09 setembro, 2006

Documentação sobre Direitos Humanos está disponível no CMI

GENEBRA, 8 de setembro (ALC) – Mais de 180 caixas contendo valiosa documentação sobre a participação de cristãos e de igrejas na defesa dos Direitos Humanos na América Latina nos anos 70 a 90 do século passado estão disponíveis para pesquisadores na biblioteca do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), em Genebra, revelou o pastor Charles Harper.

A documentação também contém um “recorde” de comunicações e ações vinculadas à cooperação do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) com as igrejas e grupos da América Latina que lutaram pela defesa e promoção dos direitos humanos naquele período.

Os relatórios e documentos disponíveis no CMI também podem ser acessados via Internet, disse Harper para a ALC, depois de apresentar, na segunda-feira, 4, o seu livro “O acompanhamento: a ação ecumênica a favor dos Direitos Humanos na América Latina: 1970-1990”, publicado em inglês. Uma versão em espanhol deverá sair no próximo ano.

O livro de Charles Harper baseia-se na documentação que o CMI dispõe e é uma homenagem a personalidades ecumênicas e heróis pouco conhecidos que lutaram em defesa da vida.

Harper é um brasileiro-estadunidense, missionário presbiteriano, que foi testemunha e também protagonista, a partir de seu trabalho solidário, da luta em favor da causa dos povos latino-americanos. Ele foi diretor executivo do Departamento de Direitos Humanos para a América Latina, e diretor interino da Comissão das Igrejas para Assuntos Internacionais, de 1992 a 1993, ambas do CMI.

O uruguaio Guillermo Kerber, executivo do Programa da Comissão das Igrejas para Assuntos Internacionais do CMI, fez a apresentação do livro. Ele destacou a tarefa empreendida por Harper de tornar conhecido o trabalho, muitas vezes silencioso, desenvolvido na defesa dos direitos humanos, de modo especial nos anos 70 e 80 do século passado.

“Décadas duras, quando a maioria dos países da região padeceu sob regimes político autoritários, ditaduras, que custou a vida de milhares de latino-americanos, que implicaram desaparecimentos forçados, torturas, exílio, a quebra das sociedades”, disse Kerber.

Ao agradecer a apresentação do livro, publicado pelo CMI, Harper disse que a memória ecumênica é uma história de resistência e um testemunho acumulado de mulheres e homens que lutaram em defesa da vida, em fidelidade ao Evangelho, numa etapa muito difícil para os povos latino-americanos.

Harper rendeu tributo a pessoas como Emilio Castro, pastor metodista uruguaio e ex-secretário-geral do CMI; a Federico Pagura, bispo metodista emérito e co-presidente do Movimento Ecumênico pelos Direitos Humanos da Argentina; a Cristina Vila, diretora do Comitê de Igrejas (CIPAE), do Paraguai; a Helmut Frenz, bispo emérito luterano, co-líder do Comitê Pró-Paz no Chile e que enfrentou Pinochet; a Julia Esquivel, poetisa guatemalteca que se empenhou pela causa indígena.

O autor do livro recordou, emocionado, os “mártires contemporâneos”: Mauricio López, filósofo, membro da Igreja Irmãos Livres, da Argentina, desaparecido na ditadura militar Argentina, em 1977; Paulo Wright, presbiteriano brasileiro, morto pela ditadura militar do Brasil; Maria Cristina Gómez, professora batista, torturada e morta por grupos paramilitares salvadorenhos.

A esses pastores e leigos, também a muitas pessoas mais que são heróis anônimos, “rendemos a nossa homenagem com esse livro”, disse Harper.

Para Harper, hoje aposentado na França, a memória ecumênica também é exemplo de motor de nova vida. Ele mencionou os filhos e netos das Mães e Avós da Praça de Maio. Muitos deles foram entregues a militares como “botins de guerra” durante a ditadura que governou a Argentina de 1976 a 1983, e que, graças à garra das mulheres, puderam reintegrar-se nas suas verdadeira famílias.

Hoje, são jovens adultos, conscientes de seu passado e de seu papel na nova sociedade argentina, afirmou Harper.

Fernando Oshige
Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC)

CMI reafirma busca de unidade da Igreja e atuação em favor da paz e justiça

GENEBRA, 8 de setembro (ALC) – A busca da unidade visível das igrejas continua sendo a tarefa principal do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), assim como o reforço na contribuição para a paz e justiça no mundo, concluiu o Comitê Central do organismo ecumênico, que esteve reunido em Genebra, de 30 de agosto a 6 de setembro.

“O objetivo do CMI é de oferecer um espaço no qual as igrejas possam exortar-se umas às outras para alcançar a unidade visível em uma só fé e uma só comunhão eucarística, expressada no culto e vida em Cristo”, assinalou o órgão executivo do CMI.

O Comitê Central adotou na reunião uma nova estratégica programática para suas linhas e incidência pública e ação ecumênica, e aprovou Programa de Ação que terá vigência de 2007 a 2013.

As decisões tomadas equipam o CMI para um compromisso deliberado, integrado e dinâmico em alguns dos principais desafios que as igrejas e o mundo enfrentam no alvorecer do século XXI, destaca o secretário-geral do organismo ecumênico, Samuel Kobia.

A renovada estratégica programática responde a decisões da IX Assembléia do CMI, realizada em fevereiro deste ano, em Porto Alegre, e enfatiza as áreas de formação ecumênica, o diálogo inter-religioso, o testemunho público, a diaconia e justiça, a evangelização e a espiritualidade.

“As igrejas são chamadas a fazer frente a quem, estando no poder, não estão a serviço dos seres humanos, a ser a voz dos excluídos dos benefícios do desenvolvimento, da justiça, dos pobres, mulheres, incapacitados, crianças e povos indefesos”, diz o documento do Programa, aprovado no último dia de reuniões do Comitê Central.

O Comitê declarou grande preocupação com a situação do Líbano, pedindo o levantamento do embargo aéreo e marítimo que o país sofre, e estendeu sua atenção aos conflitos nas Filipinas, Sri Lanka e Kosovo.

O CMI condenou os casos de assassinatos extrajudiciais nas Filipinas. Demandou do governo daquele país que dissolva os “esquadrões da morte”, as milícias privadas e as forças paramilitares, e que exija dos militares que parem de considerar as igrejas e os trabalhadores eclesiais como “inimigos do Estado”.

Também pediu ao governo do Sri Lanka e ao grupo rebelde Tigres Tamiles que terminem, imediatamente, todas as hostilidades e retomem as negociações de paz. Exortou os líderes religiosos de Kosovo para que continuem trabalhando pela reconciliação.

O Comitê Central assegurou que hoje as igrejas enfrentam problemas sem precedentes no Oriente Médio. “As guerras e os conflitos entre estados e dentro dos estados, a exacerbação do extremismo religioso, da intolerância por razões religiosas, estão provocando sangria e colocando em perigo a segurança e a estabilidade da região”, apontou.

Por isso, o CMI pretende revigorar seus planos da Década para a Superação da Violência, colaborando ativamente para erradicar a violência e promover a justiça, depois de anunciar que um de seus principais eixos de atenção será o Programa de Acompanhamento a Palestina e Israel.

O CMI também incentivou uma resposta pastoral à pandemia do HIV/Aids, defendendo o acesso universal a tratamentos, cuidado e apoio para todos aqueles que o necessitarem.

Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC)

Carta da IM no Jardim Colorado, SP, ao 18° Concílio Geral

São Paulo, 02 de Setembro de 2006.

Aos
Membros do 18º Concílio Geral da Igreja Metodista.

Irmãos e irmãs conciliares paz e bem!

"O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei”. Jo 15.12

Com as palavras do Evangelho de João, nós da Igreja Metodista no Jardim Colorado, saudamos a todos/as os/as irmãos/ãs com o mesmo amor que Senhor nos amou, na certeza de que o Deus conciliador estará à frente das decisões a serem tomadas por este egrégio conclave.

Irmãos/ãs, tendo em vista a decisão conciliar no que diz respeito a saída da Igreja Metodista dos órgãos ecumênicos, vimos por meio desta nos juntarmos às vozes daqueles/as que não aprovam, ou não tem o mesmo olhar a respeito de tal decisão. Esta comunidade de fé e serviço, Igreja Metodista no Jardim Colorado, testemunha que tem tido uma caminhada ecumênica desde a decisão conciliar de participação, e este percurso sempre foi de um diálogo fraterno com vistas ao Reino de Deus, a oikoumene, o mundo inteiro habitado pela presença e manifestação deste Reino. Neste período vivenciamos uma Igreja Metodista que prezava pelo diálogo ecumênico. Entendemos que isso não significava necessariamente deixar nossa identidade de lado, mas caminhar junto com outras comunidades de fé, na intenção de proclamar o nome de Jesus Cristo e de buscar uma sociedade mais digna, justa, humana e igualitária. O que nos une com estas igrejas irmãs é mais forte do que aquilo que nos separa, ou seja, o desejo de que o Reino seja experimentado em todas as instâncias da vida humana.

Por isso, é com pesar que recebemos a decisão conciliar de saída dos mencionados órgãos. Como Igreja Local, submissa às decisões de outras instâncias da Igreja, acolhemos esta decisão, mas reafirmamos o nosso compromisso com o Reino, e se porventura houver práticas que procurem a dignidade e a paz, estaremos juntos lutando por uma humanidade mais fraterna.

Rogamos às bênçãos de Deus sobre a segunda etapa deste conclave, pedindo que Ele oriente e direcione as decisões conciliares.

Nos caminhos da missão,

Rev. Jonatas Rotter Cavalheiro
Revda. Suely Xavier dos Santos
Simone C. Monteiro da Silva - Secretária do Concílio Local
Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim. (Jo 17,22-23)
Igreja Metodista Jd. Colorado
Rua Emilia Farelli, 48, Jd. Colorado. São Paulo, SP

O feitiço da serpente

Por: Maria Newnum
Desde a primeira fase do 18º Concílio surgiram frases como: “A questão ecumênica é apenas a ponta do iceberg; a questão é poder; os carismáticos querem assumir a Igreja Metodista...” Ora, é preciso começar dar nome aos leões. Não! Aqui não cabe a linguagem inclusiva.

Primeiro, é necessário traduzir o que significa, por exemplo, a questão de poder. Deve-se ir direto ao ponto: É o controle ideológico e o controle financeiro das instituições rentáveis da Igreja. Do contrário, a polêmica advinda dessa suposta “homérica” discórdia já teria levado há tempos à uma divisão. Por que não aconteceu? Por que certos indivíduos resistiriam tanto tempo? Não seria o caso de terem fundado outra igreja, como fizeram alguns?

Segundo, será que os carismáticos devem ser colocados num mesmo saco? Não estariam apenas sendo usados por certos leões raivosos?

Há sim carismáticos anti-ecumênicos, espiritualistas e ávidos pelo poder... Mas, há carismáticos sinceros em sua fé e também há carismáticos ecumênicos. Nesses grupos, pode ser que haja pessoas com compreensões bíblicas e teologias díspares dos “intelectuais” e “liberais” da Igreja, mas, em absoluto, pode-se afirmar que a maioria almeje controlar seus recursos financeiros. Um caminho didático consiste em separar o joio do trigo.

É muito provável que a maioria carismática nem ao menos possua dimensão do que está acontecendo na Igreja pós-18º Concílio. As compreensões equivocadas sobre ecumenismo e o desconhecimento acerca dos fundamentos históricos do metodismo, não fazem de todos oportunistas. Saber quem é quem é um exercício que requer menos preconceito e mais amor.

Oportunismo é que o se assiste por parte de um grupo pequeno - conduzido por uma dúzia ou menos de líderes - que se valeu de um ponto nefrálgico da Igreja para construir um projeto que em absoluto tem a ver com espiritualidade dos carismáticos, com a preservação da tradição da Igreja ou algo similar.

É passada a hora de se analisar a dimensão do encantamento lançado sobre o ecumenismo que tal qual serpente balançando o guiso enfeitiçador, foi usado na certeza de encantar não apenas aos carismáticos desavisados, mas, também paralisar toda a Igreja entorno de uma discussão que apenas esconde os reais propósitos dos encantadores.

Essa tática é comum entre líderes e regimes totalitários. Eles pegam um ponto nefrálgico de uma sociedade ou de um grupo e direcionam os holofotes, deixando à sombra os reais propósitos de suas agendas.

Na história da humanidade, esse feito se repetiu sucessivas vezes. Enquanto muitos se entregaram ao feitiço do que aparecia sob efeito da “luz”, na escuridão alguns brincavam de “deus,” varrendo para dentro de fornalhas corpos que garantiam o show macabro e lhes conferia credibilidade. Credibilidade essa, fruto do encantamento, medo e horror.

Há de se fugir das ingenuidades, dos encantamentos e perceber que em maior ou menor grau, a história se repete forjada pela “grandeza medíocre” dos que querem poder a todo custo. É só olhar para o projeto do presidente dos Estados Unidos, é só olhar a nossa volta.

Em A mosca azul, p. 122, Frei Beto diz: “Nos porões da humanidade aprendi por que na floresta os tigres se movem à noite. Não buscam a luz, nem se deixam inebriar pelos primeiros raios do alvorecer. Nutrem-se do que vislumbram em plena escuridão”.

Profetas e profetizas da história bíblica não se deixaram enfeitiçar por serpentes. Eles e elas, mesmo em tempos de perseguições e fornalhas, trouxeram à luz o que precisava ser revelado.
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Maria Newnum é metodista da 6a. RE - pedagoga, mestre em teologia prática, vice-presidente do Movimento Ecumênico de Maringá .

08 setembro, 2006

Meditação Diária - 09 de setembro

Os sentimentos dados por Deus
João 2.13-16

Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo [] Irai-vos e não pequeis. Efésios 4.25-26

Há vários anos, eu chorava por tudo e por nada e pensava na morte como um conforto. Quando procurei ajuda para a minha depressão, uma das primeiras coisas que ouvi do terapeuta foi: "A depressão é raiva voltada para dentro".

Por toda a minha vida, eu acreditei que a raiva fosse uma emoção inaceitável. Sempre que estava zangada com alguém, eu botava isso para dentro e nunca confrontava a pessoa responsável por isso. Toda a raiva dentro de mim se tornara a ferida supurada da depressão. Aprendi que, por mais difícil que fosse, eu teria de expressar minha raiva e deixar que as pessoas soubessem quando algo me incomodava.

Em minha caminhada cristã, a mensagem que recebi foi a de não expressar raiva. No entanto, após alguma investigação, lembrei-me de que Jesus nos instruiu a confrontar quem tivesse agido mal conosco (Mateus 18.15) e que Ele exprimiu ira ao virar as mesas no templo (ver João 2.13-16). Está certo sentir raiva e expressá-la. Deus apenas espera que sejamos cuidadosos no modo como o fazemos, agindo com amor.

Oração: Graças, ó Deus, por todas as nossas emoções. Por favor, ajuda-nos a demonstrá-las com amor, da forma como Tu desejas. Em nome de Jesus. Amém.

Pensamento para o dia: Ser plenamente humano é sentir todas as emoções que Deus nos deu.

Jennie Whittington (Texas, EUA)
Oremos para que Deus nos ajude a expressar a raiva com amor.

No Cenáculo, Setembro/Outubro 2006, Igreja Metodista

É indispensável ser ecumênico!

Quero me increver e participar do blogmetodista...

Tenho simpatia pela causa ecumênica, ainda que pouca atuação... Tenho sido instigado para me engajar mais... Não é oportuno, nesse momento histórico, simplesmente professar-se ecumênico!... É indispensável ser ecumênico!

Sempre me professei ecumênico, participando inclusive de inciativas ecumênicas no Estado do ES... Tive a oportunidade de participar de uma reunião do CONIC-MG recentemente, e isso muito me alegrou!

Quando pastorei em Santíssima Trindade, Iúna, ES, uma comunidade essencialmente rural, experimentei o auge da comunhão com irmãos católicos, presbiterianos, batistas, assembléianos e outros, por um motivo muito simples: nosso ideal era comum!

Hoje, pastoreio em Minas Gerais, na Igreja Metodista em Conselheiro Lafaiete e percebo as dificuldades eclesiais... A Igreja local que pastoreio não vivencia essas preocupações, embora um ou outro membro sinalize a preocupação com a restrição quanto a comunhão (ou não-comunhão) com a Igreja Católica discutida e aprovada na 1ª sessão do Concílio Geral (jul/2006).

Com estima pelo trabalho ecumênico,

Gercymar Wellington Lima e Silva

Carta a um metodista não ecumênico

Prezado irmão não ecumênico,

recebi a sua mensagem eletrônica que diz:

Sobre o tema Ecumenismo na igreja Metodista, era algo que não soava bem aos meus ouvidos, cansei de ser comparado como um Católico Romano, de ser tachado como tal, e eu não sou adorador de estátuas. Quanto do afastamento quero dar minha visão de quem estava de fora desta questão, se um não crente hoje tivesse que optar de ser membro de uma igreja Metodista ou da igreja Católica Romana, qual seria a sua opção dentro deste quadro? Em que modificou durante este convívio a visão distorcida do que é ser um homem vivendo a vontade de Deus que pregamos? Isso fez diferença para a instituição Católica Romana ou de tantas outras crenças? No trecho do documento "Dominus Iesus" que foi assinado e expedido pela cúpula do Vaticano, que afirma que " a igreja Católica é a única igreja de Cristo" e nesse patamar somos chamados de SEITAS; da para compartilhar assim da mesma mesa? Neste mesmo documento há um trecho que proíbe os bispos Católicos de usarem a expressão "igrejas irmãs" que não adotem os princípios doutrinários da Igreja Católica Romana. Não vou me aprofundar mais em outras variações de religiões se não teria que ter um dia inteiro para poder falar sobre este assunto, mais aqui fica a minha opinião. Conic nunca mais, se não eu saio da Metodista. Graça e Paz a todos.

Eu estava aqui no meu escritório terminando de preparar a pregação de amanhã, a minha aula da escola dominical para a classe de candidatos a membro da Igreja, orando, lendo a Bíblia e me veio na cabeça e no coração a sua mensagem enviada via correio eletrônico. Senti o desejo de respondê-la, mesmo estando já cansado da lida deste dia e com os olhos sonolentos. Mas agora, no silêncio, quando meus filhos já foram dormir, e em clima de oração, é bom a gente conversar com outros irmãos, ainda mais nesse momento em que o assunto do ecumenismo tem tomado tanto tempo na vida de nossa Igreja e gerado acalorados debates, discussões, etc...

Meu nome é Ronan Boechat e sou pastor titular da Igreja Metodista de Vila Isabel. Vi sua mensagem, não tenho como discutir a sua experiência com católicos, discordo de parte de sua análise e respeito sua opinião. E quando digo que discordo de parte de sua análise, é porque a minha experiência é outra, bem diferente da sua.

O fato da Igreja retirar-se de órgãos ecumênicos não significa o fim do ecumenismo para aqueles que nele crêem e militam como causa do Evangelho, tanto quanto a permanência da Igreja nesses órgãos não tornou muitos metodistas ecumênicos.

Eu me converti (fui convertido pelo Espírito Santo!) ao Senhor Jesus Cristo quando tinha 14 anos de idade. Fui o primeiro de minha família e sofri muita oposição. Meu pai era ateu e minha mãe não era cristã. Eu tive a minha experiência com o Senhor Jesus, coloquei minha vida em suas mãos, e isso apesar da oposição de minha família e até de certa perseguição. Aceitei Jesus numa classe de Escola Dominical dos juvenis onde a professora, Dona Marli, falava de um jovem chamado Davi. Eu senti nas conversas, no testemunho daquela mulher e no estudo das Sagradas Escrituras, a voz de Deus arder no meu coração. Senti o imenso e bondoso amor de Deus, senti que eu estava na presença do Deus vivo. Dos meus 15 aos 18 anos, fui participante de uma série de trabalhos missionários da Igreja de Itaperuna na Fazenda do Céu, na Fazenda da Jaqueira, na Fazenda do Tesouro, em Purilândia, entre outros.

"Nada a fazer senão salvar almas", já enfatizava João Wesley.. O que Deus tinha feito por mim e em mim eu gostaria que todas as pessoas pudessem experimentar. Salvação, coisa maravilhosa.

Aos 18 anos vim do interior para o Rio, fazer o Bacharel de Teologia no Seminário Cesar Dacorso Filho. Minha primeira nomeação pastoral foi em fevereiro de 1983. Desde então tenho tido a responsabilidade e o privilégio de servir ao meu Senhor Jesus como pastor de igreja local, pregador da Palavra, pastor de ovelhas do rebanho do Senhor. Aleluia!

Na função de pastor, uma das minhas tarefas prioritárias é a evangelização. A evangelização de todo mundo. Dos crentes da igreja que precisam repetidas vezes ouvir a Palavra para terem fé, amadurecerem na fé, fortalecerem-se na fé. Evangelização aos que ainda não tiveram uma experiência e nem se renderam ao Senhor Jesus como único e suficiente Salvador. Na tarefa de evangelização não quero saber se a pessoa é dessa ou daquela denominação (e olha que há muita gente incrédula dentro de nossas igrejas, que ainda não tem intimidade com Deus, certeza da Salvação, que não se rendeu total e radicalmente aos pés do Salvador). Quero é falar de Jesus, do seu amor, da sua salvação, da nova vida, dos novos relacionamentos em amor e justiça, da vida eterna. Assim, a tarefa da evangelização é para com todos, seja gente de igreja, ateus, espíritas, pagãos, adeptos do Santo Daime, da Nova Era, etc... Importa é que o Evangelho seja pregado e que o pecador seja salvo pelo Nome que está acima de todo nome.

Mas, ao mesmo tempo, eu me sinto na tarefa de dialogar com as pessoas. Conversar sobre as diferenças. Conversar sobre os desvios. Conversar sobre os pecados. Conversar sobre a Igreja de Jesus tão cheia de modismos e tão moldada aos valores mundanos que nos têm cercado. Eu anuncio o evangelho e dialogo com quem é diferente de mim. Eu dialogo e em hipótese alguma eu abro mão de evangelizar. Para mim, o diálogo e o anúncio andam juntos.

Nesses meus 23 anos de pastorado, nunca concordei com a infabilidade papal, nunca concordei com a venda das indulgências, com as missas que supostamente beneficiam a pessoa morta, ajudando-a a sair do purgatório ou coisa assim, eu nunca aceitei a veneração ou adoração ou idolatria de imagens e nunca participei de cultos, missas, celebrações, etc... que qualquer uma dessas coisas tivessem sido feitas, praticadas, etc.

Eu dialogo com o pessoal católico, num clima de amor e respeito, mas deixando bem claro as diferenças e marcando bem claramente a minha posição e dando meu testemunho. Não por uma questão denominacional, mas de consciência e fé. Como eu já disse em outras oportunidades, ecumenismo não é aceitar tudo e achar que tudo está bem. Mas é apesar de tudo ser capaz de dialogar, não ter medo das diferenças e ser capaz de amar ao outro, por mais diferente que ele seja e que sejam suas crenças.

Por que dialogar? Sinceramente, Deus me tem dado um ministério que passa pelo diálogo com as pessoas que crêem de um jeito diferente de mim e de nós protestantes evangélicos metodistas. Através do diálogo, a gente ouve o outro (mesmo as coisas que a gente não concorda!) e a gente fala o que tem de falar. Cria comunicação, estabelece respeito, firma a paz... No diálogo a gente ensina e a gente aprende. E para dialogar a gente tem de ter certeza da fé, da crença... Dialogar para mim, portanto, é uma maneira de evangelizar e de ser evangelizado, visto que o diálogo me obriga a crescer mais e mais no conhecimento da Palavra e na Oração. O diálogo ecumênico não é um instrumento para enganar o outro, mas para falar amorosamente aquilo que Deus quer que a pessoa ouça, alcançar seu coração como um amigo, como uma testemunha de Cristo que ama e acolhe pacientemente o pecador e jamais como um acusador. Eu não sou acusador, eu sou testemunha daquilo que Deus é em mim, daquilo que Jesus fez em minha vida e daquilo que Deus quer que eu seja portador.

Eu sou testemunha, não acusador, não juiz.

Foi o próprio Senhor quem deu às pessoas o livre arbítrio e conseqüentemente o direito de crer no que quisessem, inclusive o livre arbítrio usado por Adão e Eva ao preferirem ouvir a Serpente
como voz alternativa à Palavra de Deus.

O fato de eu ser capaz de dialogar, não quer dizer que eu aceite todas as coisas, todas as diferenças. Mas não é porque essa outra pessoa crê de um jeito diferente de mim que eu tenho de forçá-la a crer do jeito e modo como eu creio. "Não é por força nem por violência, mas pelo Espírito Santo" (Zacarias 4:6). Uma palavra amorosa tem mais eficácia do que chutar a santa (tal como aconteceu naquela vez em que alguém da Universal chutou uma santa durante um programa de TV). É como se diz: "Da soberba só resulta a contenda" (Pv 13:10), "o embaixador fiel é medicina" (Pv 13:17), "o coração do justo medita no que vai responder" (Pv 15:28), "melhor é o longânimo do que o herói de guerra" (Pv 16:32), "Pleiteia a tua causa diretamente com o teu próximo" (Pv 25:9), "como maçãs em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo" (Pv 25:11). Uma das qualidades da mulher sábia, ou da pessoa que tem sabedoria e o temor do Senhor, segundo Pv 31:26, é: "Fala com sabedoria e a instrução da bondade está na sua língua".

Claro que você pode colher uma porção de outros textos que mostram exatamente o contrário, acerca de manter-se afastados dos pecadores, de não dialogar com eles, de não lhes oferecer a mão em amizade e respeito.

Mas eu gosto de pensar em como o próprio Senhor Jesus escandaliza aos fariseus e religiosos de seu tempo. Ele conversa e come com pecadores, tais como a mulher samaritana de João 4 e o próprio Zaqueu. Contrariando a crença judaica de seu tempo que uma pessoa pura ao tocar numa pessoa impura, ficava ela também impura, Jesus toca nos cegos (Mc 8:22) e não se considera impuro ao ser tocado por aquela mulher com fluxo de sangue. O cristianismo inverte essa ordem. Ou seja, a santidade é maior que a impureza. Por isso Paulo vai dizer que a mulher santificada santifica também a seu marido (1Coríntios 7:14). Por isso Jesus toca e é tocado pelos impuros. Ele não tem medo de se contaminar ao exercer seu ministério: ele sabe que mais forte é a pureza que a impureza. Assim, a pessoa pura e santificada não se torna impura pelo fato de tocar, ser amigo, ser tocado pelos pecadores, mas tão somente quando sai da presença de Deus e peca, e pratica as impurezas. Como diz Isaías 59:2, "são as nossas iniqüidades que fazem separação entre nós e nosso Deus". Ou seja, quando vivemos deliberadamente em pecado (Hebreus 10:26).

Em nossa tarefa de evangelização, tal como demonstra a própria vida e ministério de Jesus, nós temos de ter contato com as pessoas pecadoras, que estão longe de Jesus. Não há porque ter medo.

Deus envia Pedro à casa de Cornélio e ele tem medo de perder sua purificação. Afinal, fazia parte da crença preconceituosa dos judeus que visitar a casa de um gentio era coisa impura. Mas Deus dá uma visão a Pedro e ele obedece, e depois é duramente criticado pelos demais. Mas como ele já dissera antes, "importa obedecer a Deus do que ao homens" (Atos 5:29 e Atos 4:19-20). O apóstolo Paulo é discriminado, alijado do grupo dos apóstolos e criticado abertamente pelo seu ministério junto aos gentios. O próprio João Wesley, quando começa a pregar nas ruas (ao ar livre), é perseguido ainda mais, pois estava tirando a "pregação" e a "Palavra de Deus" do púlpito consagrado. Ali era o lugar da Palavra, não as ruas, não as bocas das minas, não nas favelas, prostíbulos, etc...

Veja, eu não estou combatendo ou me opondo à sua experiência, eu só estou dizendo que há experiências diferentes da sua, e a minha é uma delas.

Aqui na Igreja de Vila Isabel, o fato de sermos uma igreja "ecumênica" tem ajudado muito na evangelização. Temos ganhado muitas almas para o Senhor. Muitas pessoas que têm medo dos evangélicos vão chegando, vão experimentando o amor de Deus tal como nós metodistas pregamos, cremos e vivemos, vão se sentindo parte da comunidade, trocando o isolamento pela vida comunitária, trocando santinho do coração pela presença eficaz e soberana de Jesus. E não demoram, deixam a velha vida e têm uma experiência com Jesus. Noutro dia uma mulher participou de um culto e disse que era católica. Eu fui simpático com ela e perguntei se ela freqüentava a igreja dela. Ela disse que não. Convidei-a para participar da nossa Igreja. Ela disse que era católica desde pequenininha e que não queria trocar de religião. Eu disse que as pessoas católicas eram muito bem-vindas à nossa Igreja. Ela acabou participando dos cultos, da Escola Dominical e, não demorou 3 meses, aceitou Jesus como seu único e suficiente Salvador, rejeitando todos os pactos passados. Na verdade ela abriu mão de uma coisa que ela não praticava e não era.

É verdade que não acontece isso com todo mundo, mas quando a gente prega e evangeliza uma pessoa, nem sempre ela se converte. Há o mover do Espírito Santo, há a soberania do coração da pessoa... ela precisa abrir a porta para Jesus entrar. "Eis que estou à porta e bato..." Há algumas pessoas católicas, por exemplo, que em contato conosco, que se tornam católicas mais fervorosas que oram, que lêem a Bíblia, que comungam, que tem uma fé muito viva em Jesus. Mesmo na igreja católica. Eu realmente acredito que denominação nem religião salvam e nem impedem que alguém seja salvo. Quem salva é só Jesus.

Se eu pudesse, gostaria que todos os meus amigos freqüentassem a Igreja Metodista de Vila Isabel. Que todas as pessoas do bairro freqüentassem a Igreja de Vila Isabel. Não porque a Igreja de Vila Isabel seja a mais certa e a melhor, mas porque é uma boa Igreja, que procura servir a Deus com alegria, santidade, ética e com uma prática ecumênica. Aqui é uma boa igreja para as pessoas serem igreja, crescerem espiritualmente, criarem e educarem seus filhos... É bom demais a gente conviver com os amigos e estar regularmente juntos praticando a fé e a comunhão. Quando eu posso, estou sempre convidando as pessoas a fazerem parte da Igreja de Vila Isabel. Não por proselitismo, mas pelo amor que quer os amigos e irmãos por perto. Ou seja, eu faço parte de uma igreja ecumênica, que procura superar o sectarismo, mas que gosta de trazer para a sua vida comunitária e eclesial todos os que vão sendo salvos e os que são salvos também. O Corpo de Cristo reunido é algo maravilhoso, e quanto mais irmãos e irmãs reunidos, a coisa fica mais bonita... É bom demais a gente ter os amigos por perto e melhor ainda é poder reuni-los diária ou dominicalmente.

Outro dia fui celebrar um casamento ecumênico. Só aceitei na condição de que a liturgia do casamento fosse realmente uma liturgia ecumênica. O padre foi amigável e compreensivo e eu fui pregar num culto de casamento numa igreja que tinha mais de mil pessoas. Falei da importância de confiarmos somente em Jesus como a pedra angular da nossa vida, do nosso casamento e de nossa família. Hoje recebo muitos convites para pregar em Igrejas católicas, e assim vou pregando a Jesus e unicamente a Jesus... E como o apóstolo Paulo, vou me fazendo de fraco com os fracos para que eles sejam alcançados pela Palavra e pelo amor de Jesus. Podemos nos fazer misericordiosos com todas as pessoas...

Uma experiência de Paulo que amo e que tomo como parâmetro é a que está em Atos 17:16-31. Paulo podia ter tido a falta de sabedoria de mandar descer fogo dos céus e queimar aqueles filósofos e idólatras de Atenas, mas Paulo, debaixo do poder do Espírito Santo de Deus, teve sabedoria dos Céus e usou o altar ao Deus desconhecido para falar de Jesus. O resultado é que "alguns creram" no Senhor Jesus ressuscitado que Paulo anunciava.

Uma outra coisa. Às vezes falamos dos católicos como idólatras, mariólatras, papistas, etc... mas nos esquecemos que para Deus não tem um pecado maior que o outro. A idolatria não é maior que a mentira e a ganância não é menor que o adultério. É verdade que o idólatra não entra no Reino. Mas o adúltero também não. Nem o ganancioso. Nem o corrupto. Nem o que olha para uma mulher com intenção impura no seu coração. Nem o que louva a Deus com os lábios mas cujo coração está longe de Deus. Nem o perverso, ou seja, o que não tem o temor do Senhor, o que se esquece de Deus.

Com certeza a idolatria é um pecado que precisa ser denunciado. Mas todos os demais também precisam ser denunciados e superados. Eu vi e denunciei a manipulação de eleições no último Concílio Regional por parte de alguns pastores e leigos... E a gente tem ouvido falar de muitas histórias de manipulação e traição acontecidas no último Concílio Geral.

E uma última questão. Você tem razão quando diz que é muito difícil ser ecumênico com a Igreja Católica, ou seja, com a instituição católica. Mas é maravilhoso o que a gente experimenta junto de muitos padres, religiosas e leigos católicos... um pessoal bom, com o coração cheio da presença de Deus, de sinceridade e de fraternidade. Mas não é porque o "ecumenismo institucional" seja mais difícil que a gente tem de abrir mão dele. Ele também será sempre um desafio para nós.

Temos de nos lembrar que devemos ser não o que os outros querem ou permitem que sejamos, mas ser o que unicamente Deus quer que sejamos. Homens e mulheres segundo a vontade e o coração de Deus. Digo isso porque o que sou e creio não é uma reação ao que os outros são. Não sou ecumênico porque os católicos são ecumênicos para comigo. O que sou não sou por causa deles ou da Igreja Católica, mas por causa de Cristo e unicamente de Cristo, por questão de fé e consciência e como prática de fé e da missão. Sou amigo e dialogo com os Batistas que me recusam Ceia e também recusam o meu batismo por aspersão. Sou amigo e dialogo com o pessoal da Universal, que não prega Jesus Cristo como Senhor e Salvador, mas unicamente correntes, quebras de maldição e práticas mágicas de descarrego para ter sucesso financeiro e saúde nessa vida. Nem uma palavra sobre pecado, sobre santidade...

Bem, desculpe-me se ocupei muito o seu tempo. Mas foi o que Deus tem colocado no meu coração.

Não quero fazer desse assunto uma disputa, até porque temos de gastar todo tempo e recursos que temos é na luta contra aquele que veio para matar, roubar e destruir. Nada a fazer senão "salvar almas". Mas se você não se importar e quiser, podemos continuar essa conversa. Como irmãos amados que estão sentados aos pés do Senhor Jesus, aprendendo dele, aprendendo um com o outro. Unicamente para a nossa edificação e para a honra e glória do nome do Senhor.

Como eu disse anteriormente, respeito sua posição. Mas minha visão e experiência são diferentes. Não posso impor minha fé, minha visão de mundo e experiências à você, mas também não posso ouvir calado você querer generalizar a sua experiência como sendo a única possível e verdadeira.

Com votos das mais ricas bênçãos do Senhor Jesus e amizade,

Ronan Boechat de Amorim
Pastor da Igreja Metodista de Vila Isabel

Por que sou um metodista?

Estive pensando nesta pergunta durante algumas semanas. Diante dos atuais acontecimentos, que vêm de longa data e que não se resume apenas à questão ecumênica, o que me faz prosseguir nos caminhos do metodismo? Bem...teria que retornar ao ano de 1993, ano em que me tornei membro da Igreja Metodista, para responder a essa pergunta e responder a uma outra pergunta: Por que eu desejei ser um metodista?

Naquela noite de quinta-feira de junho de 1993, depois de ouvir um sermão bem elaborado por um leigo, onde pude, mesmo sendo visitante, reconhecer cada parte do sermão e a idéia central do texto, ao som do hino de nº 377 (Confiança em Cristo), senti uma verdadeira paz e uma alegria por estar ali. Era um verdadeiro culto metodista, onde se podia ouvir a oração de um irmão ou irmã de forma nítida, sem gritos e choros juntos. E onde ao final do culto as pessoas se aproximavam de você e desejavam uma boa noite e um “volte sempre que quiser!” E...eu voltei! E fui conhecendo aquela Igreja que alguns evangélicos diziam ser uma Igreja fria ou uma “católica melhorada”. Não dei muita atenção, porque aprendi com meus pais que juízo de valores não devem ser considerados e além do mais, eu gosto de ter a minha própria opinião. Tudo que diziam era um amontoado de preconceito!Algo típico da mentalidade evangélica brasileira atual!

Desejei ser metodista porque eu via nos cultos uma reverência a Deus que me impressionava! Via alegria, mas também “tudo com ordem e decência!” (I Coríntios 14.40).

Desejei ser metodista porque a criança tinha seu espaço na vida da Igreja, participando dos sacramentos da Ceia e do Batismo!

Desejei ser metodista porque era uma Igreja onde a tolerância e o dialogo sobrepunha o sectarismo e as ofensas.

Hoje eu olho a Igreja e me pergunto: Onde está aquela Igreja que conheci? Será que todas aquelas posturas cristãs estavam erradas? Será que eu estou errado em desejar que a Igreja Metodista seja Igreja Metodista?

Onde está a ordem e decência no culto? Deram lugar ao modismo e teologia neo-pentecostal.

Onde está o espaço da criança? Temo que suma em breve, pois têm pastores metodista que já não batizam crianças e nem oferecem Santa Ceia a elas.

Onde está a tolerância e o dialogo? Mataram (ou melhor, anestesiaram) no último Concílio Geral. Mas por que insisto em ser Metodista? E ainda pastor?

Porque acredito que a Igreja Metodista é onde Deus deseja que eu esteja...e porque “importa obedecer a Deus do que os homens” (Atos 5.29). E que no fundo, meus colegas pastores e bispos, sabem que o metodismo é bem diferente de como a Igreja Metodista “está” hoje!

Pr. Antonio Carlos Soares dos Santos
Igreja Metodista em Vargem Alta e Valão do Barro

Meditação Diária - 08 de setembro

A agenda de Deus, não a minha
Lucas 10.38-42

[Jesus] acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade. Hebreus 10.9

Faço listas de tudo. Minhas listas de afazeres são classificadas em casa, igreja, tarefas sociais e diversos. Tenho até uma lista de atividades para lazer e relaxamento! Até recentemente, essas listas governavam minha vida; eu estava apanhada em uma roda-viva de afazeres.

Então, em uma manhã calma, durante minha hora devocional, compreendi que as tarefas importantes naquele dia eram aquelas que Deus queria que eu fizesse. As outras que constavam da lista, que pareciam tão urgentes, simplesmente não interessavam se Deus não estivesse me conduzindo a fazê-las.

Então, comecei a deixar que o Senhor dirigisse minhas atividades diárias. Hoje, após minha devocional matinal de oração e leitura bíblica, penso calmamente no dia que tenho à frente, pedindo a Deus que imprima em minha mente o que Ele quer que eu faça. Durante o dia, continuo pedindo a Ele que o sopro tranqüilo e suave do Espírito Santo me guie. Agora, pareço realizar o dobro das tarefas! Estou muito mais concentrada em cada uma; mas, melhor que tudo, tenho paz no meu coração, sabendo que vou seguir a orientação do Espírito Santo. Aprendi que há horas suficientes no dia para fazer as ações que Deus quer que sejam feitas, e essas são as únicas que interessam.

Oração: Deus bendito, aguardo as Tuas instruções para este dia. Entrego as minhas atividades e meu tempo a Ti, para que faças como e quando quiseres. Em nome de Jesus. Amém.

Pensamento para o dia: O dia de hoje tem horas suficientes para seguirmos a orientação de Deus.

Sharon Keeling (Missouri, EUA)

Oremos pelas pessoas oprimidas pelos afazeres.

No Cenáculo, Setembro/Outubro 2006, Igreja Metodista.

07 setembro, 2006

O Livro de Deus

Por: Derrel Santee

Com o teu poder, puseste as montanhas no lugar, mostrando assim a tua força poderosa. Tu acalmas o rugido dos mares e o barulho das ondas, tu acalmas a gritaria dos povos. Por causa das grandes coisas que tens feito, o mundo todo está cheio de espanto. Por causa das maravilhas que tens feito há gritos de alegria de um lado da terra ao outro. Fazendo chover, mostras o teu cuidado pela terra e a tornas boa e rica. Com as chuvas do céu enches de água os rios, e assim a terra produz alimentos, pois para isso a preparaste. Regas com muitas chuvas as terras aradas, e elas ficam amolecidas pela água. Com as chuvas, amacias bem as terras, e por isso crescem as plantações. Como é grande a colheita que vem da tua bondade! Por onde passas, há fartura. Os pastos estão cobertos de rebanhos, e os montes se enchem de alegria. Os campos estão cobertos de carneiros, e os vales estão cheios de trigo. Tudo grita e canta de alegria. (Salmo 65.6-13)


A criação foi o primeiro e o único livro escrito por Deus. O primeiro capítulo teve início há 20.000.000.000 anos com o primeiro estalo, o “big bang”. O capítulo da terra começou há 4.500.000.000 anos. A terra conseguiu sobreviver sem a presença do ser humano durante 4.499.600.000 anos. Somente há 18.000 anos apareceu a pintura e 5.500, a escrita.

Na maior parte do desenvolvimento humano a criação era o único “livro” lido. Dia, noite, ciclos lunares, estações, calor, frio, chuva, seca, ventos, trovões, nascimento, morte, animais selvagens, plantas, montanhas, florestas, desertos, abundância, fome, peste, doença, etc. eram as palavras sagradas lidas por todos.

Com a “civilização”, veio a palavra escrita e templos para servir como morada divina. A “revelação” passou a ser encontrada em documentos escritos pela mão humana e dentro de ambientes sagrados construídos por homens. Pessoas “civilizadas” têm a tendência de desconfiar da natureza e confiar nas escrituras. A razão é clara: a natureza tem personalidade própria sendo caprichosa, imprevisível e desrespeitosa. O papel é amigável, aceita tudo e reflete os nossos desejos. Na nossa idolatria, cultuamos as nossas próprias palavras como se fossem palavras divinas. Sabemos soletrar as letras da página escrita, mas somos analfabetos diante do grande livro realmente escrito pela mão divina.

A cada instante Deus escreve novas linhas. Cada batida do coração é uma nova sentença. Cada piscar dos olhos pode trazer novas revelações. O salmista olhou para as montanhas e as ondas do mar com espanto e admiração! Viu a chuva que possibilita a plantação e colheitas abundantes. Percebeu que a mão divina sustenta e conduz toda a existência. Alegrou-se na consciência de que a humanidade, também faz parte da maravilha da existência. Esta revelação da natureza o fez gritar e cantar de alegria.

Em contraste, a “civilização” se vê como dona da terra. Enxerga vantagens imediatas, não beleza. O resultado: árvores derrubadas, matas queimadas, riquezas naturais saqueadas, ar, água e solo envenenados, milhares de espécies da fauna e flora extintas, o mundo se tornando gigante depósito de lixo plástico e tóxico e uma grande parte da humanidade gemendo de dor. Rasga o livro de Deus.

Nossos livros de papel, escritos por mãos humanas, são usados para promover ódio, preconceito e violência. Os descendentes dos autores das Bíblias (judaica e cristã) e do Alcorão usam suas escrituras para “engaiolar” o Criador do universo e jogá-lo contra os demais.

Precisamos voltar para o Livro de Deus para encontrar as palavras da vida. A nossa salvação é viver em harmonia com o Criador e toda a sua criação. Todos fazem parte do seu universo e têm seu lugar debaixo do sol. O amor deixa espaço para todos.

Derrel Homer Santee - Campinas, 7 de setembro de 2006

Na diversidade é que construímos a paz, tão sonhada....

Queridos Metodistas, meu nome é Lucilene Druzian, sou pedagoga (professora de Ensino Religioso e formação humana) e Membro Fundadora do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania de Marília - NUDHUC (que completa em novembro 10 anos de trabalho na defesa e promoção dos Direitos Humanos em Marília e região e teve como motivador em sua Fundação o Nobel da Paz, Adolfo Perez Esquivel).

O Núcleo (NUDHUC) estimulou em 2004 a organização da Comissão pela Paz, que articula na cidade grupos e organizações para a realização de eventos que possam Promover a Paz e a Solidariedade entre as pessoas (Polícia Militar, Profissionais liberais, Católicos, Metodistas, Messiânicos, Busitas, Espíritas, Professores, Sindicatos,...)

Nossa comissão, desde o início de 2005, conta com a participação efetiva da Igreja Metodista local, na pessoa do Rev. Loiola e membros da comunidade Metodista da cidade, inclusive abrindo suas portas para nossas reniões mensais.

Partilho com vocês uma imagem de muito valor para todos nós, a equipe após o evento em Comemoração a data de 10 de dezembro: Assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos, onde reunimos cerca de 200 pessoas no evento de denuncia e anuncio de alternativas a violação dos direitos humanos.

Espalhar as iniciativas positivas e os parceiros de caminhada...

Um abraço Fraterno,

Lucilene Druzian
lucilenedruzian@ig.com.br

Mandar ou servir?

Por: Derrel Homer Santee

Os apóstolos pediram ao Senhor: -Aumente a nossa fé. E ele respondeu: -Se a fé que vocês têm fosse do tamanho de uma semente de mostarda, vocês poderiam dizer a esta figueira brava: "Arranque-se pelas raízes e vá se plantar no mar!" E ela obedeceria. Jesus disse: -Façam de conta que um de vocês tem um empregado que trabalha na lavoura ou cuida das ovelhas. Quando ele volta do campo, será que você vai dizer: "Venha depressa e sente-se à mesa"? Claro que não! Pelo contrário, você dirá: "Prepare o jantar para mim, ponha o avental e me sirva enquanto eu como e bebo. Depois você pode comer e beber." Por acaso o empregado merece agradecimento porque obedeceu às suas ordens? Assim deve ser com vocês. Depois de fazerem tudo o que foi mandado, digam: "Somos empregados que não valem nada porque fizemos somente o nosso dever."
(Lucas 17.5-10)

Os apóstolos, impressionados com o poder de Jesus, queriam a “fé grande” para também, fazerem “grandes obras”. Jesus dividiu a resposta do pedido em duas partes: primeiro, usando as figuras, pequena semente / grande árvore e, segundo, a de relacionamento dono / escravo.
A fé é semelhante à semente. Não importa o tamanho. O importante é que seja plantada. Mesmo sendo pequena, tem muito poder, até comandar uma figueira brava bem enraizada a arrancar pelas raízes e ser plantada no mar!...

Reconhecendo que o poder, mesmo espiritual, é perigoso e reconhecendo o motivo dos seguidores pedindo aumento de fé, Jesus acrescentou a segunda parte, o relacionamento mestre / servo.

Usou a estrutura social da época como ilustração. O dono considerava o trabalho do escravo como dever, não favor que merecia gratidão ou elogio! A lição é que, ao fazermos tudo, estamos simplesmente cumprindo o nosso dever. Devemos usar a nossa fé para servirmos, não para comandarmos. A tentação é sempre usarmos a fé como instrumento de poder, não de serviço.
Mandar e manipular é abusar da fé! A fé verdadeira é aquela plantada no serviço humilde, sem esperar elogios e reconhecimento. A fé grande é a fé humilde!

Freqüentemente nas instituições religiosas, principalmente “igrejas”, a fé se torna instrumento de autoridade e domínio, não de compaixão e serviço humilde. A revista Época, na sua edição de 12/07/2004, pp 92 e 93, relatou o caso de um bispo que exerceu sua autoridade, afastando, sob a falsa acusação de bruxaria, uma pastora de origem humilde que trabalhava dando assistência pastoral às prostitutas na Luz, em São Paulo! Usou seu “poder da fé” para deixar a pastora sem salário e as prostitutas sem sua assistência pastoral!... Pior ainda, os bispos condenaram a pastora por ter procurado a justiça em defesa de seus direitos. Para as autoridades eclesiásticas, era mais importante defender a postura de poder do que apoiar a pastora no seu ministério entre as prostitutas. É mais fácil jogar pedras do que dar pão... Até a data da reportagem, não havia nenhum sinal de compaixão e humildade da parte da cúpula da igreja. Fecharam a porta para a pastora. Ao relatar o episódio, a revista “secular” foi muito mais profética do que as autoridades religiosas que apoiavam as injustiças de seus pares.

Jesus usou a sua fé para servir com humildade. Não se colocou em posição de autoridade sobre os outros, nem usou milagres como meios de promoção. Conhecia bem o ser humano e sua tendência de correr atrás de milagres, demonstrações de poder e obras grandiosas. Recusou usar seu poder como instrumento de manipulação.

No mundo real as “figueiras bravas bem enraizadas” jogam as “pequenas sementes” no mar, às vezes em nome da fé. O Reino de Deus não é daqueles que julgam e comandam, mas daqueles que procuram servir e muitas vezes são julgados e condenados. Jesus avisou às autoridades religiosas da sua época que prostitutas e publicanos entrariam no céu antes deles!

Derrel Homer Santee
Campinas, 7 de setembro de 2006

Malhar com fé

Na sede da Igreja Metodista de Memphis há uma academia. A idéia de unir fé e cuidado com o corpo é do médico e pastor Scott Morris.

Médico de família, o Dr. Scott Morris cansou de atender pacientes que reclamavam de problemas de saúde e culpavam Deus por isso. Resolveu então se juntar à Igreja Metodista de Memphis, nos EUA, e virou pastor. Em 1987, ele abriu dentro da igreja o Centro de Saúde da Comunidade, para tratar e aconselhar a população que não tinha condições financeiras de freqüentar academias ou hospitais. Hoje, com 45 mil pacientes e cerca de 400 doutores voluntários, o centro dá seminários para outras igrejas e associações que pretendem seguir a fórmula.

"As pessoas reclamam menos agora. Eles entenderam que também são responsáveis por sua saúde", afirma Morris. Além da academia, o centro oferece oftalmologistas e dentistas. Há ainda aconselhamento psicológico. Para poder freqüentar a associação, não é preciso ser ligado à igreja, mas é necessário que a renda familiar seja baixa e que o paciente não seja assegurado. "Deus quer que nossa vida seja boa e cheia de experiências que nos acrescentem algo. Não podemos ficar parados achando que estamos doentes porque Ele quer."

Nina Weingrill
Galileu, agosto de 2006, Editora Globo

Credo sobre os direitos

Por: Pr. José do Carmo da Silva

Estamos nos aproximando do mês de outubro, e mais uma vez, o comercio estará em festa, em decorrência do dia da criança.

Lendo a história da Igreja Cristã, encontramos poucos documentos voltados para a criança. Refletindo sobre essa ausência e olhando a situação de abandono a quais muitas crianças estão expostas hoje, imaginei toda a igreja cristã independente de sua vertente protestante, católica, pentecostal ou neopentecostal, se reunindo em um grande concilio, com representantes de todo o mundo para debaterem a situação das crianças.

Esse concílio foi convocado após a Igreja ter sido incomodada pelo Espírito Santo diante da situação desumana, que estão vivendo milhares de crianças no pós bombardeio dos EUA contra o Afeganistão e o Iraque, Israel Contra o Líbano, as crianças abandonadas nas ruas e vitimas do trafico no Brasil. Entra também na agenda de discussão as centenas de milhares que morrem na África, de fome ou de AIDS. As vitimas de pedofilia e trabalho infantil no Brasil e no mundo...
O documento final desse Conclave, assinado por, todos os lideres cristãos e delegações compostas também por crianças, com direito a voz e voto foi o seguinte credo:

Credo sobre os direitos Da criança

Cremos em Deus, Pai todo Poderoso, que dentro da sua soberania, enviou seu unigênito Filho ao mundo, o qual se encarnou no ventre de Maria fazendo-se criança, e por intermédio do Espírito Santo. Cremos que assim Ele Agiu, para mostrar ao mundo que a criança também é importante, pois, sem ser criança a vida vazia é, que Ele Jesus Cristo, foi uma criança, que brincou, riu, chorou, crescendo em estatura e graça diante de Deus e dos homens, adquirindo assim conhecimento humano e fé. Cremos que Deus ama tanto as crianças que de antemão já lhes concedeu o Reino dos Céus. E as coloca como modelo para todos adultos que almejem nele entrar, e decretou que quem quiser ser cidadão do Reino, como criança tem que se tornar.

Cremos que Deus ama a todas as crianças, independente, de sua Etnia, Classe Social, e mesmo Religião. E que as crianças Brancas, Negras ou Amarelas, são expressões da multiforme sabedoria Dele que criou uma única raça, a humana e viu que todos seus matizes são belos.

Cremos que toda injustiça, violência e opressão as quais sofrem as crianças, seja no barraco ou na mansão, são crimes contra Deus, que não ficarão sem punição.

Cremos que o grito das crianças excluídas que moram e morrem nas ruas. Somado aos lamentos e gemidos dos bebês abortados, por serem frutos do adultério, ou fornicação, ou qualquer outro tipo de aborto planejado, bem como da falta de acesso medico ou alimentício as gestantes, unindo–se a agonia de milhares de crianças que após nascerem morrem de fome e sede, vitimas da desnutrição, tem subido a presença do Senhor dos Exércitos. Cremos que o clamor desses infantes tem enchido o cálice de Sua Ira, e o mesmo fará justiça, trazendo juízo aos governantes, Igrejas e demais organizações, que se calaram diante desse infanticídio...

Denunciamos como sendo criminoso o trabalho infantil, a qual muitas são submetidas, nos faróis, carvoarias, canaviais e sisais, ou mesmo nas suas casas, que lhes privam de brincar e estudar, roubando suas infâncias abrindo em suas almas traumas que as tornam adultos amargos e tristes.

Denunciamos que a pedofilia e a prostituição infantil, que ocorrem em muitas partes do mundo e do Brasil, é algo que fere a dignidade humana e o coração de Deus, o qual incumbiu a Igreja de zelar, amar e acolher os cordeirinhos do rebanho seu. Conclamamos a todos os seres humanos de boa vontade, para que num esforço conjunto, imbuídos pelo amor divino e senso de justiça a não nós calarmos diante de tal violência e imoralidade, seja contra quem for o autor da mesma.

Declaramos que todo aquele que pratica ou se cala, diante da violência contra as crianças, a qual ocorre na sociedade, nas ruas, no lar, e mesmo nas Igrejas, fecha para si mesmo a porta da graça, e sendo assim morrendo sem arrependimento será réu do juízo eterno.

Como Igreja cristã indivisa e reunida nesse conclave, em torno desse tema sumamente importante para o futuro da e humanidade da Igreja. Firmamos um pacto diante do nosso comum Pai Criador, Filho Redentor e Espírito Santo Consolador, de juntos construímos um mundo melhor, por que verdadeiramente cremos que um mundo melhor construiremos amando e educando as crianças dentro dos valores do Evangelho, mostrando a elas o caminho que deverão seguir, preparando-as para a vida.

Cremos que a vida devia ser bem melhor, e profetizamos que será a partir do momento que o Evangelho integral, o Evangelho de Cristo, não o denominacional for pregado, crido e praticado, nesse momento então toda injustiça, opressão e corrupção, cessarão e então ao som de júbilos e hinos de louvor, liberdade, igualdade, justiça e paz se abraçarão. Amém.

Pr. José do Carmo da Silva - Igreja Metodista em Fátima do Sul - MS

Dificuldades y oportunidades del ecumenismo

El ecumenismo “llegó a su clímax el pasado mes de febrero, en ocasión de la Asamblea del Consejo Mundial de Iglesias (CMI)”, realizada en Porto Alegre, comentó la pastora Ofelia Ortega al ser entrevistada por Manuel Quinteros, director del programa Frontier Internship in Mission con sede en Ginebra, Suiza.

Ofelia Ortiga, cubana, es una de los ocho presidentes del CMI. De marcado compromiso con el ecumenismo y con las iglesias en Cuba piensa que “El movimiento ecuménico vive un tiempo de crisis. En parte a causa del aumento del fundamentalismo, en parte como fruto de una mayor tendencia al denominacionalismo. Parecería que el entusiasmo ecuménico de algunas iglesias ha disminuido. Por otro lado, está el fenómeno del neo-pentecostalismo, que experimenta un crecimiento sostenido y que no es muy favorables al diálogo”.

A la vez, la líder ecuménica visualiza “nuevos fenómenos y desafíos que están acercando a las iglesias” sosteniendo que “hoy son cada vez más las iglesias que ven la necesidad de sumar fuerzas para enfrentar los problemas que trae consigo la globalización, particularmente la desigualdad y la pobreza”.

Otro de los componentes que presionan para el trabajo común entre las iglesias es el creciente deterioro del medio ambiente. En ese aspecto “cuando cada iglesia por su lado y luego en diálogo las unas con las otras descubrimos nuestra responsabilidad común en el cuidado y la preservación de la Creación”.

Por otra parte, le ecuménica cubana expresó que “En los últimos años parece que algunos temas se han convertido en piedras de tropiezo para la cooperación ecuménica, como es el caso de la sexualidad humana” que es “un tema muy complejo y hasta tabú para algunas iglesias” como se aprecia en la Comunión Anglicana y en otras iglesias, que “pueden llegar a causar división” provocando dolor en las personas afectadas y en las congregaciones.

Ortega no ve “recetas simples para asumir este desafío” considerando que “El discernimiento es un proceso que toma tiempo y exige reflexión y diálogo” que debería tener como punto de partida esencial reconocer que “la iglesia es una comunidad inclusiva e incluyente” y que el debate teológico tiene que continuar en la línea de lo que ha hecho el CMI con sus conversaciones ecuménicas.

Personalmente cree que “las iglesias históricas y ecuménicas deben continuar con esta iniciativa. No siempre fuimos suficientemente sensibles a los problemas y necesidades de nuestra gente, ni suficientemente humildes para abrirnos a lo que otras expresiones cristianas pueden aportar”.

Sobre la situación en Cuba, Ofelia Ortega dijo que “Hoy vivimos una situación inédita en Cuba con la enfermedad del presidente Fidel Castro” y citando al cardenal Jaime Ortega, líder de la Iglesia Católica Romana cubana, “cualquier proceso que ocurra en la isla será responsabilidad de los cubanos y cubanas que allá vivimos. Rechazamos cualquier injerencia extranjera; sólo a nosotros nos toca decidir nuestro destino”

Luego corrigió la idea de que “las iglesias en Cuba son simplemente víctimas del sistema” porque esa expresión desconoce “el notable crecimiento numérico y espiritual y el extraordinario esfuerzo diaconal de nuestras iglesias”

Comentó que “En el Consejo de Iglesias de Cuba (CIC) participan 25 de las 49 denominaciones inscritas en la isla, y en los últimos quince años -desde que se declaró el llamado "período especial" por el colapso del campo socialista y los negativos efectos en nuestra economía- esas iglesias han realizado programas de servicio muy significativos: en el campo del desarrollo sustentable, impulsando la agricultura orgánica; en la producción de medicina natural alternativa; con personas discapacitadas” y que además, mediante la comisión bíblica del CIC “se distribuyó cerca de dos millones de Biblias en los últimos años, beneficiando también a iglesias no asociadas con el Consejo, como la Católica Romana”+ (PE)

PreNot 6207 - 07/09/06
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06 setembro, 2006

Meditação Diária - 07 de setembro

A verdadeira liberdade
Gálatas 5.1-15

Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão. Gálatas 5.1

Hoje celebramos o dia da independência de nossa pátria. Damos graças ao Senhor por esta dádiva. É verdade que existem várias independências para conquistarmos: econômica, social, política, espiritual... Os acontecimentos deste ano eleitoral têm nos mostrado como "não sabemos usar a nossa liberdade". Temos sido irresponsáveis no uso das liberdades pessoal, familiar, relacional e social.

Paulo estava preocupado com o uso de uma liberdade sem a orientação e a sustentação divinas. Os Gálatas estavam se submetendo a outros tipos de escravidão. Expressavam a sua liberdade, conquistada em Cristo, sem amor, sem responsabilidade e sob a ação da carne. Por isso, Paulo lhes disse: "Não useis da liberdade para dar ocasião à carne" (Gálatas 5.13).

Nas vidas pessoal, familiar e nacional, necessitamos usar nossa liberdade e nossa independência com responsabilidade e amor, sem dominar uns aos outros e procurando vivenciar a mutualidade, não apenas entre as pessoas, mas também entre partidos, lideranças e governos.

Peçamos a graça do Espírito sobre nossos líderes e partidos. Impeçamos que a mentira, a corrupção e os interesses individualistas prevaleçam em nossas vidas, famílias e, especialmente, nesta amada terra que o Senhor nos concedeu para viver.

Oração: Querido Jesus, eu Te agradeço pelo país que nos deste para vivermos. Clamamos a Ti, buscando-Te para estares com nossa pátria neste momento pré-eleição. Dê discernimento, sabedoria e graça ao nosso povo, visando ao voto cívico e responsável. Em Teu santo nome. Amém.

Pensamento para o dia: A verdadeira liberdade requer responsabilidade, obediência, amor e mutualidade.

Nelson Luiz Campos Leite (São Paulo, SP, Brasil)

Oremos no decorrer do dia em favor de nossa pátria.

Medite: Salmo 23

No Cenáculo, Setembro/Outubro de 2006, Igreja Metodista.

Santificação

Por: José do Carmo da Silva

Como Metodistas, embora não partilhemos de alguns aspectos da posição da Igreja Católica sobre santidade, não podemos negar que muitos homens e mulheres, dentro do catolicismo romano, seguiram de perto os passos de Cristo, na renúncia ao mundo e ao pecado. E foram inegavelmente capazes de viver em santidade, se aproximando em muito do exemplo de Cristo.

Dentre eles, que nunca pediram que se fizessem ícones (imagens) de si, tampouco, que lhes prestassem cultos, nutro por três, admiração especial: Santo Agostinho, Francisco de Assis e Madre Tereza de Calcutá. Procurei conhecer sobre suas vidas, julgando todas as coisas e retendo o que é bom, (I Ts 5.21) e confesso que encontrei muita coisa boa e verdadeiramente cristã.

Assim procedi, seguindo o conselho do apóstolo Paulo: Sede meus imitadores, como o sou de Cristo, (I Cor 11.1; Fp 4.9).

Discordo da posição deles, que a Missa seja um sacrifício, e também de outros aspectos da doutrina Católica Romana, porém, penso como Wesley, que devemos pensar e deixar pensar, e que um Metodista não pode possuir um espírito sectário, mas ter como principio a regra áurea: No essencial unidade, no não essencial liberdade, e em tudo caridade.

Apesar de nossas divergências doutrinárias, concluirei este estudo com um poema de Madre Tereza, onde identifiquei dentro da minha compreensão Metodista, os atos de piedade e de misericórdia, práticas indispensáveis para quem almeja genuinamente viver e morrer santamente dentro da perspectiva bíblica cristã e wesleyana.

Jesus para mim:

Isto é Jesus para mim:
O verbo que se fez carne. **
O pão da vida.
A vítima oferecida pelos nossos pecados na cruz.
O sacrifício oferecido na santa missa pelos pecados do mundo e os meus.
A palavra – a ser falada. **
A verdade – a ser contada. **
O caminho – a ser trilhado. **
A luz – a ser acesa. **
A vida – a ser vivida. **
O amor – a ser amado. **
A alegria - a ser compartilhada. **
O sacrifício – a ser oferecido. **
A paz – a ser dada. *
O pão – da vida a ser comido. **
O faminto – a ser alimentado. *
O sedento – a ser saciado. *
O nu - a ser vestido. *
O sem teto – a ser abrigado. *
O doente – a ser curado. *
O solitário - a ser amado. *
O indesejado – a ser desejado. *
O leproso – a quem lavar as feridas. *
O mendigo – a quem dar um sorriso. *
O bêbado – a quem ouvir. *
O doente mental – a ser protegido. *
O pequenino – a quem abrasar. *
O cego - a quem guiar. *
O mundo – por quem falar. *
O aleijado - com quem caminhar. *
O viciado – de quem ser amigo. *
A prostituta – a quem remover do perigo e oferecer amizade. *
O prisioneiro – a quem visitar. *
O idoso – a quem servir. *
Para mim, Jesus é meu Deus **
Jesus é meu esposo. **
Jesus é minha vida. **
Jesus é meu tudo em tudo **
Jesus é todas as coisas (16) * *

* Atos de Misericórdia ** Atos de Piedade – Grifo de Jose do Carmo da Silva.

"É à vontade de Deus que sejamos interna e externamente santos, que sejamos bons e façamos o bem de toda espécie e no mais alto grau, que sejamos capazes. Pisamos, pois, terreno sólido". (17)

"Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrario segundo é Santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede Santos, porque Eu Sou Santo". (I Pd 1.14-17).

Pr. Seminarista José do Carmo da Silva
pastorjose@top.com.br

Mensagem da CNBB à Igreja Metodista

Brasília – DF, 23 de agosto de 2006

À Igreja Metodista

Querida irmã e queridos irmãos do Colégio Episcopal;

Queridas irmãs e queridos irmãos, membros do 18º. Concílio da Igreja Metodista,
Integrantes das muitas Comunidades das 8 Regiões da Igreja!

“Tenho certeza de que Deus, que começou em vocês este bom trabalho, vai continuá-lo até que seja concluído no dia de Jesus Cristo”. (Fil 1,6).

Recebemos, com pesar e dor a decisão do 18º. Concílio Geral da Igreja Metodista, realizado na cidade de Aracruz, ES, de 10 a 16 de julho, pp., de não participar de “todos os órgãos ecumênicos com a presença da Igreja Católica e grupos não cristãos”.

Respeitamos com o coração constrangido a decisão tomada no 18º Concílio. Alicerçados na profundidade dos laços espirituais e do compromisso que uma caminhada comum teceu ao longo de quatro décadas entre nossas Igrejas, reafirmamos nossa comunhão com cada um de nossos irmãos e irmãs da Igreja Metodista, assim como com suas Comunidades locais, seus pastores e pastoras e seu Colégio Episcopal, assegurando-lhes a nossa constante oração.

Estamos abertos à compreensão e ao diálogo. Entendemos que as dificuldades do presente não anulam o compromisso ecumênico de nossas Igrejas e o espírito cristão de fraternidade, diálogo e convivência que levou nossas Igrejas a fundar o CONIC e a caminhar juntas durante 24 anos.

Reiteramos, portanto, nossa total disponibilidade em constituir uma Comissão Bilateral de Diálogo, para construirmos pontes que nos ajudem a superar as divisões existentes e possam ser fraternalmente estudadas e compreendidas, como já havíamos proposto em carta dirigida ao Colégio Episcopal da Igreja Metodista, em 08 de março de 2000.


E fazemos isto em obediência ao apelo que nos vem da nossa fé e que Paulo, escrevendo da prisão à comunidade de Éfeso, tão bem exprimia:

“Por isso, eu prisioneiro no Senhor, peço que vocês se comportem de modo digno da vocação que receberam. Sejam humildes, amáveis, pacientes e suportem-se uns aos outros no amor. Mantenham entre vocês laços de paz, para conservar a unidade do Espírito. Há um só corpo e um só Espírito, assim como a vocação de vocês os chamou a uma só esperança: há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, que age por meio de todos e está presente em todos” (Ef. 4, 1-6).

Tendo o Senhor abatido entre nossas duas Igrejas “os muros da separação”, aprendemos a nos conhecer, a nos amar, a servir juntas ao Evangelho e ao povo de Deus numa caminhada que só aprofundou os laços de mútua compreensão, de apreço e de fraterna comunhão.

Por isso sentimos a retirada da Igreja Metodista de “todos os órgãos ecumênicos com a presença da Igreja Católica e grupos não cristãos”, como dolorosa separação para nós e para cada uma das demais Igrejas-Membro.

Em momento tão difícil de divisões, violência e guerras que atravessa o mundo, um distanciamento entre nós enfraquece e debilita nosso testemunho cristão e nossa capacidade de prestar um bom serviço as pessoas de hoje e ao mundo em que vivemos.

O testemunho da Igreja Metodista sustentou entre nós, com entusiasmo e generosidade, a caminhada ecumênica e o serviço de nossas Igrejas aos mais pobres, com seu ininterrupto serviço na Coordenadoria Ecumênica de Serviço – CESE - e em tantas iniciativas comuns em favor da dignidade das pessoas, da superação das desigualdades e da instauração da paz que brota da justiça. Queremos lembrar especialmente a decisão recente tomada pelo Conselho Mundial Metodista de assinar a Declaração Conjunta Católica Romana e Federação Luterana Mundial sobre a Doutrina da Justificação, bem como a participação do Revdo. Adriel Souza Maia, Bispo da Igreja Metodista e, então Presidente do CONIC, e de Dom Odilo Pedro Scherer, Secretário-Geral da CNBB, e representantes da Confederação Suíça de Igrejas Evangélicas e da Igreja Católica na assinatura da Declaração Ecumênica sobre a “Água como direito humano e bem público”, em Fribourg, aos 22 de abril de 2005.

A Igreja Metodista tem papel importante para o testemunho cristão no Brasil e sabemos que foi no sofrimento e em meio também a dúvidas e perplexidades que a decisão conciliar foi tomada. Que o Espírito ilumine a Igreja Metodista e a nós, indicando o caminho e o modo de nos reencontrarmos para agradecer a Deus por tudo o que nos une e para buscar juntos a superação das dificuldades que possam ter surgido em nossa história passada, por causa de nossa humana fragilidade e do nosso descuido ou mesmo de nosso pecado. Temos consciências de que devemos e podemos trabalhar juntos no serviço comum ao Evangelho e ao Povo de Deus.

Que o Senhor continue nos guiando e que a Igreja Metodista na sua oração e testemunho ajude a sustentar as Igrejas-Membro do CONIC, lembrados do que Paulo diz a respeito do corpo, para nós, Corpo de Cristo:

“Os membros do Corpo que parecem mais fracos, são os mais necessários” (1 Cor 12, 22) para que sejamos um em Cristo a fim de que o mundo creia (Jo 17,21).

Cardeal Geraldo Majella Agnelo
Arcebispo de São Salvador da Bahia
Presidente da CNBB

Dom Antônio Celso de Queirós
Bispo de Catanduva (SP)
Vice-Presidente da CNBB

Dom Odilo Pedro Scherer
Bispo Auxiliar de São Paulo
Secretário-Geral da CNBB

Fonte: CNBB

Não é suficiente gritar no Grito dos Excluídos

Leia a seguir o artigo do escritor Frei Betto sobre o Grito dos Excluídos, que acontece no feriado da próxima quinta-feira, 7 de Setembro, Dia da Independência. Ele defende a maior conscientização do movimento.

Grito dos Excluídos

Por: Frei Betto*

"Na força da indignação, sementes de transformação" é o tema do Grito dos Excluídos que a CNBB e os movimentos sociais promovem no próximo 7 de setembro. A indignação nasceu do esgarçamento ético de parcela significativa do Congresso Nacional, dos acordos espúrios entre partidos, do adiamento de reformas como a agrária e a política.

O que torna especial o Grito deste ano é a proximidade das eleições, oportunidade de renovar o Congresso Nacional e reconduzir os parlamentares que se destacaram pela coerência ética e política. Porém, não se trata apenas de dar continuidade ao governo Lula, cuja política externa realçou a soberania brasileira, assim como as políticas socioeconômicas reduziram a inflação e, com efeito, o preço dos alimentos, e aumentaram o valor do salário mínimo, o número de empregos com carteira assinada, e promovem distribuição de renda aos mais pobres através do Bolsa Família.

A questão de fundo é fortalecer o novo sujeito histórico: os movimentos sociais. Daí a pertinência do tema do Grito. Não basta mobilizar-se pelas eleições; é preciso lançar sementes de transformação. Por melhor que sejam as políticas sociais, tendem ao retrocesso se não houver mudança de nossa estrutura fundiária, o que implica o fim do latifúndio, o assentamento de famílias sem-terra, a proteção do meio ambiente e, em especial, da região amazônica, ameaçada pelo desmatamento e a poluição.

Abalado pelas duas guerras mundiais, em meados do século XX o capitalismo articulou o pacto entre capital, trabalho e Estado. O neoliberalismo quebrou-o com a ofensiva contra o trabalho (redução do salário real, desregulamentação, aumento do desemprego) e o Estado (privatizações e corrupção). E fortaleceu o capital através da mercantilização da natureza e dos seres humanos. Hoje tudo é fonte de lucro: mídia e educação, saúde e cultura, esporte e religião. Até a anatomia individual, submetida às exigências de perene juvenescimento. Em 2003 as mulheres brasileiras gastaram R$ 17 bilhões em produtos de beleza! "Fora do mercado não há salvação", é o novo mandamento dessa sociedade que pretende reduzir a cidadania ao "consumo, logo existo".

Trata-se, pois, de operar mudanças estruturais na sociedade, tarefa a longo prazo que exige organização e mobilização da sociedade civil, tanto para pressionar o governo e os donos do dinheiro, quanto para ocupar instâncias de poder.

No Brasil, uma porta se abre: a reforma política. Será decepcionante se ficar entregue à elite e aos políticos interessados apenas em retoques cosméticos. Os movimentos sociais precisam aprofundar esse debate e popularizá-lo o mais amplamente possível. Que reforma se quer? Como passar da democracia representativa à participativa? Como dotar a sociedade civil de instrumentos efetivos de participação política?

Não basta eleger homens e mulheres comprovadamente éticos e competentes para aperfeiçoar a nossa democracia. É preciso tornar ética a institucionalidade brasileira, vedando os buracos - legais e culturais - que facilitam a corrupção, o nepotismo, a malversação.

O ser humano tem defeito de fabricação e prazo de validade. É o que a Bíblia chama de 'pecado original'. Nunca haveremos de extirpar da espécie humana a ambição desmedida e, em conseqüência, a vontade de transgredir a ética que rege a convivência social. Por isso, é preciso criar instituições que impeçam a tentação de resultar em ação. Daí a importância, por exemplo, de a reforma política determinar que toda a vida contábil do político, bem como o patrimônio de seus familiares, sejam transparentes à opinião pública.

A 7 de setembro, data de nossa independência, haverá mobilizações em todos os recantos do país para o Grito dos Excluídos ser ouvido pelos incluídos. Não é suficiente gritar. É preciso sobretudo agir, articulando a sociedade civil em movimentos sociais e criando conexões entre eles, pois o movimento dos sem- terra não deve ficar alheio ao que faz o movimento indígena, nem o dos negros indiferente às lutas das mulheres. Quanto mais fortes os vínculos de solidariedade entre eles, tanto mais rápido as sementes de transformação haverão de dar frutos.

* Frei Betto é escritor, co-autor de Essa escola chamada vida, entre outros livros

Fonte: - Site Vermelho Portal

Sentimos o coração estranhamente aquecido

Por: Maria e Steve Newnum

Aqui em casa eu e Steve temos o hábito de orar juntos algumas vezes no dia. Respeitamos, mas não costumamos orar alto na igreja. Sentimos mais plenos em nossa espiritualidade quando nos sentamos juntos após o café da manhã, pegamos a Bíblia, um guia de devocionais e fazemos nossas reflexões a sós. Isso não é algo obrigatório, fazemos quando é possível e quando queremos.

Às vezes uma meditação nos acompanha durante todo dia. Hoje não fizemos, mas mesmo assim oramos juntos um segurando na mão do outro como desde que começamos a namorar.

A novidade é que sentimos hoje o nosso coração estranhamento aquecido; talvez como Wesley sentiu certa feita, nos impulsionando à escrever a alguns líderes da Nossa Igreja Metodista. Foi como se a Deus estivesse nos falando: “Essas pessoas precisam de vocês”.

O engraçado é que durante todo dia havíamos recebido cartas, orações e telefonemas de amigos e amigas, dizendo que estavam solidários conosco diante de certos eventos que tem surgido desde o 18 Concílio. O que nos deu profunda paz e nos fez lembrar desses amigos.

Fomos obedientes a esse sentimento e escrevemos demonstrando nosso amor, solidariedade, respeito e as animando a continuar com coragem; lembrando-as que possuem papel fundamental na Igreja Metodista nesse momento histórico e que elevaríamos preces a cada um.
No final da noite o Steve leu para mim o que dividimos com eles e com vocês:

“[...A prece] Como expressão do maior amor, não afasta de nós a dor. Na verdade, faz-nos sofrer mais, pois nosso amor por Deus é amor por um Deus que sofre, e nossa intimidade com Deus é uma intimidade em que todo sofrimento humano é abraçado com compaixão divina.” Henri J. M. Nouwen, Crescer: Os três movimento da vida espitirual, p. 146.

Convidamos vocês a fazerem o mesmo pelas pessoas da Igreja Metodista que se lembrarem agora. Elas certamente estão precisando de sua palavra de afeto.

Maria e Steve Newnum
smnewnum@yahoo.com.br

Meditação Diária - 06 de setembro

O horário de Deus
Lucas 12.22-32

Venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu. Mateus 6.10

"Espero que meu filho comece no jogo hoje." "Espero que meu amigo receba aquele aumento hoje." "Espero que não chova este fim-de-semana." "Espero que meu marido consiga aquela promoção." Assim é para muitos de nós, até mesmo quando oramos. Queremos o que queremos e quando o queremos, segundo o nosso tempo, não o de Deus. Muito do que desejamos e pedimos em oração não é egoísta ou irrazoável, mas deixamos de considerar o plano maior de Deus para cada um de nós.

Quando oramos, devemos concentrar-nos mais nos desejos e na programação de Deus do que em nós. Como pais, esposos, amigos e colegas, podemos pôr tanta ênfase na programação de hoje que deixamos de perceber o quadro maior. Muitas vezes, queremos sucesso e prosperidade em todas as ocasiões, mas a obra de Deus em nossas vidas também pode ser realizada por meio de frustrações e contrariedades.

Conforme nos concentramos em apoiar a quem amamos e com quem nos preocupamos, torna-se mais fácil relaxar e usufruir cada momento. Começamos a compreender que o desfecho de tudo poderá ser exatamente o que Deus quer.

Oração: Amado Deus, graças por nossa família e amigos. Por favor, abençoa cada um deles hoje. Ajuda-nos a trabalhar para cumprirmos o Teu supremo plano para nós e a nos concentrarmos na forma como vivemos nossas vidas, e não nos benefícios que possamos colher. Em nome de Jesus. Amém.

Pensamento para o dia: Deus sabe que o que hoje pedimos pode não ser o melhor para nós a longo prazo.

Michele Boguslofski (Vermont, EUA)
Oremos por paciência quando oramos.

No Cenáculo, Setembro/Outubro de 2006, Igreja Metodista.

05 setembro, 2006

Igrejas do Brasil e do Laos iniciam processo de incorporação ao CMI

SUÍÇA, GENEBRA, 5 de setembro (ALC) – O pedido de duas igrejas, a Presbiteriana Independente do Brasil e a Evangélica Laosiana, foi recebido, nesta terça-feira, pelo Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas (CMI). Elas ingressam, assim, num processo de participação no trabalho e interação com as igrejas que integram o Conselho.

O procedimento é o resultado das novas regras aprovadas pela IX Assembléia do CMI, realizada em Porto Alegre, em fevereiro. As igrejas serão eventualmente aceitas como membros plenos do Conselho na próxima reunião do Comitê Central, em fevereiro de 2008.

O número de igrejas filiadas ao CMI mantém-se em 348, entre protestantes, anglicanas e ortodoxas, reunindo 560 milhões de fiéis, em mais de 100 países.

O Comitê Central, órgão decisório máximo do CMI, é presidido pelo teólogo luterano brasileiro Walter Altmann, e integrado por 150 pessoas. O Comitê está reunido em Genebra de 30 de agosto a 6 de setembro.

A Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (IPIB), fundada em 1903, conta com 100 mil membros, 502 congregações e tem três seminários teológicos, em São Paulo, Londrina e Fortaleza, e dois centros de formação de missionários.

A IPIB é membro do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), da Aliança de Igrejas Presbiterianas e Reformadas da América Latina (AIPRAL) e da Aliança Reformada Mundial (ARM).

Para o pastor luterano Rui Bernhard, coordenador da IX Assembléia Geral do CMI, a incorporação da IPIB ao CMI acontece num momento crucial para o movimento ecumênico latino-americano.

"Alegra-nos muitíssimo que uma igreja, da importância da IPIB, assuma o compromisso de participar ativamente no movimento ecumênico", afirmou Bernhard.

A entrada da IPIB ao processo de incorporação ao Conselho ocorre dois meses depois da surpreendente decisão do Concílio Geral da Igreja Metodista do Brasil de retirar-se dos organismos ecumênicos que tenham a presença da Igreja Católica e de grupos não-cristãos (afro-brasileiros).

A Igreja Evangélica Laosiana (LEC, a sigla em inglês) tem origem na atividade missionária sueca, em 1890, dos Irmãos suíços, em 1902, e da Aliança Cristã e Missionária, em 1928.

Hoje, a LEC tem 300 congregações, com mais de 100 mil membros, e embora o governo socialista do Laos não fomente atividades evangelísticas públicas, as igrejas experimentam um notável crescimento de fiéis.

A LEC apresentou seu pedido de filiação em 2003, e foi a primeira da região da Indochina, onde o CMI trabalha desde o término da guerra do Vietnã, em fins da década de 60 do século passado, e onde a maioria das igrejas protestantes segue uma tradição bastante conservadora.

O Comitê Central do CMI reconheceu também a Fundação Ecumênica de Crédito (ECLOF, a sigla em inglês) como uma organização ecumênica internacional com a qual tem uma relação de trabalho.

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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC)

Carta do Rev. Messias Valverde ao Bispo Paulo Lockmann

DE: Messias Valverde – IV Região Eclesiástica.
PARA: Bispo Paulo Lockmann – Presidente da I Região Eclesiástica.

Prezado Bispo e professor Paulo Lockmann,

Paz.

Li a entrevista do Senhor ao “Jornal da Vila”, da Igreja Metodista de Vila Isabel, ocorrida em 3 de setembro último e resolvi partilhar com o Senhor algumas preocupações:

1. Quando o Senhor afirma: “Nunca fui tão desrespeitado como nesse Concílio Geral” (Jornal da Vila) está, na verdade, expressando o sentimento de inúmeros e inúmeras metodistas no Brasil e no mundo, que aprenderam com o Evangelho e com a tradição metodista a grandeza, o poder e a dignidade do diálogo e do respeito pelo outro: Como João Wesley prezava a recomendação bíblica“...tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas” (Mt 7.12). Infelizmente, parte significativa do Plenário do último concílio não pensou assim e produziu sofrimento e desrespeito. Incluo nesse rol de desrespeitados(as) os bispos não reconduzidos; muita gente da IV Região Eclesiástica, inclusive parte da própria delegação, clériga e leiga, mais acentuadamente na representação leiga;

2. Recordo-me, que em Gerais anteriores, por muito menos, o plenário fora convidado a refletir sobre Dn 9.7: “A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós, a confusão do rosto, como se vê neste dia...”

3. Quanto à saída da Igreja da relação com o CONIC e outros órgãos ecumênicos que mantenha diálogo com a Igreja Católica, fiquei muito preocupado com a afirmação de que tal questão é uma preocupação da IV Região Eclesiástica “onde, os protestantes de um modo geral, seriam hostilizados pelos católicos” (Bispo Lockmann- in: Jornal da Vila).

Não estive presente no Concílio Geral na infeliz noite em que a Igreja rompeu com os organismos ecumênicos. Soube que alguns membros da delegação da IV Região encaminhou e discutiu o assunto de forma agressiva e desamorosa. Comportamento que considero totalmente incompatível com a prática e orientação que vem sendo desenvolvida na IV Região Eclesiástica. Pois, como é conhecido entre nós metodistas, mesmo com o posicionamento oficial das relações ecumênicas da Igreja. Nenhuma pessoa ou comunidade, em nenhuma circunstância foi forçada a participar de qualquer evento ecumênico.

Soma-se a isso o agravante de se apresentar como justificativa possíveis “hostilizações” de católicos a protestantes da IV Região Eclesiástica, muito menos a metodistas. A não ser que as pessoas estejam se reportando a eventos históricos ocorridos há mais de meio século!

Não podemos nos esquecer de que o último presidente do CONIC (Bispo Adriel de Souza Maia) ; o Secretário Executivo do CONIC , Rev Western Clay Peixoto; A Coordenadora Estadual em Minas Gerais, Revda Sônia Rosa Faria; a Coordenadora do CONIC JF, Delma Paradela Valverde. São todos(as) da IV Região Eclesiástica e de Minas Gerais. Sem falar em Vasny Cândido de Andrade, penúltimo Coordenador do CONIC em Minas. Esses fatos podem ter suscitado as reais preocupações dos representantes não-ecumênicos da última delegação ao Geral.

Em Juiz de Fora, por exemplo, o Seminário Arquidiocesano Santo Antônio (que já teve em seu quadro docente os pastores Western Clay Peixoto e Antônio Carlos Ferrarezi) conta hoje com representantes docentes metodistas, presbiteriano e luterano e, em seu grupo discente com alunos clérigos e leigos metodistas, batistas, presbiterianos e pentecostais. Soma-se a isso, a postura respeitosa da referida instituição com a Igreja Metodista e com a Faculdade Metodista Granbery.

A penúltima semana de oração pela Unidade dos Cristãos realizada em Juiz de Fora, com celebrações em espaços católicos, metodista e luterano (como acontece há dez anos ininterruptamente) teve, na celebração de encerramento a presença do Bispo Adriel de Souza Maia; do Bispo D. Eurico; do pastor Luterano e do Coordenador do Conselho de Pastores da cidade- pastor Renato- Pastor Pentecostal.

Na última, em maio deste ano, uma das celebrações foi desenvolvida em Mar de Espanha (cidade próxima a Juiz de Fora), onde, sob a liderança do Padre local, reuniram-se representantes católicos, luteranos, metodistas e pentecostais, tendo como pregador um pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular. Em Benfica, bairro de Juiz de Fora, na mesma data reuniu-se, na paróquia católica, representantes luteranos, católicos e da Assembléia de Deus, tendo como pregador o pastor que redige o atual texto.

Esses fatos foram mencionados Bispo para fundamentar o meu espanto com a alegação de hostilidade de católicos para com protestantes, na atualidade, em Minas Gerais.

Na verdade, após o Concílio, temos recebido visitas e telefonemas de apoio de muitos católicos, inclusive de D. Eurico, Arcebispo de Juiz de Fora.

Por esses e outros fatores assino com o Senhor a declaração: “Nunca [fomos] tão desrespeitados como [no último] Concílio Geral.

A meu ver, o que não permitiu que 2006 ficasse 100% marcado pelo retrocesso secular foi a assinatura da Declaração Conjunta ocorrida no Conselho Mundial de Igrejas, documento que precisa ser mais divulgado no meio metodista.

Precisamos de algo que nos permita “trazer à memória” a esperança de que apesar dos equívocos de homens e mulheres a graça de Deus se renova em nossas vidas (Lm 3.21s). Não acha?

Atenciosamente,

Messias Valverde
Pastor da 4a RE

Meditação Diária - 5 de setembro

Boas ações
João 3.16-21

Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Efésios 2.8-9

Em um dia atarefado, eu estava atrasado para uma consulta com um paciente. Mal entrei no elevador, reparei em uma senhora idosa, com um andador, se aproximando. Segurei a porta para ela, e uma outra senhora no elevador disse: "Com boas ações como essa, você, sem dúvida, irá para o céu". Espontaneamente, respondi: "Eu vou para o céu, mas não por causa de boas ações!" Ela sorriu como se tivesse entendido o que eu quis dizer.

Como cristãos, podemos ter a certeza de que Deus tem um lugar para todos nós no céu, por toda a eternidade. No entanto, nossas boas ações não tornam isso possível. Deus oferece essa dádiva a todos os que dão o passo de aceitar Cristo Jesus como Salvador. Jesus eliminou a necessidade de boas ações quando, no Calvário, tomou sobre Si o castigo por todos os nossos pecados.

Sim, com Jesus conosco nós desejaremos praticar boas ações. Mas podemos viver todos os momentos de nossa vida terrena em gratidão pela garantia jubilosa de que, quando nossos corpos se gastarem, teremos um lar eterno no céu. Nada poderá tirar isso de nós.

Oração: Deus amoroso, graças pelo Teu amor, que nos traz alegria nesta vida e garantia de passar a eternidade Contigo, no céu. Em nome de Jesus, nosso amigo e salvador. Amém.

Pensamento para o dia: As boas ações jamais nos levarão até o céu, mas o amor de Cristo nos assegura um lugar lá.

William Buxton (Califórnia, EUA)
Oremos pelas pessoas que cuidam dos idosos.

No Cenáculo, Setembro/Outubro de 2006, Igreja Metodista.

04 setembro, 2006

Raiser destaca contribuição latino-americana em conferência sobre Igreja e Sociedade

GENEBRA, 4 de setembro (ALC) - A Conferência sobre Igreja e Sociedade, que o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) recordou nesta segunda-feira, na passagem do 40o. aniversário desse importante evento ecumênico, teve uma forte e decisiva influência de teólogos e cientistas sociais latino-americanos, reconheceu o ex-secretário do organismo internacional, Konrad Raiser.

Emilio Castro, ex-secretario geral do CMI; o teólogo metodista uruguaio Julio de Santa Ana, o teólogo norte-americano e professor no Brasil, Richard Shaull, e o filósofo argentino Mauricio López desempenharam papel importante na organização e marcaram o tom da discussão teológica e política da conferência, declarou Raiser à ALC.

"Eles e outros latino-americanos, membros de Igreja e Sociedade na América Latina (ISAL), foram os que insistiram que a justiça social não poderia ser alcançada sem uma fundamental transformação das estruturas políticas, econômicas e sociais dos países", agregou.

"Essa tese, da radical reestruturação da sociedade como pré-requisito essencial para alcançar a justiça social, influenciou muito o âmbito ecumênico e também teve ampla repercussão na sociedade naqueles dias", enfatizou o ex-secretário geral do CMI.

A Conferência Mundial sobre Igreja e Sociedade, realizada em Genebra, em 1966, é considerado um marco importante na história do movimento ecumênico.

Nessa conferência, pela primeira vez foi posta em questão a dominação do Norte no pensamento teológico e social. A vozes do Sul, especialmente da América Latina, do Caribe, da Ásia e da África, influenciaram o curso da discussão sobre a Igreja e as transformações sociais.

As rápidas transformações na sociedade e o compromisso das igrejas pela justiça social converteram-se no centro da agenda do organismo ecumênico nesses 40 anos, indicou Raiser. De Genebra, em 1966, surgiram propostas como o Programa de Combate ao Racismo, o apoio à luta pela libertação da África e a participação das igrejas no desenvolvimento - programas que também criaram muitas controvérsias em nível internacional.

"Ao falar hoje sobre a Conferência de Igreja e Sociedade lembramos muito de Mauricio López, um dos organizadores, e de Richard Shaull, que contribuiu com as principais reflexões teológicas. Hoje, eles estão na presença do Senhor e são nomes santos para nós", concluiu Konrad Raiser.

Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC)

Vocacionados para a unidade

Por: Fernando César Paulino-Pereira(1)

Aplicabilidade Pastoral de Efésios 4, 1-6

1. INTRODUÇÃO EXEGÉTICA(2) (Efésios 4, 1-6)

(1) Rogo-vos, pois, eu, prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, (2) com toda humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, (3) esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz: (4) Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; (5) há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; (6) um só Deus e Pai de todos, o qual é por todos e está em todos.

Muitos exegetas concordam atualmente que a Carta aos Efésios não é obra de Paulo, mas de um discípulo seu, representante da Segunda geração. Embora não haja, no conteúdo de Efésios, qualquer pensamento que não pudesse ser considerado Paulino, percebe-se nitidamente que os acentos são outros, que há um desenvolvimento que vai além de Paulo.

Efésios se constitui num tratado teológico com intenção didática, ao qual se deu a forma de uma carta. De 4, 14 se depreende que reina muita insegurança nas comunidades pós-paulinas. O autor de Efésios que, com seu tratado didático, trazer orientação para dentro dessa situação de insegurança e identificação.

Para isso, divide o tratado em duas grandes partes. Após a saudação (1, 1-2), temos, de 1, 3 à 3, 21, a primeira parte, que é doutrinal. Fala da Igreja, que se baseia na morte e ressurreição de Jesus, que une gentios e judeus num só corpo, e que desenvolve, pois, uma eclesiologia apostólica.

A Segunda parte, 4, 1-6, 20, é parenética. Da eclesiologia apresentada na primeira parte, são tiradas aqui conseqüências éticas.

Nossa perícope se encontra no bloco que introduz a Segunda parte, parenética, de Efésios 4, 1-16. Os versículos 1-6 tratam da unidade do corpo de Cristo; os versículos 7-16 falam da multiplicidade dos serviços que contribuem para a edificação desse corpo. Ambos os trechos estão intimamente ligados.

A perícope 1-6 está estruturada em duas partes:

1-3 exorta à atitudes bem concretas para a preservação da unidade cristã,

4-6 fundamenta teologicamente tais exortações.

A tradução de Almeida pode ser considerada adequada, dispensando uma versão própria. Outras traduções como "A Bíblia na Linguagem de Hoje", a "Bíblia Edição Pastoral" e a "Bíblia de Jerusalém", deixam a desejar por não serem suficientemente precisas.

V. 1: A expressão "rogo-vos" expressa um pedido insistente, uma reivindicação decorrente de algo anteriormente acontecido (como em Rm 12, 1). As exortações éticas dos capítulos 4-6 se baseiam no evento salvífico desenvolvido nos capítulos 1-3. O autor de Efésios recorre à autoridade de Paulo, acentuando a sua condição de prisioneiro no Senhor. Neste apelo inicial, estão resumidas as exortações que seguem os outros versículos. "Andar" designa a conduta, o comportamento das pessoas em todos os âmbitos da vida. O comportamento dos cristãos deve ser conseqüência de e corresponder a essa vocação, a esse novo estado em que se encontram, como gentios atingidos pelo evangelho.

V. 2: Aparecem aqui conjuntos de exortações que falam de virtudes imprescindíveis para uma vida em comum numa comunidade cristã: Humildade - só a Bíblia vê a humildade como uma atitude positiva; Mansidão – é uma atitude de amizade, adequada para se lidar com os rebeldes ou com os que andam em erro; Longanimidade – que pode ser traduzido por paciência, o oposto seria a atitude daquele que é irascível e explode em impulsividade; Suportando-vos uns aos outros em amor – em amor pode-se permitir que os outros sejam diferentes de nós ou de nossas concepções.

V. 3: É preciso empenhar-se ativamente, com zelo, e isso, não para criar uma unidade, que seria então uma obra e uma atitude de pessoas, mas para preservar uma unidade que já fora dada, na própria origem da Igreja, através do Espírito.

Vv. 4-6: Esta Segunda parte da perícope desenvolve aquela unidade que é concedida anteriormente e que está na origem da comunidade cristã, a unidade que é a razão de ser da exortação dos vv. 1-3. O Espírito de Deus, que atua na Igreja, e a esperança dos cristãos também são elementos constitutivos da comunidade.

Os cristãos gentios de Segunda geração, que vivem num clima de insegurança teológica e comunitária, são exortados a uma vida em autêntica comunidade, assim preservando e nutrindo-se da unidade teológica que está na própria origem da Igreja.

2. VOCACIONADOS PARA A UNIDADE

Podemos definir unidade por: qualidade do que é um, ou único, ou uniforme. Aquilo que em um conjunto ou espécie forma um todo.

Ser unido não significa ser idêntico em tudo. Antes de sermos cristãos somos Seres Humanos: uns são homens, outras mulheres; uns são jovens, outros idosos; uns são brancos, outros negros; uns são heterossexuais, outros são homossexuais, etc.. Ainda assim somos todos Seres Humanos. Somos uma espécie – formamos um TODO, mas cada qual com suas características próprias. Formamos uma unidade: A Humanidade. Um conjunto de pessoas distintas que forma um todo.

Na Igreja "corpo de Cristo" dá-se o mesmo: Somos um corpo – corpo místico de Cristo; mas cada qual com suas características. Somos "Cristãos": um grupo de pessoas distintas, com características distintas, com pensamentos diferentes, mas que forma um todo – "O Corpo de Cristo", "Os Cristão".

Temos algo em comum: uma só fé, um só Senhor, um só Batismo. Estas são coisas que nos unem. São características gerais – dentro das quais há características específicas: uns são Metodistas, outros Luteranos; uns são Católicos Romanos, outros Anglicanos; uns são Batistas, outros Ortodoxos; uns são Pentecostais, outros Presbiterianos; etc.. Mas todos Cristãos.

Mas quais são os benefícios da unidade?

A unidade é a vocação para a qual fomos chamados por Deus. Ele nos chama a sermos uma unidade, a sermos unidos. Esta é a vocação: viver a unidade. Unidade que une: Gentios e Judeus, Cristãos e Não-Cristãos.

Ter unidade é fortalecer o conjunto – manter o equilíbrio. Se lembrarmos da imagem do Corpo em 1 Coríntios 12,12-27 temos um bom exemplo de unidade: no corpo um é mão, outro é pé, outra é boca, outros são nariz – cada qual com uma função. Se todos estão bem, o corpo todo está bem. Se um vai mal, todos os outros não poderão estar bem. Um não pode desprezar o outro, pois se todos fosse uma só coisa (parte), tão pouco seria um corpo.

Essa é a vantagem de ter unidade: fortalecer o conjunto para que ele mesmo possa cumprir sua tarefa – sua missão.

Se todo o Corpo de Cristo está unido, o Reino de Deus pode, efetivamente, se fazer presente em nosso meio. Pois o Reino é como o Corpo de uma mulher grávida: um corpo que espera "um" que, todavia não está, mas, que já "é". Assim somos nós os cristãos com relação ao Reino - já somos participantes do Reino, mas ainda não estamos nele.

Mas como alcançar a unidade?

Para alcançarmos a unidade há caminhos pelos quais devemos transitar: Humildade, Mansidão, Paciência e Suportar uns aos outros em amor.

Humildade: não é, pois, uma atitude que se curva em subserviência e submissão, mas que vê no outro o objeto do amor de Deus. A carta aos Filipenses nos traduz muito bem o significado da humildade - "não façam nada por rivalidade ou orgulho, mas por humildade, considerando cada um dos outros superiores a si mesmo" (Fp 2,3).

Mansidão: É uma atitude de amizade, gentileza, tranqüilidade, brandura, afabilidade. É uma atitude atribuída ao próprio Jesus – "Tomai sobre vós meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração" (Mt 11,29).

Paciência: Sinônimo de tolerância, perseverança. Ser paciente é ser tolerante com o diferente, ser tolerante com o distinto. Ser perseverante – não desistir, olhar sempre adiante. Não ser impulsivo, ou irracional.

Suportar uns aos outros em amor: Por amor, pode-se permitir que os outros sejam diferentes de nós, ou de nossas concepções. Suportar pode ser também: "Ser Suporte", "Sustentar". Sustentar para que o insuportável se converta em suportável. Sustentar é ato de amor: e com amor tudo se pode.

Percorrendo estes caminhos alcançaremos a unidade. Unidade do Corpo de Cristo. Unidade do Povo de Deus.

(IN)CONCLUSÔES

A guisa de conclusão, achamos pertinente deixar algumas questões para reflexão a partir do texto acima.

Como temos vivido a vocação para a qual fomos chamados?

Com humildade? Com mansidão? Com paciência? Suportando uns aos outros em amor?

Até que ponto temos vivido a Unidade do Corpo de Cristo?

Estas são questões que valem a pena ser refletidas pela comunidade, por cada um de nós cristãos a fim de que: sejamos unidos assim como o Cristo e o Pai também o são.

BIBLIOGRAFIA

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A BÍBLIA NA LINGUAGEM DE HOJE, São Paulo, Sociedade Bíblica do Brasil, 1988.
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BÍBLIA SAGRADA EDIÇÃO PASTORAL, São Paulo, Ed. Paulinas, 1990.
KIRST, Nelson. Efésios 4.1-6, In: Proclamar Libertação – Auxílios Homiléticos, São Leopoldo, Sinodal, 1979.
KÜMMEL, Werner G. Introdução ao Novo Testamento, São Paulo, Ed. Paulinas, 1982.
LOCKMANN, Paulo. Efésios, Coleção Estudos Bíblicos, São Paulo, Imprensa Metodista / Exodus Editora, 1996.
LOHSE, EDUARD. Introdução ao Novo Testamento, 3ª Edição, São Leopoldo, Sinodal, 1980.

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(1) Doutor em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Teólogo pela Faculdade de Teologia da Igreja Metodista (FT – UMESP). Docente da Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). Psicólogo do Instituto de Psicologia e Fonoaudiologia: assessoria e relações humanas (IPARH).

(2) Esta introdução exegética é uma síntese reflexiva da Exegese feita por Nelson Kirst, em Proclamar libertação – Auxílios Homiléticos, V. 5, São Leopoldo, Sinodal, 1979.