09 fevereiro, 2008

O Segredo do crescimento da Igreja Primitiva

(Texto de Eduardo Hoornaert adaptado pelo Pr. Ronan Boechat de Amorim das páginas 83 a 95 do livro “História da Cidadania”, Editora Contexto. O título do texto original é "As comunidades cristãs dos primerios séculos")


A minúscula “sinagoga dissidente” iniciada na Galiléia com Jesus de Nazaré e abrigada no “casulo” do judaísmo rabínico por 150 anos multiplicou-se em tempo recorde. E embora real e imprescindível, o cristianis-mo dos séculos I e II não venceu por ser um movimento organizado de e-vangelização, liderado por bispos, sacerdotes ou diáconos.

O Cristianismo venceu por causa da sua atuação amorosa, solidária, original, persistente e corajosa na base da pirâmide social e política da sociedade, pela sua atuação entre as pessoas conhecidas como “estrangeiras” ou “paroikoi” (gente sem terra, sem posição social reconhecida, sem os direitos e garantias fundamentais da cidadania)sem cidadania. Essa gente representava pelo menos 80% da população do i-menso império romano e cuja vida era trabalho, trabalho, trabalho, so-frimento e violência. Gente composta basicamente por mulheres (particularmente as viúvas!), crianças (particularmente os órfãos!), escravos, ex-escravos, gladiadores e todo tipo de gente doente e pobre.

Nas comunidades cristãs a fé e o amor não eram apenas uma teoria e nem apenas um sentimento, mas serviços e cuidados concretos em prol dos que precisavam de socorro e salvação. As comunidades Cristãs eram conhecidas como “paróquias” (ou seja, a casa dos pobres), onde o Evangelho de Jesus não se transformava apenas em palavras, mas em testemunho visível de fraternidade e em serviço (na prática do bem) ao próximo. Feito no amor e no nome de Deus. Alguns cristãos chegavam ao ponto de venderem-se a si mesmos como escravos para com o dinheiro comprar a liberdade de outros quem eram escravos.

O escritor Eusébio escreve: “os fatos falam por si... todos exaltam o Deus dos cristãos e admitem que os cristãos são de fato os únicos ver-dadeiramente religiosos e piedosos”. Realmente eram amigos de Deus!

A vida dos cristãos era prova de que seu Deus era vivo e misericordioso. A vida dos cristãos era um sinal claro de que Deus estava com eles e agia através deles. O anúncio do Evangelho se fazia com palavras, mas sobretudo pelo testemunho de amor, ou seja, pelo serviço, o amor que cuida.

O segredo do crescimento é a verdadeira evangelização, ou seja, o amor que cuida!

06 fevereiro, 2008

Quaresma, tempo de preparo para a Páscoa. E até para a paixão e a cruz... (Pr. Ronan Boechat de Amorim)

“Três vezes no ano me celebrareis festas”, disse Deus (Ex 23:14).

Estas festas são:
a) A festa da Páscoa ou dos Pães Asmos ou Ázimos (pães sem fermen-to) para celebrar o êxodo e a libertação dos israelitas do Egito (Lv 23:4-8);

b) A festa das Primícias ou do Pentecostes (palavra grega que quer di-zer 7 semanas ou 50 dias) para celebrar o início da colheita (Lv 23:15-25);

c) A festa dos Tabernáculos ou Colheita onde o povo durante 7 dias deixava suas casas e habitava em tendas de ramos em memória de sua peregrinação no deserto e que era realizada como ação de graças logo após a colheita do trigo e de recolherem os frutos (Lv 23:42-43).

Mt 26:19, Jo 2:23 e João 23:1-30 mostram que o Senhor Jesus obser-vava a celebração da Páscoa. Aliás, Ele foi preso e morto na cruz quando estava em Jerusalém para celebrar a Páscoa. Ele ressuscitou no domin-go de Páscoa. Por isso a Páscoa para os cristãos é a celebração do êxo-do, mas sobretudo a celebração da morte e da ressurreição de Jesus.

Foi durante a Festa de Pentecostes, 50 dias após a Páscoa, quando os discípulos estavam em Jerusalém na celebração do Pentecostes, que o Espírito Santo foi derramado sobre a Igreja e sobre toda a carne (At 2:1-4). Por isso o Pentecostes é uma festa celebrada também pelos cristãos, com o novo significado que passou a ter a partir daquele dia de Pentecostes no ano da morte e ressurreição de Jesus.

Algum tempo depois, a partir da Páscoa e do Pentecostes, a Igreja criou o Calendário Litúrgico Cristão, para celebrar e recordar a cada ano toda a vida de Jesus e todos os atos salvíficos de Deus, incluindo nele, entre outros, a celebração do Natal e da Quaresma (palavra grega que quer dizer 40 dias). Esta última, nos 40 dias antes da Páscoa, como um tempo de preparo espiritual para a celebração dela.

A Quaresma, portanto, é um tempo de oração, quebrantamento, consagração e preparo para o discipulado e o ministério cristão. Tempo de preparo até mesmo para a perseguição, a paixão e a cruz, caso venham. Somos chamados a reler nos Evangelhos os relatos acerca dos últimos acontecimentos no Ministério terreno de Jesus, tais como o sermão profético, a instituição da Ceia do Senhor, a solidão do Getsêmani, a traição de um discípulo próximo (Judas), a tortura e humilhação a que foi submetido ao ser preso, a sua injusta condenação e a morte.

Hoje é a chamada 4ª-feira de cinzas, o 1º dia da Quaresma, o 1º do total dos 40 dias...

Ouçamos a voz de Jesus,
aprendamos com ela
e deixemos que ela nos fortaleça e capacite para a Missão.

Que nossa vida seja instrumento de louvor! Celebremos ao Senhor!