07 outubro, 2006

Verso e Voz — 08 de outubro

Quanto ao trato passado, vos despojeis do velho ser, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo ser, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade. — Efésios 4.22-24

“A Igreja somente pode ser uma comunidade alternativa. Se for qualquer coisa menos que isso, ela já se comprometeu”. — Jacques Ellul

Resist the Powers with Jacques Ellul

O que está em jogo na reeleição presidencial

Por: Leonardo Boff*

Quem derrotou Lula não foi Geraldo Alckmin mas o próprio partido do Presidente, o PT. O destemor insano de altos dirigentes petistas pôs a perder uma vitória garantida de Lula já no primeiro turno. O que pesou mesmo não foi tanto o escândalo do dossiê contra o candidato Serra, pois dossiês sempre existiram, fabricados por políticos afeitos à intimidação e ao manejo da mentira como arma política. A ausência de Lula no debate final contou negativamente mas não foi o decisivo. O que destroçou o PT e atravancou o caminho da vitória foi a mostragem por todos os meios de comunicação da montanha de dinheiro para a compra do dossiê. Mais de 30% da população trabalhadora não ganha mais que um salário mínimo. Quando vê toda essa dinheirama se enche de auto-vergonha e pensa: meu trabalho não vale nada mesmo; nem que vivesse duas vidas acumularia tanto dinheiro quanto aquele mostrado ai. E esses corruptos tiraram de onde esse dinheiro? A indignação não tem tamanho. Políticos que usam esses expedientes mereceriam a excomunhão política e religiosa, tão grande é seu pecado contra o povo, sua dignidade e a economia popular.Pode ocorrer um impasse jurídico, policial e institucional nas investigações do dossiê, especialmente se seu conteúdo for revelado, coisa que ainda não se fez e que pode eventualmente incrimiar a gestão do PSDB quando começou a corrupção das ambulâncias. Mesmo assim o segundo turno traz também lá a suas vantagens: finalmente se criará a oportunidade de confrontar dois projetos de Brasil.

Geraldo Alckmin representa o velho projeto das classes dominantes. Não sem razão os banqueiros e os grandes industriais o apoiaram, pois sentem afinidade de classe e comunhão de propósitos: garantir políticas ricas para os ricos e pobres para os pobres. Notoriamente não possui carisma e não apresenta nada de realmente inovador, capaz de suscitar uma nova esperança. A retórica que usa é despistadora. Mas cabe à análise pôr à luz os interesses de classe ocultos. A macroeconomia que enfeudou a política, seguirá seu curso neo-liberal deixando fatalmente anêmica a política social. Sua vitória representará o retorno daqueles que sempre construiram um Brasil para si, sem o povo ou contra o povo.

Lula dá corpo a um projeto de mudança. Apesar dos constrangimentos encontrados num ambiente hegemonicamente neo-liberal, tentou, com relativo sucesso, fazer a transição de um estado elitista e privatista para um estado republicano e social. Agora ele se vê obrigado a definir claramente seu projeto: dar a centralidade ao povo destituido, garantir seus meios de vida e sua inclusão cidadã. Para isso ele precisa se reaproximar de sua base real de sustentação: os movimentos sociais organizados e a imensidão dos excluidos. Esses poderão inviabilizar qualquer ameaça de impeachment. Tirar Lula é tirar nosso poder, dirão, é anular nossa vitória, é abortar nossa esperança.

Para se diferenciar claramente de Alckmin, Lula deverá mexer em pontos importantes da macroeconomia para que ela seja de fato o sustentáculo de uma política social maciça. Deverá ter a coragem de colocar um gesto fundador de um novo Brasil: retomar o projeto de Plínio Arruda Sampaio, um dos que melhor entende de reforma agrária, e realizá-lo integralmente a fim de fixar o camponês no campo e desinchar as cidades favelizadas. Ai sim se consolidará seu governo, inaugurando a transformação social possível para o Brasil.

* Teólogo. Membro da Comissão da Carta da Terra

Fonte: Adital

Carta aberta de Frei Betto aos eleitores cristãos

Por: Frei Betto*

A 29 de outubro escolheremos quem governará o Brasil nos próximos 4 anos: Lula ou Alckmin. Os dois são cristãos. Os dois nunca deram mostras de tendência fundamentalista, a de querer submeter a política à autoridade de uma Igreja ou religião.

A política é laica, ou seja, neutra em matéria de religião. Ela visa ao conjunto da população, sem levar em conta as convicções religiosas do cidadão ou cidadã. A todos o governo tem a obrigação de servir, assegurando-lhes direitos, proteção e o mínimo de bens para que possam viver com dignidade.

Se nenhuma religião tem o direito de tutelar a política, isso não significa que a política deva se confinar no pragmatismo do jogo de poder. A política se apóia em valores éticos. E nós, cristãos, temos como fonte de valores a Palavra de Jesus. É à luz do Evangelho que avaliamos todas as esferas da atividade humana, inclusive a política que é a mais importante delas, pois influi em todas as outras.

Para Jesus, o dom maior de Deus é a vida. Está mais próxima do Evangelho a política que favorece condições dignas de vida à maioria da população. É neste ponto que as políticas do PSDB e do PT ganham contornos diferentes. Os dois partidos tiveram desvios éticos? Sem dúvida. Como ironiza Jesus, atire a primeira pedra quem não tem pecados. Errar é humano. Persistir no erro é abominável. Se um membro da família erra, não se pode condenar por isso toda a família. O grave é quando a família toda abraça o caminho do erro.

Este foi o caso do PSDB, partido de Alckmin, nos 8 anos em que FHC (Fernando Henrique Cardoso) governou o Brasil (1994-2002). Empresas públicas foram privatizadas. Grandes empresas brasileiras Vale do Rio Doce, Embratel, Telebrás, Usiminas etc - patrimônios do povo brasileiro, cujos lucros engordavam os cofres do Estado, foram vendidas a preço de banana, e os lucros passaram a ser embolsados por corporações privadas, muitas delas estrangeiras.

Lula não privatizou o patrimônio público. Eleger Alckmin pode ser o primeiro passo para a privatização da Petrobras, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e dos Correios.
No governo FHC, as políticas sociais eram tímidas e assistencialistas. O Comunidade Solidária era uma iniciativa nanica comparada à grandiosidade do Bolsa Família, que hoje distribui renda para mais de 40 milhões de pessoas. Graças a isso, de cada 100 brasileiros que viviam na miséria, nos últimos 4 anos 19 passaram à classe média.

No governo Lula houve, sim, desvios éticos: o caso Waldomiro Diniz; o ''mensalão'' e os ''sanguessugas''; a quebra do sigilo bancário do caseiro de Brasília; o dossiê contra Serra. Não há nenhuma prova de que o presidente soubesse antecipadamente dessas operações inescrupulosas. E ao virem a público, ele tratou de demitir os envolvidos. No governo FHC, dinheiro público foi usado para tentar socorrer bancos privados: o Proer. O Banco Econômico recebeu R$ 9,6 bilhões. Instalou-se uma CPI que, controlada pelo Planalto, justificou a maracutaia e nunca investigou a Pasta Rosa que continha os nomes de 25 deputados federais subornados pelo Econômico.

Houve ainda os casos dos precatórios; da compra de votos para aprovar a emenda constitucional que permitiu a reeleição de FHC; do socorro aos bancos Marka e FonteCidam no valor de R$ 1,6 bilhão (os tucanos impediram a instalação da CPI para investigar o caso); as falcatruas na Sudam etc. Nada foi apurado, porque o Procurador-Geral da República, Geraldo Brindeiro, conhecido como ³engavetador-geral², engavetou, até maio de 2001, 242 processos contra o governo e arquivou outros 217, livrando os suspeitos de qualquer investigação: 194 deputados federais, 33 senadores, 11 ministros e ex-ministros, e o próprio presidente da República.

O governo FHC tratou os movimentos populares como caso de polícia, e não de política. Remeteu o Exército para reprimir o MST e os petroleiros em greve. Lula jamais criminalizou movimentos sociais e, sob o seu governo, a Polícia Federal levou à prisão gente graúda, dos donos de uma grande cervejaria a juízes, e inclusive petistas envolvidos no caso do dossiê anti-Serra.

O governo Lula reforçou a soberania do Brasil. Repudiou a Alca proposta pelo governo Bush; condenou a invasão do Iraque; visitou a cada ano países da África; abriu as portas de nossas universidades a negros e indígenas; estendeu energia elétrica aos mais distantes rincões; manteve a inflação sob controle; impediu a alta do dólar; reduziu os preços dos gêneros de primeira necessidade; ampliou o poder aquisitivo dos mais pobres, através do aumento do salário mínimo.

Lula ainda nos deve muito do que prometeu ao longo de suas campanhas presidenciais, como a reforma agrária. Porém, o Brasil e a América Latina serão melhores com ele do que sem ele. Se você está convencido disso, trate de convencer também outros eleitores.

Vamos votar na vida e ''vida para todos'' (João 10,10). Vamos reeleger Lula presidente!

* Frade dominicano e escritor, autor de 53 livros, e assessor de movimentos sociais

Fonte: Adital

Espírito da Carne de Deus

Por: Marcos de Araújo Oliveira

Espírito Santo de Deus, vem encher este lugar, de Ti.
Sim, este lugar está vazio, oco; ecos das lágrimas que gotejam
ressoam por todo buraco inabitado, desolado.
Espírito Santo de Deus, volte, inunde esta Terra de farrapos, cacos;
assopre e arraste os restolhos de mundos passados que
residem escondidos, bandidos, prestes a nos perfurar.

Não há Espírito sem carne. Ou melhor, não há Espírito sem a carne. Coexistem, ambos, numa sinergia dançante, galante, digna de sonatas e orquestras. O Universo é um gracioso salão de baile, no qual desfilam a carne, pulsante, suculenta, macia, tenra, e o Espírito, liso, solto, selvagem, criança. E o maciço da carne reverbera de cantos em cantos, passeia, preenche espaços vazios, esbarra-se, expande-se; o Sopro do Espírito espraia-se, acompanha, espichado, os movimentos da carne, altera-se, sobe e desce, brinca, entra e sai, sussurra e murmura, geme, arrepia e lambe e embrulha.

Experimente-se, porém, desatá-los, prendê-los em lados opostos, como crianças birrentas postas de castigo. Tente-se, por pirraça ou crueldade, espantar o Espírito com varadas e palmatórias, deixando a carne oca, desolada e inabitada. Vagará sem rumo o Espírito, levado inconsciente pelos ventos; morrerá solitária a carne, desprovida de seu maior alimento.

Não mais risos, nem dança; apenas o lento apodrecer de um, e o rápido desvanecer do outro.

De coração estiolado confirmo: assim apodrecem, assim desvanecem muitos crentes. Vejo que tiraram de si não o espírito-alma, pois isso seria tirar a própria vida; mas arrazoaram que o Espírito, o Sopro Divino, não deveria permanecer neles, mas sim estar esparramado pelos ares deste mundo. E que, ao invocá-Lo, desceria sobre as carnes o membro gasoso da Trindade, preenchendo-as, reanimando-as, ressuscitando-as. E Nele colocaram uma coleira, já que a coroa de espinhos esfarelava e para nada mais servia...

As igrejas enchem-se, agora, de urros e grunhidos. Fogueiras santas são criadas, e invoca-se o Nome, ordena-se ao Nome, para que Dele desprendam-se as lufas de ar divino que curam, saram e revitalizam – sendo, não raro, ordenar, ou ordenhar das tetas da Santa Carne, o despejo de vingança, guerra, morte e esfacelamento do inimigo, do diferente, da gente...

As carnes se deterioram e o Espírito se esfumaça, raso, ralo.

Detenho-me, às vezes, diante dos pregadores, dos crentes. E me questiono a quem dirigem seu clamor. Seus olhos estão lagrimados, suas mãos levantadas, os corpos gingam para lá e para cá, a mente está longe, absorta. Dos pulmões saem gritos graves, molhados, sufocados por concentrações salivares e abafados pelo ar quente advindo da goela. Às vezes, caem. Como serpentes escaldadas pela areia tórrida do deserto, espevitam suas carnes, fazem movimentos circulares, ziguezagueantes; esfolam a pele adormecida no chão pisoteado, águam a terra com suas lágrimas. Mas me parecem tão azedas essas lágrimas! Cítricas, espremidas de um limão esborrachado ao chão! Não germinam a terra, mas maculam-na com desespero e fel.

E a quem dirigem seu clamor? Ao Espírito? Será que Ele, por despeito e vingança, resolveu atacar as carnes que O abandonaram? Não! Crer nisto seria revogar o amor eterno do Santo Nome, o Seu perdão e misericórdia. Será, então, que o Espírito realmente aja assim, que Seu Sopro é, na verdade, um tufão desregrado de emoções, animalesco e grotesco? Mas, se assim o for, por que então me despreza? Teria eu construído uma trincheira tão intransponível que nem mesmo o Criador deste mundo poderia penetrar? Sou maquete deste Deus, deste Sopro, e pelas mãos Dele é que fui criado. Responda-me, Santo Nome, Tu me criaste para ser o mendigo que olha esfomeado para o banquete? Tu me arquitetaste para ser criança malcriada que a todos importuna por querer ir embora da festa? Até que venha de Ti a final resposta – que ingenuamente acredito ainda vir – continuarei a achar que arrancaram Teu Santo Espírito das carnes; O engaiolaram, O escravizaram. Enquanto isso, a carne apodrece...

Olho para o céu. Procuro o Sopro que, como um pimpolho assustado, enfurna-se por entre as nuvens, escondendo-se de nós, músculos malfeitores. Como pudemos fazer isso Contigo? Ó Santo Nome, Sopro Santo, Divino Deus, o que é minha carne sem Ti? Volte a habitá-la, para que dancemos juntos novamente! Constitua em mim Tua morada, Teu esconderijo! Reproduza-se em e por meio de mim!

Sem a carne não há Espírito! Como poderia o Consolador consolar o que não existe? Como seria o Conselheiro aconselhar a quem dificuldades nunca teve (pois nunca viveu!)? "O Espírito Santo de Deus habita em vós!". Sim! Pois cada existir é um Universo! Cada carne, um Espírito! E é assim que Tu, Nome, se dividi sem nunca se encolher.

Olho os namorados, trêmulos diante de fronhas encharcadas de suor, e lá Te vejo; contemplo a criança que se levanta de seu penico, e lá Te enxergo; agarro a mão do amigo que sofre, e lá Te sinto; as folhas suspendem-se ao ar, a noite ronca por meio das cigarras, o orvalho pinga na cabeça do cachorro adormecido que acorda, o cheiro de café perfuma a casa de cortinas vermelhas, os olhos da menina sentem prazer em seus seios pela primeira vez, a formiguinha carrega uma nesga de hortelã cortada da horta, as nuvens passeiam gordas e bonachonas pelo céu, a areia esgueira-se pelos dedos do pé, e, em tudo isso, Te observo, Te toco, Te amo. Porque Tu estás dentro de mim! Pois somos um, Santo Espírito. Pela carne Tu operas, e na carne Tu habitas!

Não nos deixe apodrecer, Deus. Perdoa-nos por expurgarmos o Santo Nome, e barrá-Lo à porta do baile. E que nós, crentes, sintamos novamente o frescor do Teu hálito que estremece nosso corpo, arrepia nossa pele, e nos faz amar outros embrulhos de carne chamados seres humanos.

Assopre, Sopro Divino, mas de onde nunca deveríamos ter Te tirado – de dentro, do fundo de nossas almas esgotadas.

Espírito Santo de Deus, vem encher este lugar, de Ti.

Marcos de Araújo Oliveira
marcos_birigui@yahoo.com.br

Verso e Voz — 07 de outubro

O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor; regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes; compartilhais as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade. — Romanos 12.9-13

“O Deus verdadeiro é aquele que pode inverter a vida do terror à coragem, da tristeza à alegria... O poder transformativo de Deus coloca em risco todos nossos gestos de equilíbrio e nossas imagens idólatras de Deus como o grande estabilizador do status quo”. — Walter Brueggemann

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06 outubro, 2006

Verso e Voz — 06 de outubro

O/A que tapa o ouvido ao clamor do pobre também clamará e não será ouvido. O presente que se dá em segredo abate a ira, e a dádiva em sigilo, uma forte indignação. — Provérbios 21.13-14

Sabemos muito bem que o que estamos fazendo é nada mais que um pingo no oceano. Mas se o pingo não estivesse lá, estaria faltando algo no oceano”. — Madre Teresa

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Movimento Ecumênico de Maringá Celebra

Por Maria Newnum

Será inaugurado nesse domingo em Maringá o Abrigo Indígena VÊNKAN- NHÃ-FÁ- OY-NHANDEWA

Os indios, indias artesãs e suas crianças que vem a Maringá vender balaios dormiam na rua ou na rodoviária em Sarandi. Graças a idignação de Dona Darcy Dias de Souza, essa realidade desumana vai ficar para trás. Além disso, O Centro Indigenista de Maringá iniciado e dirigido por ela, possui 5 casas ocupadas pelos estudantes indigenas da UEM.

O Movimento Ecumênico de Maringá elegeu esse trabalho como uma das prioridades para exercitar a prática missionária ecumênica. Parte dos recursos recebidos da campanha da fraternidade de 2005 foram destinados para construção de uma das casas e um terreno de propriedade do MECUM foi cedido para cultivo de alimentos.

Dona Darcy é integrante e uma das fundadoras do Mecum o que serve de incentivo para essa caminhada e rica parceria.

Saber que nossos/as irmãos/as indígenas terão um pouco mais de dignidade quando vierem a Maringá é motivo de celebração. É motivo para pensar que há muito trabalho a ser feito pelos cristãos e cristãs nesse mundo.

Darcy Dias de Souza, nossa irmã católica e ecumênica é um exemplo para nós do Mecum do que significa ser Sal e Luz nesse mundo. Sua indignação, sua perseverança e acima de tudo seu amor pelos indios e seu compromisso cristão é algo que nos incomoda, no bom sentido do termo, nos desafiando a descruzar os braços.

Eu e Steve temos visto Jesus bem mais de perto, desde conhecemos essa nossa irmã católica e grande amiga.

Maria Newnum - Vice-presidente do MECUM

05 outubro, 2006

Verso e Voz — 05 de outubro

Meus irmãos e irmãs, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes. — Tiago 1.2-4

“É neste momento que Te quero – Tu conhecedor do meu vazio, Tu companheiro silencioso da minha tristeza. É neste momento que preciso de Ti, Deus, como alimento”. ― Rainer Maria Rilke)

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03 outubro, 2006

Verso e Voz — 04 de outubro

Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?Mateus 6.25-27

“Pode entender o sentido de tudo isso observando uma revoada de pássaros comendo uvas selvagens nos topos das árvores numa tarde do outono. Tudo que eles fazem é vagaroso. Eles escolhem as uvas com uma deliberação curiosa, alisam as penas, conversam em pios agudos. De vez em quando um voa e volta semelhante a um vôo dançante cheio de movimentos e viradas extravagantes. Eles são como fazendeiros ociosos nos seus campos num domingo. Embora os pássaros não tenham domingos, seus dias são cheios de sábados”. — Wendell Berry

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Verso e Voz — 03 de outubro

Responderam Sadraque, Mesaque e Abede-Nego ao rei: Ó Nabucodonosor, quanto a isto não necessitamos de te responder. Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó rei, que não servimos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste. — Daniel 3.16-18

“Houve muitos, muitos outros e outras que têm tomado posição em favor da verdade. Tem sido a minoria, mas juntas, as convicções desta minoria e seu compromisso para obedecer a Deus e tomar posição para a verdade de Deus tem feito possível este momento da intervenção de Deus – Deus mudando a maré. Jamais subestime a importância de pessoas comuns tomando posição em favor da verdade, porque elas possibilitam outros e outras a fazerem sua parte”. — Peter Storey, ex-presidente da Igreja Metodista de África do Sul

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02 outubro, 2006

Só o diálogo e o reconhecimento do outro levam à paz, diz matemático

SÃO LEOPOLDO, 2 de outubro (ALC) - O único caminho para a paz é o diálogo, baseado num entendimento total do fenômeno vida e das intermediações criadas pelo homem, mediadas por uma ética que respeite o outro e suas diferenças, disse o matemático Ubiratan D'Ambrosio, em palestra proferida, sexta-feira, 30 de setembro, na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).

O diálogo, definiu o professor do Programa de Estudos Pós-Graduados de História da Ciência, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), é, basicamente, "a tentativa do indivíduo e o outro se entenderem, o que exige o reconhecimento, por ambos, que eles não têm o mesmo entendimento básico". O mesmo e a mesmice são, talvez, as maiores ameaças com as quais a humanidade se depara na vida social, alertou.

Paz, definiu o matemático, é a capacidade de lidar com conflitos, que são inevitáveis porque os indivíduos são diferentes, mas sem recorrer ao confronto, à agressão, à arrogância e prepotência, ou à intolerância e ao fanatismo. O fundamentalismo, disse, vem impregnado de arrogância e elimina qualquer atitude dialogal, porque ele está construído sobre certezas.

"Quando digo 'eu sei', de algum modo excluo aquele que está interrogando", explicou.

D'Ambrosio explicou o que ele desenha como o triângulo da vida, que, como todo triângulo, é composto por três vértices e três ângulos. Sem esses elementos, ele deixa de ser a figura geométrica. O triângulo da vida, voltado ao fenômeno vida, coloca o indivíduo e o outro, a natureza e a sociedade nos três ângulos, que estão relacionados pelos vértices: natureza, comunicação e emoção, trabalho e poder.

Para enfrentar a ameaça de extinção da humanidade "precisamos de ética" e que as pessoas dirijam sua energia e potencialidades para fins socialmente construtivos. "Só assim será possível alcançar a paz no seu sentido mais amplo: a paz interior, a paz social, a paz ambiental e a paz militar", disse.

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Agencia Latinoamericana y Caribeña de Comunicación

Verso e Voz — 02 de outubro

Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará. — 1 Coríntios 13.1-3

“A fé evangélica verdadeira não pode permanecer adormecida. Ela veste os nus, alimenta os famintos, consola os tristes, abriga os destituídos, serve aos que a ferem e põe curativo nos feridos; ela se torna tudo para todas as pessoas”. — Menno Simons

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01 outubro, 2006

Disputar o poder não é golpismo

Por: Eliézer Rizzo

Acabo de ler o artigo do professor Emir Sader neste espaço. Gostaria de sugerir uma reflexão distinta, que tem como referência o campo democrático e institucional sem desconsiderar (a) que os interesses em jogo não se expressam exclusivamente na camisa de força esquerda versus direita; (b) que há forças democráticas (com orientações diferentes, inclusive de direita e de esquerda) nas candidaturas de Lula, Alckmin, Heloísa Helena e Cristovam Buarque.

Lula é responsável pelo êxito de algumas políticas sociais. Grande mérito, sem dúvida. Mas é responsável também pela agressão ao Estado de Direito que se traduz nos procedimentos de compras de votos (mensalão). Chega a quase duas dezenas o número de ministros e auxiliares diretos do seu governo e do seu partido que se afastaram (ou foram afastados) por corrupção. E o esquema montado contra Serra com meia dúzia de pesos pesados do governo, do PT e da campanha de Mercadante?

Não existe boa corrupção nem corrupção moralmente justificável. Não é porque parte significativa dos movimento sociais organizados e da Igreja Católica, em particular, associaram-se na construção do PT que a corrupção praticada por este partido e pelo governo de Lula deixa de constituir crime contra a democracia.

Lula é talentosíssimo orador e mistificador, ao mesmo tempo. De um lado, ele fala sempre o que seu público pretende ouvir, sabendo ganhar o afeto do ouvinte. De outro lado, as forças políticas do PT colocaram em Lula os valores e as virtudes que gostariam que ele portasse. Mistificador também para safar-se de sua responsabilidade (no sentido constitucional). De fato, é presidente que nada conhece e nada sabe do que ocorre entre seus mais próximos, um chefe de Estado que se vê traído pelos seus. Como explicar o silêncio de forças tão respeitáveis - como católicos e evangélicos do PT - diante de tais problemas?

Alckmin governou São Paulo com sobriedade, e com problemas também. Desenvolveu políticas sociais que não são reconhecidas como tais por forças petistas, porque não lhes interessa. Tal tem sido o tom desta mistificação que apontei em Lula. Na década de 1990, o então prefeito de Campinas, José Roberto Magalhães Teixeira (PSDB) criou o Programa de Renda Mínima, que teve a arraigada oposição do PT, o silêncio da cúpula da Igreja e a virulenta crítica das lideranças católicas. O senador Eduardo Suplicy teve a grandeza de apoiá-lo e de participar de entrevista à TV Cultura (São Paulo) com o prefeito campineiro. No entanto, este programa é um marco das políticas sociais no Brasil.

Sou membro do PSDB desde sua fundação. Identifico-me com a vertente social-democrata de que há exemplos excelentes em países europeus e em governos locais no Brasil. Por mais que Lula tenha pretendido diabolizar o governo FHC - como faz agora com Alckmin, Cristovam e Heloísa Helena - nada parecido com o que vivemos hoje ocorreu no governo anterior, muito menos a corrupção no centro do poder de Estado e a grave crise moral do pais no plano político.

Por estas razões, é falso o chapéu do golpismo que Emir Sader pretende colocar na cabeça de todos que apóiam Alckmin. Se há conservadores, há também liberais, social-democratas, etc. O mesmo com relação à candidatura Lula. Mas somente com este - Lula - está hoje a estrutura anti-democrática da corrupta ocupação sindical da máquina do Estado.

Derrotar Lula não é propósito golpista. É uma dimensão democrática, como foi sua vitória quatro anos atrás e a de FHC nas duas eleições em que derrotou Lula. Afinal, o revezamento de forças políticas no poder é um dos pilares do sistema democrático.

Um abraço

Eliézer Rizzo

Verso e Voz — 1º de outubro

Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais ele fará. Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao meio-dia. Descansa no Senhor e espera nele, não te irrites por causa do homem ou a mulher que prospera em seu caminho, por causa do que leva a cabo os seus maus desígnios. — Salmo 37.5-7

“A oração que funciona é oração que faz uma diferença, contemplação que se torna ação, em favor da paz e justiça num mundo perturbado e num sistema mundial injusto. Oração é energia, a energia do amor e poder transformativo. É nos dada para usar no bem de toda a criação. Em oração, Deus nos dá o combustível da vida, e nos pede a viver nele”. — Margaret Silf

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