terra como no céu, como seu serviço justo a Deus; que devem honrar Deus fazendo a justiça sem discriminação, levantando para o altar da justiça e misericórdia “os menores destes”; que devem colocar em movimento uma revolução de amor e de espiritualidade holística que demonstra o amor a Deus tratando das necessidades das crianças menos favorecidas de Deus como sagradas”. — Obery M. Hendericks, Jr., The Politics of Jesus

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05 março, 2007

Declaração da V Assembléia do CLAI


24 de fevereiro de 2007

Estivemos reunidos na cidade de Buenos Aires, cerca de 500 delegados e convidados das igrejas membro das regiões Andina - Caribe e Grande Colômbia - Brasil - Rio da Prata e América Central, que constituem o Conselho Latino-americano de Igrejas(CLAI), no marco da V Assembléia Geral deste organismo. Um concerto de vozes, cores, sabores, perfumes, ritmos e canções celebraram a diversidade de nossas espiritualidades e identidades, em íntima comunhão com os desafios e esperanças de nosso tempo. Em confiança no Deus Vivo que nos mantém forjando a resistência na caminhada por esses tempos difíceis e confiança que, ao mesmo tempo, nos inspira a este "momento novo" de caminhada em direção a seu Reino.

Celebramos com alegria e esperança os novos sinais que se estao vivendo em Venezuela, Nicarágua , Bolívia, Equador y Chile, países que estão fazendo grandes esforços para levantar a dignidade daqueles/as menos favorecidos/as, em ações concretas pelo desenvolvimento integral da sociedade. A partir da reflexão bíblica e teológica, sentimos o fluir da Graça e do Espírito de Deus que liberta para a vida e que nos faz respirar e aspirar juntos em um contexto de novas brisas e ares frescos pela integração dos povos de nosso continente índio-afro-latinoamericano. Da mesma forma, assumimos publicamente diante da sociedade bonaerense o desafio da construção de uma nova justiça e uma Cultura de Paz, a partir da formação e a descolonização de nossas mentes e realidades no âmbito social, econômico, político e religioso. Segundo palavras da parlamentar peruana Maria Sumire, convidada desta Assembléia: ” ... é necessário que nos entreguemos em favor do outro, servir a nossos irmãos e irmãs e procurar trabalhar pelo bem-estar de nossos povos”.

Foi motivo de preocupação desta Assembléia a guerra perpetrada no Oriente Médio, a situação de conflito armado na Colômbia, assim como a crise nas relações entre Uruguai e Argentina devido a instalação de fábricas de pasta de celulose, a violação dos Direitos Humanos na cárcel de Guantánamo/Cuba, assim como a situação dos 5 presos políticos cubanos nos Estados Unidos, que têm sido motivo de oração, reflexão e intercessão. No entanto, nossa esperança se renova ao vermos o êxito de iniciativas em favor da formação e capacitação na mediação de conflitos, a promoção da paz no contexto estrutural, social e familiar, fruto da Campanha para América Latina da Década para a Superação da Violência. A presença do Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, assim como de autoridades governamentais, ONGs, representantes da Igreja Católica Romana, de homens e mulheres profetas de nosso tempo, colocaram a nota emotiva e inspiradora nessa jornada. Desta maneira, sentimos o equilíbrio entre a memória da resistência e a defesa da vida e a esperança de ver realizada em tempos muito próximos a promessa do salmista: “a misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram” (Salmo 85.10)

Durante esta Assembléia, contamos com a presença das igrejas e organismos de cooperação de América do Norte e Europa, que compartilharam conosco suas lutas e esperanças, convidando-nos a renovar a missão compartida em convicções e ações conjuntas, no acompanhamento e apoio mutuo. Também destacamos a presença daqueles e daquelas que nos precederam. Lembrar a estes queridos irmãos e irmãs que fizeram caminho ao andar, reafirmou nosso compromisso de dar continuidade as suas obras. Da mesma maneira, afirmamos novos horizontes ao receber propostas dos jovens, povos indígenas e mulheres solicitando mais participação nos processos decisórios do Conselho, mantendo vigentes seus respectivos programas, sem renunciar a transversalidade nas atividades do CLAI.

Chamamos a atenção das igrejas para o risco de acomodar-se aos sistemas que se opõem aos valores da Teologia do Reino de Deus. Continua sendo necessário que expressemos nossa voz profética para denunciar as injustiças, as violações dos Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais, anunciando, em contrapartida, uma teologia libertadora que pratica uma ética comunitária, educativa e transformadora.

Precisamos aprofundar nosso compromisso por afirmar vida plena e abundante em temas vitais para a realidade de nossos povos, como é a anulação da Dívida Externa Ilegítima e Odiosa dos paises de América Latina e Caribe, a descolonização daqueles povos que ainda não puderam exercer seu direito à livre determinação, a afirmação dos direitos dos povos indígenas, afro-descendentes, mulheres, crianças, jovens, idosos, pessoas com necessidades especiais e outros/as sujeitos sociais. Continuam vigentes os desafios éticos para a mordomia da criação, que favoreça o despertar de uma consciência responsável para deter e reverter a crescente contaminação ambiental, o aquecimento global e a tendência de privatização dos recursos naturais. Da mesma maneira, assumimos o desafio de uma missão e evangelização contextual, que busque a conversão de vidas e estruturas em favor da vida em abundância (João 10.10).

Em meio a realidade que vivem nossos povos, também fomos testemunhas da Graça de Deus, que tem tocado esses povos. Graça que atua de maneira insuspeita, surpreendendo-nos no caminho, “escrevendo certo por linhas tortas”. Graça que nos convida a que nos contagiemos dela na festa da misericórdia e do amor, que já estão presentes hoje e que perdurarão para sempre no cumprimento da justificação de Sua Graça para a libertação e para a vida.

Despedimo-nos com uma benção que compartilhamos em um de nossos momentos cúlticos e que reflete fielmente o Espírito que nos acompanhou nesta jornada:


“Que o amor de Tata Deus
Mais imenso que o pampa,
Te cubra como um manto
Sopre o vento e faça brilhar o sol.

Que a grande misericórdia

Do Filho que nos liberta,
Transforme por dentro e por fora,
O coração e a história

E que teu Espírito Eterno,
Que nos dirige e consola
Continue marcando a senda
Até que triunfe teu Reino."

(F. Pagura)

Verso e Voz — 05 de março

Vi, com efeito, o sofrimento do meu povo no Egito, ouvi o seu gemido e desci para libertá-lo. Vem agora, e eu te enviarei ao Egito. A este Moisés, a quem negaram reconhecer, dizendo: Quem te constituiu autoridade e juiz? A este enviou Deus como chefe e libertador, com a assistência do anjo que lhe apareceu na sarça. — Atos 7.34-35

“Qualquer tipo de relação pessoal com Cristo que não nos envolve com um mundo sofredor para o qual Cristo morreu certamente é uma afronta ao mesmo Deus que está no seu mundo sofrendo com todo seu povo”. — Bruce Larson, Dare to Live Now

04 março, 2007

Santos de mãos encolhidas

Por Maria Newnum

A palavra santo em grego significa, separado, designado, sagrado. Os gregos separavam edifícios para serem templos consagrados aos propósitos não-mundanos. Estes lugares tornaram-se objetos de veneração e reverência. Os “Santos” eram pecadores crentes; separados do pecado para a santidade; intocáveis por “Satanás”, senhor do mundo profano.

Talvez venha daí o conceito dos mosteiros e clausuras, que abrigavam pessoas separadas do “mundo” secular, carregado de promiscuidade, devotadas exclusivamente aos pobres da terra.

Nesse sentido a palavra "santo" como designação de um crente, chama atenção imediata à responsabilidade que cada “santo” tem: Viver uma vida separada e diferente; ser “amostra grátis” do próprio Deus na terra.

As palavras "santo", "santificar" e "sagrado" pertencem a mesma raiz grega. Todas simbolizam a separação absoluta do mal e dedicação a Deus, ou seja, defender valores e realizar tarefas no mundo “profano”, tais qual o próprio Deus faria.

Salvo engano do hebraico muito enferrujado, no Antigo Testamento a palavra equivalente a santo é qadosh, que deriva a palavra qodesh, que significa separação, tendo o sentido também, de cortar, ou dividir, isolar ou separar.

No Novo Testamento é enfatizada a santificação, mais que a santidade. Sem santificação, ninguém verá a Deus, diz o livro de Hebreus 12.14. Enquanto a santidade é um estado a ser buscado, a santificação é a “prática” de separação, diferenciação; meio que evidencia a real consagração a Deus. O santo é servo de Deus, separado dos pecados do mundo, para exercer a sublime missão de levar almas para Cristo, pela mensagem do Evangelho e pelo testemunho do serviço incondicional aos necessitados.

Na atualidade, os “santos” estão bem longe do sentido proposto no grego e hebraico. Frequentemente, tomam para si, os lugares de destaque “dentro” dos templos; alheios aos problemas e desafios do “mundo” profano”. Enquanto o mundo jaz no “maligno” da miséria e corrupção, os “santos”, ou seja, os crentes, se refestelam nas cadeiras confortáveis dos templos. Ao invés de agirem como o próprio Deus agiria, se assentam no trono do “Deus altíssimo”, não como ajudadores bondosos desprovidos de interesses mundanos particulares, mas como “soberanos” e “juizes” do resto do povo.

Se quiser uma prova concreta dessa arrogância “santa”, peça o acolhimento de uma família pobre, sem teto, usuários de craque, com um bebê recém nascido...

Verá que tal qual o casal de Nazaré - e o bebê, tal qual o menino Jesus - ficará entregue a própria sorte, numa manjedoura moderna: um mocó rodeado, não de animaizinhos fedorentos; mas de lixo, ladrões e usuários de craque.

Deus nos livre dos suntuosos “santos” e “santas” de línguas afiadas para os gritos, revelações espirituais, cantos, rezas e orações, cujas mãos, estão encolhidas para os “meninos Jesus” de hoje.
Pobre das igrejas, com seus santos e santas de mãos atrofiadas e corações de pedra.
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Maria Newnum é pedagoga, mestre em teologia prática, vice-presidente do Movimento Ecumênico de Maringá e Coordenadora da Spiritual care Consultoria.

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Ecumenismo: Por que e para que nos organizar?

Por Anivaldo Padilha e Outros/as Colaboradores/as

Este texto é resultado de uma troca de e-mails com o Rev. Ronan Boechat, da Igreja de Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Decidi editá-lo pois me pareceu importante compartilhá-lo com todos e todas vocês. (Já publicado no Blog em 25/07/2006)

O que apresento a seguir é mais uma tentativa de contribuir para as nossas discussões pós-concílio. São idéias iniciais que obviamente não esgotam o tema. Ao contrário, precisam ser ampliadas, discutidas e aprofundadas, e é por isso que as envio a vocês.

1. Sabemos que a decisão do concílio teve a questão ecumênica somente como pano de fundo e, para alguns, somente como pretexto para a conquista de poder. Se não houvesse a questão ecumênica, outras questões seriam inventadas ou elevadas ao mesmo nível de importância.

2. Por isso sabemos também que há vários outros pontos contenciosos na igreja que precisam ser discutidos.

3. Acho importante que se continuem as reações como forma de pressão. No entanto, acho que isso não produzirá quase nenhum resultado no curto prazo. Acho difícil, ou mesmo impossível, que o concílio reverta a decisão. E mesmo que fosse revertida, eu pessoalmente não me sentiria satisfeito, pois não creio que seria benéfico para ninguém conviver com uma situação marcada por sentimentos de "perdedores" e de "vencedores".

4. Creio que temos que desenvolver um trabalho que contribua para a superação da lógica de identificar inimigos naqueles que pensam diferente de nós. Meu receio é que, na ânsia de reagirmos, acabemos por usar os mesmos métodos de intolerância que caracterizou a decisão do concílio. Sei que, pelos textos e e-mails que tenho lido, há um consenso sobre isso.

5. Qualquer saída no curto prazo, ou seja, ainda neste concílio, dependerá da atitude do atual Colégio Episcopal. Não sei se ele está preparado para isso ou mesmo que se sinta com autoridade suficiente para encaminhar saídas conciliatórias.

6. Se estou correto, caberia aos pastores e lideranças leigas a construção de alternativas de curto prazo. Não sei se haverá tempo, pois isso necessitaria de uma articulação rápida e organizada, e o tempo é curto.

7. Não estou jogando a toalha, mas acredito mais numa articulação de longo prazo, com a criação de espaços para encontros de leigos e pastores interessados e comprometidos não somente com o ecumenismo, mas também com o resgate de pontos essenciais da tradição metodista. Esses encontros poderiam focalizar temas importantes da atualidade da nossa igreja, tais como espiritualidade, liturgia, missão, formação (principalmente o estudo da Bíblia), o papel de jovens, homens e mulheres na igreja, o preconceito racial e outros preconceitos presentes na igreja etc, e desenvolver alternativas de participação eclesial para todos e todas que vivem o que eu chamaria de "diáspora" metodista, ou seja, membros clérigos e leigos que se sentem "exilados" dentro da própria igreja. Creio que dessa forma teremos condições de construir pontes com a maioria dos metodistas insatisfeitos com o estado atual da igreja e que foram manipulados em relação ao ecumenismo e podem continuar a ser manipulados em torno de outras questões.

8. Na minha opinião, tal articulação só teria sucesso se tivesse por objetivos centrais, entre outros, a busca de crescimento espiritual e de fortalecimento do nosso testemunho na sociedade brasileira e também o de identificar qual deve ser nossa contribuição específica ao movimento ecumênico. Alguma semelhança com o movimento iniciado por Wesley? Sim, muita, só que em diálogo com a realidade social, econômica, cultural e religiosa do Brasil.

9. Nessa articulação, teríamos que deixar de lado qualquer pretensão de construção ou de conquista de poder na igreja. Não sou contra a ocupação ou o exercício de qualquer função formal de liderança na igreja, desde que o poder seja compreendido como serviço. O que quero ressaltar é que, quando um movimento coloca a conquista do poder como um de seus objetivos, ele passa a se guiar por essa lógica e acaba por usar os métodos mais condenáveis. Infelizmente, a História da Igreja, a nossa inclusive, está plena de exemplos desse tipo. Eu disse a um irmão na semana passada que não acho que o poder corrompa. As pessoas que lutam pelo poder é que se revelam quando o conquistam. Se quisermos saber como um líder ou um movimento será quando chegar ao poder, é só observar seus métodos.

10. Tal movimento teria que estar aberto para reconhecer que a igreja, tal como o cristianismo primitivo (antes do domínio romano sobre ele), é plural. Portanto, teria que estar aberto também para dialogar com outros setores da igreja que, apesar de ter posições divergentes em algumas questões, estejam também dispostos ao diálogo.

11. Agindo assim, é possível que, no futuro, nossa igreja possa sacudir o pó do conservadorismo e da intolerância como aconteceu, não totalmente nem de forma definitiva, em outras épocas. Não podemos é ter a ilusão de que algum dia teremos a igreja ideal, pois as instituições nunca serão ideais e a igreja será sempre santa e pecadora, como dizia Lutero, não exatamente com estas palavras que podem ser ditas em público.

O importante, para mim, é que possamos chegar a uma agenda comum que possa incluir todos e todas que hoje se sentem ofendidos, insatisfeitos, decepcionados e desanimados. Não podemos permitir que desta vez ocorra o que aconteceu na 'década de 60 quando centenas de lideranças promissoras não viram outra alternativa a não ser deixar a igreja. Até hoje pagamos o preço daquele tipo de intolerância.

Apesar de tudo, a decisão do concílio teve um efeito positivo, pelo menos para mim. Fez com que muitos que estavam distantes uns dos outros (por razões de distâncias geográficas, principalmente) se reaproximassem. E isso é muito bom, pois me dá força e disposição.
Tem sido muito bom manter este diálogo com vocês.

Um grande abraço fraterno
Anivaldo Padilha
Leigo, 3ª Região

Fonte: Site da Igreja Metodista de Vila Isabel

Os espaços da diferença

Uma das surpresas que os cientistas tiveram por ocasião da primeira clonagem – da ovelha “Dolly” – foi perceber que a clone apresentava um envelhecimento mais acelerado do que a original, caindo por terra, pelo menos naquele instante da história, a possibilidade de haver dois seres totalmente semelhantes.

Na verdade, esta é uma constatação antiga… desde que a humanidade é humanidade, a diferença é alguma coisa que incomoda.

Não basta ser da mesma família, nem da mesma cidade ou da mesma etnia… as diferenças ocorrem de muitas maneiras e formas… seja na cor da pele, na altura, na maneira de se comportar, nos costumes alimentares, cada um/a de nós é exclusivo/a por natureza… Deus nos fez pessoais, de um jeito próprio, com uma distinção, inconfundíveis!

Não considero nada de errado nisto… acredito até que esta diversidade toda tem uma intenção divina de fazer melhorar nossas habilidades.

O grande drama em relação às diferenças é que, na prática, elas nos distanciam!

Basta notarmos falta de idéias comuns para querermos sair, separar, dividir… como se a discordância não tivesse proveito!

Estes espaços entre diferentes é que atrapalha a convivência… se não nos evitássemos ao descobrirmos nossas desigualdades… se nosmantivéssemos com a mesma doçura e respeito como dantes… se as diversas maneiras de ser funcionassem mais como atração que como repulsa, teríamos uma gama bem maior de experiências para lembrar, pra contar e para ajudar nossas decisões!

É preciso entender que ser diferente não é pecado! Talvez seja um pouco incômodo, um pouco desgastante… mas, na maioria das vezes, dado o devido tempo, pode ser muito benéfico.

Como perdemos boas oportunidades por estarmos distantes… como deixamos de perceber a abrangência total da vida, do tempo, da humanidade!

É triste notar que existe quem se feche em sua exclusividade e se negue a comungar, a compartilhar… por conta de um pensamento diverso, de um costume incomum, afasta-se.

Gosto de pensar no exemplo de Cristo… que atraiu e convocou pessoas diversas para caminhar consigo… umas rudes, incultas, outras astutas, espertas… mas fez questão de estreitar relações com todas… cada qual com seu jeito, seu estilo, seu interesse… fazendo parte de um só grupo.

Jesus sabia com quem andava… elas é que não se conheciam bem entre si… mas à medida que conviveram, que se tornaram seguidoras de um mesmo mestre, as coisas vieram à tona… vieram as amizades… e as inimizades… as proximidades e os distanciamentos.

No ápice do conhecimento mútuo, após três anos de convivência, quando já havia um espírito de família – em todos os sentidos que isso possa ter – Jesus propõe uma refeição, um sentar-junto, uma reunião de todas as diversidades, num só encontro, numa só mesa, e, nesse cenário, propõe a maior de todas as lições do cristianismo… a unidade.

De alguma forma Ele, na mesa da comunhão, ensina que diferença não deve ser motivo de distanciamento, mas de conversa, de tolerância e entendimento… é preciso sentar para conversar, para repartir, para comungar pensamentos, pontos de vista, para achar espaços de relacionamento e unidade.

Nosso maior erro é mantermos essa distância com aqueles/as que não são iguais… porque não cantam o que cantamos, porque não comem o que comemos, porque não riem com nossas alegrias e nem choram com nossas tristezas… mas é preciso reverter… caminhar em direção contrária… em direção das pessoas, especialmente daquelas que não são tão próximas.

Se agirmos assim, diminuiremos espaços… aumentaremos as possibilidades de convivência… diminuiremos as diferenças, aumentaremos as oportunidades de afeição e respeito.

Na graça e na paz,

Rev. Nilson.

Verso e Voz — 04 de março

Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. — João 3.16-17

“Na religião madura, o secular fica sagrado. Não há mais dois mundos”. — Richard Rohr